domingo, 7 de fevereiro de 2010

LIÇÕES PARA A CLASSE DE JUNIORES - fevereiro/março/abril - 2010

LIÇÃO 01



AMAR AO PRÓXIMO DA MESMA FORMA QUE VOCÊ SE AMA – VOCÊ E O OUTRO


“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.” (Levíticos 19:18)


“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.



E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30,31)

“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12:3)

É possível que alguns de vocês que estão lendo esse material nesse momento seja ou tenha sido o centro das atenções, a coisinha mais fofa de sua família. Todas as atenções voltadas para você, o (a) “gugu dadá”. Pois bem, quando atingiu determinada idade, foi para a escola e lá percebeu que naquele novo espaço, você não era mais a única coisinha mais fofa de todo o seu universo, havia muitas coisinhas mais fofas. Aí rolou sua primeira crise existencial. Você não era mais o centro das atenções. Você não está sozinho no mundo. O outro existe e por mais que seja diferente de mim, devo amá-lo.


UMA PESSOA EGOCÊNTRICA IGNORA O OUTRO E SEUS DIREITOS

Mas você sabe o que é uma pessoa egocêntrica? É aquela criaturinha fofa que ainda não entendeu que fora do espaço familiar ela não é a única coisinha fofa. Por conta disso, na escola ela acha que o professor tem que lhe dar toda a atenção. Caso contrário, o professor tem implicância com ela, é pessoal. É aquela criaturinha que acha que seus líderes, que seu pastor têm que dar-lhe atenção total, afinal, ela é muito mais importante que a multidão. É aquela criaturinha que quando está em grupo continua agindo como se estivesse sozinha, então não abre mão de nada, não cede nunca, não negocia, o grupo tem que engolir aquilo em que ela acredita, aquilo que ela quer, todas as suas vontades, afinal de contas, ela é a coisinha mais fofa que a humanidade já produziu.

Toda pessoa egocêntrica é egoísta. Ela é a mais importante do grupo (egocêntrica), então todos os seus interesses, caprichos e vontades precisam ser atendidos (egoísta), independente de prejudicar o outro ou não. Assim, se essa pessoa precisa enfrentar uma fila, mas vê um amigo lá no início dela, ignora todas as pessoas que estão atrás e fica lá na frente, adianta sua vida e não está nem aí para aquelas outras pessoas. Afinal de contas, ela é a mais importante, ela tem pressa, aquelas pessoas estão ali só para se divertirem.


VAMOS PARTICIPAR UM POUQUINHO

• Você já furou fila alguma vez?

• Alguém já furou fila na sua frente?

• Você acha correto furar fila ou deixar alguém entrar na sua frente?

• Você já viu um adulto fazendo isso?


AS PESSOAS EGOCÊNTRICAS E SEUS CARROS

Essa mesma pessoa egoísta, com desvio de personalidade cristã, estaciona o carro de forma a prender outro na vaga, porque, afinal, ela quer parar ali. Essa mesma pessoa, quando o trânsito para, engarrafa, vai para o acostamento, ultrapassa todas as pessoas que estão honestamente na fila, entra na frente de qualquer pessoa que está lá adiante, e vai embora. Que importa todas aquelas pessoas que estão esperando pacientemente o trânsito fluir? Essa pessoa acha que somente ela tem pressa, ela se sente a pessoa mais importante do mundo, o centro. Essa pessoa não tem o hábito de ler a Bíblia, aliás talvez até leia, mas pulou aquela parte de amor ao próximo que nós acabamos de ler. Ela adiantou sua vida, seu lado, que importa o outro?

• Você já viu isso acontecendo?

• E o que você acha: parece justo que alguém faça isso, se beneficiando e prejudicando todas as outras que estão lá paradas esperando o trânsito andar?

• Você acha que Jesus aprova esse tipo de comportamento?


QUANDO O TROCO VEM A MAIS

Alguém deu o troco a mais, então que da próxima vez preste mais atenção. Que importa se ela terá que pagar o que deu a mais para fechar o caixa,? Quem se importa? Oxente, enquanto eu não entender que o outro, que o meu irmão, que o meu semelhante, é tão importante quanto eu, ou conforme ensinamento do apóstolo Paulo, mais importante que eu, eu não serei um bom cristão. Todas as vezes em que eu me der bem, prejudicando alguém, eu estou sendo um mal cristão, aliás, eu não estou sendo cristão. Se de todos os mandamentos eu observar apenas aquele que fala do amor ao próximo, estarei cumprindo, por tabela, todos os outros.

CONCLUSÃO

Se amo o outro, não furo fila porque estou desrespeitando o seu direito, não fico com o troco a mais porque estou me apropriando de algo que não me pertence e estou causando prejuízo ao outro; se amo, não furo fila de carros, trafegando pelo acostamento (dentro dos carros existem pessoas); se amo, não vou trair o amigo ou, mais tarde, o namorado ou a namorada, porque estou violando a confiança do outro; se amo, não tento trapacear numa prova, tentando mostrar que sei aquilo que de fato não sei, colando da prova do outro. Se amo, não sou egoísta. Quando sou egoísta amo unicamente a mim mesmo. Quando sou egocêntrico, espero que todos me amem e me deem atenção total. Quando sou cristão, amo as outras pessoas e por isso as respeito.


LIÇÃO 02



OS ADULTOS, SUAS ANSIEDADES E SEUS CONFLITOS PESSOAIS

MATEUS 6

25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?

26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?


31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Normalmente, os adultos são muito ansiosos, vivem preocupados com contas a pagar, com emprego, com o futuro dos filhos, enfim, com uma série de coisas. Muitos desses adultos ficam estressados quando essa ansiedade está muito forte. É claro que isso não dá a eles o direito de saírem brigando ou gritando com todo mundo, todavia precisamos tentar entendê-los, pois vivem preocupados com um monte de coisas.

Algumas crianças, alguns pré-adolescentes também são muito ansiosos, e isso acaba alterando seu humor, exatamente como acontece com os adultos. No texto bíblico acima, é Jesus que está falando para as pessoas, explicando que não devemos viver antecipadamente o dia de amanhã. É claro que ele também não está dizendo pra gente relaxar totalmente e deixar a vida nos levar, como diz a música do Zeca Pagodinho. Precisamos sim fazer a nossa parte, e a nossa parte é viver o hoje.

Veja bem: não adianta você ficar apenas orando para a prova da semana que vem, você precisa estudar para ela, certo? Se você estudar direitinho como tem que ser, no dia da prova você estará tranquilo e vai tirar um notão, mas se você entrar numa de “estou tranquilo, Deus vai me ajudar a fazer a prova, orei durante vários dias”, vai acabar se dando mal. Não estou dizendo para você não orar, estou dizendo que você precisa estudar hoje para a prova de amanhã. Você não precisa também ficar tão tenso para a prova de amanhã a ponto de não conseguir se concentrar hoje a fim de estudar.

No texto de Mateus 6, Jesus está nos dizendo que Deus cuida de nós, que temos que viver um dia de cada vez, que devemos entregar a Deus nossas ansiedades, nossos sonhos, nossas expectativas, todavia, não temos que viver hoje o dia de amanhã.

• Você entendeu o que é ansiedade?

• Você se considera uma criaturinha ansiosa? Por quê?

Há um outro tipo de ansiedade no homem moderno causado por um certo conflito de valores que caracteriza nosso tempo. Há uma diferença grande entre aquilo em que os seres humanos acreditam e aquilo que eles fazem. O sujeito crê na Bíblia e como bom batista até diz que ela é sua regra de fé e prática. Ele crê nisso, no entanto na hora de agir, na hora de praticar, ignora seus ensinamentos e pensa apenas em si mesmo, em como pode se dar bem naquela situação.



“Os fiéis vão à igreja e escutam sermões que falam dos princípios de amor e caridade ao próximo; entretanto, os mesmos indivíduos se considerariam bobos se perdessem um bom negócio, mesmo sabendo que o comprador faria melhor se não fizesse aquela compra. Ensina-se às crianças que devem guiar a sua vida por princípios de honestidade, integridade e zelo pelo bem-estar da alma, mas essas mesmas pessoas que ensinam isso, agem de forma diferente.”


Imagine a seguinte situação: eu tenho um brinquedo que está com defeito. Se ele está com defeito não posso vendê-lo para ninguém, a menos que fale sobre isso com o comprador. Então, se eu vou vender meu brinquedo dizendo que ele está em ótimas condições e uma semana depois ele quebra, eu estou sendo desonesto com essa pessoa que comprou.

Agora vamos imaginar um adulto fazendo isso: ele construiu uma casa sem colunas, a casa tem infiltrações, o telhado vai cair a qualquer momento. Põe essa casa a venda dizendo que a estrutura é ótima e que o telhado é seguro. Além de estar sendo desonesto, essa pessoa está pondo em risco a vida da família do comprador. Fazer isso com alguém é ignorar nossos valores e nossos princípios cristãos. Todo cristão de verdade precisa ser honesto, precisa amar o outro, o próximo, precisa falar a verdade sempre.


EU , TODO MUNDO E GERAL

Se nós temos valores e princípios cristãos, não importa o que os outros fazem, eu não vou fazer. Eu não vou culpar os outros para justificar minhas atitudes não cristãs. Não me importa se “todo mundo” está indo para o acostamento, eu vou continuar na pista. Não me importa se meus amigos falam palavrões, eu não vou falar. Não me importa se “todo homem” faz xixi na rua, eu não vou fazer. Algum gênio criou o vaso sanitário já faz um tempo. Um outro gênio o instalou num espaço fechado chamado banheiro; então vou procurar um espaço desses para resolver minha situação até porque Deus, o grande gênio, me fez com um mecanismo chamado auto-controle, então eu posso esperar um pouquinho e achar um banheiro.

Outra situação: se meus “amiguinhos” fumam escondido, se estão olhando revista de mulher pelada, se estão vendo vídeos de sexo, eu não vou fazer nada disso junto com eles. Eu tenho valores, tenho princípios, tenho um compromisso com Deus, com a Bíblia, com a minha igreja. Não importa o que geral está fazendo, eu não sou geral.

Na televisão, bem como na vida real, o tempo todo vemos pessoas que começam a namorar com outra, e logo já vão morar juntos, já dormem juntos, a menina já engravida, e são apenas namorados. Não foi isso que Deus planejou para nós.

“Todo mundo” paga ou aceita propina. E daí? Eu não sou todo mundo, eu sou um cristão. Não pagarei nem aceitarei propina, só quero o que é meu, aquilo que trabalhei para ter. Se ando certo com o carro, por exemplo, não vou precisar pagar propina a nenhum policial corrupto. Se pago, estou me corrompendo e alimentando a corrupção de um funcionário público. Ou eu sou cristão ou aceito (ou pago) propina. Simples assim. Oi.


HÁ TEMPO PARA TUDO

Quem está na classe de juniores ainda está muito novinho ou muito novinha para namorar, para beijar na boca. Isso vai acontecer no tempo certo. Agora é hora de brincar, de fazer amizades. Muitas dessas amizades construídas nessa idade vão nos acompanhar por toda a vida adulta. Aliás, é bom demais quando nos tornamos adultos e encontramos nossos amigos de infância. Enfim, essa é a hora de construir essas amizades. Não devemos ficar ansiosos agora sobre que hora vamos poder namorar, beijar na boca. Vamos viver o momento, o hoje. Outra coisa importante: para nós que temos valores e princípios cristãos, quando começarmos a namorar, temos que ter clareza que só podemos namorar uma pessoa de cada vez. Você não pode ter várias namoradas ou vários namorados ao mesmo tempo, esse não é um comportamento cristão. Na televisão, acham o máximo dizer que fulaninho tem ou teve dezenas de namoradas. Isso não é bonito não. Temos que ser fiéis com as pessoas de um modo geral, inclusive, é claro, com a pessoa que amamos, quer dizer, que vamos amar.


CONCLUSÃO

TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.



Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; - Eclesiastes 3:1,2



LIÇÃO 03


QUEM SEMEIA VENTO COLHE TEMPESTADE! – Os 8:7


“Hoje, construímos as saudades de amanhã.” Hoje preparamos nosso futuro. Não tem essa de “meu futuro a Deus pertence”, não tem essa de eu relaxo e “deus proverá.” Somos capazes de construir nosso futuro sim. É claro que imprevistos podem acontecer, obstáculos inesperados podem bloquear temporariamente nosso caminho, mas podemos sim planejar nosso futuro. Precisamos “transformar nossos tropeços em passos de dança” e seguir com o “xou”. O que plantamos hoje, com toda certeza colheremos amanhã. Se você planta amizades, colherá amigos de verdade. Se você não consegue fazer amigos, colherá solidão. Hoje, você tem que estudar, essa é sua principal tarefa. Então se você estudar de verdade, já sabe que terá um futuro muito mais tranqüilo. Então, você vai plantar estudos para colher tranquilidade.

• O que você pretende ser quando crescer?

• Você acha que vai ser fácil? Por quê?

• Você gostaria de seguir a profissão do seu pai ou da sua mãe? Por quê?

Pense em sua vida daqui a uns dez anos. Huuuummmmm..... o que você está vendo? Onde você quer estar daqui a dez anos? E como quer estar? ..... Huuuuummmmm..... e o que está fazendo para isso? Ah, sim, deus proverá seu futuro? Huuuummmm.... Deus já está provendo seu presente, faça alguma coisa pelo seu futuro, estude, torne-se um bom leitor, ame as pessoas, ajude-as, respeite-as.

Você deve conhecer uma meia dúzia de pessoas que falam, hoje, achando a maior graça de como eram desligados na escola e de quantas coisas ‘divertidíssimas’ aprontaram. Normalmente concluem suas historinhas abestalhadas e “engraçadíssimas” com um “se eu tivesse levado a sério...” Não queira ser mais um desses abestados. Aproveite as oportunidades atuais e prepare-se para as futuras, elas aparecerão, esteja preparado para elas. Estudar não amaluquece ninguém e faz bem a saúde.

