quarta-feira, 22 de abril de 2009

CLASSE DOS ADOLESCENTES - 2o trimestre/2009

Lição 01

26/04/09

Visão Geral do Novo Testamento

OS EVANGELHOS

Os primeiros cinco livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos, têm um caráter histórico. Os primeiros quatro esboçam, de diferentes pontos de vista, a vida e a obra de Jesus. O livro de Atos é uma continuação de Lucas, abordando a história dos seguidores de Cristo depois de terminada a Sua vida terrena, dando destaque especial à carreira missionária do companheiro Paulo.
Os livros do Novo Testamento não foram escritos na ordem em que aparecem na Bíblia. É preciso considerar, inclusive, que pode haver uma diferença considerável entre a data de composição de um escrito e o período a que ele se refere. Marcos, por exemplo, descreve os acontecimentos da vida de Jesus que se passaram no final dos anos 20 do primeiro século, mas seu evangelho deve ter sido publicado entre os anos 65 e 70, assim como Lucas, Atos e Mateus. Os escritos de João (o quarto evangelho e as epístolas) devem ter aparecido entre 85 e 90, e Apocalipse por perto de 95.
O Cristianismo deve a sua existência à pessoa e obra de Jesus Cristo. Com exceção de algumas narrações fragmentárias, as crônicas autênticas da sua vida estão contidas nos quatro evangelhos, livros que sempre foram considerados canônicos pela cristandade.

O DESTINATÁRIO DE CADA EVANGELHO

Mateus, sabendo que os judeus aguardavam ansiosos a vinda do Messias prometido no antigo Testamento, apresenta Jesus como sendo esse Messias, o Rei dos judeus.
Lucas, escrevendo para um povo muito culto, os gregos, cujo ideal era o homem perfeito, focalizou a pessoa de Cristo como a expressão desse ideal, o Filho do homem.
Marcos, que escreveu aos romanos, um povo cujo ideal era o poder e o serviço, apresenta Jesus como o Conquistador Poderoso, o Servo.
João tinha em mente as necessidades dos cristãos, da igreja de todas as nações, e assim apresenta as verdades mais profundas do Evangelho, entre as quais os ensinos acerca da divindade de Cristo, o Filho de Deus.
Os escritores dos evangelhos não procuraram produzir uma biografia completa de Cristo, mas levando em consideração as necessidades e o caráter do povo para o qual escreviam, escolheram exatamente os acontecimentos e discursos que acentuaram a sua mensagem especial.
Os primeiros três evangelhos são chamados sinóticos, pois fornecem uma sinopse (vista geral) dos mesmos acontecimentos. Já o evangelho de João foi escrito em base inteiramente diferente dos outros três.

OS EVANGELHOS SINÓTICOS E JOÃO

Os sinóticos contêm uma mensagem evangelística para homens não espirituais; o de João contém uma mensagem espiritual para os cristãos;
Nos três, sobressai a vida pública de Cristo; em João, é revelada a sua vida particular;
Nos sinóticos, ficamos impressionados com a humanidade real e perfeita de Cristo; em João, o que impressiona é sua divindade.

UM POUQUINHO DE CADA EVANGELHO

Mateus – Autoria de Mateus Levi, cobrador de impostos (publicano) a quem Jesus chamou para ser um dos doze (9:9-13; 10:3). É possível que o livro tenha sido escrito originalmente em aramaico e que mais tarde, ele mesmo tenha feito uma outra versão em grego.

Marcos – Autoria de João Marcos, filho de Maria, uma mulher de Jerusalém, cuja casa estava aberta para os cristãos primitivos (At 12:12). Ele é aquele cara que acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária. É possível que tenha estado com Pedro, em Roma, como seu intérprete e que tenha compilado seu evangelho aproveitando as pregações dele. Não conviveu com Jesus.

Lucas – Autoria de Lucas, um gentio de nascimento, de fala grega, que possuía grande capacidade intelectual. Foi, provavelmente, um dos primeiros convertidos da primeira missão em Antioquia. Encontrou-se com Paulo por volta do ano 51. Não conviveu com Jesus.
Percebendo sua incapacidade de salvar a humanidade por meio da educação, muitos filósofos gregos concluíram que a única esperança era a vinda de um homem divino. Lucas, a fim de satisfazer a necessidade dos gregos, apresenta Jesus como o perfeito homem divino, o representante, o Salvador da humanidade.

João – Autoria de João, um dos filhos de Zebedeu (Mc 1:19,20) e de Salomé, provavelmente irmã de Maria, mãe de Jesus (Mt 27:56; Mc 15:40; Jo 19:25). Esteve com Jesus, em Jerusalém. Talvez a conversa de Jesus com Nicodemos tenha acontecido em sua casa. João precisou dos conselhos do Mestre, pois assim como Tiago, tinha um comportamento “esquentado”, assim meio “barraqueiro”, a ponto de serem chamados “filhos do trovão” (tumulto) – Mc 3:17.
O evangelho de João foi escrito muitos anos depois dos demais. Depois de terem sido estabelecidas igrejas através dos apóstolos, os cristãos passaram a sentir uma necessidade das mais profundas verdades do evangelho, o que levou o escritor a produzir o quarto evangelho.

ESCLARECIMENTO

O estudo dos evangelhos e de Atos não será feito livro a livro. Como os evangelhos abordam coisas comuns do ministério de Cristo, optamos por estudá-los não enfatizando o contexto histórico, que é comum a todos, mas sim seus tópicos principais, seus registros mais interessantes, como o reino de Deus, o batismo de João e por aí vai.
O que posso garantir, é que o estudo do Novo Testamento será uma belezura e que ocupará o restante do ano (2009). Os professores de vocês e eu entendemos que precisamos trabalhar com essa turma uma visão geral da Bíblia, nossa regra de fé, começando com o Novo Testamento.

