VALORES CRISTÃOS -
EU E O OUTRO.
O HOMEM CONTEMPORÂNEO E SUAS ANSIEDADES
O homem contemporâneo tem vivenciado uma série de ansiedades causadas por diversas mudanças em diferentes áreas. Nesse primeiro encontro, então, vamos analisar um pouquinho as causas desse fenômeno para depois falarmos em valores, em comportamento social, em princípios cristãos.
Três revoluções científicas “recentes” mudaram a imagem do homem, sua postura em relação a si mesmo, ao outro, ao planeta e ao universo, gerando, assim, uma certa ansiedade. As reações diante dessas novas crises foram diversas. Assim, num determinado momento, esse homem contemporâneo em crise voltou-se para a ciência, num outro momento para a filosofia, e num outro para a religião, em busca de respostas. Jesus já alertava as pessoas de sua época quanto a esse problema, mas ATENÇÃO: quando Ele diz para não ficarmos ansiosos quanto ao dia de amanhã, não está querendo dizer que cruzemos os braços e tudo acontecerá. A ideia é de que Deus cuida de nós e não de que não devamos fazer nada.
MATEUS 6
25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Bem, essa ansiedade referida no texto de Mateus é aquela considerada normal nos seres humanos, e tem a ver com a preocupação com o futuro, basicamente. As revoluções científicas em questão potencializaram e ampliaram esse mal-estar.
A primeira delas foi a REVOLUÇÃO COPERNICANA. Copérnico revelou ao mundo através de sua teoria heliocêntrica que o sol e não a terra é o centro. Dessa forma, a Terra e seu habitante ilustre, o homem, foram destronados e passaram a ser interpretados de uma forma relativista. A terra deixou de ser o centro do universo e o homem percebeu que não era mais o centro das atenções.
Resultado: O homem, de repente, perde toda a sua segurança e, inseguro diante dessas forças, diante da natureza, entra em crise, tadinho, e precisa, de imediato, apegar-se ao sobrenatural.
Você pode estar se perguntando: “Mas o que isso tem a ver com a minha geração?” Oxente, até hoje essa crise não está bem resolvida. Vejamos: é possível que alguns de vocês que estão lendo esse material nesse momento seja ou tenha sido o centro das atenções, a coisinha mais fofa de sua família. Todas as atenções voltadas para você, o (a) “gugu dadá”. Pois bem, quando atingiu determinada idade, foi para a escola e lá percebeu que naquele novo espaço, você não era mais a única coisinha mais fofa de todo o seu universo, havia muitas coisinhas mais fofas. Aí rolou sua primeira crise existencial. Você não era mais o centro das atenções. Foi isso, exatamente isso, que aconteceu com o ser humano quando Copérnico revelou ao mundo que nosso planeta não era o centro do universo e, consequentemente, nós não éramos “os caras”.
Mas o que é uma pessoa egocêntrica? É aquela criaturinha fofa que ainda não entendeu que fora do espaço familiar ela não é a única coisinha fofa. Por conta disso, na escola ela acha que o professor tem que lhe dar atenção prioritária. Caso contrário, o professor tem implicância com ela, é pessoal. É aquela criaturinha que acha que seus líderes, que seu pastor têm que lhe dar atenção total, afinal, ela é muito mais importante que a multidão.
É aquela criaturinha que quando está em grupo continua agindo como se estivesse sozinha, então não abre mão de nada, não cede nunca, não negocia, o grupo tem que engolir aquilo em que ela acredita, aquilo que ela quer, todas as suas vontades, afinal de contas, ela é a coisinha mais fofa que a humanidade já produziu.
Eu nem queria dizer isso, mas é claro que a família tem um percentual gigantesco de culpa nesse tipo de comportamento. Toda pessoa egocêntrica é egoísta. Ela é a mais importante do grupo (egocêntrica), então todos os seus interesses, caprichos e vontades precisam ser atendidos (egoísta), independente de prejudicar o outro ou não. Assim, se essa pessoa precisa enfrentar uma fila, mas vê um amigo lá no início dela, ignora todas as pessoas que estão atrás e fica lá na frente, adianta sua vida e não está nem aí para aquelas outras pessoas. Afinal de contas, ela é a mais importante, ela tem pressa, aquelas pessoas estão ali só para se divertirem. Essa mesma pessoa egoísta, com desvio de personalidade cristã, estaciona o carro de forma a prender outro na vaga, porque, afinal, ela quer parar ali. Essa mesma pessoa, quando o trânsito para, engarrafa, vai para o acostamento, ultrapassa todas as pessoas que estão honestamente na fila, entra na frente de um bobão qualquer que está lá na frente, e vai embora. Que importa todas aquelas pessoas que estão esperando pacientemente o trânsito fluir? Ela tem pressa, ela é a pessoa mais importante do mundo, e nem tomou conhecimento da teoria de Copérnico, ela é o centro. Essa pessoa não tem o hábito de ler a Bíblia, aliás, talvez até leia, mas pulou aquela parte de amor ao próximo. Ela adiantou sua vida, seu lado, que importa o outro? Alguém deu o troco a mais, então que da próxima vez preste mais atenção. Que importa se ela terá que pagar o que deu a mais para fechar o caixa,? Quem se importa? Oxente, enquanto eu não entender que o outro, que o meu irmão, que o meu semelhante, é tão importante quanto eu, ou conforme ensinamento paulino, mais importante que eu, eu não serei um bom cristão. Todas as vezes em que eu me der bem, prejudicando alguém, eu estou sendo um mal cristão, aliás, eu não estou sendo cristão. Se de todos os mandamentos eu observar apenas aquele que fala do amor ao próximo, estarei cumprindo, por tabela, todos os outros. Se amo o outro, não furo fila porque estou desrespeitando o seu direito, não fico com o troco a mais porque estou me apropriando de algo que legitimamente não me pertence e estou causando prejuízo ao outro; se amo, não furo fila de carros, trafegando pelo acostamento (dentro dos carros existem pessoas); se amo, não traio o namorado ou a namorada porque estou violando a confiança do outro; se amo, não tento trapacear numa prova, tentando mostrar que sei aquilo que de fato não sei, colando da prova do outro. Se amo, não sou egoísta. Quando sou egoísta amo unicamente a mim mesmo. Quando sou egocêntrico, espero que todos me amem e me deem atenção total.
“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.” (Levíticos 19:18)
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30,31)
“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12:3)
A segunda, foi a REVOLUÇÃO DARWINIANA, que se deu no domínio geral do mundo biológico e afetou o homem de uma forma bem mais direta. O homem, que até então se considerava uma espécie “sui generis” começou a perceber semelhanças mais estreitas com o mundo animal ao ponto de não mais poder negar um certo grau de continuidade entre seu comportamento e o de outros animais. Assim, a revolução de Darwin afetou profundamente a imagem do homem no mundo moderno. Esse homem, então, ao perceber-se apenas como mais uma espécie e não como a espécie, desenvolve, naturalmente, uma crise de auto-estima.
Tá bom, tá bom, você quer um exemplo do homem se comportando como um animal. Aí vai. Você já parou para observar como as pessoas se comportam numa festa? Já analisou como reagem diante de muita comida ou pouca comida? Já viu como elas atacam a mesa se percebem que a comida não será suficiente para todos? Já viu que são capazes de furar fila, prejudicando todas as outras pessoas que estão atrás dela (e nesse ponto além de um animal, essa pessoa é extremamente egoísta)? E então, conseguiu ver aí algumas semelhanças entre nós, racionais, e os irracionais? Não estamos tão distantes, né?