Vamos relembrar o caso de um carinha da Bíblia que estava pronto quando a oportunidade apareceu e acabou tornando-se rei de Israel. De quem estou falando? Huuummmmm..... então vamos ao texto:


I Samuel 17

14 E Davi era o menor; e os três maiores seguiram a Saul

20 Davi então se levantou de madrugada, pela manhã, e deixou as ovelhas com um guarda, e carregou-se, e partiu, como Jessé lhe ordenara; e chegou ao lugar dos carros, quando já o exército saía em ordem de batalha, e a gritos chamavam à peleja.

26 Então falou Davi aos homens que estavam com ele, dizendo: Que farão àquele homem, que ferir a este filisteu, e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?

42 E, olhando o filisteu, e vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço, ruivo, e de gentil aspecto.

50 Assim Davi prevaleceu contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e feriu o filisteu, e o matou; sem que Davi tivesse uma espada na mão.

Davi era um sujeito meio violento, matou Golias, que estava afrontado o exército de Israel. Na época, foi preciso, digamos assim, até porque ninguém ali queria dialogar. Diz o texto que Golias provocava, ofendia o exército hebreu e a Davi. Era uma situação de guerra. De qualquer forma, Davi soube aproveitar a oportunidade de mostrar sua capacidade de luta e pôs fim a tal provocação. Hoje, no entanto, não temos que fazer guerras, não temos que matar ninguém, o grande barato agora é dialogar. O próprio Jesus nos ensinou que conversar é sempre a melhor opção. Ele conversava com todo mundo, independente de religião, de crenças, de nacionalidades. Enfim, o diálogo é sempre a melhor opção. Não podemos nem devemos achar que podemos resolver as coisas com violência. É preciso conversar sempre. Nunca desperdice uma oportunidade de dialogar e fuja sempre de brigas, de fofocas, de coisas desse tipo. Se você plantar isso hoje, sua colheita não será legal.


SOBRE A EDUCAÇÃO E SOBRE SEUS PROFESSORES

Você precisa entender que os seus professores são do bem, eles querem o seu bem, alguns são durões, mas querem seu bem. Todo mundo que precisa dizer NÂO torna-se antipático, é o preço a pagar. Não dá para ser simpático o tempo todo.

Vamos combinar então que você deve amar seus pais, seus professores, seus pastores, seus líderes em geral? Vamos combinar que quando eles dizem NÃO agora estão dizendo SIM para o futuro? Aliás, toda as vezes que você diz NÃO você está dizendo SIM e vice-versa. Vou me explicar melhor (ou não): se no contexto escolar você diz SIM para as brincadeiras excessivas, para o desrespeito com professores e diretores, para o descaso, para o descompromisso com os estudos, você está dizendo NÃO para os princípios cristãos, para a aprovação. Gente, não são os professores que reprovam os alunos, são os alunos que se reprovam. Os professores apenas registram a opção dos alunos.


CONCLUSÃO

Nosso futuro precisa ser construído agora, em nosso presente, com a ajuda de nossos pais, com a proteção de Deus, com a nossa força de vontade.


LIÇÃO 04


MENTIR É A MAIOR FURADA



João 8: 44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.

Tiago 5:12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.

Gente, ninguém precisa mentir, ninguém deve mentir. É possível sim falar sempre a verdade. Normalmente, mente-se por duas razões básicas:

1. Para não assumir alguma coisa que se fez;

2. Para tirar onda.



Você já ouviu uma frase horrorosa que se diz por aí: “filho feio não tem pai”? Isso quer dizer, que quando alguém faz uma coisa errada e não quer assumir que fez, então mente, nega aquilo que aconteceu. Você estava jogando bola dentro de casa, a bola foi de encontro a televisão e a quebrou. Quando a mãe ou o pai pergunta o que aconteceu, você inventa uma história sem pé e sem cabeça para mascarar o acontecimento. Isso é mentir. Mesmo que você saiba que o adulto vai puni-lo pelo que fez, você precisa falar a verdade. Todos pagamos por aquilo que fazemos. Assim, se eu fiz alguma coisa errada, preciso assumir isso, mesmo sabendo que haverá consequência. Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer tem uma consequência.


TIRAR ONDA É FALAR A VERDADE SEMPRE

Lá em Pernambuco chamamos de contar lorotas aquela mania que algumas pessoas têm de mentir para tirar onda. Para essas pessoas, sua casa é a melhor, seu carro é o melhor, suas coisas são as melhores, enfim, elas inventam um monte de coisas que não são verdadeiras só para impressionar o outro. O carinha diz pra todo mundo que namora ou namorou com a garotinha mais bonitinha da igreja ou da escola; se for menina, com o garotinho mais bonito, e por aí vai; diz que comeu no restaurante mais caro da região, que bateu o maior papo com o artista tal, que assistiu todos os filmes que o outro não assistiu, de preferência num cinema com 3D, enfim, são figuras que vivem inventando, e pra nada, só de bobeira. Tirar onda, gente, é falar a verdade sempre. Não quero impressionar ninguém, só quero ser eu mesmo, sem mentiras. Seja para se livrar de uma punição, seja para tirar onda, a mentira é sempre a maior furada e nada tem a ver com Deus, como vimos no texto bíblico desta lição.

TEM GENTE DA BÍBLIA QUE MENTIU, MAS NEM POR ISSO A BÍBLIA DIZ QUE ELES AGIRAM CORRETAMENTE

Todos os seres humanos falham em algum momento, não é verdade? Nenhum de nós é perfeito, nem mesmo os caras da Bíblia eram perfeitos. Alguns contaram umas mentirinhas, mas a Bíblia não diz que eles acertaram quando mentiram, muito pelo contrário, ela mostra as consequências das mentiras deles.

Um desses caras foi ABRAÃO. Ele mentiu para o Faraó e acabou se dando mal: Gênesis 12:10-20.

• Qual foi a mentira de Abraão e qual a conseqüência dela?

• Por que Abraão resolveu mentir para o Faraó?


No Novo Testamento temos um casal de mentirosos: Ananias e Safira: Atos 5:1-11.

• Sobre o que Ananias e Safira mentiram?

• Por que mentiram?

• Qual a consequência da mentira deles?


NINGUÉM CONFIA EM MENTIROSOS

Se você sempre fala a verdade, as pessoas sempre confiarão em você, mas se você vive mentindo, mesmo que um dia você fale a verdade, ninguém vai acreditar.

Vamos imaginar que um menino ou uma menina toda vez que vai a praia fica fingindo que está se afogando. Se um dia essa criaturinha estiver se afogando de verdade, você vai acreditar nela?

Você, por acaso, já assistiu um filme chamado O MENTIROSO? Ele conta a história de um cara que vivia mentindo para todo mundo, inclusive para o filho. Um dia o filho faz um desafio para ele, ou seja, ele deveria passar um dia inteiro sem mentir.

Tudo bem, tá legal, eu sei que muitos adultos mentem. Alguns, inclusive, ensinam as crianças a mentirem também. Eles estão erradíssimos, nem tudo aquilo que os adultos fazem está certo. Há casos em que crianças podem educar adultos. É o caso, por exemplo, do garoto do filme que pediu ao pai para que tentasse não mentir por um dia. Nem sempre os adultos têm razão, não é verdade?


CONCLUSÃO

A Bíblia nos ensina que o Diabo é o pai da mentira, portanto, mentir é a maior furada, sempre. O grande barato é falar a verdade, sempre.


João 17:17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.


LIÇÃO 05


O MALUCO QUE FUGIU DE CASA


LUCAS 15

11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

14 E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.

16 E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

Nossa casa é sempre um lugar de proteção. É para lá que desejamos voltar quando estamos muito tempo fora dela, quando estamos cansados, quando queremos conforto. Da mesma forma, nossa família é sinônimo de proteção, de amor, de cuidado. Infelizmente, nem todo mundo tem casa, nem todo mundo tem família. Agradeçamos, portanto, a Deus, pela nossa família e oremos por aqueles que não têm.

Tem um louvor católico muito bonitinho que diz o seguinte:


“Abençoa, Senhor, a família, amém. Abençoa, Senhor, a minha também.”

Pois é, esse maluco aí da história de Lucas 15, contada por Jesus, não pensava assim. Ele queria sair de casa pelo mundo a fora e viver a vida sem limites, sem segurança, enfim, queria arriscar. Deu uma ideia no pai, pediu a parte da herança a que tinha direito, em dinheiro, e se foi. Saiu gastando a sua grana pelo mundo a fora, se sentindo o cara, o poderoso, tirando a maior onda. Só que a grana acabou e o maluco ficou sem saber o que fazer (doidinho o cara, uma anta, um mané). Todos precisamos sobreviver e para isso precisamos de dinheiro. Quando o dinheiro acabou, ele entrou em pânico, não tinha o que comer. Os “amigos” que ele arrumou na rua não eram amigos de verdade, só estavam com ele pela grana, pelas aventuras, pelos lanches no McDonald (havia McDonald naquela época?). Amigos de verdade estão conosco em todos os momentos, bons ou ruins, mas não era esse o caso dele. E agora? Bom, sem grana, sem a segurança da família, sem a proteção da casa, ele estava no sufoco. Resolveu então procurar um emprego, precisava de dinheiro para sobreviver. Naquele tempo, emprego já estava difícil. Na verdade, você sempre ouvirá que emprego tá difícil. Para vencer essa dificuldade, então, você precisa estudar bastante, bastante, bastante, mais que a multidão. Mas como eu estava dizendo, o maluco da história foi arrumar um emprego. A única coisa que conseguiu foi para cuidar de porcos. Porco, como sabemos, não é o bicho mais limpo desse planeta, e come qualquer coisa, quase tudo. O cara estava tão desesperado que queria comer da comida dos porcos, mas nem isso podia. Ele, então, atingiu o fundo do poço, entrou numa depressão danada, ficou malzão. De repente, no meio dessa crise toda, ele conseguiu pensar um pouquinho: caramba, apesar da besteira imensa que fiz, apesar de ter abandonado meu pai, minha família, meus amigos de verdade, meu pai continua sendo meu pai. Bem, ele tomou coragem e partiu. Ficou dias ensaiando o que ia dizer para o pai, quando o encontrasse: “Já nem quero ser chamado de teu filho, é pedir demais diante de todas as bobagens que fiz, só quero que você me arrume um emprego em uma de suas empresas, pode ser o mais simples dele.” Durante a viagem de volta, foi decorando isso aí e mais alguma coisa para dizer ao pai. Foram dias de caminhada, cansado, com sede, com fome, não tinha dinheiro nem para um pão francês com margarina e um copinho de café, foi na seca mesmo. Tadinho? Lembra da outra lição em que falamos que quem semeia vento colhe tempestade? Pois é, esse maluco semeou vento e olha a tempestade que arrumou para ele mesmo. Pois bem, lá ia ele, cansado, com fome, fedorento, com sede. Entrou na propriedade do pai, parecia um mendigo. O pai o reconheceu logo, correu na direção dele, abraçou ele, mesmo fedorento, tascou-lhes uns beijos nas bochechas e ficou extremamente feliz.

Essa história do FILHO PRÓDIGO teve um final feliz, todos foram felizes para sempre, mas na vida real nem sempre é assim. Alguns adolescentes malucos fogem de casa por bobagens e não conseguem voltar. Outros até têm razão para fugir de casa, por serem espancados, maltratados e acabam virando meninos e meninas de rua. Precisamos orar por essa galera e, tendo oportunidade, devemos ajudá-los, mas fugir de casa nunca é uma boa opção.

Nenhum de nós teve o direito de escolher a família em que nasceria, nenhuma família é perfeita, mas precisamos amar nossa família, precisamos ouvir as pessoas e sermos ouvidos por elas. Família é tudo de bom.

Que tal cada um falar um pouquinho sobre sua família? Pode rolar um desenho também. Huuuummmm..... melhor ainda, e se rolar um desenho com uma mensagem bem bonita para a sua família....


LIÇÃO 06


CONSTRUINDO AMIZADES DURADOURAS


PROVÉRBIOS 17:17 "Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão."

LUCAS 11

5 Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,

6 Pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe;

7 Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar;

8 Digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.


Hoje, vamos começar a aula já com uma atividade:


1. Você receberá da professora uma folha de papel e um lápis ou uma caneta;

2. Escreva, nessa folha, o seu nome, somente o seu nome, basta o primeiro, a menos que tenha mais de um com o mesmo nome presente na turma;

3. Agora que todos escreveram seus nomes, vamos trocar essas folhas de modo que ao fim do troca-troca sua própria folha NÂO esteja com você;

4. Muito bem. Agora você vai escrever uma mensagem sobre AMIZADE para a pessoa cujo nome está na folha que está com você. Se essa pessoa não for seu amigo ou sua amiga, melhor ainda, escreva para ela sobre a possibilidade de se tornarem amigos;

5. Agora, quem quiser, poderá ler para a classe aquilo que escreveu. Se tiver pouca gente, todo mundo poderá ler. Se a turma estiver cheia, alguns voluntários lerão. De qualquer forma, todas as mensagens devem ser entregues aos seus destinatários.

6. Feito isso, agora vamos bater um papo sobre o que é SER AMIGO.

7. O que é um amigo verdadeiro e o que é um falso amigo?


No texto bíblico introdutório desta lição, vemos que amigos que verdadeiramente se gostam, se amam, tornam-se irmãos e esses irmãos que temos o direito de escolher vão estar conosco nas horas mais divertidas e nos piores momentos de nossas vidas. Nós passamos a confiar neles ou nelas e por isso tornam-se nossos confessores ou confessoras e compartilhamos com eles nossos maiores segredos. Amigos não têm cor, amigos não têm sexo (podem ser meninos e meninas), amigos são pessoas especiais. Uma amizade verdadeira pode ser eterna. Muitas pessoas passam pelas nossas vidas, mas nem todas tornam-se amigas. Algumas dessas pessoas são ótimos colegas, mas quando mudam de escola ou de igreja, nunca mais voltamos a ver. Amigos de verdade, não, mesmo quando mudam continuamos em contato, se não pessoalmente, pela Internet, por telefone, de algum jeito, porque sentimos falta dele e precisamos estar juntos de alguma forma.