Isac Machado de Moura

Lição 02
03/05/09

O Ministério de João Batista

De repente, para um povo que estava sofrendo sob o domínio de uma nação pagã (Roma), que estava aguardando, ansiosamente, pela vinda do Reino de Deus e que tentava entender por que Deus havia ficado silencioso, aparece um novo profeta proclamando: “O Reino de Deus está próximo”.
À medida que atingia a maturidade, João foi sentindo uma necessidade de partir para o deserto (Lc 1:80). Temos a impressão de que ele deve ter ficado um tempo refletindo sobre a chamada até que “veio a palavra de Deus a João” (Lc 3:2). Logo em seguida, João aparece no vale do Jordão, anunciando, profeticamente, que o Reino de Deus estava próximo.
O deserto era o lugar onde João Batista deveria exercer o seu ministério. Na Bíblia, deserto está sempre relacionado a prova, a privações (os 40 anos do povo de Israel pelo deserto, a tentação de Jesus no deserto...), logo, o lugar designado por Deus para João estar não era, a princípio, um lugar tão legal assim. Pois é, fato é que hoje circula entre nós a idéia de que devemos estar no lugar onde nos sentimos bem, onde tudo é fofo, bonito e belezudo, onde somos queridos por todos e coisas assim. Nem sempre, queridos, isso é possível. Bom é que seja assim, mas nem sempre vai acontecer. João foi “conduzido” para o deserto. E se for lá num “deserto” que você precisará exercer seu ministério? Tudo bem ou vai amarelar? Vai entender que o importante é estar no local determinado por Deus? Mesmo que esse lugar não seja uma “fofeza”?
Também é interessante que se diga que nós não podemos nos dar ao luxo de fazer só o que gostamos, de estudar somente as matérias que gostamos; isso é bobagem, isso não faz parte da vida real. Sou apaixonado por leitura, gosto muito, mas nem sempre leio só o que gosto. Nunca me entendi muito bem com os números no contexto escolar, então já sabendo de minhas limitações nessa área e não podendo estudar somente português ou literatura, que sempre amei, tinha que me esforçar mais em Matemática e disciplinas afins com o objetivo de não ficar com uma nota ruim. Hoje, a galera quer escolher, ainda no fundamental, as matérias que quer estudar e relaxa nas outras e tira uma nota porcaria e acha bonitinho, um ato de rebeldia. Ah, por favor, tenha paciência. Eu até acho que deveríamos, desde cedo, escolher o que estudar, mas essa não é a realidade do nosso sistema.
Então, vamos fazer assim: enquanto isso não muda, vamos estudar tudo, um pouco de cada coisa, até porque isso vai nos dar uma visão geral, ainda que superficial das coisas. Enfim, não podemos fazer só o que gostamos. Voltemos, então, ao nosso João Batista, que nada tem a ver, diga-se de passagem, com o nome de nossa igreja.
A roupa de João (manto de pelos e o cinto de couro) parece uma imitação deliberada dos sinais externos característicos de um profeta (Zc 13:4; 2 Rs 1:8).
A atuação de João, vista no seu conjunto, foi realizada segundo os moldes da tradição profética. Ele anunciou que Deus iria agir decisivamente na história para manifestar seu poder real. Em antecipação a este fato, os homens deveriam se arrepender e, como evidência física desse arrependimento, deveriam submeter-se ao batismo.
O batismo de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista, exigindo um retorno moral e religioso para Deus. Isso significa que não bastava o cabra ser judeu para estar resolvido diante de Deus. João recusou-se a assumir como fato consumado a existência de um povo justo. Somente aqueles que se arrependessem e que manifestassem esse arrependimento através de uma mudança de conduta iriam escapar do julgamento iminente, ou seja, considerar o fato de ser descendente de Abraão como um fundamento que pudesse garantir a salvação messiânica, seria uma grande bobagem. Diante de tudo isso, de uma forma meio estressada, João acusava os líderes religiosos de Israel (Mt 3:7) de estarem fugindo da ira vindoura, como as víboras fogem do fogo.
Essa postura de João foi muito “xou”. Ele chocou e frustrou aquela rapaziada arrogante e prepotente que achava que pelo simples fato de serem judeus já estava tudo resolvido. Completamente na contramão desse raciocínio etnocêntrico, ele disse a esses camaradinhas que se não se arrependessem seriam julgados como qualquer outro ser humano. Bem feito! Ninguém pode tirar onda como eles tiravam, porque diante de Deus somos todos iguais (judeus ou não). O fato de você ser filho de crente, por exemplo, não te dá nenhuma garantia; você precisa ter uma experiência pessoal com Deus.

JESUS E JOÃO

O significado do ministério de João é explicado por Jesus em Mateus 11 – a partir do verso 2. Nesse episódio, João Batista está preso e então envia alguns discípulos seus a Jesus a fim de perguntarem se, afinal de contas, ele era ou não o Cristo. O que aconteceu foi o seguinte: João ouviu falar das obras de Cristo e ficou, de certa forma, preocupado, uma vez que essas obras não eram as esperadas por ele.
Até então não havia acontecido nenhum batismo do Espírito nem de fogo, o Reino não havia chegado, o mundo permanecia como antes. Tudo o que Jesus estava fazendo era pregar o amor e amar as pessoas enfermas. Não era isso o que João esperava. Como resposta, Jesus afirma que a profecia messiânica de Isaías 35:5-6 estava sendo cumprida em seu ministério.
João, assim como a maioria dos judeus de sua época, esperava um Cristo político, um Cristo libertador, um herói nacional que libertasse seu povo do domínio romano. Ao invés disso, me aparece Jesus com uma postura paz e amor, curando pessoas, amando pessoas, pregando a paz. Diante disso é natural que João tenha ficado preocupado e enviado uns discípulos para tirarem essa história a limpo, ou seja, para confirmarem se ele era mesmo o Cristo prometido ou se era mais um dos tantos cristos surtados que apareceram naqueles dias.
No verso 14, quando Jesus fala de João Batista como sendo Elias, ele está na verdade usando uma metáfora. O que ele quis dizer, certamente, é que João Batista era um profeta autêntico como Elias. Levando-se em conta todo o contexto da Bíblia, ele não poderia estar dizendo que João seria uma reencarnação de Elias, mas alguém como ele. Quando eu digo que Sérgio Lopes é o Chico Buarque da música evangélica, não estou dizendo que um seja o outro (uma reencarnação se não fossem contemporâneos), mas sim que um tem características do outro.

O BATISMO DE JESUS E O INÍCIO DE SEU MINISTÉRIO

Logo após o seu batismo por João, Jesus iniciou seu ministério de proclamar o Reino de Deus. Isso é retratado por cada um dos evangelistas de uma forma particular: Mateus 4:23; Marcos 1:14,15; Lc 4:18-21; Jô 1:43.

Não podemos compreender a mensagem nem os milagres de Jesus sem levarmos em conta o contexto em que ele viveu (enquanto materializado), sua visão de mundo, sua visão do ser humano em particular e a necessidade do estabelecimento do Reino.
Precisamos entender que Jesus foi um homem judeu como todos os outros de sua geração e ao mesmo tempo diferente de todos eles. O que estou querendo dizer é que se Ele tivesse sido um nordestino brasileiro, teria comido rapadura e curtido forró. Ele tinha uma vida social, cultural. Lembra dele no episódio das bodas de Caná? Pois é, lá estava ele curtindo um casamento, uma festa judaica.

Lição 03
17/05/09

O MUNDO, O HOMEM E A NECESSIDADE DO REINO

Os profetas do Velho Testamento fixaram as suas vistas em direção ao futuro para o Dia do Senhor e de uma visitação divina para purificar o mundo do mal e do pecado para estabelecer o Reino perfeito de Deus na terra. Assim, encontramos um contraste entre a presente ordem de coisas e a ordem redimida do Reino de Deus. Amós (9:13-15) descreve o Reino em termos bem deste mundo, porém Isaías vê a nova ordem como novos céus e nova terra (65:17).

A manifestação de Cristo irá assinalar o fim da era presente (Mt 24:3). O Filho do Homem virá com poder e grande glória e enviará os seus anjos para reunirem os eleitos dos quatro cantos da terra para entrarem no Reino de Deus (Mt 24:30-31).