Gente, todos nós saímos de fábrica com um programinha instalado chamado “instinto de sobrevivência.” Esse tal programinha vem implantado em todos os animais (racionais ou não), e isso nos assemelha. Não somos diferentes dos irracionais quando a fome aperta. Todos nós, sem exceção, somos capazes de matar por comida, de eliminar um concorrente. Graças a Deus nunca precisamos usar isso e torço para que não seja necessário, mas há esse programa em mim, de fábrica. No Haiti, queridos e queridas, mesmo antes do terremoto, diante da falta total de alimentos, as pessoas criaram um biscoito de barro. É isso mesmo, um biscoito de barro, preparado com barro, água, sal e manteiga (quando tem). Adultos e crianças comem isso para amenizar o desespero gerado pela fome. Quando eu era “criança pequena” lá no sertão pernambucano, comíamos pedaços de rapadura para disfarçar a sensação de fome, comíamos umas folhinhas que nasciam às margens dos córregos quando estavam secando, cozidas com água e sal, um dia foi sem sal mesmo, mas nem isso pode ser comparado com a situação do Haiti, e olha que estou falando de antes do terremoto. O fato é: precisamos sobreviver. Só conheço um outro programinha, também de fábrica, que é capaz de dominar, de controlar esse do instinto de sobrevivência, é o “instinto de preservação da espécie”, que conhecemos popularmente como instinto materno ou instinto paterno. Nesse caso, quando esse programinha assume o controle, você é capaz de ficar com fome para alimentar seu filho, é capaz de pular num rio, mesmo sem saber nadar, se o seu filho cair nesse rio.
Aproveitando o contexto dessa revolução de Darwin, já que somos animais mesmo, posso falar de mais um instinto, de mais um programinha desses aí, de fábrica, que dá uma dor de cabeça danada se não for bem administrado? Posso, Éder? Gente, é o instinto de reprodução da espécie. Do ponto de vista da natureza (por favor, não me entendam mal, estou na igreja no momento dessa aula, pode me chamar que eu me explico, se for o caso), o objetivo de qualquer relação sexual é a reprodução. Tanto é assim que quando um humano quer fazer sexo sem se reproduzir, ele recorre a uma série de meios artificiais, mas a natureza da coisa é: fez sexo, engravidou. Gente, repito, não estou defendendo isso como a visão humana da coisa, estou dizendo que é assim para a natureza, e nesse ponto não somos diferentes dos outros animais, e Darwin tinha razão. Já falamos sobre isso, eu acho, e eu disse, citando alguém que não lembro nesse momento, que “hormônios não têm religião, não têm valores, não tem princípios, não são convertidos.” Mas vamos em frente: permitam-me desenvolver rapidamente minha argumentação: nasce uma menininha e um menininho; eles vão se desenvolvendo; a menininha vai amadurecendo antes um pouco do menininho e a vida vai fluindo. Numa certa fase da vida, meninos e meninas não se suportam, não brincam juntos. Ambos têm algumas curiosidades quanto ao corpo do outro, mas não estão maduros para um relacionamento sexual, é só curiosidade mesmo. Pois bem, de repente, de uma hora pra outra, o milagre da transformação: a menininha que era magrelinha, esmilinguida, sem graça, passa a ter um corpão estonteante, tudo se transforma, tudo atrai o menino que também passou por algumas transformações e que também gera atração na menina. Do ponto de vista da natureza, estão prontos para se reproduzirem. É exatamente o mesmo processo que acontece com os irracionais, quando um se sente atraído pelo outro. No caso dos irracionais, automaticamente vão se reproduzir. No caso dos seres humanos, não necessariamente. Nós sabemos que tem sido assim na sociedade, mas não tem que ser assim. Nós temos uma coisa que os outros animais não têm: auto-controle. Embora nos sintamos atraídos pelo sexo oposto, temos regras, princípios, valores. Então temos que segurar a onda.
ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:1,2)
Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.
Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.
Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? (I Coríntios 6: 15, 18, 19)
Pronto, se com as pesquisas de Copérnico a coisa já não ficou boa para o homem, Darwin, agora veio escrachar de vez. Nós, que já não éramos o centro do universo, agora fazíamos parte de uma cadeia evolutiva como os outros animais. Nãããããooooo, isso nããããããoooo, pelo amor de Deus! A auto-estima do ser humano foi lá embaixo: “não sou o centro do mundo, e sou apenas mais uma entre tantas espécies”. E agora, quem poderá piorar a situação?
Veio, então, a terceira, o tiro de misericórdia, a mais dramática das três, a REVOLUÇÃO FREUDIANA. Freud demonstrou que a maior parte de nosso comportamento é determinada por fatores inconscientes e que a guerra e os conflitos que travamos dentro de nós mesmos são bem maiores que conscientemente queremos admitir. O homem nem sempre consegue ser aquele indivíduo harmônico, lógico e racional que pretende. Pelo contrário, é marcado pela ambiguidade, pelos conflitos interiores e pela confusão. Essa visão freudiana, na verdade, já havia sido apresentada pelo apóstolo Paulo em Romanos 7:15, 19:
“Eu não entendo o que faço porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero fazer, esse faço.”
Essa mesma visão paulina do conflito interior, essa luta constante entre inconsciente e consciente, segundo Freud, vamos encontrar no texto a seguir, de Edward Sandford Martin:
“No interior do meu templo terreno há uma multidão. Um de nós é humilde, outro é orgulhoso. Um está com o coração partido por causa de seus pecados. E um, que não se arrepende, senta-se e arreganha um sorriso. Um ama o seu semelhante como a si mesmo, e um não se importa com nada além de fama e ouropel. De muitas aflições dilacerantes eu me veria livre se só uma vez conseguisse saber qual deles sou eu.”
Eu me vejo no texto de Paulo, assim como me vejo no texto desse cabra aí em cima. Há uma luta constante no meu interior, e nem sempre é o bem que vence o mal. Eu queria ser um ser humano melhor, um Isac melhor, mas nem sempre isso funciona. Juro que me esforço. Quantas vezes nos comportamos de um jeito que não gostaríamos de nos comportar? Quantas vezes fazemos uma coisa e nos arrependemos logo em seguida, e nos sentimos culpados, e nos “torturamos” psicologicamente. Tá bom, eu sei que alguns extremistas se torturam fisicamente.
Ah, meu Deus, e agora? Veio um cara e disse que não sou o centro do universo, que meu planeta é apenas mais um. Depois veio outro e disse que eu sou um animal como tantos outros. Depois veio um terceiro e disse que muitas vezes me comporto instintivamente, como um bicho, e que há uma parte de mim sobre a qual não tenho domínio (o inconsciente) e que essa parte briga o tempo todo com o meu consciente (parte sobre a qual tenho controle) tentando superá-lo. Puxa a vida, aí então entrei numa crise danada, recorri à Bíblia, e lá encontrei os seguintes textos: Romanos 7:15,19 (citado na página anterior); Salmos 51:5,6:
“De fato tenho sido mau desde que nasci; desde o dia do meu nascimento tenho sido pecador. O que tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a tua sabedoria.”
Dessas revoluções resulta a crise moral e espiritual pela qual passa o homem moderno: desconfiança básica dos valores tradicionais das culturas e desengano com os ídolos criados pelo próprio homem que se mostram impotentes na solução dos seus graves problemas existenciais. Diante dessa visão paradoxal, a quem o homem moderno recorrerá na busca de solução para tais conflitos? De qualquer forma, esse homem contemporâneo está buscando soluções para seus conflitos, está buscando um fim para o seu sofrimento, para suas ansiedades? Você pode ajudar?