É muito legal quando construímos amizades verdadeiras e vamos crescendo juntos e daqui a dez, vinte ou mais anos continuamos amigos, e essas amizades vão se ampliando, e nossos filhos conhecem os filhos de nossos amigos, e nossas esposas conhecem os esposos de nossas amigas ou as esposas de nossos amigos, é muito bom. Qualquer amizade verdadeira é muito bacana, mas nossas amizades de infância, essas são especiais.

Na segunda parte do texto bíblico introdutório, Lucas 11, Jesus está ensinando seus discípulos a orarem e ele dá um exemplo muito bacana ao dizer que dificilmente vamos negar um pedido feito por nossos amigos. Dessa mesma forma, Deus sempre atenderá, no tempo certo, nossas orações. Se um amigo vai nos procurar e nos pede emprestado um livro super bacana sobre o qual conversamos, que eu acabei de ler e gostei muito, dificilmente direi não para ele; se um amigo estiver doente, irei visitá-lo, dar uma moral para ele, distraí-lo de forma que ele pare de pensar naquela doença. Amizade, gente, é tudo de bom, e devemos construí-las. É isso mesmo, amizade se constrói a cada dia. Nós não tivemos o direito de escolher nossos irmãos. É claro que amamos nossos irmãos, mas não tivemos o direito de escolhê-los. No caso dos nossos amigos é diferente, temos sim o direito de escolhê-los. Só não podemos achar que eles têm que ser perfeitos, até porque nós também não somos, nenhum ser humano é. Não podemos abandonar um amigo, mudar com ele, simplesmente por que não concordamos com algo que ele tenha feito. Muito pelo contrário, temos que conversar com ele, dar nossa opinião, mostrar pra ele que ele pode ter errado sim, mas que isso não é suficiente para nos separar, muito pelo contrário, agora é que precisamos ainda mais estar juntos, nos ajudar.

DE FALSOS “AMIGOS” QUERO DISTÂNCIA

Na verdade não existem FALSOS AMIGOS, ou são amigos ou não são, e um AMIGO DE VERDADE jamais será falso, mas eu sei que existem aquelas criaturinhas que se aproximam de você por interesses pessoais ou por falta de opção, aparentam ser seu amigo, mas não é nada disso. É isso que chamamos de falsos amigos. Aquele ou aquela carinha que tenta levar você para um mal caminho, para um caminho torto, não é teu amigo ou tua amiga, mantenha distância dele. Aquele carinha que vai com você ao mercado e diz pra você pegar um pacote de biscoito ou um doce escondido, ele não é teu amigo. Amigos não ensinam a roubar, muito pelo contrário, se a pessoa tem esse costume horroroso, o amigo vai dizer-lhe que deve parar com isso, que isso não é um comportamento cristão, que roubar é pecado em qualquer situação. Se liga aí, galera, cuidado com esses “falsos amigos”, ele podem te colocar na maior furada.

Como diz a linda música de Milton Nascimento, “amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito...”



LIÇÃO 07


O JOIO E O TRIGO, O BEM E O MAL


MATEUS 13

24 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo;

25 Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.

26 E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.

27 E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio?

28 E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo?

29 Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele.

30 Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.


Gente, uma parábola é uma ilustração que se conta para exemplificar alguma coisa que está sendo ensinada. Com essa história do joio e do trigo, Jesus quis dizer que na sociedade, na escola, na igreja existem pessoas do bem e pessoas do mal. Como todas estão misturadas, temos dificuldades, muitas vezes, de definir: aquele é do bem, aquele é do mal.


No caso do exemplo de Jesus, o joio é uma erva daninha que se parece muito com o trigo até uma certa altura. Somente quando o trigo já está pronto para a colheita é possível diferenciá-lo do trigo. Assim, Jesus está ensinando o seguinte: você não precisa ficar ansioso tentando determinar quem é do bem e quem é do mal, quem ama a Cristo e quem está na igreja só para atrapalhar o crescimento espiritual de outros. Fiquem tranquilos, viva cada um a sua vida e deixem isso por minha conta. Na hora certa, vocês vão saber quem me serve e quem finge que me serve.

Nós não podemos sair por aí julgando ninguém, dizendo coisas do tipo “o irmão fulano é espiritual, o irmão sicrano não é espiritual.” Isso não nos diz respeito. Cada um de nós daremos conta a Deus de nossa própria vida, de nossas próprias ações, portanto não temos que ficar preocupados com os outros nesse sentido.


PASTORES VERDADEIROS E FALSOS PASTORES

Quando falamos de pastores no sentido cristão estamos falando de homens que dedicam suas vidas ao cuidado das pessoas. Em algumas igrejas são chamados de pastores mesmo, em outras de reverendo, de bispo, de padre, não importa, são homens que vivem para cuidar de outras pessoas, que se dedicam a isso. Volta e meia você ouve falar de um pastor ou de um padre pedófilo. Não é justo você achar, então, que todo padre é pedófilo, assim como não é justo que nossos irmãos católicos achem que todo pastor é pedófilo. O problema é que os maus pastores, os padres maus estão misturados com os verdadeiros, com aqueles que realmente cumprem sua missão. Ainda que nós tenhamos essa dificuldade de discernir, Deus conhece muito bem o coração de cada um, portanto, cabe a Ele e não a nós esse tipo de julgamento. Joio e trigo, na hora certa, serão separados.


NÓS SOMOS DO BEM

Nós não somos joio, somos trigo, somos do bem. Se somos do bem, nos preocupamos com o próximo, amamos o outro e fazemos tudo para ajudá-los.

Se somos do bem, não saímos por aí jogando lixo pra fora do carro, deixando nosso lixo na areia das praias que frequentamos, destruindo a natureza tão linda e tão fofa.

Quem assistiu ao filme AVATAR, além de ter se impressionado com as belas imagens de Pandora (é claro que tudo aquilo é ficção), deve ter observado que aquele povo que habitava as florestas eram tão conectados com a natureza que quando iam montar um animal, por exemplo, conectavam seu próprio cabelo com o animal para mostrarem essa ligação; quando precisavam matar um animal, faziam isso sem maldade, apenas porque precisavam sobreviver e tinham todo um ritual para isso, praticamente pediam desculpas ao animal que estava sendo morto. É uma ligação como essa que precisamos ter com a natureza, respeitá-la, preservá-la, cuidar do nosso planeta da melhor forma possível.

Sabe aqueles copinhos descartáveis usados em nossa igreja para bebermos água? Pois bem, eles são higiênicos porque não corremos o risco de pegar nenhuma doença de outra pessoa, mas criam um problema terrível para o meio ambiente, pois levam décadas para seres destruídos. Agora, você sabia que pode reduzir esse problema? É o seguinte: se você costuma beber água toda hora (isso é ótimo para a saúde), guarde seu copinho. Se cada vez que for beber água, usar um, e se beber água cinco vezes, olha quantos copinhos você vai mandar para o lixão, para degradar ainda mais o meio ambiente. Guardando seu copinho, você reduzirá o impacto ambiental e ainda economizará o dinheiro da igreja. Vamos pensar nisso com carinho? E mais, se você ver uma criança brincando de pegar copinhos e jogá-los fora, explique pra ela, com toda paciência, com carinho, que ela também pode ajudar. Todos nós somos do bem.

Se somos do bem, não respondemos com malcriação, com estupidez aos nossos pais, nossos professores, nossos pastores, não gritaremos com ninguém, nem mesmo com nossos colegas.

Se somos do bem, não somos racistas, e se não somos racistas não saímos por aí contando “piadas de preto” , “piadas de loira” ou rindo delas, o que dá no mesmo.

Se somos do bem e vemos um portador de necessidades especiais numa cadeira de rodas, com dificuldades de subir a calçada, vamos ajudá-lo; se vemos um deficiente visual com dificuldades de atravessar uma rua ou de pegar um ônibus, vamos ajudá-lo.

Se somos do bem, não vamos sair por aí com uma atiradeira, tacando pedra em passarinhos.

Se somos do bem, não vamos rir dos defeitos físicos dos colegas, não vamos zoar aquele colega que é mais gordinho, nada disso.

Se você assistiu ao filme A CORRENTE DO BEM, com certeza percebeu o quanto nossas boas ações podem mudar as pessoas e, consequentemente o mundo em que vivemos. Vamos então fazer nossa parte?

• O que você acha que pode fazer para melhorar o mundo?

• O que você acha que pode fazer para amenizar o sofrimento das pessoas?

• E se a gente fizer uma campanha de coleta e doação daqueles brinquedos que não usamos mais, mas que estão inteirinhos?

• E se a gente se juntar com outras classes ou com outros ministérios e fizermos uma limpeza em nossa praia?

OBS.: É claro que nada disso pode ser feito sem a orientação de um adulto, de um líder.


CONCLUSÃO

GÁLATAS 6:9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.

II TESSALONICENSES 3:13 E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

TIAGO 4:17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.


LIÇÃO 08


BULLYING E CRISTIANISMO NÃO COMBINAM




“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.

Você já ouviu essa palavra antes (bullying)? Tem noção do que ela significa? Gente, se o Cristianismo se apóia sobre as bases do amor ao próximo, sobre a busca do bem-estar do outro, então a prática do bullying não pode rolar entre nós, seria uma contradição sem tamanho.

Bullying é um ato de desamor, é quando aqueles que se consideram fortes humilham e dominam de alguma forma aqueles que são mais frágeis, mais fracos, “escravizando-os” de certa forma. Esses carinhas que se consideram fortes e por isso resolvem humilhar o outro, na verdade é um fracote, pois fortes mesmos são pessoas que não precisam ameaçar nem humilhar as outras para se sentirem bem, para serem respeitados, temidos.

Existe, inclusive, um jogo de videogame, que tem esse nome, em que o personagem sai humilhando e agredindo todo mundo. Aliás, gente, vocês precisam ter muito cuidado com esse lance de jogos, alguns são muito violentos, estimulam a agressão, o roubo, a corrupção, o uso ou o tráfico de drogas e muita pancadaria. Temos que ficar ligado com relação a escolha de nossas brincadeiras. O jogo chamado GTA, por exemplo, é extremamente negativo para a formação do caráter cristão. Devemos, portanto, evitar jogá-lo.

SINTOMAS

Normalmente, a criança, o adolescente ou o jovem vítima de bullying fica deprimido e isolado, violento ou reativo, triste ou sem desejo de qualquer interação com os demais colegas.

Dá-se o nome de CARRASCO àquele que perturba o outro, que escolhe esse outro para intimidar, ameaçar e desprezar. Normalmente, age com o apoio de um grupo. A vítima é o “PELE” – pessoa considerada “mais fraca” pelo carrasco. Esse carrasco, então, vai colocar apelidos, humilhar, enfim, transformar a vida do pele num ” inferno”.

No filme “Tratamento de Choque”, há um garoto que puxa a cueca dos outros garotos para cima, suspendendo-os, ou abaixa suas calças. Ele faz isso com um garoto tímido no momento em que vai dar seu primeiro beijo. A ação causa um trauma na vítima, que vai acompanhá-lo pelo resto da vida, tornando-o um adulto inseguro.


BULLYING NA ESCOLA

Houve um tempo, há muito tempo atrás, em que alguns professores usavam palavrões e piadinhas maliciosas para tornar-se simpático e para atrair a atenção da turma, fazendo de alguns alunos “vítimas” de brincadeiras sem graça. Os alunos, então, normalmente os mais tímidos, ficavam à mercê dos colegas e desses professores por serem incapazes de retrucar às grosserias.

Quando eu estava na quinta série, numa escola particular do Rio de Janeiro, uma funcionária referiu-se a mim como “paraíba”, num tom pejorativo. Naquela época (década de 80) não se falava em bullying. E tudo ficou por isso mesmo. Hoje seria bem diferente.

Alguns amigos me chamam de “paraíba” e isso não me ofende, eles podem. Então tudo depende do tom, do contexto, da intimidade, da aceitação do outro. Chamar um cara de “negão” pode não ser ofensivo quando há intimidade suficiente pra isso. Vou dar um exemplo mais próximo de nós: os amigos muito próximos do companheiro Luciano o chamam de “mais preto”. E pra ele, tudo bem. Isso, no entanto, não me autoriza a chamá-lo assim. Essa é uma “intimidade” exclusiva da “velha guarda”. A mesma coisa acontece com o meu “paraíba”. Eu me surpreenderia se ele me chamasse assim.

Fato é que ainda hoje acontecem casos de bullying em escolas. Ainda vemos profissionais se referindo a alunos por apelidos maldosos, fazendo-os lembrar que são muito magros ou muito gordos, que usam óculos, que têm espinhas e outras coisitas.

A escola, assim como a igreja, são ambientes em que a harmonia deve ser prioridade. Assim, levando-se em conta a sociedade caótica, violenta e preconceituosa em que vivemos, é dever da igreja, da escola e de instituições afins promoverem o bem comum, viabilizar a paz e em hipótese alguma apoiar qualquer ato de bullying ou mesmo omitir-se diante dele.


BULLYING E PRECONCEITO

Talvez você não perceba ou até ache normal, mas quando você conta piadas de loiras, de negros ou de qualquer outro grupo humano, ou “simplesmente” rir dessas piadas, você está sendo preconceituoso com esses grupos, e se há um representante deles por perto, você está praticando bullying.

Podemos chamar a prática do bullying também de assédio moral. Isso vai acontecer, por exemplo, quando alguém fica o tempo todo duvidando de sua capacidade, dizendo que você é incapaz, que não tem jeito, que não faz nada certo, que é tão burro quanto fulaninho. Tudo isso é assédio moral. Não se deixe abater por essas declarações. Você está acima disso tudo.