O REINO PRESENTE

Jesus considerou seu ministério como um cumprimento da promessa do Velho Testamento na história, conforme observamos em duas passagens em especial. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu a profecia messiânica de Isaías 61:1,2, a respeito da vinda de um ungido para proclamar o ano aceitável do Senhor; e, então, solenemente, declarou: “Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4:21). Quando João Batista, em dúvida, enviou emissários para perguntar a Jesus se ele era realmente aquele que havia de vir, Jesus respondeu citando a profecia messiânica de Isaías 35:5,6 e mandou-os de volta a fim de contarem a João que a profecia estava, de fato, sendo cumprida (Mt 11:2-6).

Assim, o reino presente de Deus sugere aos seus filhos:
· um estado de bênçãos presentes;
· o dom da salvação;
· a dádiva do perdão;
· a dádiva da justiça.


SOBRE O DEUS DO REINO

a) O Deus que busca – Em Jesus, Deus tomara a iniciativa de procurar o pecador, a fim de trazer os homens perdoados para a bênção de seu reino.

b) O Deus que convida – Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um convite (Mt 22:1..; Lc 14:16..; Mt 8:11).

c) O Deus paternal - Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu domínio para que possa ser seu Pai. Existe uma relação inseparável entre o reino de Deus e a sua paternidade (Mt 13:43; Lc 12:32.

d) O Deus que julga – Enquanto busca o pecador e oferece-lhe a dádiva do Reino, permanece um Deus de justiça retributiva àqueles que rejeitam sua oferta graciosa. Segundo a pregação de João, a vinda do Reino escatológico significará a salvação para o justo, mas um julgamento de fogo para o injusto (Mt 3:12).

Por mais estranho que possa parecer, tem um monte de gente que é cristã não por convicção ou por amor a Deus acima de todas as coisas, mas por medo do inferno. Você acha que uma criatura assim pode, de verdade, ser considerada cristã?

AS PARÁBOLAS DO REINO EM MATEUS

A versão apresentada por Mateus sobre as parábolas do Reino fala três vezes sobre o fim da era presente (Mt 13:39,40,49), mas o conceito é consistente em todos os Evangelhos. A parábola do trigo e do joio (Mt 13:36-43) contrasta a situação nesta era com a que existirá no Reino de Deus. Na era atual, o trigo e o joio – filhos do Reino e filhos do maligno – convivem em uma sociedade mista. A separação somente ocorrerá por ocasião da colheita – o juízo. Então “todos os praticantes de más obras” serão excluídos do reino de Deus e sofrerão o julgamento divino, ao passo que “os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mt 13:42,43).
Esta é uma preocupação constante dos filhos de Deus. Questiona-se, com freqüência, inclusive nos Salmos e em Jó, por que, muitas vezes os injustos prosperam e os justos sofrem, ou ainda, por que Deus permite que isso aconteça. Pois é, vivemos numa sociedade mista formada por bons e maus.
A igreja, que está inserida nessa sociedade, também é formada por bons e maus, trigo e joio; a separação total só acontecerá num momento futuro. Por enquanto, precisamos ter discernimento (que não é a mesma coisa que pré-julgamento) para identificarmos o joio e o trigo.
Muitos adolescentes e jovens fazem parte de uma igreja evangélica por várias razões. Vou enumerar algumas:
1. Um grupo tem convicção das razões por que são evangélicos;
2. Um grupo está na igreja porque nasceram numa família evangélica e não querem ser os primeiros a saírem, a se desviarem. São crentes porque nasceram numa família crente e mais nada;
3. Um grupo está na igreja porque é um ambiente legal e tem um monte de garotinhos e garotinhas fofos para namorar;
4. Um grupo está na igreja porque é a única possibilidade de lazer permitido, de sair um pouco de casa;
5. Um grupo está na igreja porque a música é legal.
E aí, você tem mais alguma sugestão? Tomara que você esteja no primeiro grupo. Nossas razões, a menos que tornemos públicas, somente nós e Deus sabemos. Daí aquele lance de que joio e trigo precisam conviver por um tempo. Além das razões apontadas acima, o cabra pode estar entre nós por outras de má fé. Num determinado momento, porém, teremos clareza do que é joio e do que é trigo. A igreja é assim.

O ESPÍRITO DO MUNDO

Nos evangelhos sinópticos, Satanás é descrito como um espírito mau sobrenatural que chefia uma hoste de espíritos maus inferiores, chamados demônios (como tal, ele é o “príncipe dos demônios” – Mc 3:22). Seu objetivo principal é opor-se ao propósito redentor de Deus. Na narrativa da tentação (Mt 4:1; Lc 4:6), ele reivindica um poder sobre o mundo que não foi questionado por Jesus. A tentação consiste, portanto, da tentativa de desviar Jesus de sua missão divinamente concedida, como Servo Sofredor, para alcançar o prestígio e o poder pela submissão a Satanás, idéia expressa de modo ainda mais claro por Paulo, ao chamá-lo de “deus deste século” (2 Co 4:4).
Aqui, precisamos entender o seguinte: não há um dualismo como muitos grupos religiosos ensinam, ou seja, não há duas forças iguais em poder que se opõem, que se enfrentam o tempo todo. O mal (satanás, no caso) só vai até onde Deus permite, como no caso de Jó. O bem (Deus) está acima do mal. Ainda que satanás seja “o deus deste século”, ele não é páreo para Deus, ou seja, está vencido, foi vencido naquela cruz.

Mais uma coisinha: satanás é bem espertinho, não é burrinho nem gosta de perder tempo. Assim sendo, seremos tentados sempre em nossas fraquezas. Na adolescência, por exemplo, momento em que os hormônios estão borbulhando, as tentações virão, muitas vezes, através do sexo oposto. As ofertas de drogas também são constantes. O dinheiro também é uma. Então, galera, precisamos estar ligados nessas paradas todas.

OS DEMÔNIOS

Nos evangelhos sinópticos, a maior evidência do poder de Satanás é a habilidade demonstrada pelos demônios de apossarem-se do centro da personalidade dos indivíduos. Bem no princípio do seu ministério em Cafarnaum, Jesus defrontou-se com o poder demoníaco (Mc 1:24). O demônio reconheceu em Jesus um poder sobrenatural capaz de destruir o poder satânico naquele momento.

POSSESSÃO DEMONÍACA

Não seria correto negar a possessão demoníaca, dizendo, por exemplo, tratar-se de uma antiga interpretação para aquilo que hoje sabemos ser formas variadas de insanidade. Nos Sinópticos, frequentemente, verificamos as duas situações. Jesus tanto curou as doenças meramente físicas e mentais, como os casos de possessão (Mc 1:32; Mt 9:32; 4:24; 12:22; 10:8; 17:15,18; Mc 1:27; 5:15).
A CID-10 (Código Internacional de Doenças), no capítulo sobre transtornos mentais e de comportamento, sob o código F44.3, descreve o transtorno de transe e possessão, da seguinte forma: “Transtornos nos quais há uma perda temporária tanto de senso de identidade pessoal quanto da consciência plena do ambiente; em alguns casos, o indivíduo age como se tomado por uma outra personalidade, espírito, divindade ou ‘força’. A atenção e a consciência podem limitar-se ou concentrar-se em apenas um ou dois aspectos do ambiente imediato e há, muitas vezes, um conjunto limitado, mas repetido de movimentos, posições e expressões vocais.
Veja bem: a possessão demoníaca existe. Pode ser momentânea (quando dizemos que o cabra foi usado pelo diabo) e pode acontecer com qualquer pessoa (cristã ou não) que dê mole, que dê abertura, que não esteja atento (foi o que aconteceu com Pedro, quando Jesus disse: “para trás de mim, satanás...”) e pode ser duradoura. Pode ocorrer o “transe” ou não.