IMAGENS DO HOMEM CONTEMPORÂNEO
O HOMEM PSICOLÓGICO: AMBIGUIDADE EANSIEDADE
Por sua própria natureza e condição existencial, o homem é um ser ambíguo. Situado entre o tempo de vida terrena e a eternidade, ele é atraído por ambos. Sua imagem e semelhança de Deus geram o inevitável conflito entre liberdade e finitude, o que é notório nos escritos de Paulo, bem como no famoso aforismo de Ovídio:
“Vídeo meliora proboque deteriora sequor” (Vejo o melhor e aprovo e sigo o pior).
O homem contemporâneo é absolutamente consciente de sua ambiguidade. O conflito entre instinto e razão sempre estará presente nele. A diferença em relação a outros períodos históricos é que hoje não escondemos essa situação, tão camuflada e negada em tempos passados.
Outro aspecto da imagem contemporânea do homem, do ponto de vista psicológico, é a ansiedade. De repente, ele se deu conta de que aquele mundo estável, totalmente previsível não mais existe. Essa descoberta gerou um pânico que se expressa na mais profunda ansiedade.
Outra causa possível para esta ansiedade humana atual pode ser o conflito de valores que caracteriza nosso tempo. A constante discrepância entre o que o homem crê e o que ele faz gera um alto nível de ansiedade que quando ultrapassa certo limite torna-se intolerável. O sujeito crê na Bíblia e como bom batista até diz que ela é sua regra de fé e prática. Ele crê nisso, no entanto na hora de agir, na hora de praticar, ignora seus ensinamentos e pensa apenas em si mesmo, em como pode se dar bem naquela situação. Refletindo sobre isso, escreve Erich Fromm:
“Os fiéis vão à igreja e escutam sermões que falam dos princípios de amor e caridade ao próximo; entretanto, os mesmos indivíduos se considerariam tolos se perdessem um bom negócio, embora sabendo que o comprador faria melhor em se abster da compra. Às crianças ensina-se que devem reger a sua vida por princípios de honestidade, integridade e zelo pelo bem-estar da alma; ao mesmo tempo, a ‘vida’ nos ensina que agir deste modo é ser um sonhador inveterado e apragmático.”
SOBRE VALORES CRISTÃOS
Parte desse comportamento é influenciado pelo capitalismo que não admite prejuízo em hipótese alguma, que valoriza mais as coisas que as pessoas. Assim, tais indivíduos embora aleguem respeitar os princípios cristãos são influenciados de tal forma pelo sistema vigente que abandonam seus valores diante do menor risco de perdas materiais.
Esse camarada a quem Erich From se refere escuta os sermões, declara a Bíblia sua regra de fé, diz ser um bom cristão, mas tem um gato imenso, às vezes, de tão grande parece uma onça, na energia elétrica. Se essa pessoa observar o mandamento do amor ao outro não fará isso, pois se tenho um gato, alguém paga por ele, um outro ser humano está sendo prejudicado. Ah, mas aí virão os argumentos: o valor cobrado de energia elétrica é um absurdo. Se a Ampla pode “roubar” assim por que eu não posso roubá-la? Vou tentar contra-argumentar: Se vou mesmo defender esse argumento, serei forçado a defender também que se o dono do supermercado é rico e se os preços praticados por ele são abusivos, posso entrar lá e furtar um produto. Se ele “rouba” nos preços... Oxente, para quem tem princípios, pouco importa os absurdos cometidos por outros, eu não os farei. Quem furta energia da Ampla é capaz de entrar num mercado, pôr um pacote de biscoitos sob a camiseta e ir embora. Ah, não!? Então compartilha aqui com a turma a diferença. Não se trata de roubo nos dois casos? Essa mesma pessoa que faz isso é capaz de fazer um lanche na Esquilan, no Mec’s ou em alguma outra lanchonete (depois mando a conta da propaganda para o Serginho), ir embora sem pagar e achar que está tudo bem. Aliás, não pode não, nas duas citadas o pagamento é antecipado. Vou aprofundar mais ainda o exemplo: esse mesmo cara é capaz de passar um cheque sabendo que não há dinheiro na conta para compensá-lo. Você não acredita nisso? Eu também gostaria de não acreditar, mas já ouvi falar de uns casos assim em cidades distantes da nossa. Não é o caso de nossa localidade, mas mesmo assim fiquei chocado. Quem passou o tal cheque não tem o mínimo de amor pelo próximo. Se tivesse não prejudicaria o outro.
Vou piorar ainda mais essa análise do comportamento dessas criaturas que pensam que são cristãs. Vocês já ouviram falar numa pessoa evangélica que seja caçadora? É, caçadora, que sai matando bichinhos por aí. Não, não estou falando daqueles nossos irmãos sertanejos que precisam caçar por uma questão de sobrevivência, estou falando de caça esportiva, de brincadeirinha. Isso num momento em que parte do planeta se mobiliza pelas causas ambientais. Esse cara vai ousar apresentar o seguinte argumento: ”tenho que amar o próximo (meu semelhante) e não os bichos”. Ah que engraçadinho! Essa pessoa está contribuindo para a deterioração do meio ambiente. Na verdade, não entendo bem por que razão a igreja evangélica brasileira não se envolve, de fato, com as causas ambientais. Será que é porque já que aguardamos uma pátria celestial não precisamos nos preocupar com esse planeta provisório. Não é tão provisório assim, além de mim, minhas próximas gerações precisarão dele.
Tem umas criaturas asquerosas que jogam lixo pela janela do carro, que largam lixo na praia ou na cachoeira que frequentam e que acham tudo isso normal e que são suficientemente descaradas para pregarem o evangelho logo depois de praticarem atitudes como essas. E aquelas que cortam pelo acostamento, que invadem a frente do outro. Isso tudo com um adesivão identificando-o como evangélico. Gente, quando o trânsito para se forma uma fila de carros. FILA. A fila é de carros, mas dentro dos carros estão seres humanos. Então se corto pelo acostamento ou faço outras atrocidades, estou FURANDO FILA, desrespeitando e espaço do outro e declarando que não entendi nada do mandamento divino de “amar ao próximo com a si mesmo.” O próximo está em todos os lugares e eu preciso respeitá-lo onde quer que ele esteja.
ARGUMENTO BESTA E DIGNO DE APEDREJAMENTO: “... mas a Bíblia não diz que isso é proibido!” Ah, não, eu não ouvi isso, nem li. Você quer o quê? Uma relação interminável de PROIBIDOS. Oxente, tudo se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo. Qualquer coisa que me beneficie em prejuízo de outro é contraditório a este mandamento, logo não preciso de uma listinha.
Conheci um pastor de jovens de uma igreja distante que me confessou que fica angustiado quando seus liderados perguntam o tempo todo se pode isso, se não pode aquilo; alguns mais ousados e dotados de pouca vergonha ligam para ele no fim de semana para perguntar se pode ir ao “xou” do mc coisinha ou da mulher frutinha. Seria necessário um registro bíblico do tipo(?): é proibido ir a qualquer aglomeração de funk! Ou ainda: não fume maconha! É proibido namorar mais de uma pessoa ao mesmo tempo! Gente, pelo amor de Deus. Isso é muita imaturidade, muita insegurança. Tadinho desse meu amigo pastor de jovens dessa igreja distante. Eu não teria a paciência toda que ele tem. Vocês já ouviram falar em maturidade cristã? Tem um texto maravilhoso do apóstolo Paulo sobre isso. Vejamos lá em 1 Co 3:1,2:
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis.”