CONCLUSÃO

Não se deixe humilhar e não humilhe ninguém, não exponha ninguém ao ridículo, nem compactue com isso. É para cada um de nós a recomendação bíblica: “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.


LIÇÃO 09


NOSSO TESTEMUNHO CRISTÃO E A INFLUÊNCIA DO MEIO EM QUE VIVEMOS


“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas na graça divina, temos vivido no mundo, e mais especialmente para convosco.” 2 Co 1:12

“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vir a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte.” Mt 5:13,14

“Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.” 1 Jo 2:15

“Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.” 1 Jo 2:16

“Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” Sl 51:5

“Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” 1 Jo 2:17


Podemos chamar de testemunho cristão o comportamento do crente diante da sociedade. É o nosso comportamento que nos identifica como filhos de Deus, como alguém que pode influenciar as pessoas para o bem.

Ser cristão é mais do que dizer que tem uma religião, é toda uma filosofia de vida. Assim, quando dizemos a alguém “eu sou cristão”, esta pessoa deve ser levada a pensar em coisas como: solidariedade, preocupação com o próximo, honestidade, etc..

O nosso comportamento cristão, ou seja, o nosso testemunho é uma eficiente forma de evangelismo. Mesmo que não falemos nada, o nosso comportamento, o nosso modo de falar pode influenciar pessoas, levando-as, inclusive, a se converterem. É uma forma silenciosa de evangelismo.

Numa sociedade como a nossa, para sermos reconhecidos e respeitados como cristãos, não precisamos nos colocar dentro de uma redoma de vidro, nos isolando de tudo e de todos, mas sim mantermos o padrão de comportamento cristão recomendado pela Bíblia. Não precisamos, por exemplo, deixar de ir a uma “festinha” de um coleguinha nosso pelo fato dele não ser evangélico, podemos ir sim, desde que nossos pais permitam e desde que não esqueçamos de que somos cristãos e que devemos nos comportar como tal.

O cristão não tem que ser uma pessoa triste, abatida, pensativa, estática, exageradamente séria. Muito pelo contrário, o crente é uma pessoa feliz, pra frente, sorridente, extrovertida. Se alguém disser que você não tem cara de crente, pergunte qual é o conceito da pessoa de “cara de crente” e diga que “Cristo é o motivo da nossa canção” e de nossa alegria.

Todos nós sofremos influência do meio em que vivemos. Quanto a isso, não há dúvida alguma. Se convivemos com pessoas que usam palavrões com frequência e não temos firmeza na fé que professamos, corremos o risco de, num dado momento, soltar um palavrão. Do contrário, se temos convicção da nossa fé, não permitiremos que tais influências modifiquem nosso comportamento cristão. Neste caso, atuaremos como elementos modificadores e influenciaremos, de maneira positiva, o nosso meio, ou seja, ao invés de falarmos um palavrão por descuido, faremos com que a outra pessoa evite usá-los pelo menos quando estiver conversando com a gente.“Vós sois o sal da terra...” Mt 5:13

O fato de sermos cristãos não nos coloca, por si só, em posição privilegiada com relação a influência dos meios de comunicação, principalmente da TV. Quantos cristãos não caem nas teias de enredo de novelas e torcem por adultérios, assassinatos e outras coisas com as quais o Cristianismo não concorda? No que diz respeito a influência da TV, devemos estar atentos aos seus efeitos maléficos, selecionando, de maneira crítica, a programação que assistimos. O que programas bestas como “Big Brother” ou a “Fazenda” podem nos ensinar?


CONCLUSÃO

“Para ser um verdadeiro cristão ninguém precisa guardar-se dentro de uma redoma de vidro, basta manter o testemunho cristão e ser feliz sob a influência de Cristo em sua vida.”


LIÇÃO 10


POR QUE TANTA DIFERENÇA ENTRE MENINOS E MENINAS?


GÊNESIS 2


18 E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.

21 Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;

22 E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.

23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.

24 Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.

“Quem deve cuidar da casa e dos filhos é a mulher; o homem cuida do sustento da família.” (Severino, 38 anos)

E aí, meninos e meninas, vocês concordam com o que disse o Severino? Por quê?

A sexualidade está muito relacionada com o papel que homens e mulheres desempenham socialmente. O que a sociedade espera do comportamento do homem e da mulher é o que se chama de papel sexual. Essa expectativa da sociedade é o que define, por exemplo, as profissões de homem e de mulher.

A sociedade e a cultura de cada povo determinam como homens e mulheres vão desempenhar seus papéis e quem não segue esse padrão, normalmente não é visto com bons olhos, como por exemplo: homens que são cabeleireiros, mulheres que dirigem caminhão.

Antigamente não se admitia que a mulher trabalhasse fora, usasse calças compridas e batom. Atualmente, não rola mais isso. Muitas mulheres desenvolvem trabalhos iguais aos dos homens e se vestem de acordo com a conveniência, condição e ocasião.


EDUCAÇÃO DIFERENCIADA

Apesar da modernização que a estrutura social sofreu nas últimas décadas, observamos que a educação de meninas e meninos continua sendo bem diferenciada. Enquanto os meninos são educados para a competição e a agressão, as meninas são educadas para serem mais delicadas e maternas.

Antigamente, os pais de meninos diziam aos pais de meninas: “prendam suas cabritas porque meu bode está solto.” Ouvi isso, diversas vezes, de famílias evangélicas e sempre achei um absurdo sem tamanho, porque além de comparar pessoas a animais irracionais, está praticamente se dizendo que é impossível haver amizades verdadeiras entre meninos e meninas, e isso não é verdade.

Essa definição de papéis está presente também em nossas igrejas. Por exemplo: quantas pastoras você conhece?

Esse lance é tão sério, que chegam a acontecer casos assim: a menina tem que cuidar da casa, lavar a louça, enfim, fazer os serviços domésticos. Todo esse tempo em que a menina está ocupada nessas tarefas, o menino está livre para jogar bola, brincar do que quiser. Quando ele volta, a casa está limpinha, porque a irmã limpou. Ele entra, desarruma uma série de coisas e... a vida é assim mesmo. Não. Não pode ser. Tanto meninos quanto meninas precisam ajudar na limpeza e arrumação da casa

Outra coisa: embora as meninas critiquem os garotos que fazem xixi na rua, quando elas crescem e se tornam mães e saem com os seus filhinhos para um passeio, no momento em que esse menino diz que quer fazer xixi, ela orienta-o a fazer ali mesmo, no cantinho, ele é menino e para meninos qualquer espaço público pode ser usado como banheiro. Pois é, esse garotinho vai crescer e teremos mais um mijão mal educado por aí. Detalhe: a grande responsável por essa formação brilhante é a mulher, que continua criticando os caras que mijam na rua. Caramba! Se a garotinha pode esperar, por que o garotinho não pode? “Quero fazer xixi” não é a mesma coisa que “já está saindo.” Então podemos esperar, procurar um banheiro e agirmos como pessoas, gente, seres humanos.


SUGESTÃO DE DINÂMICA

1. Separar a turma em grupos só de meninos e só de meninas;

2. Os grupos de meninos deverão discutir e relacionar cinco vantagens e cinco desvantagens de ser menina;

3. Os grupos de meninas deverão discutir e relacionar cinco vantagens e cinco desvantagens de ser menino.

4. Prontas as listagens, cada grupo apresenta seus resultados.

LIÇÕES PARA AS CLASSES DE ADULTOS - fevereiro/março/abril-2010

LIÇÃO 01

O HOMEM CONTEMPORÂNEO E SUAS ANSIEDADES


MATEUS 6

25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?

26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Essa ansiedade a que Jesus se refere é aquela considerada normal nos seres humanos, e tem a ver com a preocupação com o futuro, basicamente, com aquilo que vai acontecer amanhã. Quando Ele diz para não ficarmos ansiosos quanto ao dia de amanhã, não está querendo dizer que cruzemos os braços e tudo acontecerá. A ideia é de que Deus cuida de nós e não de que não devamos fazer nada.

O excesso de trabalho, a busca desenfreada por dinheiro, a falta de fé, tudo isso gera ansiedade no homem contemporâneo, deixando-o em crise. Num determinado momento, então, ele recorre a ciência, num outro momento volta-se para a filosofia, num outro para a religião, para o sobrenatural, pois ele quer solução para o vazio que se instala em seu interior.

Essa ansiedade, muitas vezes, leva ao egocentrismo, que é uma prática completamente oposta aos ensinamentos cristãos.

Mas o que é uma pessoa egocêntrica? É aquela criaturinha fofa que ainda não entendeu que ela não é a única coisinha fofa. Por conta disso, na escola, ela acha que o professor tem que lhe dar atenção prioritária. Caso contrário, o professor tem implicância com ela, é pessoal. É aquela criaturinha que acha que seus líderes, que seu pastor têm que lhe dar atenção total, afinal, ela é muito mais importante que a multidão. É aquela criaturinha simpática que quando está em grupo continua agindo como se estivesse sozinha, então não abre mão de nada, não cede nunca, não negocia; o grupo tem que engolir aquilo em que ela acredita, aquilo que ela quer, todas as suas vontades, afinal de contas, ela é a coisinha mais fofa da humanidade.

Eu nem queria dizer isso, mas é claro que a família tem um percentual gigantesco de culpa nesse tipo de comportamento. Toda pessoa egocêntrica é egoísta. Ela é a mais importante do grupo (egocêntrica), então todos os seus interesses, caprichos e vontades precisam ser atendidos (egoísta), independente de prejudicar o outro ou não. Assim, se essa pessoa precisa enfrentar uma fila, mas vê um amigo lá no início dela, ignora todas as pessoas que estão atrás e fica lá na frente, adianta sua vida e não está nem aí para aquelas outras pessoas. Afinal de contas, ela é a mais importante, ela tem pressa, aquelas pessoas estão ali só para se divertirem. Essa mesma pessoa egoísta, com desvio de personalidade cristã, estaciona o carro de forma a prender outro na vaga, porque, afinal, ela quer parar ali. Essa mesma pessoa, quando o trânsito para, engarrafa, vai para o acostamento, ultrapassa todas as pessoas que estão honestamente na fila, entra lá na frente, e vai embora. Que importam todas aquelas pessoas que estão esperando pacientemente o trânsito fluir? Ela tem pressa, ela é a pessoa mais importante do mundo, ela é o centro. Essa pessoa não tem o hábito de ler a Bíblia, aliás, talvez até leia, mas pulou aquela parte de amor ao próximo. Ela adiantou sua vida, seu lado, que importa o outro?


Alguém deu o troco a mais? então que da próxima vez preste mais atenção. Que importa se ela terá que pagar o que deu a mais para fechar o caixa,? Quem se importa? Queridos e queridas, enquanto eu não entender que o outro, que o meu irmão, que o meu semelhante, é tão importante quanto eu, ou conforme ensinamento paulino, mais importante que eu, eu não serei um bom cristão. Todas as vezes em que eu me der bem, prejudicando alguém, eu estou sendo um mal cristão, aliás, eu não estou sendo cristão. Se de todos os mandamentos, eu observar apenas aquele que fala do amor ao próximo, estarei cumprindo, por tabela, todos os outros. Se amo o outro, não furo fila porque estou desrespeitando o seu direito, não fico com o troco a mais porque estou me apropriando de algo que legitimamente não me pertence e estou causando prejuízo ao próximo; se amo, não furo fila de carros, trafegando pelo acostamento (dentro dos carros existem pessoas); se amo, não traio o marido ou a esposa porque estou violando a confiança do outro; se amo, não tento trapacear numa prova, tentando mostrar que sei aquilo que de fato não sei, colando da prova do outro. Se amo, não sou egoísta. Quando sou egoísta amo unicamente a mim mesmo. Quando sou egocêntrico, espero que todos me amem e me deem atenção total.

“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.” (Levíticos 19:18)

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30,31)

“Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12:3)


LIÇÃO 02

EU QUERIA SER UMA PESSOA MELHOR

“Eu não entendo o que faço porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero fazer, esse faço.” Romanos 7:15,19

“De fato tenho sido mau desde que nasci; desde o dia do meu nascimento tenho sido pecador. O que tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a tua sabedoria.” Salmos 51:5,6

A maior parte de nosso comportamento é determinada por fatores inconscientes e a guerra e os conflitos que travamos dentro de nós mesmos são bem maiores que conscientemente queremos admitir. Assim, o homem nem sempre consegue ser aquele indivíduo harmônico, lógico e racional que pretende. Pelo contrário, é marcado pela ambiguidade, pelos conflitos interiores e pela confusão. Essa visão do ser humano, na verdade, já havia sido apresentada pelo apóstolo Paulo em Romanos 7:15, 19.

Essa mesma visão paulina do conflito interior, essa luta constante entre inconsciente e consciente, segundo Freud, vamos encontrar no texto a seguir, de Edward Sandford Martin:

“No interior do meu templo terreno há uma multidão. Um de nós é humilde, outro é orgulhoso. Um está com o coração partido por causa de seus pecados. E um, que não se arrepende, senta-se e arreganha um sorriso. Um ama o seu semelhante como a si mesmo, e um não se importa com nada além de fama e ouropel. De muitas aflições dilacerantes eu me veria livre se só uma vez conseguisse saber qual deles sou eu.”
Eu me vejo no texto de Paulo, assim como me vejo no texto desse cabra aí em cima. Há uma luta constante no meu interior, e nem sempre é o bem que vence o mal. Eu queria ser um ser humano melhor, um Isac melhor, mas nem sempre isso funciona. Juro que me esforço. Quantas vezes nos comportamos de um jeito que não gostaríamos de nos comportar? Quantas vezes fazemos uma coisa e nos arrependemos logo em seguida, e nos sentimos culpados, e nos “torturamos” psicologicamente; alguns, mais extremistas se torturam fisicamente também.