Lição 04
31/05/09


AS PARÁBOLAS DO REINO

Marcos resumiu a mensagem das parábolas do Reino, ao registrar as palavras de Jesus a seus discípulos: “A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados” (Mc 4:11,12).
Eu sei que você deve estar considerando estranho o teor desse texto. Nos lembra, inclusive, a crise de Jonas, aquele cabra do Velho Testamento, que não queria pregar em Nínive para que o povo não se arrependesse e fosse perdoado. Ele não suportava os ninivitas. Pois é, dito por Jonas, que odiava aquele povo, a gente até entende, mas agora dito por Cristo fica estranhão, né? Afinal de contas, ele queria que as pessoas se convertessem ou não?
Os defensores da predestinação usam esse texto para apoiarem sua teoria, mas isso não faz muito sentido porque no finalzinho do 12 admite-se a possibilidade de que entendendo, se convertam e sejam perdoados. Isso é livre arbítrio.
Ah, tá, você esperava que eu desse aqui uma explicação clara, objetiva e definitiva, né? Huuummmm, pois é, eu não tenho. Então vamos todos combinar o seguinte: vamos pesquisar, buscar outros “textos estranhos” como esse no Novo Testamento e no Velho, se for o caso, e aí quem achar uma solução razoável primeiro, compartilha, tá bom?

Marcos 4 e Mateus 13

Os quatro tipos de solo - Há quatro tipos de solos, mas somente um é frutífero. O Reino de Deus veio ao mundo para ser recebido por alguns, porém rejeitado por outros. No tempo presente, o reino terá um sucesso apenas parcial e este sucesso depende de uma resposta humana.

As pragas – O campo é o mundo (v.38) e não a igreja. O reino que está presente, mas oculto no mundo, ainda será manifestado em glória; então, esta sociedade de composição mista (bons e maus) terá o seu fim. Os ímpios serão reunidos fora do Reino e os justos resplandecerão como o sol no Reino escatológico.

A Semente de Mostarda – A ênfase da parábola está no contraste entre o frágil começo e o final grandioso.

O Fermento – Incorpora a mesma verdade básica da encontrada na parábola da mostarda: que o Reino de Deus, que um dia dominará sobre toda a terra, penetrou no mundo de um modo que é de difícil percepção. Quando uma pequena quantidade de fermento é colocada numa quantidade de massa, nada parece acontecer; algum tempo depois, porém, a massa cresce significativamente.

O Tesouro e a Pérola – O Reino de Deus é de valor inestimável e deve ser procurado acima de todas as outras coisas. Se ele custar ao indivíduo tudo quanto ele tem, ainda assim isso se constitui num pequeno preço comparado à aquisição do Reino.

A Rede – Uma rede é lançada ao mar e apanha todos os tipos de peixes. Quando a pescaria é selecionada, os peixes bons são retidos e os ruins jogados fora.

A Semente que cresce por si mesma – Da mesma forma que existem leis que regulam o crescimento, as quais são inerentes à própria natureza, também existem leis de crescimento espiritual, através das quais o reino deve passar até que a frágil semente do evangelho tenha efetuado uma grande colheita. O tempo da semeadura e da colheita, ambos são obras de Deus.

O REINO E A IGREJA

A igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao Reino como o Reino lhes pertence, mas eles não são o Reino. O Reino é o domínio de Deus; a igreja é uma sociedade composta por seres humanos.

O fato de não ser a igreja o reino pode ser explicado através de cinco pontos:

PRIMEIRO: O Novo testamento não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a Igreja (At 8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31). Nessas expressões, é impossível substituir a palavra reino por igreja.

SEGUNDO: O Reino gera a Igreja. O domínio dinâmico de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão. “A igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo.”

TERCEIRO: É missão da Igreja dar testemunho do reino. Este testemunho refere-se aos atos redentores de Deus em Cristo, tanto no passado quanto no futuro (Mt 10; Lc 10). Israel já não é mais a testemunha do Reino de Deus; a igreja assumiu o seu lugar.

QUARTO: A igreja é considerada a agência do Reino. Quando saíram a pregar a mensagem a respeito do Reino de Deus, eles também curaram os enfermos e expulsaram os demônios (Mt 10:8; Lc 10:17). Diante do poder do Reino de Deus operado através da Igreja, a morte perdeu o seu poder sobre os homens e é incapaz de vindicar uma vitória final (Mt 16:18).

QUINTO: A Igreja é guardadora do Reino. A nação israelense, como um todo, rejeitou a proclamação do evento divino em Cristo Jesus, mas aqueles que o aceitaram tornaram-se os verdadeiros filhos do Reino, passando a desfrutar de suas bênçãos e do seu poder. O Reino é tirado de Israel e dado à Igreja (Mc 12:9).

A ÉTICA DO REINO

Boa parte do ensino de Jesus objetivou a conduta humana. As bem-aventuranças e a parábola do bom samaritano podem ser contadas entre as seleções escolhidas da literatura ética mundial.
Jesus ensinou a vontade de Deus pura e incondicionada sem qualquer tipo de compromisso, que Deus impõe aos homens de todas as épocas e para todo o tempo. Tal conduta é atingível de um modo cabal somente na Era Vindoura, quando todo o mal for banido; mas o Sermão do Monte deixa bem claro que Jesus esperou que os seus discípulos praticassem os seus ensinos nesta era presente. Não fosse assim, as declarações sobre a luz do mundo e o sal da terra não teriam o menor sentido (Mt 5:13,14). A ética de Jesus incorpora o padrão de justiça que um Deus santo deve requerer dos homens em qualquer era.
A ética do Reino coloca uma nova ênfase sobre a justiça do coração. Uma justiça que excede a dos escribas e fariseus é necessária para a admissão no Reino dos Céus (Mt 5:20-26).
Tudo bem, nós não somos seres fantásticos, justos, as melhores pessoas do mundo, todavia precisamos entender que agora, que temos Cristo em nossas vidas, que fazemos parte do reino, que estamos filiados a uma igreja, devemos ter uma vida digna, justa, diferente. Precisamos evangelizar em silêncio através do nosso testemunho. Precisamos pagar nossas contas; precisamos devolver o troco que nos foi dado a mais por engano; precisamos dar carona quando nosso carro tem espaço e nosso irmão está a pé, às vezes, na chuva; precisamos estudar para fazer nossas provas, concursos, vestibulares e assim não sermos tentados a colar; precisamos respeitar nossos professores, alunos, patrões, empregados; precisamos entender que o nosso vizinho tem o direito de professar uma religião diferente da nossa, enfim, precisamos ser sal e luz, precisamos viver a ética do reino.


Lição 05
14/06/09

O QUARTO EVANGELHO – JOÃO

As diferenças entre João e os Sinópticos são bastante significativas.