Paulo está falando de IMATURIDADE CRISTÃ, de pessoas que não conseguem tomar suas decisões sozinhas. Que tudo perguntam a outros e que quando quebram a cara culpam essas pessoas a quem consultaram. Um dos princípios batistas é a ideia de que cada um é seu próprio sacerdote. Você não precisa, por exemplo, se confessar com o pastor, como fazem nossos irmãos católicos com os padres. Você é seu próprio sacerdote, você confessa-se diretamente com Deus, logo, precisa amadurecer. Eu sei que alguns líderes evangélicos acabam criando uma relação de dependência muito grande das pessoas para com eles, mas isso é péssimo.
Você precisa ser suficientemente maduro para tomar suas próprias decisões. Só não me apresentem, por favor, argumentos bestas e interpretações forçadas de textos bíblicos para beneficiar-se, para apaziguar sua própria consciência. Isso não é sinal de maturidade cristã. Muito pelo contrário, é indício de que você não lê a Bíblia e sai por aí repetindo o que outras pessoas disseram. Vou dar um exemplo de mal uso de texto bíblico. Há um texto lindo do apóstolo Paulo em que ele diz o seguinte (1 Co 9:22):
“Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.”
Muito bem, aí o carinha cara de pau vai querer me dizer que foi a uma boate, mas lá anunciou o evangelho, fez-se como um deles para ganhá-los. Huuummmmm.... ééééé.... que interessante, só não cola. “Não, irmão, eu estava no cabaré, mas tava evangelizando o pessoal!” Puxa! E que hora a verdade vai ser dita? Gente, falar a verdade é sempre o ideal. É óbvio que temos de assumir as consequências de nossos atos, mas a verdade acima de tudo.
Ainda outra causa de ansiedade é o medo da liberdade, como sugere o mesmo escritor citado acima:
“É mais confortável para a maioria dos mortais ter uma estrutura externa que determine seu comportamento, pois isso poderia eximi-los de suas responsabilidades pessoais.”
Então é assim: não vou pagar minhas contas porque o governo (estrutura externa) não paga as suas. Se o Brasil deve, por que não posso dever? Marque a resposta certa: esse argumento é de: letra a) um cristão; letra b) um asno. Se você marcou a letra b, errou, asnos não falam. Aliás, o que é um asno? Se você marcou a, também errou, um cristão jamais diria isso. A questão é que foi mal formulada. Não me importa o que os outros fazem, eu não vou fazer. Eu não vou me proteger sob uma estrutura externa para justificar atitudes não cristãs. Não me importa se “todo mundo” está indo para o acostamento, eu vou continuar na pista. Não me importa se meus amigos falam palavrões, eu não vou falar. Não me importa se “todo homem” faz xixi... Aliás, perdão, perdão. Reconstruindo: não me importa se “todo homem” mija na rua, eu não vou mijar. Algum gênio criou o vaso sanitário já faz um tempo. Um outro gênio o instalou num espaço fechado chamado banheiro; então vou procurar um espaço desses para resolver minha situação mijosa até porque Deus, o grande gênio, me fez com um mecanismo chamado auto-controle, então eu posso esperar um pouquinho e achar um banheiro. Isso não se aplica se você tem incontinência urinária ou se você estiver com algum tipo de prótese em algum lugar do aparelho urinário.
Outra situação: se meus “amiguinhos” fumam maconha, eu não vou fumar. Muito pelo contrário, vou tentar dizer para eles que a maconha queima neurônios e que, portanto, não é uma boa. “Ah, qual é, tenho amigos e amigas que fazem sexo antes e/ou fora do casamento, é normal, atualmente geral transa.” Eu não sou geral, eu vou me guardar para a pessoa amada. Eu não tenho que me proteger sob nenhum desses argumentos para justificar meus desvios de conduta cristã. “Todo mundo” paga ou aceita propina. E daí? Eu não sou todo mundo, eu sou um cristão. Não pagarei nem aceitarei propina, só quero o que é meu, aquilo que trabalhei para ter. Se ando certo com o carro, por exemplo, não vou precisar pagar propina a nenhum policial corrupto. Se pago, estou me corrompendo e alimentando a corrupção de um funcionário público. Ou eu sou cristão ou aceito propina. Simples assim. Oi. Outra coisa: tem aquele engraçadinho que está com o carro todo errado, mas não paga propina e nem fica na blitz. Ele também é policial ou é militar e acha que pode dar uma “carteirada”. Esse carinha não está menos errado que aquele que pagou propina, pior ainda, ele usou sua suposta autoridade, sua suposta influência para ficar impune. Errado é errado independente de cargo, função ou posição social que ocupe. O que tem de “cristãos” dando carteirada por aí.... Uma pena!
Finalmente, outra possível causa de ansiedade no homem contemporâneo é a alienação do fundamento do ser. O estado de alienação do homem é uma característica marcante da condição humana. A tentativa de se livrar de Deus em busca de sua liberdade resultou num grande sentimento de vazio no coração do homem moderno. Essa sensação de vazio resulta em crises depressivas cada vez mais frequentes nas pessoas, independente de idade. Uma das consequências claras desse vazio nas pessoas é a humanização de animais domésticos que passam a preencher de forma ilusória essa sensação de vazio e de medo de envolver-se num relacionamento com outro ser humano. O ser humano é sempre imprevisível, o animal não. Qualquer investimento em outro ser humano é de alto risco, já que ele é imprevisível; com o animal é diferente. Então as pessoas vazias precisam humanizar bichos, chamam de filho, conversam com eles como se fosse um semelhante, investem neles, enquanto filhotes humanos vão ficando largados em abrigos ou pelas ruas. Gente, nada contra tratar bem os animais, eu tenho uma cadela muito fofa e cuidamos bem da bichinha, mas ela não é gente, ela é uma cadela, linda e fofa, mas não posso querer humanizá-la.
Todos concordamos que Salomão, o filho de Davi, foi um sujeito muito ambíguo? Então tá. Vamos comparar, então, o comportamento desse carinha em duas situações: quando ele escreveu o livro de Cantares, e depois, quando ele escreveu o Eclesiastes. No primeiro caso, ele estava apaixonadíssimo. Não, ele não se apaixonou por suas quase mil mulheres não. Muitas delas eram apenas troféus de conquistas, outras eram resultado de negociação política com seus pais, mas pela sulamita ele era apaixonado. Aliás, companheiros e companheiras, vocês conhecem alguém cujo namorado ou cuja namorada é apenas um troféu para exibir? O cabra pode até não amar a pessoa, mas ela é linda, fofa, bela, gos..., quer dizer, espiritual, aí então ele fica com ela (ou vice-versa) só para exibir para todos. Isso não seria usar o outro? Huuummm..... não me parece cristão. Ah, sim, mas voltando a ambigüidade de Salomão... Aliás, assim como Davi, Salomão devia ser bipolar. Enfim, em Cantares o cabra está soltando alegria pelas ventas:
1: 15 Eis que és formosa, ó meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas.
2:8 Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.
4:1 EIS que és formosa, meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade.
Em Eclesiastes, tadinho, as coisas não estão bem, e até nos leva a perguntar se foi o mesmo cabra que escreveu os dois livros:
1: 2 Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
4 Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
17 E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito.
2: 11 E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.
17 Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito.
Só um veneninho aqui: tem umas figuras para quem qualquer trabalho é penoso e gera aflição de espírito. São os chamados preguiçosos. Alguns deles almejam encontrar uma criatura que os banque por toda a vida. Gente, se liga aí, preguiça não é um comportamento cristão. Trabalhar é preciso, com sofrimento ou não. Melhor que seja sem.
O HOMEM TECNOLÓGICO: MASSIFICAÇÃO E PROBLEMAS DE IDENTIDADE
Por si só, a tecnologia não é boa nem má. Tudo depende do uso que se faz dela. O que preocupa os estudiosos do assunto é que ela está gerando mutações de grandes proporções na cultura humana, o que afeta a própria natureza do ser humano. Instala-se, assim, uma nova civilização, a tecnológica, com seu enorme poder multiplicador. Isso é tão sério, que já registramos hoje uma espécie de síndrome de abstenção tecnológica. É assim: você usa seu computador diariamente para acesso à internet. De repente, ele pifou e o conserto está demorando. Após uns cinco dias sem ele, o seu humor começa a apresentar profundas alterações.
Como a noção de tempo do homem tecnológico é linear, o novo é bom por definição, ou seja, tudo aquilo que é novo é bom simplesmente pelo fato de ser novo. Esta sede do novo tem um lado positivo, uma vez que estimula a invenção. Todavia, enquanto exalta o novo, o homem tecnológico tende a desprezar o velho e por isso ele tem medo de envelhecer. A velhice já não é vista como um prêmio, mas como um fardo insuportável. Por conta disso, muitas pessoas na fase adulta fazem questão de viver cercadas por adolescentes porque só admitem ser cobrados pela sociedade ou pela comunidade da qual fazem parte, como um deles. Agindo assim, essas pessoas entendem que estão resistindo ao amadurecimento, à velhice. Ainda um outro aspecto, nesse contexto, é a necessidade de consumir todos os novos produtos que são lançados no mercado, ainda que não passem do velho produto já conhecido, apenas mascarado com uma nova embalagem.
Outro aspecto relevante desta civilização é a objetividade. Não se procura mais o belo e o verdadeiro, mas o que é útil e eficaz. Assim, novas “amizades” não desenvolvidas não pelo que a outra pessoa de fato é, mas pelo que ela pode trazer de benefício. “Sabe aquela menina que está frequentando nossa classe, tenho que colar nela, ela tem um emprego maneiro na Petrobras.” Marque a resposta correta: quem utiliza um argumento como esses para “cultivar” uma “amizade”? letra a) um alienígena do planeta 58; letra b) um cristão. Se você marcou a letra a, errou. Não sei de onde tirei esse número 58 e não acredito em vida inteligente fora da terra. Se marcou a letra b, também errou. Nenhum cristão se aproxima de outra pessoa querendo se dar bem, querendo explorar essa pessoa ou simplesmente pelo que essa pessoa tem. Cristãos se aproximam de outras pessoas porque amam essas pessoas. E só. Perdão, a questão foi mal formulada, de novo.
No plano das ideias, a civilização tecnológica é pluralista. Isso significa dizer que no mundo moderno, nenhuma religião ou filosofia podem pretender aceitação unânime de toda a sociedade. Elas representam uma verdade e não a verdade. Nós cristãos, temos uma verdade, acreditamos nela, vivemos por ela, mas não podemos negar o direito de outras pessoas de nosso contato terem outras verdades. Oi, qual foi mesmo sua pergunta, se existe uma verdade ou várias verdades? Bem, pergunte a um cristão qual é a verdade e ele dirá que é tudo aquilo que está na Bíblia. Agora faça a mesma pergunta a um mulçumano e ele dirá que a verdade é aquilo que o Alcorão registra. Então se vivemos numa sociedade livre, várias verdades circulam. Do ponto de vista cristão, no entanto, nossa verdade é a Bíblia, a Palavra de Deus, e não se fala mais nisso.
JOÃO 8
Quanto a pergunta “que tipo de homem está sendo gerado pela civilização tecnológica?”, responde Roland Corbisier:
Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
“É o homem tradicional, milenar, edificado de acordo com o modelo de Sócrates ou de Cristo, por exemplo, apenas provido de aparelhos e máquinas de que Sócrates ou Cristo não dispunham, ou será um homem qualitativamente diferente, o homem oco, interiormente vazio, sem alma, sem abertura para a transcendência, esgotando-se na dimensão do cotidiano, vivendo para produzir e consumir bens, mercadorias, utilidades e serviços? O tele-homem, o alegre robô, o cibernântropo?”
O HOMEM SOCIOLÓGICO: SECULARIZAÇÃO
Para alguns estudiosos, a secularização é a libertação do homem do controle religioso, o abandono dos mitos sobrenaturais e dos símbolos sagrados. O homem secular tem o mundo em suas mãos e é responsável por seu próprio destino. A secularização ocorre quando o homem desvia sua atenção dos mundos do além e se volta para este mundo e para este tempo.
Outro aspecto da secularização, também chamada de contextualização, é a aproximação e até a mistura daquilo que era tido como profano com aquilo que é considerado sagrado. Esse fenômeno pode ser visto amplamente, hoje, em muitas igrejas brasileiras, de várias formas. A principal delas, talvez, seja relacionada à música e aos modismos. Dessa forma, promovendo essa mistura, vamos encontrar forró gospel, pagode gospel, funk gospel e outros ritmos “profanos” que de repente foram “sacralizados” sob o argumento da contextualização.
Vamos aprofundar nossa análise de contextualização ou secularização mais um pouquinho. A música faz parte da estrutura de qualquer igreja brasileira. A dança, porém, é uma novidade. A princípio, aliás, nem chamávamos de ministério de dança, era ministério de coreografia. Nunca entendi bem essa distinção. Tudo bem. Essas danças, que a galera prefere chamar, em igrejês, de ministrações e não de apresentações (eu entendo que dança é arte, independente do objetivo dela) limitavam-se a reprodução de movimentos corporais que representavam a letra da música que estava sendo cantada. Modernamente, isso ampliou-se, e alguns ministérios de dança, das mais diferentes denominações, tornaram-se tão ousados que já beiram a sensualidade. Isso é o que chamam de contextualização. Que fique claro que não estou condenando à fogueira os ministérios de dança, acho até muito bonitinhos, fofinhos mesmo; meu papel aqui, no entanto, é de provocar um debate reflexivo sobre o tema. Bem, de qualquer jeito, tenho o direito, enquanto cidadão brasileiro, batista, de achar meio loucas, meio cômicas até, determinadas atuações, determinados conceitos, determinadas “ministrações”. Você, leitor, aluno da EBD, por sua vez, tem o direito de achar que estou escrevendo bobagem. Como disse um sábio batista do passado de quem não consigo lembrar o nome agora: “discordo de você, mas morrerei defendendo seu direito de se expressar.”
Independente dessas três revoluções, independente de qualquer mudança, de qualquer crise, precisamos fazer a diferença em nossa comunidade, em nossa escola, onde quer que estejamos. Não dá pra ficar olhando de longe as coisas acontecerem, não dá para levar a vida passivamente, temos que fazer a nossa parte, independente dos outros, independente de todo mundo, independente de geral. Se as coisas mudaram, se a sociedade mudou, tudo bem, é assim que funciona a história. A Bíblia, todavia, não mudou. Se todo mundo se corrompe, eu não vou me corromper.
Há, pelo menos, duas visões diferenciadas sobre a história da humanidade:
a) a história é cíclica. Assim, o que estamos vivendo hoje, outras gerações já viveram. Outras gerações já viveram a comercialização da fé, a banalização dos milagres, a contextualização e a negociação de valores, a prosperidade em troca de contribuição financeira. Várias gerações já viveram a disseminação de heresias dentro das igrejas; muitas gerações cristãs já viveram terríveis crises de identidade e nem por isso o Cristianismo deixou de existir. Nem mesmo o surgimento das igrejas “neopentecostais” brasileiras com todo o seu sincretismo religioso e nem mesmo a monstruosa “teologia da prosperidade” foram capazes de acabar com ele. Verdade seja dita, danificaram bastante sua imagem, mas estamos aí firmes e fortes, acreditando na Bíblia e fazendo nossa parte. Enfim, nunca use o outro para justificar suas atitudes equivocadas. Jamais sinta-se culpado por alguém ter abandonado a igreja; as pessoas que se foram, foram porque quiseram, não foram por sua causa. E se você um dia resolver abandonar a igreja, não o fará por minha causa, nem por causa do pastor Éder, nem por causa do pastor Luciano, mas por você mesmo, ainda que use um de nós para tentar justificar-se perante outros. Conheço casos de pessoas que pararam de estudar e me responsabilizam por isso. Nem ligo. Continuo dormindo muito bem e feliz. Se parou foi porque não “aguentou o tranco”, foi porque não tinha tanta força de vontade assim. Eu estou bem.
b) A história é linear. Dessa forma, o que passou, passou. Normalmente quem defende essa visão da história não se preocupa muito com o passado. Alguns vão até dizer que quem vive de passado é museu e psicanalista, mas isso não é verdade. Todos nós vivemos do passado sim. Tudo o que estou vivendo hoje, imaginei quando tinha 15 anos, talvez um pouco menos. Comecei a lutar por isso, pelos meus objetivos. Foram muitas noites mal dormidas ou não dormidas; foram muitos fins de semana sem lazer, sem namoro, sem praia, sem uma dormidinha extra; foi muito dinheiro investido em faculdade, cursos de capacitação e de especialização, em livros. Atualmente, são vários empregos, poucas horas de sono por noite. Se hoje tenho estabilidade, devo ao meu passado. Então não rola aquele papo furado de que não tenho como prever meu futuro. Aliás, isso me faz lembrar Paulo Freire:
“Os profetas são aqueles ou aquelas que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã.”
Hoje, gente, construímos as saudades de amanhã. Daqui a uns dez anos, ouvirei uma música que ativará minha memória e me fará lembrar com carinho e com saudades de pessoas que estão comigo hoje, de momentos agradáveis. Aliás, pessoas e momentos são inseparáveis. Não sei se a história é tão linear assim.
Mesmo que o seu passado tenha sido ruim, você jamais poderá deletá-lo, você pode até não querer lembrá-lo, não se orgulhar dele, mas ele continuará, de alguma forma, influenciando o seu presente. Aliás, deixe-me dizer uma coisa: não gosto muito desse papo de “testemunho de ex-isso, ex-aquilo”. O cara vem aqui em nossa igreja, dá um testemunho de seu passado como ex-traficante, por exemplo, para um monte de jovens de 15, 20 anos, coisa assim; ele diz que nessa idade fazia e acontecia, deixa até transparecer um certo orgulho, e hoje, aos quarenta anos, está bem, feliz, com uma vida estável, e dando testemunho pelas igrejas. Um jovenzinho abestalhado de cabeça vazia pode ver a coisa da seguinte forma: se na minha idade ele fazia isso tudo e hoje, aos quarenta, está bem, acho que vou fazer umas besteiras na vida e depois retorno para testemunhar para os outros. Gente, se eu tivesse sido traficante em algum momento da minha vida, eu teria tanta vergonha disso, que ficaria caladinho.
ESPIRITUALIDADE SUSPEITA
Algumas pessoas têm mania de espiritualizar todas as coisas. Algumas pessoas acreditam num Deus plantonista que está o tempo todo a sua disposição exclusiva, e aí voltamos para a questão do egocentrismo cristão, e então acham que para que tudo aconteça em sua vida, basta orar. Algumas chegam a dizer que a oração ideal, com mais chance de ser respondida, é aquela feita de madrugada, pois “na madrugada, a fila é menor.” Essa frase aparece, inclusive, em letra de música. Dizer isso é, de cara, dizer que Deus é limitado. Assim, dentro de sua limitação, ele não consegue atender a todos os pedidos, mas se eu orar de madrugada, quando menos pessoas estão pedindo coisas, minhas chances são maiores. Gente, ninguém passa em vestibular ou em qualquer outro concurso simplesmente orando todas as madrugadas. É preciso estudar. Não estou dizendo para você dispensar a oração, estou dizendo que você precisa estudar se quiser ser aprovado em algum concurso. E mais, jamais me peça oração para ser aprovado em concurso. Talvez eu não me controle e seja indelicado.
Ainda sobre a questão da espiritualidade suspeita, para Ed René Kivitz, pastor batista de São Paulo, em seu livro OUTRA ESPIRITUALIDADE, é preciso que se repense a visão de Deus:
“Chegou a minha vez de dizer que ‘Deus morreu, vocês mataram Deus... um deus morreu em mim, e nasceu outro, que me seduziu com amor eterno. Por ele me apaixonei. O deus que morreu foi exaltado na subcultura da religiosidade evangélica brasileira. Era basicamente um deus que: 1) vivia de plantão para me poupar de qualquer tragédia, evitar meus sofrimentos e abreviar as situações que me trariam qualquer desconforto; 2) prometia satisfazer não apenas minhas necessidades, mas também meus desejos; 3) estava comprometido em favorecer-me em todas as minhas demandas contra os pagãos; 4) compensava minhas irresponsabilidades e ignorâncias em troca de minha fé; 5) manipulava todas as circunstâncias de minha vida como um tapeceiro que corta fios e dá nós no emaranhado do avesso do tapete para revelar a bela paisagem no fim do processo, capaz de encantar todos aqueles que olham pelo lado certo. Enfim, morreu em mim aquele deus parecido com a figura idealizada de um super pai, que levou homens como Freud, Nietzsche e Sartre a desdenhar da religião.”
Esse deus descrito por Ed René começou a morrer em mim ainda em minha infância, quando via minha mãe possuída por espíritos malignos e ia para o banheiro chorar e pedir-lhe que fizesse parar aquela situação e ela continuava possuída. Esse deus começou a morrer em mim quando via minha mãe em crises nervosas e ia para o banheiro chorar e pedir-lhe que a acalmasse e apesar disso, ela continuava em surto. Esse deus começou a morrer em mim quando adoecia, pedia a cura imediata, no entanto precisava ir para hospital, fazer exames e mais tarde, cirurgia. Esse deus morreu completamente em mim quando perdi minha filhinha e me disseram que “foi a vontade de Deus”. Me apaixonei por esse mesmo Deus por quem o autor em questão foi seduzido. Esse Deus, diante da terrível dor da perda de nossa filhinha, o que não aconteceu por ser sua vontade, mas sim como uma das tantas incontingências da vida, usou pessoas para estar perto de nós, para nos fazer carinho. Esse Deus por quem me apaixonei libertou minha mãe. Esse Deus por quem me apaixonei, não assumiu nenhum compromisso comigo de que eu não poderia ter nenhum problema de saúde, mas está comigo em todos os momentos. Hoje não tenho um Deus plantonista a meu serviço 24 horas. Hoje estou a serviço desse Deus.
Para aqueles que têm um deus plantonista, qualquer “falha” dele em atender suas exigências são tidas como um descaso, e isso é imperdoável. Essas pessoas quase xingam Deus quando isso acontece. Elas não vão permanecer na igreja porque esse deus plantonista não foi legal com elas. Para aqueles que estão a serviço de Deus, no entanto, e que contam com sua graça e que entendem que existem inúmeras incontingências provocadas pela natureza ou pelos próprios homens, Deus continua sendo Deus, independente do que aconteça. Nosso irmão, Jó, por exemplo, perdeu tudo, mas não sua crença em Deus. Se ele fosse adepto da infeliz, da desgraçada, da miserável, da abestalhada teologia da prosperidade, diante da primeira perda, ele teria saído batendo portas e gritando:”que deus é esse que me permite passar por essa situação?”
No dia em que escrevi essa parte da lição, vi uma cena linda: diante do caos em que se encontra o Haiti, nossos irmãos improvisaram uma igreja e estavam cantando louvores. Isso mesmo, cantando no caos. A propósito, na sua opinião, o terremoto no Haiti foi vontade de Deus? Deus está feliz diante daquele caos? Teria sido a natureza se manifestando diante da miséria em que se encontravam aquelas pessoas já antes do terremoto e assim, eliminando aquele povo, dando um basta ao seu sofrimento? Ou terá sido um fenômeno do mundo físico, explicado pela Geografia ou pela Geologia ou alguma outra dessas gias aí? E onde estava Deus na hora do terremoto? (cuidado com o lance do deus plantonista). Mas Isac, a Bíblia fala de terremotos como sinal do fim dos tempos... Tá bom, vou buscar o texto pra você:
Mc 13:8 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes e tribulações. Estas coisas são os princípios das dores.
Lc 21:11 E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
Aqui estão apenas dois exemplos, existem vários outros. De qualquer forma, sempre existiram terremotos, guerras e fome. A questão é que tais coisas estão se intensificando, tudo bem. De qualquer forma, não consigo ver Deus naquele terremoto, consigo vê-lo sim na força daquele povo (gente, 4 dias depois do terremoto ainda tem gente sendo resgatada com vida!) e na solidariedade de todo o planeta. Mais do que nunca, é hora de aparecerem os chamados missionários para o Haiti. Chamada missionária para os Estados Unidos e para a Europa rica, me desculpem, mas não tenho fé suficiente para aceitá-las como legítimas.
APRENDIZAGEM SIGNIFICA MUDANÇA DE ATITUDE.
Eu só sei se aprendi realmente alguma coisa quando observo que algo mudou em mim. De repente você ouve um sermão maravilhoso, ou participa de uma aula daquelas, quer dizer, dessas, sente-se impactado, vai para casa, reflete sobre tudo o que ouviu e resolve mudar. Nesse caso, rolou aprendizagem. Agora, se ouço um sermão ou participo de uma aula e apenas me emociono superficialmente, não rolou aprendizagem. Muita gente, em praticamente todas as igrejas brasileiras, todos os domingos se emocionam durante o sermão, atendem ao apelo, vão a frente chorando, voltam soluçando para seus lugares, voltam para casa, vivem uma semana como se nada tivesse acontecido e no outro domingo, tudo de novo. Puro emocionalismo. Emoção e aprendizagem são coisas diferentes. Não confunda. Diferentes como assim? Qual a diferença de emoção para aprendizagem?
Gente, ensinar não é entregar um manual para o sujeito, é apresentar os princípios de forma que o indivíduo possa aplicá-los nas mais diferentes e surpreendentes situações. Precisamos aplicar tudo aquilo que aprendemos ou nada fará sentido. Nossas aulas na EBD podem ser umas belezuras, mas se eu não aplicar todas essas coisas fofas na minha vida diária, de nada está adiantando essa aprendizagem.
Não sou xenófobo, mas todos aqui sabem que não sou simpatizando dos Estados Unidos, os donos do mundo, nem gosto muito de citar modelos europeus, mas tem uma coisa que não posso deixar de abordar como exemplo. Em vários países da Europa, os jornais diários são deixados num determinado lugar, as pessoas pegam um jornal e depositam ali o dinheiro correspondente, sem nenhuma fiscalização. E por que isso não é possível no Brasil? Simples de responder e de entender. Quer dizer, nem tanto. Oxente, fomos colonizados por europeus, os portugueses que invadiram nosso país em 1500. O sr. Cabral pode ter descoberto muitas outras coisas, mas não o Brasil. Nós fomos invadidos por ele e sua corja. Pois bem, então por que lá a paradinha do jornal dá certo e aqui não daria? Fomos colonizados pelo lixo humano europeu. As pessoas que Portugal mandou para cá eram indesejadas lá. Portugal esvaziou seus presídios, suas ruas e mandou geral para o Brasil a fim de iniciar uma nova vida e colonizar a “nova terra”. Essa gente que veio para cá queria se dar bem independente de qualquer coisa, traindo, passando por cima do outro, enfim, o lance era se dar bem. Essa gente dominou nosso índio e desumanizou o africano. Resultado: o jeitinho brasileiro, a corrupção. A cena mais chocante que já vi de corrupção no Brasil não foi nenhum desses mega escândalos que vemos pela imprensa, foi, na verdade, uma cena bizarra, na rodoviária da Praça XV, no centro do Rio. Enquanto esperava um ônibus, presenciei o seguinte episódio: um senhor chegou com um saco nas costas cheio de latinhas de cerveja e refrigerante. Despejou tudo perto de um monte de pedras (havia uma obra lá), ia colocando pedrinhas dentro das latinhas e amassando a fim de aumentar o peso. Se aquele senhor tivesse acesso a muito dinheiro, como nossos senadores, por exemplo, ele faria um mega roubo, mas como tinha disponível apenas as latinhas, agiu ali daquela forma. Não há qualquer diferença entre o roubo do velhinho da latinha e nossos senadores, respeitadas, é claro, as devidas proporções do estrago para a sociedade. Nossa chamada bancada evangélica no legislativo brasileiro é uma vergonha. Tão vergonhosa é a ação dessa gente para mudar alguma coisa de fato nesse país, que nesse momento não consigo lembrar de nenhuma exceção que possa citar aqui como modelo de resistência. Como produzem muito pouco para a sociedade, tentam suprir sua incompetência com projetos do tipo criação de um monumento à Bíblia em tal lugar, atitude que muito pouco contribui de fato para o bem-estar da sociedade. O cabra cria o tal monumento a Bíblia, mas não tá nem aí para respeitar seus preceitos. Grande coisa! Se nossa bancada evangélica no congresso, nas assembleias legislativas ou nas câmaras de vereadores fizessem a diferença enquanto cristãos, a sociedade perceberia que algo está mudando, mas não é bem isso que temos visto. Temos aí um monte de casos de “pastores” que abandonaram o “ministério para o qual foram chamados” a fim de se envolverem com política partidária, usando sua influência enquanto líderes, manipulando multidões, alegando que vão moralizar as casas legislativas com os princípios cristãos. Desculpem-me, mas terei que citar aqui nosso Gilberto Gil: “... gente estúpida, gente hipócrita!” Uma pena!
QUEM SEMEIA VENTO COLHE TEMPESTADE! – Os 8:7
“Hoje, construímos as saudades de amanhã.” Hoje preparamos nosso futuro. Não tem essa de “meu futuro a Deus pertence”, não tem essa de eu relaxo e “deus proverá.” Somos capazes de construir nosso futuro sim. É claro que imprevistos podem acontecer, obstáculos inesperados podem bloquear temporariamente nosso caminho, mas podemos sim planejar nosso futuro. Precisamos “transformar nossos tropeços em passos de dança” e seguir com o “xou”. O que plantamos hoje, com toda certeza colheremos amanhã.
“Se Deus quiser, passarei no concurso tal”, “não passei no vestibular porque Deus não quis.” Não, não, nada disso. Você não passou porque estudou pouco. Não responsabilize Deus pelas suas frustrações. É mais ou menos assim: quando o cabra passa é porque ele é o cara; quando não passa é porque Deus não quis, não era propósito de Deus. Deus não negocia arbitrariamente gabaritos de concursos ou vestibulares. Outra coisa: as chances que você tem de passar todos os outros concorrentes têm independente de religião. O que conta de fato é se estudou ou não.
Aqui em nossa região (Cabo Frio, Rio das Ostras, Macaé) tem um monte de faculdades, várias delas públicas, oferecendo diversos cursos. Ou você estuda e se prepara para o mercado de trabalho que está cada vez mais seletivo ou será mais um dos reclamantes de amanhã. Normalmente aqueles que nunca passam em concurso dizem que há corrupção em todos eles, já os que passam, aguardam e são convocados. Classificação em concurso, gente, não tem nada a ver com sua relação com Deus, tem a ver sim, repito, com estudar pouco ou muito. Simples assim. Oi.
Pense em sua vida daqui a uns dez anos. Huuuummmmm..... o que você está vendo? Onde você quer estar daqui a dez anos? E como quer estar? ..... Huuuuummmmm..... e o que está fazendo para isso? Ah, sim, deus proverá seu futuro? Huuuummmm.... Deus já está provendo seu presente, faça alguma coisa pelo seu futuro.
Você deve conhecer uma meia dúzia de seres que falam, hoje, achando a maior graça de como eram desconectados na escola e de quantas coisas ‘divertidíssimas’ aprontaram. Normalmente concluem suas historinhas abestalhadas e “engraçadíssimas” com um “se eu tivesse levado a sério...” Não queira ser mais um desses abestados. Aproveite as oportunidades atuais e prepare-se para as futuras, elas aparecerão, esteja preparado para elas. Estudar não amaluquece ninguém e faz bem a saúde.
SOBRE A EDUCAÇÃO E SOBRE SEUS PROFESSORES
A verdadeira educação, aquela que funciona mesmo, é dominadora sim, é cerceadora, é opressora, gera limites. As teorias pedagógicas modernas pretendem, pelo menos é o que parece, transformar a escola num parque de diversão. Tudo tem de ser lúdico, tudo tem de ser divertido, do contrário o aluno reclama e os pedagogos, aquela gente esquisita, têm um piti. É, aquele professor não é divertido. Oxente, mas queremos professores ou comediantes?
Você precisa entender que os seus professores são do bem, eles querem o seu bem, alguns são durões, mas querem seu bem. Todo mundo que precisa dizer NÂO torna-se antipático, é o preço a pagar. Não dá para ser simpático o tempo todo.
Vamos combinar então que você deve amar seus pais, seus professores, seus pastores, seus líderes em geral? Vamos combinar que quando eles dizem NÃO agora estão dizendo SIM para o futuro? Aliás, todas as vezes que você diz NÃO você está dizendo SIM e vice-versa. Vou me explicar melhor (ou não): se você diz NÂO para o cigarro de maconha que estão te oferecendo, você diz SIM para a vida; quando você diz SIM para uma festa em que vai rolar bebidas, drogas, sexo, você está dizendo NÃO para Deus; se no contexto escolar você diz SIM para as brincadeiras excessivas, para o desrespeito com professores e diretores, para o descaso, para o descompromisso com os estudos, você está dizendo NÃO para os princípios cristãos, para a aprovação. Gente, não são os professores que reprovam os alunos, são os alunos que se reprovam. Nós apenas registramos a opção dos alunos.
Alguns passam o ano todo pedindo pelo amor de Deus para serem reprovados. Aí não tem jeito. Espero que você não seja um daqueles que no finalzinho, já quase na linha de chegada, vai procurar o professor para pedir um trabalhinho extra. Para essas figuras costumo dizer o seguinte: “pegue papel e caneta e anote aí o TRABALHO (o pior é que alguns até esse ponto estão esperando um trabalho escolar mesmo e pegam caneta e papel): um quilo de farofa com bastante “beicon”, velas coloridas, uma galinha preta...” A essas alturas, a criatura ou está rindo ou está quase me fuzilando com o olhar. Gente, não existe trabalhinho escolar milagroso quando o ano letivo está prestes a ser encerrado. Você precisa estudar ao longo do ano ou do semestre, conforme o caso, ou amargar uma reprovação, é o preço do seu descaso. Nem Deus nem o professor têm nada a ver com isso não. Uma vez reprovado, nada de cometer o suicídio, haverá um novo ano, uma nova chance; para quase tudo há uma nova chance.
SOBRE A PÓS-MODERNIDADE E SEU CONCEITO FURADO DE LIBERDADE
Na pós-modernidade não há repressão, não há limites, o cara precisa “ser livre”; o importante é o agora, é o indivíduo, não tem NÓS, não tem FUTURO. É preciso gozar a vida agora, não tem planejamento de velhice, pode-se morrer amanhã ou ainda hoje. É como aquelas crianças mal educadas, aquelas que os pais fazem questão de transformar nos monstrengos de amanhã, dando-lhe tudo o que pedem para evitar o piti público. Como esses pais não saberiam controlar o tal piti, então antes que as criaturas se joguem no chão, se babem todas e eles paguem um mico danado, dão tudo o que pedem, e tem que ser agora, no momento do pedido. Não há limites. É nesse sentido que estou dizendo que a educação precisa sim ser repressora. Segundo Roseli Saião, “educar é ser impopular.” Alguém precisa desempenhar essa função castradora, alguém precisa dizer a esses seres que eles não podem tudo, que existe o outro, que ele não está sozinho no planeta, que ele não é o centro das atenções.
As criaturas da geração pós-ditadura militar brasileira alegam que como foram muito oprimidas e reprimidas não querem oprimir ou reprimir os filhos, tadinhos. Consequentemente, vem o outro extremo: crianças e adolescentes sem limites. Aí não dá. Não precisamos oprimir os caras, mas precisamos dizer NÂO. Todo ser humano precisa experimentar a sensação de frustração. Se a criança não aprende a lidar com o NÂO, quando vira adulto é capaz de jogar ácido no rosto da menina que disse não, é capaz de agredir a namorada que disse não a continuidade do relacionamento, enfim, que monstrengos a sociedade moderna está produzindo para o futuro?
Gente, alguns desses monstrengos já estão por aí, são pessoas que não estão nem aí para o outro, são pessoas que para tornarem-se chefes vão deixando um rastro de destruição terrível, um rastro de mágoas, de desgraças, de inimizades para trás. Eles precisam ser chefes custe o que custar, e não estão nem aí para o outro.
1 Co 8:9 Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.
1 Co 10:29 Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem?
Gálatas 5:1 ESTAI, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.
Gálatas 5:13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.
14 Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
1 Pe 2:16 Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus.
OBRAS CONSULTADAS E RECOMENDADAS
Psicanálise e Religião
Erich From
Apostila de Antropologia Filosófica
Pr. Eduardo Matias (FABAMA)
Religião e Psicanálise: Um Diálogo Possível
Monografia de Isac M. Moura
Outra Espiritualidade
Ed René Kivitz
Editora Mundo Cristão
Bíblia Digital
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