O CONFLITO DE VALORES DO HOMEM CONTEMPORÂNEO

Por sua própria natureza e condição existencial, o homem é um ser ambíguo. Situado entre o tempo de vida terrena e a eternidade, ele é atraído por ambos. Sua imagem e semelhança de Deus gera o inevitável conflito entre liberdade e finitude, o que é notório nos escritos de Paulo, como já vimos, bem como no famoso aforismo de Ovídio: “Vejo o melhor e aprovo e sigo o pior.”

O homem contemporâneo é absolutamente consciente de sua ambiguidade. O conflito entre instinto e razão sempre estará presente nele. A diferença em relação a outros períodos históricos é que hoje não escondemos essa situação, tão camuflada e negada em tempos passados.

Outro aspecto da imagem contemporânea do homem, do ponto de vista psicológico, é a ansiedade. De repente, ele se deu conta de que aquele mundo estável, totalmente previsível não mais existe. Essa descoberta gerou um pânico que se expressa na mais profunda ansiedade.

Outra causa possível para esta ansiedade humana atual pode ser o conflito de valores que caracteriza nosso tempo. A constante discrepância entre o que o homem crê e o que ele faz gera um alto nível de ansiedade que quando ultrapassa certo limite torna-se intolerável. O sujeito crê na Bíblia e como bom batista até diz que ela é sua regra de fé e prática. Ele crê nisso, no entanto na hora de agir, na hora de praticar, ignora seus ensinamentos e pensa apenas em si mesmo, em como pode se dar bem naquela situação. Refletindo sobre isso, escreve Erich Fromm:

“Os fiéis vão à igreja e escutam sermões que falam dos princípios de amor e caridade ao próximo; entretanto, os mesmos indivíduos se considerariam tolos se perdessem um bom negócio, embora sabendo que o comprador faria melhor em se abster da compra. Às crianças ensina-se que devem reger a sua vida por princípios de honestidade, integridade e zelo pelo bem-estar da alma; ao mesmo tempo, a ‘vida’ nos ensina que agir deste modo é ser um sonhador inveterado e apragmático.”
Parte desse comportamento é influenciado pelo capitalismo que não admite prejuízo em hipótese alguma, que valoriza mais as coisas que as pessoas. Assim, tais indivíduos embora aleguem respeitar os princípios cristãos são influenciados de tal forma pelo sistema vigente que abandonam seus valores diante do menor risco de perdas materiais.

Esse camarada a quem Erich From se refere escuta os sermões, declara a Bíblia sua regra de fé, diz ser um bom cristão, mas tem um gato imenso, às vezes, de tão grande parece uma onça, na energia elétrica. Se essa pessoa observar o mandamento do amor ao outro não fará isso, pois se tenho um gato, além de estar agindo fora da lei, sei que alguém paga por ele, um outro ser humano está sendo prejudicado, aliás, vários seres humanos. Ah, mas aí virão os argumentos: o valor cobrado de energia elétrica é um absurdo. Se a Ampla pode “roubar” assim por que eu não posso roubá-la? Se vou mesmo defender esse argumento, serei forçado a defender também que se o dono do supermercado é rico e se os preços praticados por ele são abusivos, posso entrar lá e furtar um produto. Se ele “rouba” nos preços... Oxente, para quem tem princípios, pouco importa os absurdos cometidos por outros, eu não os farei.


LIÇÃO 03

AINDA SOBRE VALORES CRISTÃOS

Vou aprofundar mais ainda mais o exemplo da aula passada: aquele mesmo cara é capaz de passar um cheque sabendo que não há dinheiro na conta para compensá-lo. Você não acredita nisso? Eu também gostaria de não acreditar, mas já ouvi falar de uns casos assim em cidades distantes da nossa. Não é o caso de nossa localidade, mas mesmo assim fiquei chocado. Quem passou o tal cheque não tem o mínimo de amor pelo próximo. Se tivesse não prejudicaria o outro.

Vou piorar ainda mais essa análise do comportamento dessas criaturas que pensam que são cristãs. Vocês já ouviram falar numa pessoa evangélica que seja caçadora? É, caçadora, que sai matando bichinhos por aí. Não, não estou falando daqueles nossos irmãos sertanejos que precisam caçar por uma questão de sobrevivência, estou falando de caça esportiva, de brincadeirinha. Isso num momento em que parte do planeta se mobiliza pelas causas ambientais. Esse cara vai ousar apresentar o seguinte argumento: ”tenho que amar o próximo (meu semelhante) e não os bichos”. Ah que engraçadinho! Essa pessoa está contribuindo para a deterioração do meio ambiente. Na verdade, não entendo bem por que razão a igreja evangélica brasileira não se envolve, de fato, com as causas ambientais. Será que é porque já que aguardamos uma pátria celestial não precisamos nos preocupar com esse planeta provisório? Não é tão provisório assim, além de mim, minhas próximas gerações precisarão dele.

Tem umas criaturas asquerosas que jogam lixo pela janela do carro, que largam lixo na praia ou na cachoeira que frequentam e que acham tudo isso normal e que são suficientemente descaradas para pregarem o evangelho logo depois de praticarem atitudes como essas. E aquelas que cortam pelo acostamento, que invadem a frente do outro? Isso tudo com um adesivão identificando-o como evangélico. Gente, quando o trânsito para se forma uma fila de carros. FILA. A fila é de carros, mas dentro dos carros estão seres humanos. Então se corto pelo acostamento ou faço outras atrocidades, estou FURANDO FILA, desrespeitando e espaço do outro e declarando que não entendi nada do mandamento divino de “amar ao próximo como a si mesmo.” O próximo está em todos os lugares e eu preciso respeitá-lo onde quer que ele esteja. Qualquer coisa que me beneficie em prejuízo de outro é contraditório a este mandamento, logo não preciso de uma listinha de coisas proibidas ou permitidas.

“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis.”

Paulo está falando de IMATURIDADE CRISTÃ, de pessoas que não conseguem tomar suas decisões sozinhas. Que tudo perguntam a outros e que quando quebram a cara culpam essas pessoas a quem consultaram. Um dos princípios batistas é a ideia de que cada um é seu próprio sacerdote. Você não precisa, por exemplo, se confessar com o pastor, como fazem nossos irmãos católicos com os padres. Você é seu próprio sacerdote, você confessa-se diretamente com Deus, logo, precisa amadurecer. Eu sei que alguns líderes evangélicos acabam criando uma relação de dependência muito grande das pessoas para com eles, mas isso é péssimo.

Ainda outra causa de ansiedade é o medo da liberdade, como sugere o mesmo escritor citado na lição anterior (Erich From):

“É mais confortável para a maioria dos mortais ter uma estrutura externa que determine seu comportamento, pois isso poderia eximi-los de suas responsabilidades pessoais.”
Então é assim: não vou pagar minhas contas porque o governo (estrutura externa) não paga as suas. Se o Brasil deve, por que não posso dever? Não me importa o que os outros fazem, eu não vou fazer. Eu não tenho que me proteger sob nenhum desses argumentos para justificar meus desvios de conduta cristã. “Todo mundo” paga ou aceita propina. E daí? Eu não sou todo mundo, eu sou um cristão. Não pagarei nem aceitarei propina, só quero o que é meu, aquilo que trabalhei para ter. Se ando certo com o carro, por exemplo, não vou precisar pagar propina a nenhum policial corrupto. Se pago, estou me corrompendo e alimentando a corrupção de um funcionário público. Ou eu sou cristão ou aceito propina. Simples assim. Oi. Outra coisa: tem aquele engraçadinho que está com o carro todo errado, mas não paga propina e nem fica na blitz. Ele também é policial ou é militar e acha que pode dar uma “carteirada”. Esse carinha não está menos errado que aquele que pagou propina, pior ainda, ele usou sua suposta autoridade, sua suposta influência para ficar impune. Errado é errado independente de cargo, função ou posição social que ocupe. O que tem de “cristãos” dando carteirada por aí.... Uma pena!

Alguns policiais, mesmo “cristãos”, acham que o estabelecimento comercial, o restaurante do bairro em que ele atua tem que fornecer-lhe comida gratuitamente, já que ele, o policial, é responsável pela segurança da área. Na cabeça desse servidor público, ele está fazendo um favor para aquela comunidade, logo, todos precisam fornecer o que ele precisa sem cobrar. Se esse comportamento já é de extremo “malcaratismo” para qualquer policial, o que dizer então do “cristão” que também faz isso? Ele não está prestando um favor a comunidade, ele está fazendo o seu trabalho e recebendo salário por isso. Se esse salário é baixo ou não, o comerciante não tem nada a ver com isso. O trabalho do gari também é importante, no entanto ele teria que pagar pela sua comida, assim como o médico e todos os outros funcionários públicos que trabalham naquela comunidade.

Finalmente, outra possível causa de ansiedade no homem contemporâneo é a alienação do fundamento do ser. O estado de alienação do homem é uma característica marcante da condição humana. A tentativa de se livrar de Deus em busca de sua liberdade resultou num grande sentimento de vazio no coração do homem moderno. Essa sensação de vazio resulta em crises depressivas cada vez mais frequentes nas pessoas, independente de idade. Uma das consequências claras desse vazio nas pessoas é a humanização de animais domésticos que passam a preencher de forma ilusória essa sensação de vazio e de medo de envolver-se num relacionamento com outro ser humano. O ser humano é sempre imprevisível, o animal não. Qualquer investimento em outro ser humano é de alto risco, já que ele é imprevisível; com o animal é diferente. Então as pessoas vazias precisam humanizar bichos, chamam de filho, conversam com eles como se fossem um semelhante, investem neles, enquanto filhotes humanos vão ficando largados em abrigos ou pelas ruas. Gente, nada contra tratar bem os animais; eu, por exemplo, tenho uma cadela muito fofa e cuidamos bem da bichinha, mas ela não é gente, ela é uma cadela, linda e fofa, mas não posso querer humanizá-la.


LIÇÃO 04

O HOMEM TECNOLÓGICO E SUAS CRISES DE IDENTIDADE

Por si só, a tecnologia não é boa nem má. Tudo depende do uso que se faz dela. O que preocupa os estudiosos do assunto é que ela está gerando mutações de grandes proporções na cultura humana, o que afeta a própria natureza do ser humano. Instala-se, assim, uma nova civilização, a tecnológica, com seu enorme poder multiplicador. Isso é tão sério, que já registramos hoje uma espécie de síndrome de abstenção tecnológica. É assim: você usa seu computador diariamente para acesso à internet. De repente, ele pifou e o conserto está demorando. Após uns cinco dias sem ele, o seu humor começa a apresentar profundas alterações.

Como a noção de tempo do homem tecnológico é linear, o novo é bom por definição, ou seja, tudo aquilo que é novo é bom simplesmente pelo fato de ser novo. Esta sede do novo tem um lado positivo, uma vez que estimula a invenção. Todavia, enquanto exalta o novo, o homem tecnológico tende a desprezar o velho e por isso ele tem medo de envelhecer. A velhice já não é vista como um prêmio, mas como um fardo insuportável. Por conta disso, muitas pessoas na fase adulta fazem questão de viver cercadas por adolescentes porque só admitem ser cobrados pela sociedade ou pela comunidade da qual fazem parte, como um deles. Agindo assim, essas pessoas entendem que estão resistindo ao amadurecimento, à velhice. Ainda um outro aspecto, nesse contexto, é a necessidade de consumir todos os novos produtos que são lançados no mercado, ainda que não passem do velho produto já conhecido, apenas mascarado com uma nova embalagem.

Os hinos do Cantor Cristão são bonitos. Da mesma forma, muitos hinos contemporâneos também são muito bonitos. Até aí, tudo bem. O problema é quando a nova geração recusa-se a cantar ou ouvir hinos do Cantor Cristão pelo fato de ser um modelo velho de música, ou quando os mais velhos recusam-se a participar dos louvores contemporâneos porque não moderninhos demais. O desafio é encontrar um meio termo. O novo, por mais bonito que seja, não deve anular o velho, nem o velho deve ignorar o novo. São gerações diferentes convivendo, então temos que chegar a um acordo, não adianta ficar brigando ou apenas vivendo do passado.

Outro aspecto relevante desta civilização é a objetividade. Não se procura mais o belo e o verdadeiro, mas o que é útil e eficaz. Assim, novas “amizades” não desenvolvidas não pelo que a outra pessoa de fato é, mas pelo que ela pode trazer de benefício. “Sabe aquela menina que está frequentando nossa classe, tenho que colar nela, ela tem um emprego maneiro na Petrobras.”

Nenhum cristão deve se aproximar de outra pessoa querendo se dar bem, querendo explorar essa pessoa ou simplesmente pelo que essa pessoa tem. Cristãos se aproximam de outras pessoas porque amam essas pessoas. E só.

No plano das ideias, a civilização tecnológica é pluralista. Isso significa dizer que no mundo moderno, nenhuma religião ou filosofia podem pretender aceitação unânime de toda a sociedade. Elas representam uma verdade e não a verdade. Nós cristãos, temos uma verdade, acreditamos nela, vivemos por ela, mas não podemos negar o direito de outras pessoas de nosso contato terem outras verdades. Oi, qual foi mesmo sua pergunta, se existe uma verdade ou várias verdades? Bem, pergunte a um cristão qual é a verdade e ele dirá que é tudo aquilo que está na Bíblia. Agora faça a mesma pergunta a um mulçumano e ele dirá que a verdade é aquilo que o Alcorão registra. Então se vivemos numa sociedade livre, várias verdades circulam. Do ponto de vista cristão, no entanto, nossa verdade é a Bíblia, a Palavra de Deus, e não se fala mais nisso.