Local do ministério de Jesus: Nos Sinópticos, com exceção da última semana, o ministério de Jesus transcorreu em sua maior parte na Galiléia, ao passo que em João, seu ministério centraliza-se em torno de várias visitas a Jerusalém.
Tempo: Os Sinópticos mencionam somente uma páscoa e parecem registrar os eventos de apenas um ano ou dois, mas em João há pelo menos três páscoas (2:13; 6:4; 13:1) e, possivelmente quatro (5:1).

Omissão de eventos: O nascimento de Jesus, seu batismo, a transfiguração, o exorcismo de demônios, a agonia do Getsêmane, a última ceia, o discurso no monte das Oliveiras.
Uma outra diferença bastante importante, intimamente relacionada à questão da teologia, é a do uso literário. A forma literária mais distintiva encontrada nos Sinópticos é a parábola; e ali também há uma série de ensinos breves, vívidos, fáceis de lembrar, e pequenos incidentes unidos a uma declaração de ensino. Em João, o estilo de ensino de Jesus é o de longos discursos.

Alguns dos temas destacados nos Sinópticos não se acham em João:

· João nada declara sobre o arrependimento – nem a forma verbal nem o substantivo aparece no Quarto Evangelho.

· O Reino de Deus, tema central nos Sinópticos, quase desapareceu completamente dos ensinos de Jesus (Jo 3:3,5; 18:36). Seu lugar é assumido pelo conceito de vida eterna como mensagem central de Jesus.

As poucas vezes em que os Sinópticos citam a vida eterna, o fazem como uma bênção escatológica, ou seja, futura (Mc 9:43,45; Mt 7:14; 25:46), enquanto em João, a ênfase principal é a vida eterna como uma benção presente realizada (Jo 3:36).
Talvez a expressão peculiar mais distintiva de João seja a declaração ego eimi: Eu sou:
- o pão da vida (6:35);
- a luz do mundo (8:12);
- a porta (10:17);
- O bom pastor (10:11);
- A ressurreição e a vida (11:25);
- o cominho, a verdade e a vida (14:6);
- a videira verdadeira (15:10);
- antes que Abraão fosse, eu sou (8:58).
A estrutura do pensamento de João, à primeira vista, parece mover-se em um mundo diferente. Já não fala mais em termos desta era e de era vindoura. Em lugar da tensão entre o presente e o futuro, encontra-se a tensão entre o acima e o abaixo, céus e terra, a esfera de Deus e do mundo. “Vocês são daqui, eu sou de cima, vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8:23; observe: Jo 3:12, 13, 31; 6:33, 62).
A expressão “o mundo” – kosmos - que aparece poucas vezes nos Sinópticos, é uma das palavras favoritas de João e designa a esfera dos homens e dos afazeres humanos colocada em contraste ao mundo acima e ao reino de Deus. Quando Jesus disse que seu Reino não era deste mundo (Jo 18:36), ele queria dizer que sua autoridade não era derivada do mundo inferior, como a dos governos humanos, mas do mundo de Deus. Outro elemento marcante em João é o contraste entre luz e trevas. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (1:5).

Outro contraste bastante interessante em João é a relação que ele estabelece entre carne e espírito. Carne pertence ao reino de baixo; espírito, ao reino de cima. A carne é pecaminosa como nos escritos de Paulo, e representa a fraqueza e impotência do reino inferior. A vida humana comum é “nascida... da vontade da carne” (1:13), através do processo natural de procriação humana. Embora tenha tendência ao pecado, a carne em si não é pecaminosa, estragada, vencida, como dizem muitos, pois “o verbo se fez carne e habitou entre nós” (1:14).

A Ética de João

A descrição que João apresenta da vida cristã é bem diferente da encontrada nos Sinópticos, especialmente em Mateus, que demonstra grande preocupação com a justiça do Reino de Deus (Mt 5:20) e a expõe em profundidade no Sermão do Monte. João, da mesma forma que os Sinópticos, está preocupado com a conduta cristã, expressando-a, porém, de maneira diferente.
Os seguidores de Jesus devem praticar (fazer) a verdade(3:21). A palavra verdade no contexto joanino assume um significado particular, baseado no fato de Jesus incorporar o propósito redentor de Deus. Assim, praticar ou fazer a verdade significa viver na luz da revelação que Cristo trouxe ao mundo.
O mandamento do amor em si mesmo não é novo, a não ser pela nova força das palavras de Jesus: “assim como eu vos amei”. Assim, o amor cristão passa a ter, como seu exemplo maior, o amor de Jesus, o qual, por sua vez, é um reflexo do amor de Deus (Jo 4:8; 3:16).
Gente, eu sei que já falei sobre isso, mas vou refalar. Na escola, por exemplo, nós não precisamos ser seres alienígenas, não precisamos nos isolar, mas uma coisa é certa: temos que ser luz naquele ambiente, temos que ser pessoas diferentes, honestas, éticas. Temos que honrar nossos professores, demonstrar respeito por eles, ainda que discordemos de alguma postura, de alguma afirmação. É claro que podemos debater, discordar, questionar, reivindicar, mas temos que saber fazer isso tudo. Muitas vezes perdemos a razão pelo simples fato de não sabermos reivindicar. Precisamos ser negociadores e não barraqueiros. Precisamos “amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”


Lição 06
21/06/09

O LIVRO DE ATOS


O livro de Atos dos Apóstolos tem como objetivo apresentar um esboço da história da igreja, começando nos primeiros dias, em Jerusalém, até a chegada de Paulo. Ele fornece um quadro da vida e pregação da comunidade primitiva em Jerusalém e registra o avanço do evangelho pelo mundo. Foi escrito por Lucas, companheiro de Paulo, por volta do ano 60.
Na introdução do seu Evangelho, bem como em Atos, ele afirma ter obtido informações daqueles “que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra” (Lc 1:2; At 1:1), e que havia investigado, pessoalmente, os assuntos sobre os quais iria escrever.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Os discípulos de Jesus se apegaram firmemente à esperança do breve estabelecimento do Reino de Deus. A morte do Mestre, todavia, abalou todas as suas esperanças (Mc 14:50; Lc 23:49; Jo 20:19). A vinda do Reino fora um sonho perdido, aprisionado no túmulo junto com o corpo de Jesus (Lc 24:21).
Em poucos dias tudo isso mudou... Jesus ressuscitara. E foi a partir desse acontecimento “fantástico” que o Cristianismo começou a dar seus primeiros passos. Assim, a principal função dos apóstolos, na comunidade cristã primitiva, não era liderar ou governar, mas dar testemunho da ressurreição de Jesus (At 4:33; 1:22).
A ressurreição é o tema central dos sermões registrados no início do livro de Atos (3:14,15), e graças a ela é que os apóstolos foram capacitados a realizarem feitos poderosos (4:10). Foi o persistente testemunho da ressurreição que causou a primeira reação oficial da parte dos líderes religiosos judeus contra essa nova “seita” (4:1,2; 5:27,28) que veio a tornar-se a igreja.

A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO

O caráter corpóreo da ressurreição de Cristo é confirmado de várias formas:

Seu corpo ressurreto provocou reações nos sentidos físicos: tato (Mt 28:9; visão e audição (Jo 20:16 – aqui, Maria deve ter reconhecido Jesus pelo tom familiar da sua voz ao pronunciar seu nome);
“...um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho” (Lc 24:39). Com base no contexto, essa declaração não sugere uma análise científica da composição do corpo ressurreto de Cristo, mas sim a intenção de provar que ele tinha um corpo real e que não era um espírito desencarnado. A expressão carne e ossos não devem ser interpretadas ao pé da letra, indicando um corpo físico como o nosso.
O Jesus ressurreto foi capaz de comer (Lc 24:42-43). É bom observar, todavia, a força da expressão diante deles, que, no contexto, parece sugerir apenas um sinal de sua ressurreição corpórea e não para indicar que tinha fome normalmente.

É interessante observar que o corpo ressurreto de Jesus possuía poderes novos e maravilhosos, o que significa dizer que não se trata simplesmente de um corpo físico natural; possuía capacidades nunca antes experimentadas sobre a terra. Tinha o surpreendente poder de aparecer e desaparecer (Jo 20: 19,26; Lc 24:31,36,37); portas fechadas já não o limitavam, como observamos nas referências apresentadas.
Quanto ao rolamento da pedra que protegia o túmulo de Jesus (Mt 28:2), pode-se dizer que tal providência foi tomada em função dos discípulos e não de Cristo, cujo corpo, certamente, já havia saído antes da remoção.


CONTEÚDO DO LIVRO

O fato de Lucas desejar escrever um tratado esclarecedor sobre o desenvolvimento do ensino cristão e sobre as missões cristãs implica que ele estava na posse de certo discernimento sobre o seu completo significado. Não era meramente um cronista que, penosamente, registrava no papel áridos acontecimentos. Lucas era um historiador e apresentava os fatos em função da continuidade do tema que lhe interessava, o crescimento da igreja e, particularmente, a transição do Judaísmo para o Cristianismo gentílico, da qual tomou parte ativa, como indica o freqüente uso da 1ª pessoa do plural (nós).
O período cronológico abrangido pelos Atos vai da crucificação de Cristo, em aproximadamente 29 d.C. até o fim da prisão de Paulo em Roma, em aproximadamente 60 d.C.

DOUTRINAS CRISTÃS E FÉ

Gente, muitas doutrinas cristãs parecem ilógicas e necessitam de um bocado de fé. É uma questão de pegar ou largar. Não dá para explicar racionalmente, por exemplo, a gravidez de Maria sem participação de um homem e a ressurreição de Jesus. É uma questão de pura fé.

Lição 07
12/07/09

A IGREJA NO LIVRO DE ATOS

Jesus e seus discípulos não formaram uma sinagoga separada nem iniciaram um movimento separado com propostas segregacionistas e, apesar dos conflitos com as lideranças judaicas, não cortaram relações com a sinagoga ou com o templo. Seus discípulos promoveram uma comunhão aberta dentro de Israel, cuja única característica era o seu discipulado em relação a Jesus. É claro que como acontece em todas as comunidades humanas, em alguns momentos a situação tornou-se complicada pela não aceitação de práticas judaicas dentro desse grupo, e outras vezes pela exigência desses mesmos rituais judaicos.

O EMBRIÃO DA IGREJA


Depois da morte e da ressurreição de Cristo, esse pequeno grupo de discípulos (cento e vinte), por várias semanas, aparentemente, não fez nada além de esperar em Deus pela direção divina. Durante 40 dias, Jesus apareceu-lhes repetidas vezes, continuando a instruí-los sobre o Reino de Deus (At 1:3). Eles ainda acreditavam que isso significava a restauração da teocracia judaica (1:6), mas Jesus revelou-lhes que Deus tinha um propósito diferente para o presente.
A profecia feita por João Batista de que a vinda do Messias cumpriria a profecia de Joel com relação ao batismo do povo de Deus com o Espírito Santo, em breve teria o seu cumprimento, o que aconteceu no dia de Pentecostes (confira: Jl 2:28-32; Ez 36:22...)
Na realidade, a igreja nasceu no Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre o pequeno grupo de discípulos judeus de Jesus, constituindo-se o núcleo do corpo de Cristo. Antes do Pentecostes, os discípulos devem ser considerados apenas o embrião da igreja.
A igreja não deve ser vista apenas como uma comunhão humana, resultado de uma fé e de uma experiência religiosa comum, mas como a criação de Deus através do Espírito Santo.


O CULTO NA IGREJA PRIMITIVA

Era marcado por grande simplicidade. Além da adoração, no templo, há também reuniões nos lares cristãos (2:46; 5:42) para o partir do pão e comunhão na refeição. A expressão sugere a mesma prática observada, mais tarde, nas igrejas paulinas: uma refeição comum (ágape), que é associada à Ceia do Senhor (1 Co 11:20,34). Refeições comuns tinham desempenhado um papel importante no ministério de Jesus (Mt 9:10,11; 11:19; Lc 15:1,2; At 1:4) e continuaram a desempenhá-lo na experiência religiosa da igreja primitiva.
Lares forneceram os locais de reunião para atos de adoração cristã diferentes do Judaísmo. No Pentecostes, um grande número de judeus abraçou a fé cristã (2:41; 4:4; 5:14), e não há evidência de que um grupo tão grande pudesse se congregar num único lugar. O padrão, é, na verdade, de muitas pequenas “igrejas-lares”, congregações separadas, vizinhas às sinagogas judaicas. Este também é o modelo das igrejas paulinas, pois, frequentemente, lemos em seus escritos sobre uma igreja que funcionava na casa de alguma pessoa.

OS NOVOS MEMBROS

A igreja primitiva recebia em sua comunhão todos os que aceitassem a proclamação de Jesus como o Messias, se arrependessem e recebessem o batismo em água, sinal visível de admissão e comunhão cristãs. Nenhum intervalo significativo de tempo decorria entre o ato de crer em Jesus e o batismo (2:41; 8:12,36,37; 10:47,48; 9:18; 16:14,15).
Um dos elementos mais admiráveis na vida das igrejas primitivas era o sentido de comunhão (2:42,44,47). Os primeiros cristãos estavam conscientes de estarem unidos uns aos outros, pois estavam todos unidos em Cristo.

MISSÃO DA IGREJA ONTEM E HOJE

“Comunidades cristãs não são lugares de pessoas resolvidas e acabadas, mas de gente que reconhece sua impotência e, por isso, entrega-se à graça de Deus. A igreja torna-se então um ajuntamento de “agraciados”, mas que continuam lutando com suas imperfeições e limitações. São homens e mulheres literalmente ‘em obras” – escreve o pastor Ricardo Agreste em seu livro “Igreja? Tô Fora!"

Segundo o arcebispo William Temple, “A igreja é a única sociedade cooperativa no mundo, que existe em benefício dos que não são membros.” Para o pastor e teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, “a igreja só é igreja quando o é para os de fora.” Essa é a sua missão maior.

Atos 4:32-34

E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos.