JOÃO 8

"Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

Quanto a pergunta “que tipo de homem está sendo gerado pela civilização tecnológica?”, responde Roland Corbisier:

“É o homem tradicional, milenar, edificado de acordo com o modelo de Sócrates ou de Cristo, por exemplo, apenas provido de aparelhos e máquinas de que Sócrates ou Cristo não dispunham, ou será um homem qualitativamente diferente, o homem oco, interiormente vazio, sem alma, sem abertura para a transcendência, esgotando-se na dimensão do cotidiano, vivendo para produzir e consumir bens, mercadorias, utilidades e serviços? O tele-homem, o alegre robô, o cibernântropo?”

O HOMEM SOCIOLÓGICO: SECULARIZAÇÃO

Para alguns estudiosos, a secularização é a libertação do homem do controle religioso, o abandono dos mitos sobrenaturais e dos símbolos sagrados. O homem secular tem o mundo em suas mãos e é responsável por seu próprio destino. A secularização ocorre quando o homem desvia sua atenção dos mundos do além e se volta para este mundo e para este tempo.

Outro aspecto da secularização, também chamada de contextualização, é a aproximação e até a mistura daquilo que era tido como profano com aquilo que é considerado sagrado. Esse fenômeno pode ser visto amplamente, hoje, em muitas igrejas brasileiras, de várias formas. A principal delas, talvez, seja relacionada à música e aos modismos. Dessa forma, promovendo essa mistura, vamos encontrar forró gospel, pagode gospel, funk gospel e outros ritmos “profanos” que de repente foram “sacralizados” sob o argumento da contextualização.

Vamos aprofundar nossa análise de contextualização ou secularização mais um pouquinho. A música faz parte da estrutura de qualquer igreja brasileira. A dança, porém, é uma novidade. A princípio, aliás, nem chamávamos de ministério de dança, era ministério de coreografia. Nunca entendi bem essa distinção. Tudo bem. Essas danças, que a galera prefere chamar, em igrejês, de ministrações e não de apresentações (eu entendo que dança é arte, independente do objetivo dela) limitavam-se a reprodução de movimentos corporais que representavam a letra da música que estava sendo cantada. Modernamente, isso ampliou-se, e alguns ministérios de dança, das mais diferentes denominações, tornaram-se tão ousados que já beiram a sensualidade. Isso é o que chamam de contextualização. Que fique claro que não estou condenando à fogueira os ministérios de dança, acho até muito bonitinhos, fofinhos mesmo; meu papel aqui, no entanto, é de provocar um debate reflexivo sobre o tema. Bem, de qualquer jeito, tenho o direito, enquanto cidadão brasileiro, batista, de achar meio loucas, meio cômicas até, determinadas atuações, determinados conceitos, determinadas “ministrações”. Você, leitor, aluno da EBD, por sua vez, tem o direito de achar que estou escrevendo bobagem. Como disse um sábio batista do passado de quem não consigo lembrar o nome agora: “discordo de você, mas morrerei defendendo seu direito de se expressar.”


LIÇÃO 05


ESPIRITUALIDADE SUSPEITA

I Coríntios 2

13 As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.

14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

1 Coríntios  3

1 E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.

2 Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,

3 Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?

Colossenses 3:16

A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração.

O Cristianismo tem como um de seus maiores desafios o equilíbrio entre o materialismo e o fanatismo. É como se houvesse uma linha e de um lado estivesse a tendência de se descrer de tudo (materialismo) e do outro uma espiritualidade exacerbada, exagerada, a que chamamos de fanatismo.

Alguns de nós temos a mania de julgar o nível de espiritualidade do outro e aí saímos fazendo as classificações, pondo os rótulos: o irmão X é muito espiritual, já o irmão Y é um cético. Julgar o outro não é uma qualidade cristã, certo?

Algumas pessoas têm mania de espiritualizar todas as coisas. Algumas pessoas acreditam num Deus plantonista que está o tempo todo a sua disposição exclusiva, e aí voltamos para a questão do egocentrismo cristão, e então acham que para que tudo aconteça em sua vida, basta orar. Algumas chegam a dizer que a oração ideal, com mais chance de ser respondida, é aquela feita de madrugada, pois “na madrugada, a fila é menor.” Essa frase aparece, inclusive, em letras de música evangélica. Dizer isso é, de cara, dizer que Deus é limitado. Assim, dentro de sua limitação, ele não consegue atender a todos os pedidos, mas se eu orar de madrugada, quando menos pessoas estão pedindo coisas, minhas chances são maiores. Gente, ninguém passa em vestibular ou em qualquer outro concurso simplesmente orando todas as madrugadas. É preciso estudar. Não estou dizendo para você dispensar a oração, estou dizendo que você precisa estudar se quiser ser aprovado em algum concurso.

Ainda sobre a questão da espiritualidade suspeita, para Ed René Kivitz, pastor batista de São Paulo, em seu livro OUTRA ESPIRITUALIDADE, é preciso que se repense a visão de Deus:


“Chegou a minha vez de dizer que ‘Deus morreu, vocês mataram Deus... um deus morreu em mim, e nasceu outro, que me seduziu com amor eterno. Por ele me apaixonei. O deus que morreu foi exaltado na subcultura da religiosidade evangélica brasileira. Era basicamente um deus que: 1) vivia de plantão para me poupar de qualquer tragédia, evitar meus sofrimentos e abreviar as situações que me trariam qualquer desconforto; 2) prometia satisfazer não apenas minhas necessidades, mas também meus desejos; 3) estava comprometido em favorecer-me em todas as minhas demandas contra os pagãos; 4) compensava minhas irresponsabilidades e ignorâncias em troca de minha fé; 5) manipulava todas as circunstâncias de minha vida como um tapeceiro que corta fios e dá nós no emaranhado do avesso do tapete para revelar a bela paisagem no fim do processo, capaz de encantar todos aqueles que olham pelo lado certo. Enfim, morreu em mim aquele deus parecido com a figura idealizada de um super pai, que levou homens como Freud, Nietzsche e Sartre a desdenhar da religião.”
Esse deus descrito por Ed René começou a morrer em mim ainda em minha infância, quando via minha mãe possuída por espíritos malignos e ia para o banheiro chorar e pedir-lhe que fizesse parar aquela situação e ela continuava possuída. Esse deus começou a morrer em mim quando via minha mãe em crises nervosas e ia para o banheiro chorar e pedir-lhe que a acalmasse e apesar disso, ela continuava em surto. Esse deus começou a morrer em mim quando adoecia, pedia a cura imediata, no entanto precisava ir para hospital, fazer exames e mais tarde, cirurgia. Esse deus morreu completamente em mim quando perdi minha filhinha e me disseram que “foi a vontade de Deus”. Me apaixonei por esse mesmo Deus por quem o autor em questão foi seduzido. Esse Deus, diante da terrível dor da perda de nossa filhinha, o que não aconteceu por ser sua vontade, mas sim como uma das tantas incontingências da vida, usou pessoas para estar perto de nós, para nos fazer carinho. Esse Deus por quem me apaixonei libertou minha mãe, no seu tempo. Esse Deus por quem me apaixonei, não assumiu nenhum compromisso comigo de que eu não poderia ter nenhum problema de saúde, mas está comigo em todos os momentos. Hoje não tenho um Deus plantonista a meu serviço 24 horas. Hoje estou a serviço desse Deus.

Para aqueles que têm um deus plantonista, qualquer “falha” dele em atender suas exigências são tidas como um descaso, e isso é imperdoável. Essas pessoas quase xingam Deus quando isso acontece. Elas não vão permanecer na igreja porque esse deus plantonista não foi legal com elas. Para aqueles que estão a serviço de Deus, no entanto, e que contam com sua graça, e que entendem que existem inúmeras incontingências provocadas pela natureza ou pelos próprios homens, Deus continua sendo Deus, independente do que aconteça.

Nosso irmão, Jó, por exemplo, perdeu tudo, mas não sua crença em Deus. Se ele fosse adepto da infeliz, da desgraçada, da miserável, da abestalhada teologia da prosperidade, diante da primeira perda, ele teria saído batendo portas e gritando:”que deus é esse que me permite passar por essa situação?”

No dia em que escrevi essa parte da lição, vi uma cena linda: diante do caos em que se encontra o Haiti, nossos irmãos improvisaram uma igreja e estavam cantando louvores. Isso mesmo, cantando no caos. A propósito, na sua opinião, o terremoto no Haiti foi vontade de Deus? Deus está feliz diante daquele caos? Teria sido a natureza se manifestando diante da miséria em que se encontravam aquelas pessoas já antes do terremoto e assim, eliminando aquele povo, dando um basta ao seu sofrimento? Ou terá sido um fenômeno do mundo físico, explicado pela Geografia ou pela Geologia ou alguma outra dessas gias aí? E onde estava Deus na hora do terremoto? (cuidado com o lance do deus plantonista). Mas Isac, a Bíblia fala de terremotos como sinal do fim dos tempos... Tá bom, vou buscar o texto pra você:

Mc 13:8 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes e tribulações. Estas coisas são os princípios das dores.

Lc 21:11 E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.

Aqui estão apenas dois exemplos, existem vários outros. De qualquer forma, sempre existiram terremotos, guerras e fome. A questão é que tais coisas estão se intensificando, tudo bem. De qualquer forma, não consigo ver Deus naquele terremoto, consigo vê-lo sim na força daquele povo (gente, 4 dias depois do terremoto ainda tem gente sendo resgatada com vida!) e na solidariedade de todo o planeta. Mais do que nunca, é hora de aparecerem os chamados missionários para o Haiti. Chamada missionária para os Estados Unidos e para a Europa rica, me desculpem, mas não tenho fé suficiente para aceitá-las como legítimas.


LIÇÃO 06

APRENDIZAGEM SIGNIFICA MUDANÇA DE ATITUDE E EDUCAR TEM A VER COM DIZER NÃO

Eu só sei se aprendi realmente alguma coisa quando observo que algo mudou em mim. De repente você ouve um sermão maravilhoso, ou participa de uma aula daquelas, quer dizer, dessas, sente-se impactado, vai para casa, reflete sobre tudo o que ouviu e resolve mudar. Nesse caso, houve aprendizagem. Agora, se ouço um sermão ou participo de uma aula e apenas me emociono superficialmente, não rolou aprendizagem. Muita gente, em praticamente todas as igrejas brasileiras, todos os domingos, se emocionam durante o sermão, atendem ao apelo, vão a frente chorando, voltam soluçando para seus lugares, voltam para casa, vivem uma semana como se nada tivesse acontecido e no outro domingo, tudo de novo. Puro emocionalismo. Emoção e aprendizagem são coisas diferentes. Não confunda. Diferentes como assim? Qual a diferença de emoção para aprendizagem?

Gente, ensinar não é entregar um manual para o sujeito, é apresentar os princípios de forma que o indivíduo possa aplicá-los nas mais diferentes e surpreendentes situações. Precisamos aplicar tudo aquilo que aprendemos ou nada fará sentido. Nossas aulas na EBD podem ser umas belezuras, mas se eu não aplicar todas essas coisas fofas na minha vida diária, de nada está adiantando essa aprendizagem.

Não sou xenófobo, mas todos aqui sabem que não sou simpatizante dos Estados Unidos, os donos do mundo, nem gosto muito de citar modelos europeus, mas tem uma coisa que não posso deixar de abordar como exemplo. Em vários países da Europa, os jornais diários são deixados num determinado lugar, as pessoas pegam um jornal e depositam ali o dinheiro correspondente, sem nenhuma fiscalização. E por que isso não é possível no Brasil? Simples de responder e de entender. Quer dizer, nem tanto. Oxente, fomos colonizados por europeus, os portugueses que invadiram nosso país em 1500. O sr. Cabral pode ter descoberto muitas outras coisas, mas não o Brasil. Nós fomos invadidos por ele e sua corja. As pessoas que Portugal mandou para cá eram indesejadas lá. Portugal esvaziou seus presídios, suas ruas e mandou geral para o Brasil a fim de iniciar uma nova vida e colonizar a “nova terra”. Essa gente que veio para cá queria se dar bem independente de qualquer coisa, traindo, passando por cima do outro, enfim, o lance era se dar bem. Essa gente dominou nosso índio e desumanizou o africano. Resultado: o jeitinho brasileiro, a corrupção. A cena mais chocante que já vi de corrupção no Brasil não foi nenhum desses mega escândalos que vemos pela imprensa, foi, na verdade, uma cena bizarra, na rodoviária da Praça XV, no centro do Rio. Enquanto esperava um ônibus, presenciei o seguinte episódio: um senhor chegou com um saco nas costas cheio de latinhas de cerveja e refrigerante. Despejou tudo perto de um monte de pedras (havia uma obra lá), ia colocando pedrinhas dentro das latinhas e amassando a fim de aumentar o peso. Se aquele senhor tivesse acesso a muito dinheiro, como nossos senadores, por exemplo, ele faria um mega roubo, mas como tinha disponível apenas as latinhas, agiu ali daquela forma. Não há qualquer diferença entre o roubo do velhinho da latinha e nossos senadores, respeitadas, é claro, as devidas proporções do estrago para a sociedade. Nossa chamada bancada evangélica no legislativo brasileiro é uma vergonha. Tão vergonhosa é a ação dessa gente para mudar alguma coisa de fato nesse país, que nesse momento não consigo lembrar de nenhuma exceção que possa citar aqui como modelo de resistência. Como produzem muito pouco para a sociedade, tentam suprir sua incompetência com projetos do tipo criação de um monumento à Bíblia em tal lugar, atitude que muito pouco contribui de fato para o bem-estar da sociedade. O cabra cria o tal monumento a Bíblia, mas não tá nem aí para respeitar seus preceitos. Grande coisa! Se nossa bancada evangélica no congresso, nas assembleias legislativas ou nas câmaras de vereadores fizessem a diferença enquanto cristãos, a sociedade perceberia que algo está mudando, mas não é bem isso que temos visto. Temos aí um monte de casos de “pastores” que abandonaram o “ministério para o qual foram chamados” a fim de se envolverem com política partidária, usando sua influência enquanto líderes, manipulando multidões, alegando que vão moralizar as casas legislativas com os princípios cristãos. Desculpem-me, mas terei que citar aqui nosso Gilberto Gil: “... gente estúpida, gente hipócrita!” Uma pena!


SOBRE A PÓS-MODERNIDADE E SEU CONCEITO FURADO DE LIBERDADE

Na pós-modernidade não há repressão, não há limites, o cara precisa “ser livre”; o importante é o agora, é o indivíduo, não tem NÓS, não tem FUTURO. É preciso gozar a vida agora, não tem planejamento de velhice, já que pode-se morrer amanhã ou ainda hoje. É como aquelas crianças mal educadas, aquelas que os pais fazem questão de transformar nos monstrengos de amanhã, dando-lhe tudo o que pedem para evitar o piti público. Como esses pais não saberiam controlar o tal piti, então antes que as criaturas se joguem no chão, se babem todas e eles paguem um mico danado, dão tudo o que pedem, e tem que ser agora, no momento do pedido. Não há limites. É nesse sentido que estou dizendo que a educação precisa sim ser repressora. Segundo Roseli Saião, “educar é ser impopular.” Alguém precisa desempenhar essa função castradora, alguém precisa dizer a esses seres que eles não podem tudo, que existe o outro, que ele não está sozinho no planeta, que ele não é o centro das atenções: Salmos 34:11; Provérbios 22:6.

As criaturas da geração pós-ditadura militar brasileira alegam que como foram muito oprimidas e reprimidas não querem oprimir ou reprimir os filhos, tadinhos. Consequentemente, vem o outro extremo: crianças e adolescentes sem limites. Aí não dá. Não precisamos oprimir os caras, mas precisamos dizer NÂO. Todo ser humano precisa experimentar a sensação de frustração. Se a criança não aprende a lidar com o NÂO, quando vira adulto é capaz de jogar ácido no rosto da menina que disse não, é capaz de agredir a namorada que disse não a continuidade do relacionamento, enfim, que monstrengos a sociedade moderna está produzindo para o futuro?

Gente, alguns desses monstrengos já estão por aí, são pessoas que não estão nem aí para o outro, são pessoas que para tornarem-se chefes vão deixando um rastro de destruição terrível, um rastro de mágoas, de desgraças, de inimizades para trás. Eles precisam ser chefes custe o que custar, e não estão nem aí para o outro.

1 Co 8:9 Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.

1 Co 10:29 Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem?

Gálatas 5:1 ESTAI, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.

Gálatas 5:13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.

14 Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

1 Pe 2:16 Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus.


LIÇÃO 07



HEBREUS 11

1 ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.

2 Porque por ela os antigos alcançaram testemunho.

3 Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.

Gente, esse texto é lindo demais. Naquelas horas que estamos duvidosos do amanhã, que estamos pra baixo, que não estamos entendendo o que Deus quer de nós, nada melhor que esse texto para nos deixar bem. Eu estou dentro de um túnel escuro, o túnel é longo, estou quase desanimando, mas tenho certeza de que há uma saída porque já passei por ali em outra situação, então sigo em frente. Isso não é necessariamente um exemplo de fé. No caso desse túnel, eu já sei que existe uma saída, então é só caminhar sem desanimar que chegarei a ela. Um exemplo de fé seria continuar caminhando sem conhecimento prévio da saída.

Não confudamos fé com emocionalismo ou com alienação. A fé é individual, estritamente individual. Se estou num “festival de milagres”, num “culto de milagres” e alguém diz para que todos joguem seus óculos fora porque serão curados, e eu jogo o meu movido pelo calor do momento, porém sem convicção de cura, vou ficar na mão. Não foi Deus que me disse para jogar meus óculos fora, foi aquele cara, e eu embarquei na dele. Isso não é necessariamente um exemplo de fé.


A FÉ SEGUNDO O SENSO COMUM (conceitos populares equivocados)

1. “Profunda convicção de que algo vai acontecer.”Se você continuar lendo o texto de Hebreus 11, verá uma série de exemplo em que as pessoas agiram sem essa profunda convicção. Noé sequer sabia o que era chuva quando começou a construir a arca (Gênesis 2):

5 E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.

6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

2. “É a alavanca que move o coração de Deus.” Isso significa dizer que Deus está parado e que somente a minha oração poderá movimentá-Lo, o que indica uma arrogância humana sem tamanho. Da mesma forma, também é uma baita arrogância humana dizer que “a oração é o recurso que convence Deus a fazer o que nós queremos que ele faça”, ou seja, nós podemos mover Deus. Como assim? Que moral é essa? Quem pensamos que somos?.

Vamos entender melhor essa questão: não é que a nossa oração coloca Deus em movimento, nossos corações é que não estão alinhados com Deus, então ficamos ansiosos.

O pastor Ed René Kivitz cita um exemplo maravilhoso dessa ansiedade: “É como se o meu filho me acordasse às três da manhã para me perguntar se haverá almoço naquele dia ou se eu vou pagar a escola naquele mês. Ora, eu, como pai, não preciso dessa motivação, não preciso que ele faça isso para tomar tais providências, isso já é natural em mim na função de pai, meu filho já tem essa certeza, imagine Deus!” Então, se tenho Deus como Pai eu não preciso, obrigatoriamente, levantar todas as madrugadas, “quando a fila é menor”, para pedir determinadas coisas. Por outro lado, se me faz bem orar de madrugada, se o silêncio da madruga me faz bem e eu posso ficar mais a vontade para bater um papo com Deus, beleza, não estou dizendo para você não fazer isso, estou querendo dizer para você não achar que todos tenham que fazer, sob pena de não serem espirituais; e para você não achar que está super bem na fita com Deus por conta disso e que ele então atenderá todos os seus pedidos.

Mateus 6

26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

Queridos e queridas, “se Deus cuida de passarinhos e de flores, há de cuidar com muito mais carinho dos seres humanos.”

3. “Primeiro tem que acontecer na sua cabeça, você precisa visualizar algo para que aconteça.” Essa ideia tem a ver com Psicanálise, com neuro-linguística, mas não com o evangelho de Cristo, não com o conceito de Hebreus.

VOLTANDO PARA HEBREUS 11

5 Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.

Andar com Deus é um fim em si mesmo. Nada se sabe sobre Enoque, apenas que ele “andou com Deus.” Deus não pode ser um meio para obtenção de fins. “Deus não é um poder manipulável”, logo não podemos entrar nessa de que devemos nos aproximar de Deus porque precisamos de uma cura física, de um casa própria ou de um emprego no Senado Eu quero andar com Deus porque é bom andar com Deus, e mesmo que esteja passando por uma fase ruim na vida, continua sendo bom andar com Deus


DEUS NÃO É UM GÊNIO DA GARRAFA

Na história do gênio da garrafa, ele se compromete a atender três pedidos daquele que o libertar. Tem companheiros nossos, evangélicos, achando que Deus, assim como o gênio da garrafa, obriga-se a atender nossos pedidos, nossos caprichos.

Em um de seus lindos sermões, o pastor Ed René, já citado nesta apostila, disse ter ouvido de um daqueles pastores eletrônicos a seguinte aberração: “Deus, se eu tivesse pedido isso ao diabo, ele já teria me dado, mas estou te pedindo por ser teu servo.” Que servo mais abusado é esse? Como eu poderia me atrever a falar assim com o meu Senhor? Não faz o menor sentido. Esse cara está tentando chantagear Deus. Outros tentam fazer uma negociação: “Se tu me deres um emprego, vou dar o dízimo.” A questão do dízimo já é uma orientação bíblica, não deve entrar numa suposta negociação com Deus.

Ainda no mesmo sermão, o pastor Ed René fala de uma pregação feita por um pastor neopentecostal, adepto da teologia da prosperidade, em que ele diz que naquela noite iria ensinar as pessoas a orarem melhor com base na parábola do Filho Pródigo. É claro que qualquer um de nós esperaríamos que o dito cujo ensinasse a fazer uma oração de contrição, de arrependimento, como fez o próprio filho pródigo em relação a seu pai: “Pai, pequei contra ti e contra os céus, já não sou digno de ser chamado teu filho.” Ao invés disso, o cara ensinou o seguinte: “Ponha o dedo na cara de Deus e diga ousadamente: pai, me dá o que é meu!” Meu Deus, quanta pretensão! Cuidado, companheiros e companheiras, tem muita gente falando em ousadia em nossa relação com Deus, falando absurdos como esses. Eu sou pequeno demais para aparecer diante de Deus com qualquer atitude que pareça ousadia. Nesse conceito pós-moderno de espiritualidade que circula por aí, eu não sou um cabra “espiritualizado”, eu não me encaixo no perfil de ousado nesse contexto. Muito pelo contrário, em minhas orações, em minhas conversas com Deus, me apresento diante dele como alguém tão pequeno, tão vermezinho, que me pergunto se de fato Ele me ouvirá. Na relação com o próximo, com o outro, somos todos iguais, mas na relação com Deus me sinto um coisinha, ou seja, sem ousadia nenhuma, e confesso que sou feliz assim. Eu sou apenas mais um na multidão de adoradores, eu não sou especial nesse sentido, e pra mim já basta a graça de Deus. Eu não sou o cara, eu sou apenas mais um cara, “um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso...”


LIÇÃO 08

CURA INTERIOR

Cura interior é a cura do nosso homem interior: da mente, emoções, lembranças desagradáveis, sonhos frustrados. É o processo pelo qual, por meio da oração somos libertos de sentimentos negativos, como: ressentimento, rejeição, auto-piedade, depressão, culpa, medo, tristeza, ódio, complexo de inferioridade, auto-condenação, senso de desvalor, etc.

Nove Pontos Importantes sobre a Cura Interior:

1. A cura interior, muito mais do que um objetivo a ser alcançado ou uma meta a ser conquistada, é conseqüência do nosso jeito de viver. Cura interior é fruto, precisa ser cultivada, desejada. Ninguém passará por um processo efetivo de cura interior se não desejar realmente ser curado.

2. Precisamos aprender a celebrar as vitórias, pequenas e grandes. Cada passo vivido precisa ser degustado, saboreado, festejado. Não podemos ficar esperando para celebrar somente as grandes vitórias. Aliás, sem a celebração das pequenas conquistas, perde-se o sabor das grandes vitórias almejadas.

3. O pessimismo do mundo moderno acaba contaminando nosso coração. Vamos nos tornando especialistas em ressaltar o negativo. Alimentamos o negativo através das notícias e das conversas. Enfocamos o negativo com lente de aumento e com isso nos especializamos naquilo que não presta e isso vai nos tornando pessoas pessimistas, medrosas, indecisas, enfim, carentes de cura interior.

4. Feliz aquele que tem com quem compartilhar suas tristezas e dores. Mais feliz ainda aquele que tem com quem compartilhar suas alegrias. O amigo verdadeiro é aquela pessoa diante de quem podemos nos revelar por inteiro. Muita gente tem medo de partilhar suas vitórias – aliás, pode nem mesmo ter alguém diante de quem fazê-lo. O outro parece sempre ser uma ameaça. Como vivemos numa constante competição, parece que ser feliz ofende aos outros. Acreditar na felicidade é um bom caminho para encontrá-la, é uma trilha segura para construí-la. Já ouvi alguns colegas dizendo: “não acredito na felicidade; o que existem são momentos felizes.” Oxente, se existem momentos felizes, isso não quer dizer que existe a felicidade?

5. Um coração curado sabe que a alegria verdadeira não está naquilo que temos ou conquistamos, mas na qualidade de nossos relacionamentos. O que não pode ser partilhado não merece ocupar lugar nenhum em nossa vida. Algumas pessoas se deixaram levar pelo pessimismo e pensam que não existem amizades verdadeiras, duradouras, estáveis. Penso que o problema aí são as escolhas dessas amizades. Eu entendo que AMIGO “é um irmão que temos o direito de escolher”. Meus amigos, minhas amigas de infância nunca me decepcionaram. Sempre que precisei, pude contar e confesso que gosto muito de compartilhar com essas pessoas as minhas frustrações e as minhas alegrias. Se não confiamos em nossos amigos, é hora de revermos conceito sobre o que é amizade, começando por não confundir amigo com colega.

6. Para compartilhar a felicidade é preciso optar pela alegria. Divertir-se corretamente não é pecado! O grande pecado é não saborear a vida. É preciso ter a seriedade suficiente para ser alegre e brincalhão. Uma boa piada, na hora certa, tem um lindo poder restaurador em nosso coração. Rir e ajudar os outros a rir é um dos mais eficientes e eficazes remédios para a cura interior. Quem aprendeu a sorrir saberá chorar na hora certa, diante das pessoas e das situações adequadas.

7. No processo de cura interior é fundamental não se perder tempo e energia com bobagens. Cada vez que nos entristecemos devemos nos perguntar: é algo realmente sério? Será que esse fato merece a atenção que estou dando a ele? Não estou atribuindo um peso excessivo ao que a pessoa me falou ou me fez? Quanto tempo vou continuar alimentando essa tristeza em meu coração? Enfim, vamos parar de fazer tempestade em copo d’água.

8. Todos nós estamos sujeitos a muitos erros e falhas. Ninguém está vacinado contra os dissabores da vida. Portanto, ficar remoendo o passado gera o rancor, que é sempre prejudicial a nós e aos outros. A raiva emburrece a pessoa. O ressentimento bestifica. É preciso aprender a perdoar aos outros e a nós mesmos. O rancor produz medo de começar de novo. Viver é correr riscos, sempre. Amar é um risco consciente. A vida é imprevisível! Só quem tem coragem de se arriscar saberá saborear a alegria das vitórias.


9. É preciso estar aberto ao novo. Não devemos temer coisas novas, pessoas novas, comidas novas, culturas novas, possibilidades novas. Abrir-se ao novo pode ser o começo de uma experiência muito interessante.


PROVÉRBIOS 15:13: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate.”


LIÇÃO 09

APAIXONADOS POR DEUS?


“Apaixonado, apaixonado, apaixonado por você, Senhor, estou...”

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30,31)

Outro dia, ouvindo esta música (trechinho acima), parei pra pensar um pouco sobre um novo fenômeno presente em nossas igrejas, algo que poderíamos chamar tranquilamente de um “erotismo espiritual”: apaixonar-se por Deus, abrace seu Deus, ande de mãos dadas com Deus, fique agarradinho com Deus e outras expressões que não me ocorrem agora. Na Bíblia, vamos encontrar um “amar a Deus sobre todas as coisas.” E essa comparação me fez pensar nas diferenças entre amor e paixão.

Eu sei que estamos num momento absolutamente imediatista, queremos tudo agora, nada pode esperar, tudo precisa ser rápido e intenso. Resolvi então trazer para discussão nessa aula, esse tema, partindo dos dois sentimentos em questão: amor e paixão, e das diferenças entre eles. Então, vou conceituá-los, falar um pouquinho deles enquanto sentimentos humanos e, na conclusão, voltaremos à letra da música, aos “apaixonados por Deus”.


PAIXÃO – UM SENTIMENTO TEMPORÁRIO

A paixão é uma emoção de ampliação quase doentia do amor. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e doentio, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.

Pode-se dizer também que paixão é algo muito mais passageiro que o amor, pois, sendo uma patologia deste, com o passar do tempo e sendo rompido o véu da idealização do outro, cai-se na realidade, tranformando-se a paixão em amor, ou nada restando do sentimento afetivo. É nesse ponto, por exemplo, que muitas pessoas dirão: “quando casei com fulano, ele não era assim”. Na verdade era, mas como a paixão (e não o amor) é cega, ela não conseguia enxergar como era o outro. Isso só tornou-se possível com o fim da paixão. Como também não havia amor, o conviívio tornou-se impossível.

A paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação, idades e gêneros. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e satisfação ao apaixonado, mas do contrário, qualquer dificuldade para antigir essa plenitude pode trazer grande tristeza, pois o apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objeto de sua paixão.

Quando você aplica isso em relação a Deus, fica ridículo, pois ocorre o seguinte: o cara de tanto ouvir músicas ou declarações incentivadoras dessa relação “erótica” com Deus vai curtindo Deus a balde até o ponto em que peça algo e não seja atendido. Nesse momento, sua paixão por Deus não foi correspondida, o apaixonado não está satisfeito com o objeto de sua paixão (não confundir com adoração), pois ao “negar” seu pedido, Deus o frustrou... FIM DA RELAÇÃO. Ele já não está apaixonado por Deus. Somente o amor espera. Talvez o namoradinho psicopata da Eloá fosse, de fato, apaixonado por ela. E nós lembramos muito bem como tudo acabou. Pois é, não perca a paciência comigo ainda, vou me explicar: tem gente eliminando Deus da sua vida. E essa mesma gente, dias antes, talvez, estivesse aos pulos cantando a música em questão, declarando sua paixão por Deus. Agora, está frustrado, vai matar Deus, pelo menos na sua vida.

Existem pesquisas científicas que mostram que a paixão, apesar de intensa e arrebatadora, é um sentimento passageiro. Estima-se que a mesma não dure por mais de quatro anos. Adolescentes estão mais sujeitos a apaixonarem-se, devido ao pouco conhecimento de mundo, entre outras coisas, o que não significa que pessoas de maior idade não estejam passíveis de tal sentimento. O que ocorre é que a pessoa adulta, por ter maior conhecimento de mundo, por ter vivenciado maiores experiências, não estará tão sujeita a perder a razão e deixar-se dominar pelo peso do sentimento.

A Paixão se resume em um sentimento de desejar, querer a todo custo o calor do corpo de outro ser. Se cria uma necessidade de ver e tocar a pessoa por quem se apaixonou. É um vício que debilita a mente de forma a focar somente a pessoa em que seu pensamento está. “Eu quero que você me aqueça nesse inverno, e que tudo mais vá pro inferno.” E qualquer outro pensamento é momentâneo e irrelevante para o apaixonado.

Pois é, já vou eu espiritualizar o tema mais uma vez: o apaixonado por Deus deseja Deus, fala sobre Ele, deseja vê-lo, tocá-lo, abraçá-lo (tudo isso é autêntico, repito), e deseja bênçãos materiais imediatas, cura imediata. Se isso não acontece no tempo desejado, o apaixonado desapaixona-se.

Na paixão, você é envenenado com uma espécie de sedante que traz todos os detalhes da pessoa: olhos, boca, nariz, orelha, como sendo perfeitos, embora não sejam, mas você está sedado. A Paixão embora seja mais ativa e romântica do que o próprio amor, não significa que seja melhor que este. A paixão é um encanto passageiro, enquanto o amor é algo que se solidifica com o tempo, e nunca mais pode ser quebrado. Já a paixão, não há como se solidificar, eternizar-se.

Pois bem, isso é paixão. E agora? Você consegue aplicar esse sentimento em relação a Deus? Você consegue pensar em apaixonar-se por Deus, sabendo que isso, embora intenso, é passageiro?

Outra coisa: a paixão não tem limites. É comum você ouvir pessoas dizerem que sob efeito de uma paixão, abandonaram seus cônjuges para viverem um amor intenso e repentino, na verdade, uma paixão. Isso não pode aplicar-se a pessoas evangélicas, a pessoas que vivam de acordo com os princípios cristãos. Eu não posso mudar minha vida por conta de uma paixão intensa e passageira, eu não posso servir a Deus como um apaixonado simplesmente.

É verdade. Muitas pessoas estão apaixonadas por Deus. E chegam às nossas igrejas e dizem que fazem e acontecem, e começam a se envolver com um monte de coisas, e cantam e dançam e choram, e fazem tudo com muita intensidade. De repente, somem, abandonam seus postos, não querem mais saber de nada. E sabe por que isso acontece? Elas são autênticas, são até bem intensionadas, mas são apenas apaixonadas. Não há amor. Elas foram embaladas pela música em questão, elas aprenderam uma liturgia erotizada... deu nisso. São intensas, porém são efêmeras, não há bases, só há paixão.

Bom é podermos conciliar o equilíbrio e a constância do amor com a explosão e a intensidade imediata da paixão e manter isso por longo período. A paixão apenas, sozinha, se desgasta logo. Assim, não havendo amor, nada sobra. É isso que acontece nas relações interpessoais e parece que é também o que acontece com os apaixonados por Deus.

Vamos combinar de observar o que diz a Bílbia o tempo todo: “amar a Deus”... Vamos combinar também que podemos ser apaixonados pelos nossos ministérios, pela nossa igreja, mas que essa paixão só fará sentido se amarmos a Deus. Nenhum casamento sobrevive apenas de paixão. Da mesma forma, nossa relação com Deus. Tudo bem, vamos cantar a musiquinha, não tem problema, mas vamos pensar nela como uma linda obra literária, bem intencionada até, mas sem compromisso bíblico-litúrgico-teológico. Ela é só bonitinha.


LIÇÃO 10

DECEPCIONADOS! COM DEUS? COM A IGREJA?

Referências bíblicas: 2 Tm 2:15,16; Js 1:6-7; 1 Sm 30:6; Ec 9:8.


Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão à impiedade ainda maior.

• Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita, nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares.

Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa dos seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no Senhor, seu Deus.

• Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça.


Logo após a conversão, é muito comum muitas pessoas desejarem um chamado para servir a Deus em alguma atividade na igreja, é um sonho para muitos. Então um dia isso acontece e as pessoas ficam felizes e entusiasmadas. O tempo vai passando e surgem as primeiras decepções. Afinal de contas, a igreja é formada por seres humanos, que são falhos, imperfeitos. Assim, os sonhos românticos de uma vida de dedicação acabam, muitas vezes, dando lugar ao cansaço, à amargura e à decepção. Manter um ministério saudável por anos a fio é uma árdua tarefa, conquistada por poucos. A questão é: qual será o segredo para alcançar essa vitória? Como equilibrar as peculiaridades do trabalho cristão e as decepções, comuns e incomuns, com outros cristãos e com a igreja? Vários são os desafios a serem encarados, principalmente as dificuldades nos relacionamentos, a imaturidade de alguns e as decepções com o caráter de outros.


SUPERANDO AS DIFICULDADES

“Deus não nos chamou para fazer sucesso, mas para sermos fiéis.” Isso quer dizer que o sucesso na vida espiritual, muitas vezes, inclui ser perseguido como foram os personagens bíblicos João Batista (decapitado) e Estevão (apedrejado). Em seu livro “Decepcionados com a Graça”, o pastor Paulo Romeiro sinaliza para o perigo do líder fazer do ministério a sua fonte exclusiva de realização pessoal: “O ministério não sacia o coração e a alma porque pode acabar de uma hora para outra. A nossa fonte deve estar em Jesus.”

O lance é o seguinte: um líder, uma pessoa que trabalha na igreja não precisa nem deve ser pessimista, mas deve, com certeza, ter os “pés no chão”, não esperar das pessoas mais do que deve, pois isso pode aliviar grandes frustrações, grandes decepções ao longo da caminhada. Devemos oferecer o nosso melhor, desempenhar nosso ministério com excelência, mas precisamos estar prontos para críticas, muitas vezes, negativas, incompreensões, enfim, essas coisas humanas.

“Somente permaneceremos motivados à medida em que olharmos para quem estamos realmente fazendo tudo o que fazemos. Queremos plantar, regar e colher, mas nem sempre participaremos de todo o ciclo.” Então, se estamos trabalhando para que alguém veja, para nossos líderes, poderemos ficar arrasados com algumas ações deles, porém se estamos fazendo para Deus, para o bem da sua obra, da nossa igreja, ainda que em alguns momentos fiquemos decepcionados (afinal de contas, somos humanos), não vamos ter uma crise existencial ou mesmo um ataque de frescuras pelo fato do nosso trabalho não ter sido reconhecido em algum momento. Oxente, não tem nada a ver eu me decepcionar com meu líder ou com outro companheiro de ministério e resolver que não vou mais fazer. Agindo assim, deixamos claro que não estávamos fazendo para Deus ou pela sua obra.


CONCLUINDO

Para finalizar, devemos levar em conta o seguinte: “se as conseqüências das decepções forem muito intensas, de forma que alterem o bem-estar, o humor e o comportamento de quem trabalha, talvez essa pessoa precise corrigir o foco e entender que o caminhar com Cristo não depende de ministério ou de cargos. Tenho que investir prioritariamente em minha vida com Cristo, pois o trabalho na igreja é passageiro. É preciso focar o que é eterno.”

Assim, companheiros e companheiras, resta-me dizer que é uma belezura trabalhar na igreja, que é muito fofo nos sentirmos colaboradores da causa de Cristo, que é muito legal ser líder, enfim, tudo é uma fofeza só, mas nada se compara a uma vida de efetiva comunhão com Cristo. Se as duas coisas forem possíveis, maravilha; mas se não forem, priorize a comunhão com Cristo. Se trabalhar na igreja está te fazendo mal, te gerando úlceras ou gastrites de fundo emocional, estresse, problemas graves de relacionamento, reveja seus conceitos, peça férias e direcione seu foco para a sua vida espiritual. Você não é insubstituível.

Gente, pelo amor de Deus, não entendam que eu esteja incentivando a demissão em massa, o abandono de ministérios ou o descompromisso com a causa da igreja. O que estou fazendo é colocando a pessoa, o ser, o indivíduo, o meu irmão em Cristo acima de qualquer outra coisa. O que estou dizendo é que você, pessoa, é mais importante que seus cargos, e que a sua saúde física, mental e espiritual está acima disso. Quando trabalhamos, ralamos, nos decepcionamos, mas estamos bem estruturados e tranquilos, beleza. Agora, se isso não rolar, paciência, você é mais importante, sua relação com Cristo é mais importante. “Nem tudo é pra todos.”

Por outro lado, tem uma turma que é sensível demais e que supervaloriza qualquer coisinha, qualquer comentário. Qualquer bobagem é capaz de causar um piti. Por qualquer razão essa criatura bate o pezinho e diz que não vai fazer mais, que tá fora de tudo. Gente, “peraí”, isso é frescura, exagero. Precisamos estar prontos para possíveis decepções e precisamos ter clareza do nosso foco. Meu foco é o ensino e não vou desistir disso com facilidade. Então, em nome do ensino há coisas que eu preciso relevar, superar, encarar, sem piti.

VOLUNTÁRIOS COMPROMETIDOS

Gente, ser voluntário não significa que vou fazer aquilo com que me comprometi quando for possível, não significa deixar de lado meus compromissos diante da menor dificuldade que apareça, não significa achar que se der eu vou. A opção pelo voluntariado é nossa. Então, voluntariamente me disponibilizei para o ministério de ensino dessa igreja. Eu não fui obrigado a fazer essa opção ou a aceitar o convite, porém uma vez que resolvi fazer isso, ou seja, aceitar o convite para este ministério, comprometi todas as minhas manhãs de domingo e outras várias horas ao longo da semana. Então, eu não posso resolver na manhã de um domingo, sem avisar a ninguém, sem pedir uma substituição, que vou à praia porque me deu vontade. Eu sou um voluntário, não um irresponsável.

Outra coisa: se eu não estou podendo continuar exercendo a função para a qual me voluntariei, devo chegar ao meu líder e dizer isso, e não simplesmente parar de vir. Isso é muito feio. Não me interessa ter o nome num determinado ministério da igreja e não atuar, tenho que pedir baixa e liberar o espaço para um outro voluntário que efetivamente queira fazer aquele trabalho.


OBRAS CONSULTADAS E RECOMENDADAS

Psicanálise e Religião
Erich From

Apostila de Antropologia Filosófica
Pr. Eduardo Matias (FABAMA)

Religião e Psicanálise: Um Diálogo Possível
Monografia de Isac M. Moura

Outra Espiritualidade
Ed René Kivitz
Editora Mundo Cristão

Bíblia Digital










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