A IMAGEM QUE AS PESSOAS TÊM DA IGREJA

Muitas pessoas têm uma imagem negativa da igreja. Segundo o pastor Agreste, citado acima, “decorrente da imagem criada em suas infâncias. Não são poucos aqueles que eram levados pelos pais às missas (ou ao culto) e tinham que permanecer em absoluto silêncio durante um longo e monótono ritual, sem qualquer sentido para a vida real. O cansaço gerado por um ritualismo sem vida e a falta de pertinência do conteúdo gerou certo bloqueio na mente destas pessoas em relação à igreja.”

Uma outra dificuldade em relação à imagem da igreja “está associada à imagem que a pessoa tem daqueles que freqüentam igrejas. Nem sempre o amigo de trabalho ou o vizinho que se diz cristão é uma grande inspiração para a pessoa pensar na possibilidade de freqüentar uma igreja. Muitas vezes estas pessoas se mostram sempre sisudas, avessas ao desenvolvimento de relacionamentos com os amigos de trabalho ou com os vizinhos, seus hábitos e costumes são bem legalistas e suas palavras soam sempre com dureza no julgamento de outros e arrogância no trato de si mesmo e de seus próprios posicionamentos.”

“A terceira e última fonte diz respeito à imagem gerada pela mídia ao mostrar reuniões onde pessoas estão sempre envolvidas por uma espécie de êxtase coletivo, demônios são entrevistados diariamente, gente simples é visivelmente manipulada em seu desespero por ajuda divina e o dinheiro é exigido como sinal de fé daquele que busca uma determinada bênção. Paralelamente a tudo isso, os escândalos envolvendo problemas sexuais com os líderes e financeiros com as suas instituições agravam esta imagem.”

Nós, cristãos, evangélicos, batistas, membros da Primeira Igreja Batista Luciânica de Unamar, precisamos mudar esse quadro, precisamos mostrar às pessoas, através de nossas atitudes, inclusive, que a igreja não é isso. Então o que é a igreja?



Lição 08
19/07/09

PARA ONDE CAMINHA A IGREJA?

Igrejas,
Projetos,
Comunidades,
Dogmas,
Doutrinas,
Tradições,
Costumes,
Pessoas.
O que representam as pessoas?
Prioridade?
Estatística?
Números apenas?
As pessoas têm fé,
Têm família,
Têm estômago.
As pessoas são vítimas de desigualdades.
E a igreja nisso tudo?
Amém?
Sermão, boa música e tudo bem?
Resolve tudo a oração?
Para onde caminha a igreja?
Em que direção vamos?
A igreja somos homens,
Mulheres,
Crianças,
A igreja é esperança.
Evangelho social,
Teologia da libertação,
Pode ser uma boa direção.
O estômago primeiro,
Depois o evangelho,
Ou nada fará sentido.
Que momento é esse do Cristianismo,
Em que ignora-se o socialista “pão e peixe para todos”
E valoriza-se o capitalista
“farinha pouca, meu pirão primeiro”?
E os líderes,
O que fazem, de fato, pelo seu povo,
Pelas suas ovelhas,
Além de negociarem seus votos,
De fecharem acordos,
De se beneficiarem,
Alegando visão e audição apuradas,
Sobrenaturais até?
Estou farto.
Apesar de tudo isso,
Ainda existem líderes
Que a exemplo de Francisco de Assis,
Embora sem o extremo voto de pobreza,
Entendem que suas necessidades,
E apenas elas,
Precisam ser atendidas,
E dispensam o luxo,
E esquecem de si próprios
E vivem pelo seu povo;
Aqueles, que a exemplo de Cristo,
Se dispõem a dar a vida
Por suas ovelhas;
Aqueles, que assim como Luther King
(um norte-americano do bem),
leva seu povo a entender
que as diferenças existem
e devem ser respeitadas
e que as desigualdades, essas sim,
precisam ser exterminadas,
e que pior que a maldade dos maus
é o silêncio dos bons;
líderes que entendem
que o mais importante
não é a denominação,
mas os princípios universais
de amor ao outro
estabelecidos por Cristo;
que todos fazemos parte de uma teia,
que todos somos gente,
e que, conseqüentemente, temos falhas.
Gosto de líderes povo,
De líderes gente,
Que embora austeros,
Não são autoritários,
Dos que diferenciam autoridade de autoritarismo,
Dos que dominam a si mesmos.
Gosto de Gandhi,
Que embora portador de uma natureza violenta,
Tornou-se símbolo da paz;
Gosto de Luther King,
Que embora chamado para o sacerdócio,
Não deixou de lado as lutas sociais do seu povo,
Ou, que embora lutador das causas sociais,
Não renunciou ao sacerdócio;
Gosto de João Paulo II,
Que embora conservador,
Conquistou uma geração de católicos e não-católicos;
Gosto de líderes que mudam,
Que são “metamorfoses ambulantes”,
Que reconhecem quando erram e se desculpam,
Que não negociam a fé,
Nem a sua, nem a dos outros;
Gosto de líderes que falham.

Isac Machado de Moura


O APÓSTOLO PAULO E SEUS “SANTOS”

Na página 23 do seu livro “Igrejas? To Fora!”, escreve o pastor Ricardo Agreste: “...Paulo sempre começa suas cartas referindo-se aos cristãos destas igrejas como ‘santos’. Como ele poderia chamar de ‘santos’ grupos formados por pessoas tão problemáticas e que carregavam em seus currículos erros e pecados tão grostescos? Como poderia ele considerar como ‘santos’ gente tão confusa e cheia de pendências na vida? A resposta está na expressão que normalmente Paulo usa após o adjetivo ‘santos’. Constantemente ele chama os cristãos de ‘santos em Cristo Jesus’. Esta simples expressão revela um grande segredo para compreendermos o que é a igreja” e para onde ela caminha, acrescento eu.
No mesmo livro, o autor conta um episódio em que um certo preletor após ouvir vários depoimentos sobre igrejas, declara: “Sabem, a cada dia que se passa mais me convenço de quão bíblica é a minha comunidade local. Observando as pessoas que se reúnem domingo após domingo e conhecendo suas histórias de segunda a sábado, identifico inúmeros pontos em comum com as igrejas locais descritas nas páginas do Novo Testamento. Em minha comunidade, temos alguns imorais, vários idólatras, um punhado de adúlteros e até mesmo homossexuais. Caluniadores e trapaceiros então... já perdi a conta de quantos são.”
Sobre isso escreve também o jornalista e escritor cristão Philip Yancey, em seu livro “A Maravilhosa Graça”: “Rejeitei a igreja durante algum tempo porque encontrei bem pouca graça ali. Voltei porque não descobri graça em nenhum lugar. Já no livro “Igreja: Por que me Importar”, diz o mesmo autor: “O processo me ensinou que o segredo para encontrar a igreja certa está dentro de mim. Tem a ver com o meu modo de olhar a igreja”.

A IGREJA É ESPERANÇA: 1 Co 6:9-11

"Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
Assim foram alguns de vocês, mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus."


“O que nos qualifica para estarmos sentados em um banco de uma igreja, certamente, não é nosso currículo anterior. Quem pensa o contrário não compreendeu ainda a essência do Evangelho.” - escreve o pastor Ricardo Agreste, e continua: “Ao estabelecer que o padrão de aceitação para pertencer ao grupo seria a graça, Deus transforma a igreja numa comunidade de gente que traz profundas marcas em seu passado, grandes lutas no presente e a esperança de redenção de suas vidas e histórias no futuro. No entanto, esta esperança não faz deles gente acabada, mas ainda em obras”.

CONCLUSÃO

A igreja, meninos e meninas, não é formada de santos acabados, mas de pessoas que buscam a santidade, santos em Cristo, como escreve Paulo. Ela seria perfeita sem os seres humanos, mas aí perderia sua função. O desafio é convivermos com todas essas pessoas esquisitas, com todos esses ex. Se você criar uma expectativa de encontrar somente pessoas perfeitas na igreja, vai frustrar-se gravemente, até porque você mesmo não é perfeito. E então vai sair em busca de outra igreja. No início, tudo será uma belezura. Dias depois começarão acontecer tudo aquilo que acontecia na outra, e sabe por que? Porque essa segunda igreja e todas as outras existentes são formadas de pessoas, seres humanos, criaturas imperfeitas e problemáticas, inclusive eu e você.
Se você acha que a igreja primitiva, aquela dos livros de atos e das epístolas, era perfeita, e tudo se resolvia sem conflitos, você está precisando ler com mais atenção o Novo Testamento, perceber o estresse de Paulo e de outros pastores. Os problemas daquela igreja eram muito parecidos com os da igreja de hoje, e sabe por quê? Porque tanto lá como aqui existiam pessoas, razão da existência da igreja.
Tudo aquilo que menciono no texto de abertura desta lição aconteceu ao longo da história da igreja, respeitadas as proporções. Hoje somos milhões, então os problemas se acentuaram, tornaram-se mais visíveis. Se nós somos a igreja, então podemos responder para onde caminhamos. E então, para onde caminha a igreja?

Lição 09
26/07/09


O APÓSTOLO PAULO E SEUS ESCRITOS

A mais notável interpretação, no Novo Testamento, do significado da pessoa e do trabalho de Jesus, é a de Paulo, um fariseu convertido, que esteve envolvido em três mundos diferentes: judaico, grego e cristão.
Nasceu na cidade grega de Tarso, mas foi criado em lar judeu, segundo os costumes do judaísmo (Fp 3:5) e se orgulhava de sua ascendência judaica (Rm 9:3; 11:1). Ele declara ter vivido como fariseu em obediência estrita à Lei (Fp 3:6; 2 Co 11:22), e que foi além de muitos de seus contemporâneos no zelo pelas tradições orais dos círculos fariseus (Gl 1:14).
É difícil determinar até onde esse conhecimento variado de Paulo influenciou seu pensamento, mas uma coisa é certa: sua conversão não esvaziou sua mente de todas as idéias religiosas anteriores, substituindo-as por uma teologia já pronta. A sua insistência de que havia sido escolhido antes de nascer para servir a Deus (Gl 1:15) deve conter a verdade de que suas experiências, enquanto criança e jovem, o estavam preparando para preencher sua tarefa de ordem divina.
Como Judeu, Paulo era um monoteísta inflexível (Gl 3:20; Rm 3:30) e rejeitava severamente a religião pagã (Cl 2:8), a idolatria (1 Co 10:14,21) e a imoralidade (Rm 1:26...). Ele mencionava o Velho Testamento como a Sagrada Escritura (Rm 1:2; 4:3), a Palavra de Deus divinamente inspirada (2 Tm 3:16).
O seu método de interpretação do Velho Testamento o coloca na tradição do Judaísmo rabínico. Assim, como rabino judeu, partilhava, inquestionavelmente, da fé judia na centralidade da Lei. Mesmo quando cristão, afirmou que a Lei é espiritual (Rm 7:14), justa e boa (Rm 7:12) e nunca questionou a origem divina e a autoridade da Lei.


A ERA PRESENTE E A ERA VINDOURA NOS ESCRITOS DE PAULO

Paulo não abandonou o esquema judaico das duas eras e do caráter mau da era atual (Gl 1:4). Poderes demoníacos ainda se opõem ao povo de Deus (Ef 6:12...), que ainda está sujeito ao mal físico, à doença (Rm 8:35...) e à morte (Rm 8:10). O mundo físico ainda está no cativeiro da corrupção (Rm 8:21), e o espírito do mundo da sociedade humana, oposto ao Espírito de Deus. O mundo está sob julgamento divino (1 Co 11:32). Os crentes ainda vivem no mundo e fazem uso dele (1 Co 7:31), e não podem evitar a associação com os homens deste mundo (1 Co 5:11).
Sendo Jesus o Messias, ao trazer ao seu povo essa salvação messiânica, algo mudou. Assim, o reino de Cristo já tem que ser uma realidade presente, para dentro da qual foi trazido seu povo, mesmo que o mundo não o possa ver (Cl 1:13)
Paulo faz um contraste entre a morte, que entrou neste mundo através de um homem, e a ressurreição dentre os mortos, que entrou neste mundo através de um homem.
A ressurreição, nos escritos paulinos, acontece em diferentes estágios:

Cristo, as primícias, é o primeiro estágio da ressurreição;
O segundo estágio consistirá daqueles que pertencerão a Cristo na sua vinda (1 Co 15:21-23). A ressurreição de Cristo é o começo da ressurreição como tal, e não um acontecimento isolado; é o começo da esperança escatológica.

O centro da teologia paulina está na justificação pela fé e na experiência mística de se estar em Cristo. Suas epístolas não são tratados teológicos nem produções literárias formais, e sim uma correspondência não-literária, viva, pessoal e escrita com profundos sentimentos às congregações cristãs, em sua maioria, fundadas por ele mesmo.


A VISÃO PAULINA DO MUNDO


Paulo refere-se ao kosmos em vários sentidos:

O universo – a totalidade de tudo o que existe: Rm 1:20; Ef 1:4; 1 Co 3:22; 8:4,5);
A terra habitada, a moradia do homem, o cenário da história (1 Tm 6:7; 1 Co 5:10b; Rm 4:13; 1:8; Cl 1:6; Ef 2:12);

A humanidade, a totalidade da sociedade humana que habita a terra (2 Co 1:12; 4:13; 1:27; Rm 3:19; 3:6; 11:15; 2 Co 5:19).

Ainda hoje se usa, com freqüência, a palavra mundo, muitas vezes no sentido de corrupção da sociedade. Bom, é um fato que em algumas situações não tem muito a ver. Por exemplo: Quando alguém diz que o fulaninho estava ouvindo música do mundo, nós entendemos que ele estava ouvindo música popular, mas de fato não faz muito sentido, pois todas as músicas são do mundo, ou seja, nossos compositores e cantores evangélicos são pessoas deste mundo também. Ou não? Os caras são apenas dotados de um dom especial. Eu não posso dizer, por outro lado, que os artistas populares compõem sob inspiração demoníaca. Eles também têm o mesmo dom. O que muda é o foco, a motivação, o objetivo, a experiência com Cristo ou não.

FONTES

O Novo Testamento: sua origem e análise
Merril C. Tenney
Edições Vida Nova

O Mundo do Novo Testamento
J.I. Packer, Merril C. Tenney e William White Jr.

Teologia do Novo Testamento
George Eldon Ladd
JUERP

Igreja? Tô Fora!
Ricardo Agreste

Nenhum comentário: