quarta-feira, 22 de abril de 2009

HOMENS, MULHERES e CASADOS - 2o trimestre/2009

APRESENTAÇÃO

No decorrer dos tempos, os dons do ministério cristão tiveram diversas interpretações, chegando a ser comercializados, negociados, adulterados, etc.., todavia interessa-nos, particularmente, aquilo que a Bíblia ensina a respeito. Assim, o objetivo deste pequeno curso dominical sobre dons ministeriais e dons do Espírito Santo é relembrar, ou melhor, frisar o ensinamento bíblico, nem sempre observado em determinadas igrejas.

A igreja tem uma diversidade imensa de pessoas, essas pessoas têm uma diversidade de necessidades. Assim, visando o bem-estar dessa unidade que é igreja, Deus providenciou uma diversidade de dons. Dessa forma, podemos dizer, sem nenhum medo de estar errando, que os dons só fazem sentido quando edificam a igreja, quando contribuem para o bem estar da mesma. Isso significa dizer que não faz o menor sentido falar em gente caindo no poder, caindo diante de um sopro de alguém, caindo diante de um paletó que se joga, gente grudando na parede com a tal unção da lagartixa, gente enlouquecida com a tal unção do riso e por aí vai. Bom, não é disso que vamos falar. Vamos falar de dons de verdade, aqueles que têm como função primordial a edificação do corpo de Cristo.

Outra coisa: a maioria de nós tem clareza de nossa vocação, no entanto nos protegemos em frases do tipo: “estou esperando o que o Senhor tem preparado pra mim”, “Deus ainda não me chamou para uma função específica”, “ainda estou meio perdido sobre o que devo fazer”, “eu quero muito trabalhar, mas não sei em que departamento, porque ainda não achei meu dom.” Então, queremos ajudar você. Você precisa se achar, descobrir ou redescobrir seu dom e cair dentro, se doar, se gastar, investir seu tempo na causa de Cristo, observando a recomendação apostólica: “Cada um deve permanecer na vocação para a qual foi chamado.”

Isac Machado de Moura


Lição 01

26/04/09


DONS MINISTERIAIS


Quando falamos dos dons do Espírito Santo voltados para o ministério da igreja, devemos ter em mente, basicamente, três citações do Novo Testamento (Ef 4:11; Rm 12:6-8; 1 Co 12:28), as quais se referem a uma variedade de ministérios, completando-se entre si, todos voltados para o bem da comunidade cristã.

EFÉSIOS 4:11,12: “E ele mesmo concedeu uns para APÓSTOLOS, outros para PROFETAS, outros para EVANGELISTAS, e outros para PASTORES e MESTRES, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo.”

ROMANOS 12:6-8: “Tendo , porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se PROFECIA, seja segundo a proporção da fé; se MINISTÉRIO, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ENSINA, esmere-se no fazê-lo; ou o que EXORTA, faça- o com dedicação; o que CONTRIBUI, com liberalidade; o que PRESIDE, com diligência; quem exerce MISERICÓRDIA, com alegria.”

1 CORÍNTIOS 12:28: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente APÓSTOLOS, em segundo lugar PROFETAS, em terceiro lugar MESTRES, depois OPERADORES DE MILAGRES, depois DONS DE CURAR, SOCORROS, GOVERNOS, VARIEDADES DE LÍNGUAS.”

O Apóstolo

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: At 4:33; 6:6;8:14; Gl 1:17; Ef 2:20; Jd 17.

· E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.

· ... E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

· Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.

· ... nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.

· Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.

· Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO


Segundo Hebreus 3:1, o apostolado foi desempenhado pelo próprio Cristo, exemplo maior de pessoa ENVIADA ( no grego apóstolo significa mensageiro ou aquele que é enviado): “Assim como o pai me enviou, eu também vos envio”(Jo 20:21). O apóstolo é aquele que recebe uma comissão; não é, simplesmente, aquele que vai, mas o que é enviado.”

O OFÍCIO APOSTÓLICO

O apostolado é um ofício revestido de dignidade e poder, apresentado sempre em primeiro lugar na lista dos ministérios concedidos por Deus(1 Co 12:28 e Ef 4:11). Assim como Cristo foi enviado por Deus, da mesma forma Ele envia os apóstolos.

A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO APOSTÓLICO

O ministério apostólico, pela sua importância, é sempre acompanhado de sinais, conforme observamos no caso de Paulo, em 2 Coríntios 12:12: “... com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos.”
Quando estudamos a vida dos apóstolos, observamos neles os frutos do espírito, bem como os seus dons sobrenaturais(1 Co 12:8-11).
Ao defender o seu apostolado, pergunta Paulo: “Não vi a Jesus, nosso Senhor?”(1 Co 9:1), dando a entender que a experiência pessoal do apóstolo não pode ser algo superficial, deve ser bastante profunda e real. Daqueles que reivindicam tal ofício, espera-se a mesma qualificação, a saber, uma experiência direta com Cristo: At 1:22; 13:2.
O testemunho, assim como o ensino apostólico, precisam ser norteados pela autoridade divina, pois trata-se de um mandato pessoal proveniente do Altíssimo: “Eu recebi do Senhor o que também vos entreguei”(1 Co 11:23).

MISSÃO APOSTÓLICA

A principal missão do apóstolo é lançar os fundamentos(1 Co 3:10; Ef 2:20), e neste sentido está determinado que os nomes dos 12 apóstolos do Cordeiro apareçam nos fundamentos da Nova Jerusalém, conforme Apocalipse 21:14. Eles lançaram os fundamentos da igreja, tendo sido os pioneiros na pregação do evangelho, bem como no recebimento do prometido complemento da revelação divina(Jo 16:12-15; Ef 3:5).

O ministério apostólico exigia do seu portador, praticamente, quase todos os outros ministérios do corpo de Cristo. Assim sendo, o apóstolo participava da inspiração do profeta; fazia a obra do evangelista; conhecia o pastoral cuidado de todas as igrejas, e devia ser apto para ensinar; atendendo à administração dos negócios da igreja, seguia o exemplo do Senhor em não se esquivar aos deveres do diácono, quando necessário(At 11:30).

APÓSTOLO X EVANGELISTA

O resultado de todo esse ministério global de dons espirituais certamente foi o poder de estabelecer igrejas, o que distinguia o apóstolo do evangelista. O evangelista podia dirigir um reavivamento com grande sucesso e manifestações do poder divino em cura e operação de milagres, todavia, faltavam-lhe os necessários dons de consolidar os resultados. Paulo e Barnabé, por exemplo, iam deixando atrás de si assembléias inteiramente organizadas, com pastores e diáconos(At 14:21,23; 15:41 – 16:5; Fl 1:1), que continuaram a crescer e florescer. Dentre os seus dons essenciais, evidentemente, notava-se o dom de governos(1 Co 12:28) – poderes de organização.
Sobre essas igrejas que eles mesmos haviam plantado ou organizado, os apóstolos exerciam autoridade natural e espontânea. A “autoridade apostólica” nessas primeiras igrejas não era coisa arbitrária e forçada, mas a posição lógica e espontaneamente atribuída em circunstâncias normais a homens reconhecidos como líderes, ou que eram “pais” espirituais(1 Co 4:15; Gl 4:19).

ATUALIDADE DO MINISTÉRIO APOSTÓLICO

Será que a igreja de hoje ainda pode contar com o ministério apostólico?
Em sentido restrito, específico, neotestamentário, a resposta seria NÃO. Houve apenas doze “apóstolos do Cordeiro”(Ap 21:14).Hoje é impossível aos homens ver a Jesus no sentido literal. Se admitimos a possibilidade de uma visão espiritual, tal como a de Paulo, na estrada de
Damasco(At 9:5), referida, posteriormente, em conexão com seu apostolado(At 15:8-9), devemos lembrar que ele, evidentemente, tomou como excepcional essa experiência particular – ele foi como um “nascido fora do tempo”. É bom lembrar que hoje já não há fundamento a ser lançado, conforme foi feito pelos primeiros apóstolos.
Existe ainda hoje o ofício apostólico? De acordo com 1 Coríntios 12:28, Deus estabeleceu este ministério na sua igreja, o que é reafirmado em Efésios 4:11-13, acrescentando que foi concedido “para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé... a perfeita varonilidade”, o que ainda não aconteceu. Assim, entendemos que num certo sentido, desvinculado da idéia de fundamento, o ofício apostólico permanece em operação na igreja atual, considerando, inclusive, o fato de sermos enviados com uma missão.

Segundo o Novo Testamento, o ofício apostólico não se limitava estritamente aos doze, pois Barnabé, por exemplo, é chamado de apóstolo, em Atos 14:14; o mesmo acontece com Tiago, irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém(Gl 1:19). Tais apóstolos “tiveram papel muito importante na edificação do corpo de Cristo e tipificavam uma classe de ministério que legitimamente podemos esperar ver em qualquer geração.”
Sobre o ministério apostólico hoje, declara DONALD GEE, em seu livro DONS DO MINISTÉRIO DE CRISTO: “Não é fácil encontrar o tipo de pessoa que verdadeiramente podemos considerar como APÓSTOLO no sentido escriturístico. Poderemos encontrar o apóstolo, indubitavelmente, nos campos missionários, uma vez que a própria natureza do esforço missionário vocaciona e requer pelo menos alguma coisa do ministério apostólico.”
Mesmo não chamando a si mesmos de apóstolos ou não sendo assim chamados por outras pessoas, devem os atuais apóstolos serem reconhecidos e respeitados. Assim como acontece com qualquer outro dom ministerial, o ofício de apóstolo não depende de nome, nem de título, mas sim de poder.

O TÍTULO DE APÓSTOLO HOJE ESTÁ RELACIONADO A STATUS


No Cristianismo da pós-modernidade, nas igrejas-comunidades, aquelas isoladas, que não fazem parte de uma “rede denominacional”, encontramos vários líderes que se intitularam apóstolos por uma questão de hierarquia, status e poder. Um dia, esses caras concluíram que o título de pastor já não os satisfazia, então se auto-ordenaram bispos. Tempos depois, havia vários bispos espalhados pelas mais diversas igrejas evangélicas do país (até mesmo em denominações tradicionais, em igrejas que fazem parte de uma rede). Pois bem, havia muitos “iguais”. Então, a necessidade de status, de poder, de exclusividade voltou a aflorar e se auto-ordenaram apóstolos. Quem ordena o apóstolo no cristianismo da pós-modernidade é o próprio candidato, alegando, normalmente, uma visão do além. É claro que não admitem que seja a necessidade de poder que direciona essa “visão”. Pois bem, esses caras, então, nada têm a ver com o que estamos estudando, ou seja, com o conceito de apóstolos, até porque muitos sequer são fundadores de igrejas-comunidades. Talvez, seguindo essa linha da necessidade do status, o próximo passo seja alguém mais ousado e mais cara-de-pau auto-ordenar-se semi-deus. Esses caras, companheiros e companheiras, não têm limites. Não sei até que ponto isso procede, mas outro dia ouvi falar em pai-apóstolo.


Lição 02

03/05/09

O Profeta

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: 1 Co 14:24,25,31; 1 Pe 1:10,11; 1 Co 13:2(parte); Ap 22:18,19;

· Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado.

· Os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós.

· Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

· Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada,

· Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir.

· E ainda que tivesse o dom de profecia... e não tivesse caridade, nada seria.

· Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro;
· E se alguém tirar quaisquer palavra do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão escritas neste livro.

INTRODUÇÃO

Há inúmeras dúvidas no meio evangélico quanto a natureza do ofício profético. Algumas pessoas, por exemplo, defendem que profeta é apenas um outro nome dado ao “pregador”, sendo, portanto, profetas, todos os verdadeiros pregadores, uma vez que pregar a palavra é o mesmo que profetizar.

Outros defendem que a função primordial do profeta é prever o futuro, não tendo mais nada a realizar. Há ainda aqueles que asseguram que o dever do profeta é conduzir a igreja, inclusive quanto aos seus negócios particulares.

Juntando tudo o que foi dito até agora teríamos um conceito bem próximo daquilo que entendo quanto ao ministério profético, pois compreendemos que cabe ao profeta anunciar a palavra divina, prever o futuro, como no caso da visão apocalíptica e, em alguns casos, orientar a igreja, não guiá-la ou conduzi-la, funções atribuídas ao pastor.

Estudando o assunto no Novo Testamento, entendemos que os profetas exerciam seu ofício em função de um dom carismático, sendo homens de considerável aptidão espiritual, não havendo todavia, evidência de que tal posição dependesse de alguma forma específica de consagração ministerial.

PROFETAS DO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento registra uma série de nomes de pessoas que exerciam o ministério profético: Barnabé. Simeão Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, Saulo, Judas, Silas e Ágabo(At 11:27; 13:1; 15:32; 21:10). Naturalmente os profetas neotestamentários não se limitaram a esses; certamente nem todos foram citados nominalmente.


O PROFETA HOJE

Falando da atualidade do ministério profético, declara o pastor Raimundo F. de Oliveira: “Entendido o significado do ministério profético à luz do contexto histórico do antigo e do Novo Testamento, é perfeitamente admissível que já não há mais alguém que se distinga através dum ministério profético no modelo do ministério exercido pelos profetas dos dois testamentos...”

Ainda quanto ao ministério profético, à luz da Bíblia, não podemos esquecer que o mesmo apresentava um propósito divino preestabelecido, a saber, revelar o propósito de Deus em relação à humanidade. Dessa forma, uma vez encerrado o cânon escriturístico, tal ministério já não seria necessário, uma vez que a Bíblia apresenta todo o propósito divino em relação ao ser humano.

A profecia jamais foi(e não deve ser) exercida com fins diretivos, mas como uma “orientação”, tanto é assim que, no Antigo Testamento, Israel era dirigido por juízes ou reis, não por profetas; estes atuavam como colaboradores. Já no Novo Testamento, a liderança da igreja cabia aos presbíteros(bispos, pastores), não aos profetas, que exerciam um ministério auxiliar.

Ao contrário do que pensam alguns, o principal elemento da profecia não é a predição, mas a edificação, a exortação e a consolação, conforme 1 Co 14:3. É claro que a Bíblia registra uma série de profecias preditivas, algumas já cumpridas, outras a se cumprirem, todavia não se pode resumir a predições o ministério profético.

Apesar de entendermos que a profecia permanece na igreja de hoje, reconhecemos suas funções básicas(edificar, exortar e consolar) como exclusivas, não aceitando qualquer adição, ou seja, novas revelações que venham a ser feitas à revelação bíblica.

O PROFETA COMO PREGADOR

De acordo com o Novo Testamento, profeta é aquele que fala obedecendo ao impulso duma repentina inspiração(1 Co 14:30), diferentemente dos mestres, que exercem um ministério mais lógico, apelando para o raciocínio, enquanto ele, o profeta, apela para a consciência através das emoções; diferente também do evangelista, que mesmo exercendo um ministério emotivo, não ministra por revelação imediata ou momentânea.
Na igreja primitiva, o profeta exercia um papel muito elevado, inclusive na pregação, imprimindo-lhe nota distintiva de autoridade e poder divino, que abalavam o ouvinte, conforme entendemos de 1 Co 14:25. Nisso, foram dignos sucessores de João Batista e dos grandes pregadores-profetas do Antigo Testamento.

CONCLUSÃO

Algumas pessoas, na intenção de determinar o destino de outras, “profetizam” para estas de forma arbitrária, ainda que, às vezes, “bem intencionadas”, como se o dom de profecia fosse uma espécie de premonição ou de clarividência. Assim, nunca é demais lembrar que a profecia bíblica não tem por objetivo determinar o destino das pessoas, promover casamentos ou qualquer coisa parecida.
Entre os nossos irmãos pentecostais há um entendimento de que a profecia deve ser transmitida ao seu destinatário em primeira pessoa, ou seja, O Espírito Santo se “apossa” do profeta e este transmite a mensagem como um porta-voz de Deus falando em primeira pessoa, o que, muitas vezes, causa alguns constrangimentos, especialmente quando esse “profeta” resolve usar tal dom para colocar-se numa posição de superioridade em relação aos demais irmãos e aí valendo-se disso denuncia, aponta, prever punições divinas. Entendemos que a profecia maior é a Palavra de Deus (os companheiros pentecostais também concordam com isso) e que Ele pode levantar homens (seres humanos) para nos transmitir a Sua palavra de um forma direta, específica, particular. Entendemos também que Deus pode revelar algo a determinada pessoa, proporcionar sonhos, mostrar coisas de várias maneiras desde que tudo isso tenha como objetivo abençoar a vida de outros, exortando, consolando e edificando.


Lição 03

17/05/09

O Evangelista

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: At 8:26, 27b, 40; 21:8; 8:6-7; 2 Tm 4:5.

· E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto;

· E levantou-se e foi...

· E Filipe se achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.

· No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.

· E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,

· Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.

· Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.

INTRODUÇÃO

A palavra evangelista significa mensageiro de boas novas e aparece no Novo Testamento apenas três vezes(At 21:8; Ef 4:11 e 2 Tm 4:5).

Na igreja primitiva, os evangelistas constituíam um ministério distinto dos apóstolos, profetas, pastores e mestres. O mais destacado evangelista neotestamentário é, sem dúvida alguma, Filipe, que exercia esse ministério paralelamente ao diaconato(At 6:5; 8:26,40).

INTERPRETANDO O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

O conceito popular de evangelista conservou-se próximo da verdade, todavia em muitas igrejas há uma “interpretação” equivocada deste ministério, pois analisando à luz do Novo testamento, é inconcebível a idéia de um evangelista confinado no templo, uma vez que o seu ministério deve ser externo, voltado para a evangelização e salvação das almas. Esse ministério não deve ser entendido como um posto da hierarquia da igreja; deve ser visto sim como um ministério independente, externo, não administrativo e, possivelmente, cumulativo.
O evangelista, nos moldes neotestamentários, é aquele indivíduo portador de um profundo amor pelas almas, que prega o evangelho “em tempo e fora de tempo”, além, é claro, de viver aquilo que prega. Trata-se de uma concessão direta do Senhor. Observamos que Filipe foi eleito pela igreja e ordenado pelos apóstolos como diácono(At 6:5), não foi “comissionado” para evangelizar, no entanto é encontrado exercendo o ministério de evangelista, obtendo grandes resultados.
A coisa funciona assim: evangelizar é missão de todos nós, todavia, algumas pessoas recebem um dom especial para isso, o que implica numa responsabilidade maior em relação a esta comissão. Então é assim: se o meu ministério é o ensino, não estou isento de evangelizar, mas Deus “cobrará” de mim o ensino. Se o seu ministério é a música, você não está isento de evangelizar, mas deverá prestar contas do ministério de louvor. O Evangelista, então, precisa evangelizar porque isso é missão de todos e porque esse é o seu ministério específico. Você já observou que algumas pessoas evangelizam com muito mais facilidade que outras, que criam oportunidades que você nem imaginava que fosse possível, pois é.

PARTICULARIDADES DA VERDADEIRA EVANGELIZAÇÃO

a) Publicidade sobrenatural: milagres de cura e muitos outros sem excessos humanos ou sensacionalismos: Lc 10:9; At 8:6;

b) A palavra é essencial: os milagres chamam a atenção e “prendem” o povo, mas é a pregação da Palavra que converte e salva(At 8:6,12,17). O convite ao arrependimento e a fé deve ter por objetivo movimentar a vontade do pecador e não, simplesmente, provocar emoções. Para exercer tal ministério é indispensável que o evangelista seja portador de outros dons, como, por exemplo, a “palavra da sabedoria”(1 Co 2);

c) Decisão individual: A conversão é um assunto pessoal, é algo que ocorre entre a pessoa e Deus. Cabe ao evangelista levar as almas, individualmente, em multidões (evangelismo em massa) ou não (evangelismo pessoal) a uma resolução pessoal.
O profeta pode mover os corações das multidões e o mestre pode instruí-las, mas cabe ao evangelista compelir, mediante a graça divina, a vontade individual a uma renúncia imediata em favor de Cristo.

LIMITAÇÕES DO MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

Não é nenhuma novidade dizer que os vários ministérios concedidos por Cristo dependem uns dos outros e somente através da cooperação entre eles, é possível conseguir alcançar frutos permanentes.
Sabemos que Filipe, por exemplo, apesar de todos os seus dons espirituais, não tinha o “discernimento”; pelo menos é o que entendemos a partir de análise de Atos 8:13, quando ele, ao que parece, batizou Simão por profissão de fé, esquecido do estado do seu coração pecaminoso. Pedro, de imediato, percebeu a dificuldade(8:23). A Felipe também não foi concedido “transmitir o Espírito Santo”(At 8:15), além de não ser-lhe “permitido” ficar em Samaria pastoreando a congregação. Ele avançou em sua jornada evangelizadora(8:26), exercendo um grande ministério, conforme desígnio divino.
Segundo o relato de 2 Timóteo 4:5, Timóteo era portador do ministério evangelístico, no entanto, certamente por conta de uma necessidade local, assumiu a superintendência da igreja de Éfeso, o que não era, ao que parece, sua real vocação, haja vista a recomendação de Paulo: “Faça a obra de um evangelista”, preocupado, naturalmente, com a possibilidade de que tal situação eventual viesse a sufocar sua real chamada, a saber, a obra de evangelista.
Ao evangelista cabe evangelizar independente de separação ou consagração ministerial, uma vez que o dom é uma concessão direta do Espírito Santo, independente de “credencial”.

Lição 04

31/05/09

O Mestre

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: Jo 17:17; At 11:21-23; 14:21-22; 15:36; 1 Tm 3:2 (parte).

· Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

· E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.

· E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia,

· O qual quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.

· E tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia,

· Confirmando o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus.

· Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão.

· Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível... apto para ensinar.


INTRODUÇÃO


O ministério de mestre tem singular importância no Novo Testamento, aparecendo, simultaneamente, nas três listas dos dons ministeriais: Rm 12:6-8; 1 Co 12:28 e Ef 4:11, onde encontramos a indicação de que tal ministério unia-se ao de pastor. Assim, o texto de 1 Pe 5:2 exorta os anciãos(=bispos, pastores, presbíteros) a que pastoreiem “o rebanho de Deus” e o texto de 1 Tm 3:2 recomenda que sejam “aptos para ensinar”, de onde concluímos que o pastor deve ser um mestre (observe: pastores e mestres), todavia, o mestre não tem que ser pastor.
No grego, a palavra que se traduz por mestre é didáskalos, usada para designar um ensinador, um doutor ou alguém apto para ensinar. O termo refere-se também àqueles que, com o auxílio do Espírito Santo, foram chamados por Deus para exercer o ministério de ensinar aos crentes os preceitos e mandamentos das Escrituras Sagradas.

QUALIDADES INDISPENSÁVEIS A UM MESTRE

Encontramos em Esdras, no Velho Testamento, um exemplo de mestre: “Porque Esdras tinha disposto o seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.”
Assim como Esdras, o verdadeiro mestre precisa buscar a Lei do Senhor, cumpri-la e ensiná-la. Antes de ensinar é preciso viver a Palavra do Senhor. O discurso do mestre deve refletir aquilo que ele vive; do contrário, seu ministério será um fracasso.
Isso me faz lembrar de uma lenda que conta uma situação atribuída a Buda: uma mãe preocupada com a mania do seu filho comer açúcar, ciente do quanto isso lhe era prejudicial, vai procurar o Buda. Caminha dias para ter com o mestre, espera horas para ser atendida e quando está diante dele, faz seu pedido: “meu filho come muito açúcar e isso lhe faz mal. Nesse particular, ele não me ouve, come escondido, e eu gostaria que você dissesse a ele para que não coma mais açúcar, ele o ouvirá”. Buda olha pra ela com um ar simpático e lhe diz: “volte amanhã ou na próxima semana.” Mas mestre, eu venho de muito longe, caminhamos dias para estar aqui.” Ele diz, com uma certa frieza: “por favor, volte amanhã ou na próxima semana”. Ela volta, todo o sacrifício de novo, mas era pelo bem estar do seu filho, valeria a pena. Quando está diante dele, imaginando que terá uma longa conversa com o seu filho e que o convencerá de não mais comer açúcar, refaz seu pedido. Ele vira para o menino e diz simplesmente: “não coma mais açúcar, isso te faz mal.” A mãe fica frustrada, e pergunta por que ele não fez isso na semana anterior. Ele encara-a e diz: “eu não podia, até aquele dia eu comia açúcar.” É isso, um mestre não pode ensinar aquilo que não vive.
Então, voltando ao ministério cristão, ninguém é mestre por acaso ou, simplesmente, em virtude de habilidade ou inclinação natural. É claro que isso ajuda, mas acima de qualquer coisa é indispensável o dom do Espírito Santo. Hoje sabemos de muitas pessoas que ensinam nas igrejas apenas porque possuem formação superior, faltando-lhes, porém, o dom; em consequência, seus ensinos, muitas vezes, são secos ou conduzem a divisões, quando deveriam conduzir à reflexão, ao questionamento. Ora, nenhum ministério com o poder do Espírito Santo pode ser árido, muito pelo contrário, dele “fluirão rios de água viva”(Jo 7:38).
O ministério de Apolo é descrito pelo apóstolo Paulo como irrigação(1 Co 3:6), o que acontece com todo o ensino resultante de um dom espiritual. Segundo o texto de Atos 18:27, ele “muito auxiliou aqueles que mediante a graça haviam crido.”


O VALOR E A NECESSIDADE DE MESTRES

O ministério do ensino tem sido, frequentemente, subestimado por muitas lideranças evangélicas, o que acarreta, automaticamente, inúmeros prejuízos à obra de Deus.
Qualquer grande campanha de evangelização terá seus resultados comprometidos se não houver um trabalho continuativo desenvolvido por pastores e mestres, ministérios igualmente essenciais. Os apóstolos, por exemplo, davam especial atenção às necessidades dos novos convertidos quanto ao ensino da Palavra, como observamos nas referências bíblicas introdutórias desta lição.
Muitos têm errado, não avaliando devidamente o trabalho do mestre e interpretando indevidamente o texto de 1 João 2:27 (“E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”), julgando ser desnecessário o trabalho do mesmo em relação àqueles que receberam a plenitude do Espírito Santo. Ora, o texto em questão, aliás, nenhum texto pode ser tomado isoladamente. No contexto, o que João está querendo dizer é que “os crentes que receberam a unção estão capacitados para separar os bons dos falsos mestres, podendo receber essa revelação pessoal vinda diretamente do Espírito de Deus acerca da verdade que faz parte de suas próprias vidas em Cristo.”

TENTAÇÕES NO CAMINHO DE UM MESTRE

O fato de alguém ser portador de conhecimento bíblico, fundamento do ministério de ensino, pode levá-lo à tentação do orgulho(1 Co 8:1), o que deve ser evitado a todo custo. O maior sinal da verdadeira grandeza de um mestre está no fato dele, mesmo tendo um verdadeiro conhecimento da Palavra e dos caminhos de Deus, ter a simplicidade de uma criança e uma profunda humildade, tudo isso sem hipocrisia.
Em seu livro “Os Dons do Ministério de Cristo”, declara Donald Gee: “Quando um mestre deixa de ser aprendiz, recusando dar o devido peso e valor à luz e à experiência outorgadas também a outros, quando se jacta de sua doutrina, recusando-se submetê-la à aprovação de todo o corpo de Cristo, torna-se, positivamente, perigoso.”
O verdadeiro mestre está sempre pronto e aberto para receber novos vislumbres da verdade, bem como para atualizar-se constantemente, reequipando o seu ministério, jamais sentindo-se satisfeito com o seu conhecimento, buscando sempre mais, todavia, não tornando-se cético, pois “o verdadeiro mestre é aquele que, havendo recebido o dom, não deixou de receber também a graça de nosso Senhor Jesus Cristo.”


Lição 05

14/06/09

O Diaconato e outros dons de serviço

REFERÊNCIAS BÍBLICAS: At 6:3; 1 Tm 3:8-13; Rm 16:1.


· Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

· Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,

· Guardando o mistério da fé em uma pura consciência.

· E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.

· Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.

· Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas.

· Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.

· Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia


INTRODUÇÃO


A palavra diácono vem do grego diákonos , que significa, geralmente, servo, servidor, servente (Jo 2:5; Mt 22:13). Conforme o contexto de Atos 6:1-4, o diácono é alguém encarregado de servir.

ORIGEM E ATUALIDADE DO MINISTÉRIO DIACONAL

O ministério diaconal foi instituído pela igreja neotestamentária em virtude da crise surgida no atendimento às necessidades materiais das viúvas pobres que viviam sob os cuidados da igreja em Jerusalém.
O diácono da igreja atual exerce funções, de certa forma, diferentes daquelas exercidas pelo diácono da igreja primitiva, que tinha seu ministério afeto a assistência social, atividade, atualmente, desenvolvida pela MCA ou por um ministério específico de Ação Social. São as irmãs “diaconisas”, embora, muitas vezes, não reconhecidas oficialmente. Por outro lado, o livro de Atos sugere que a função do diácono não era limitada ao serviço material, podendo, portanto, militarem em outras áreas do ministério, como é o caso, por exemplo, de Filipe e Estêvão.
Aquele que é chamado (vocacionado) para o diaconato deve exercer seu ministério com dedicação, consciente de que as funções ministeriais não devem ser galgadas por promoção, tempo de casa ou qualquer outro motivo que não seja a vocação, a chamada específica para tal ministério.

PODE UMA MULHER EXERCER O DIACONATO?

Respondemos examinando o caso de FEBE, uma diaconisa dos dias do Novo Testamento. Como observamos nas referências bíblicas desta lição, ela é citada nominalmente pelo apóstolo Paulo (na mesma passagem ele cita mais 7 mulheres). O texto indica que ela desempenhava a função de diácono, talvez por falta de elementos do sexo masculino ou, simplesmente, por competência mesmo e por vocação divina. Febe ministrava aos pobres, aos enfermos e aos necessitados, além de prestar assistência a missionários, como aconteceu em relação ao próprio Paulo.


O OBREIRO COMO EXEMPLO DOS FIÉIS


Enquanto obreiro do Senhor, o diácono, assim como os demais obreiros, precisa ser exemplo dos fiéis, mantendo um excelente testemunho cristão. Ninguém aceitará o seu ministério se o seu modo de vida não for condizente com aquilo que recomenda a Palavra de Deus.

Um obreiro do Senhor não pode, em hipótese alguma:

· Envolver-se com brigas;

· Fazer dívidas acima do seu orçamento, ficando impossibilitado de quitá-las;

· Permitir que seu nome permaneça no cadastro de inadimplentes do SPC, SERASA, Banco Central ou outra instituição;

· Envolver-se com fofocas, maledicências ou confusões;

· Ser visto pela comunidade na qual está inserido como desordeiro, falso, hipócrita, mesquinho, etc...

· Se casado, trair o cônjuge; se solteiro, ser inconsequente, namorando mais de uma pessoa ao mesmo tempo;

· Ser uma pedra de tropeço para o evangelho.

CONCLUSÃO

Como vimos nas referências bíblicas desta lição, os diáconos precisam ser primeiro provados para que se aprovados possam servir. Assim, se o candidato não atende às exigências apresentadas, se ele de fato não é um modelo para os demais, jamais poderá exercer o diaconato.


OUTROS DONS

Socorro
– Aqueles dotados por Deus para várias modalidades específicas de auxílio. Pessoas que se manifestam nas mais diversas situações para ajudar o outro e sentem imenso prazer nisso.

Administrador – Aqueles dotados por Deus para orientar e supervisionar atividades diversas da igreja. Nem sempre o pastor é um administrador em potencial. Alguns precisam do auxílio específico de um portador desse dom para que as coisas fluam plenamente no campo administrativo da igreja, na parte burocrática da coisa.

Exortador – Aqueles dotados por Deus para motivar outros cristãos a uma fé mais profunda em Cristo, a uma maior dedicação a Ele, a uma manifestação mais plena do fruto do Espírito Santo e a uma separação mais completa do “mundo”. Essas pessoas falam determinadas coisas para outra pessoa de uma forma que pode nos deixar chocados, mas depois vemos o resultado na vida do outro irmão e entendemos que aquele companheiro falou com autoridade divina.

Doador – Aqueles dotados por Deus para darem liberalmente dos seus recursos para as necessidades do povo de Deus. Essas pessoas são fantásticas. Eu já vi uma criatura dessas dividir com outro seus últimos dez reais e ficar satisfeito, feliz da vida com a ação. É muito fofo.

Consolador – Aqueles dotados por Deus para consolar os aflitos mediante atos de misericórdia. Essas criaturas falam as palavras certas nas horas certas e é uma belezura.


Lição 06
21/06/09

O Pastor

REFERÊNCIAS BÍBLICAS:
1 Tm 3:1-7; 1 Pe 5:2-4.

· Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.

· Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

· Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;

· Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia

· (porque se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);

· Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.

· Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.
· Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
· Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
· Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.

· E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.


INTRODUÇÃO

Dentre os ministérios cristãos, o pastorado, sem dúvida alguma, é o mais conhecido. O vocábulo grego traduzido por pastor significa, simplesmente, guardador de ovelhas. Nesse contexto, o próprio Jesus é considerado o maior exemplo de verdadeiro pastor(Jo 10:11; Hb 13:20; 1 Pe 2:25; 5:4).
A necessidade de pastores surgiu quando os crentes do Novo Testamento começaram a se reunir em igrejas e assembléias locais (1 Ts 2:24). O pastor precisava residir no local há algum tempo. Não podia ser como o apóstolo, que se deslocava, constantemente, para um lado e para outro. Assim, as primeiras igrejas foram entregues aos cuidados de anciãos locais(At 11:30; 14:23; 20:17,28), que deveriam ser homens mais idosos, os quais graças a sua posição e a sua experiência, estavam habilitados para tal responsabilidade.

ANCIÃO, PRESBÍTERO, BISPO OU PASTOR?


A palavra ancião ou presbítero (do grego presbúteros) referia-se à idade e a posição deles. Já o termo bispo (do grego episkopos) definia algo mais oficial relacionado à liderança, superintendente ou supervisor (At 20:28; Fp 1:1; 1 Tm 3:1-7; Tt 1:7-9). Cabia, portanto, ao ancião, bispo ou presbítero GOVERNAR, exercendo paralelamente o ministério da palavra (1 Tm 5:17) – “pastores e mestres”-, alimentando o rebanho(1 Pe 5:2).
É sabido que alguns desses anciãos continuavam exercendo suas ocupações e seus negócios costumeiros; outros, todavia, eram sustentados pelas assembléias, haja vista o fato de dedicarem-se exclusivamente ao ministério, não tendo, portanto, outra “fonte de renda”, dedicando todo o tempo ao cuidado do rebanho.
Pedro adverte que o motivo do ministério pastoral não deve ser a “sórdida ganância”(1 Pe 5:2). O apóstolo Paulo, por outro lado, declara que não se deve amordaçar “o boi quando pisa o grão”, porque o trabalhador é digno de seu salário(1 Tm 5:18). O verso 17 fala de “duplicada honra”, “pagamento dobrado” ou “dobrados honorários”, conforme versões diversas, trazendo a idéia de recompensa por serviço feito, pois se “afadigam na palavra e no ensino.”

ATRIBUIÇÕES PASTORAIS

· Supervisão das reuniões cristãs, de modo que todas as coisas sejam feitas “com decência e ordem”: 1 Co 14:40;

· Zelar pela conservação e aplicação da sã doutrina: Tt 1:9;

· Defender o rebanho dos lobos e dos falsos profetas: Tt 1:11; 2 Pe 2:1;

· Ministração pessoal aos membros, conforme necessidade de cada um: Tg 5:14;

· Assistência amorosa a todas as almas: Mt 24:45; Hb 13:17;

· Alimentar o rebanho: At 20:28; 1 Pe 5:2;

· Visitação: At 20:20;

É bom lembrar que nem todo brilhante pregador, mestre ou evangelista tem que ser um bom pastor, uma vez que “há diversidade de dons” e que cada ministério requer uma vocação específica.
O que nós temos hoje, em muitas de nossas igrejas, é o foco de alguns companheiros no ministério pastoral, mesmo quando não são vocacionados para isso. Conheço casos de grandes mestres que foram ordenados ao pastorado e que exerceram esse ministério de forma medíocre, pois não “permaneceram na vocação para a qual foram chamados”. Temos também o outro lado. Isso acontece, principalmente, em seminários teológicos. Entendem alguns que grandes pastores têm por obrigação ser excelentes professores (mestres) e nem sempre isso acontece. Eu, particularmente, acho lindo o ministério pastoral, mas não me vejo, nem nos meus maiores devaneios, exercendo-o.
Penso que o que leva alguns mestres convictos a desejarem o ministério pastoral do qual não têm convicção é o status, a identidade, a credencial de pastor com todas as suas prerrogativas, coisa que o mestre não tem.
Felizes são as igrejas que têm pastores fiéis a velar por suas almas e mestres convictos e aplicados a assessorá-los.

MODELOS PASTORAIS DO NOVO TESTAMENTO

· Tiago: At 15:13; 21:18;
· Barnabé: At 11:22-26; 4:36; 9:27;
· Paulo, que teve esse ministério superado pelo apostolado, sendo auxiliado por Timóteo: 1 Tm 1:3; 4:11-16;

Vale lembrar aqui os anjos das sete igrejas do Apocalipse(capítulos 2 e 3), ministros ou mensageiros, ou seja, pastores.


MINISTÉRIO PASTORAL: RENÚNCIA E PRIVILÉGIOS

O ministério pastoral por tudo o que envolve exige, daquele que é chamado, renúncia. Hoje, porém, muitos buscam privilégios, regalias, dinheiro... e ainda outros ousam envolver-se com política partidária, comprometendo o ministério da igreja, o seu bom nome e a sua confiabilidade, exercendo, assim, o pastorado como se fosse uma profissão lucrativa, exigindo salários totalmente fora da realidade de sua comunidade.
“O bom pastor é aquele que dá a vida pelas ovelhas”(Jo 10:11). Todo aquele que ocupa o cargo pastoral visando ao seu próprio benefício, a sua posição ou fama, nega o ofício sagrado. Que sejam fiéis e abnegados os nossos pastores, dos quais o Senhor possa dizer: “Pastores segundo o meu coração, que vos apascentam com conhecimento e com inteligência”(Jr 3:15). Isso é um privilégio impagável.


Lição 07
12/07/09

DONS DO ESPÍRITO SANTO

TEXTOS BÍBLICOS

“A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.” – 1 Co 12:1;

“ ... entretanto, procurai com zelo, os melhores dons.” – 1 Co 12:31;
“... como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.”

VISÃO GERAL


Os dons espirituais são meios pelos quais o Espírito revela o poder e a sabedoria de Deus através de instrumentos humanos que os recebem e que devem usá-los para a edificação do corpo de Cristo, a igreja.
O termo DOM vem do grego CHARISMA, “habilitação do favor e da graça de Deus.”
Os dons espirituais mencionados em 1 Co 12:1-11 podem ser classificados em três grupos:

1. DONS DE REVELAÇÃO:
- Palavra da sabedoria;
- Palavra do conhecimento;
- Discernimento de espírito;

2. DONS DE PODER:
- O dom da fé;
- Operação de milagres;
- Os dons de curar.

3. DONS DE ELOCUÇÃO:
- Profecia;
- Variedade de línguas;
- Interpretação de línguas;

O Novo Testamento apresenta três relações de dons espirituais: 1 Co 12:1-11; Rm 12:3-8; Ef 4:11-12.

ANÁLISE DOS DONS

1.Palavra da Sabedoria

“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria.”
“O dom da palavra da sabedoria se baseia no fato de que Deus, na sua presciência, tem perante si fatos e ocorrências da terra e do céu, do presente e do futuro, do tempo e da eternidade.”

“Este dom é uma palavra (proclamação, declaração) de sabedoria, dada por Deus através da revelação do Espírito Santo para satisfazer a necessidade de solução de um problema particular.”
É a revelação sobrenatural dos propósitos de Deus através do Espírito Santo;
É a declaração da mente e da vontade de Deus;
É a revelação dos planos divinos para certas coisas, pessoas, lugares, povos, nações...

Manifestações

Na vida de José: Gn 41:16, 25, 38; At 7:10;
Na vida de Salomão: 1 Rs 3:12; 4:29;
Na vida de uma anônima: 2 Sm 20:16-22;
No ministério de Jesus:
- na resposta aos seus inimigos: Mt 21:23-27;
- na questão do tributo: Mt 22:17-22;
- na resposta à mulher samaritana: Jo 4:20-24;

2. Palavra do Conhecimento

“Consiste na revelação de algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devido às suas naturais limitações, não pode conhecer, a não ser que o Espírito Santo lhe revele.”

É um fragmento do conhecimento divino;
É a revelação de ações e fatos que se baseiam no perfeito conhecimento de Deus.

Manifestações

para avisar um rei sobre o plano inimigo: 2 Rs 6:8-12;
para desmascarar um hipócrita: 2 Rs 5:20-27;
para descobrir um homem que se escondia: 1 Sm 9:15-20; 10:22;
para revelar uma rainha que se disfarçava: 1 Rs 14:6;
Pedro é advertido: Lc 22:31-34;
Paulo é avisado: At 27:9-10;
Ananias é desmascarado: At 5:3-4;
Natanael é contemplado: Jo 1:47-48;
Ananias é revelado: At 9:10-12;
No ministério de Jesus:
- moeda dentro de um peixe: Mt 17:27;
- um cenáculo mobiliado: Mc 14:15,16;
- um jumentinho preso: Mc 11:2,3;
- uma mulher que tinha cinco maridos: Jo 4:17-19;
- um homem em cima da árvore: Lc 19:5

3. Discernimento de espírito

“O dom de discernimento de espíritos nos habilita a conhecermos o espírito que opera. É claro que em qualquer situação, somente um dos três espíritos pode agir: O Espírito Santo, o humano ou o maligno.”

“Discernir é detectar; saber discernir que tipo de espírito está atuando. Do grego diakrisis, a palavra discernir significa julgar através de, distinguir, e tem o sentido de penetrar por baixo da superfície, desmascarando e/ou descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da animação.”

Não é habilidade para descobrir faltas alheias;

Nada tem a ver com leitura de pensamento ou com qualquer fenômeno parapsicológico.

Usado para desmascarar os que pelo poder de satanás tentam operar milagres, como em 2 Ts 2:9.

Lição 08
19/07/09

DONS DO ESPÍRITO SANTO II

4. O Dom da Fé

“A fé é como uma chave que Deus põe em nossas mãos, com a qual podemos abrir todos os tesouros de Deus e liberar todas as suas promessas.”

Manifestações
No ministério de Elias: 1 Rs 18:41-46;
Na vida de homens judeus: Hb 11:33,34.

5. Dons de Curar

Alguns companheiros acreditam que como são diferentes os tipos de enfermidades, então há um dom de cura para cada uma delas. Usam esse argumento para justificar o plural (dons). Sendo isso ou não, é um dom atual disponível para o bem estar físico da igreja. O que não pode acontecer é o portador desse dom sentir-se um curandeiro e agir como tal.

Manifestações


Na vida de Pedro: At 3:6,7;
Na vida de Filipe: At 8:5-7;
Na vida de Paulo: At 14:8-10;
No ministério de Jesus:
- a cura de um paralítico: Lc 5:24;
- a cura de um hidrópico: Lc 14:1-6;
- a cura de um cego: Mc 10:46-52;
- Jesus curava a todos: At 10:38.

Na igreja:
- Curai os enfermos: Mt 10:8;
- Porão as mãos sobre os enfermos e os curarão: Mc 16:18-20;
- A oração da fé salvará o doente: Tg 5:14;
- E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo: At 5:11,12;

6. Operação de Milagres

“A operação de milagres é um dom de poder. É tão estupendo que se torna inconcebível à mente finita do homem.”

Segundo Gordon Chovn, “o milagre é a intervenção sobrenatural na função normal da natureza; a suspensão temporária da ordem habitual; a interrupção do sistema natural observado pelos homens.”


Manifestações:

No ministério de Josué: Js 3:13,17; 10:12;
No ministério de Elias: 2 Rs 1:9-14; 2:8;
No ministério de Elizeu: 2 Rs 6:1-7; 4:38;
No ministério de Samuel: 1 Sm 7:9-12;
No ministério de Moisés: Ex 7:20,21; 8:5,6,17; 14:21-26; 17:5-7;
No ministério de Jesus: Mt 8:23-27; Jo 11:41-44; Lc 7:11-16; Mt 14:13-32;
Na vida de Paulo: At 13:8-12; 16:25-26; 19:1;
Na vida de Pedro: At 5:14-16; 9:32-35; 3:1-6;
Na vida de Isaías: Is 38:7-8;
Na igreja: Mc 16:17,18.

7. Variedade de línguas

“É a expressão falada e sobrenatural duma língua nunca estudada pela pessoa que fala; uma palavra enunciada pelo poder do Espírito Santo, não compreendida por quem fala e, usualmente, incompreensível para o ouvinte.”
É um meio divino para edificação individual: 1 Co 14:4;
É uma conversa com Deus: 1 Co 14:2,28.

O Aurélio define a palavra glossolalia como um dom sobrenatural de falar línguas desconhecidas.

Os nossos irmãos pentecostais registram duas situações diferentes quanto ao falar em línguas. Paul A. Hamar, em seu comentário sobre 1 Coríntios, afirma: “Existe uma diferença reconhecida entre as línguas como evidência do batismo com o Espírito Santo e em oração individual, e as línguas como um dom. A diferença é basicamente de propósito: a pessoa edifica seu próprio espírito, no primeiro caso, e no outro, edifica a congregação.”

Os que possuem o dom de línguas podem aplicá-lo para falar com Deus em louvor, orar ou cantar no Espírito, ou falar na congregação; todavia, o falar em línguas em público precisa ser interpretado.

Sei que há muitas divergências teológicas quanto ao falar em línguas. Muitos evangélicos sequer admitem tal possibilidade e alguns grupos, diante do registro bíblico e diante da necessidade de dar um parecer sobre o texto explicam que falar do evangelho é falar uma língua estranha para a sociedade. Esta afirmação é até razoável, mas nem com muito boa vontade dá pra encaixar no contexto de 1 Coríntios. Pois é, muitas vezes preferimos pular esta parte da Bíblia, evitar falar sobre isso, fazer de conta que não há um registro bíblico a respeito e isso não é legal. Mesmo que tenhamos dificuldade de entender este dom, o registro está lá, não dá pra ignorar, e pessoas que nunca estudaram um outro idioma estão por aí falando línguas.

Há abusos, claro, infantilidades até, equívocos, mas negar, não podemos, não posso. Muito pelo contrário, pelo que tenho observado nas igrejas evangélicas brasileiras, está rolando uma tendência muito forte a “pentecostalização” em muitas delas, inclusive nas igrejas batistas, o que já gerou, há anos atrás um rótulo de igreja batista renovada. Enfim, é melhor analisar este assunto com bastante carinho e sem preconceitos.

8. Interpretação das línguas

“A interpretação de línguas é a manifestação pelo Espírito do sentido de uma expressão ou mensagem em outra língua. Esta interpretação não é operação da mente do intérprete, mas sim da mente do Espírito de Deus.”

Interpretação é uma locução inspirada;

A interpretação emana do Espírito e não da mente humana;

O dom de interpretação é o único que depende de outro.


Lição 09
26/07/09

OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

GÁLATAS 5:22-26

- Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

- Contra estas coisas não há lei.

- E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

- Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.

- Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

OPINIÃO

É claro que todos os dons estudados até aqui são importantes e lindos. Só não podemos esquecer que há um preço a pagar. Nada, porém, é mais importante na vida do cristão que a manifestação dos frutos do Espírito em sua vida, pois disso dependerá o bom desempenho de qualquer dom que porventura tenha.
Sabe aquelas pessoas (de outras igrejas, na nossa não acontece isso não) que no púlpito são uma coisa fofa, cheias de sorrisos, de frases bonitas, expressando toda a sua suposta espiritualidade, mas fora dele, ou seja, quando descem de lá, quando estão fora do templo são outras criaturas (secas, rudes, frias, encrenqueiras), pois é, essas pessoas podem até ter determinados dons, mas faltam-lhes os frutos do espírito.

Vejamos, então, esses frutos do espírito detalhadamente:

Amor – O amor que o Espírito produz é mais do que o afeto humano comum, por mais sincero que seja. Ele vem da permanência em Cristo e da experiência de seu amor fluindo através da alma.

Alegria
– A alegria é a reação do amor às misericórdias, bênçãos e benefícios de Deus. A alegria cristã não é, porém, dependente das circunstâncias, pois sendo o aspecto do amor, confia em Deus nas mais diversas circunstâncias.

Paz – É mais profunda e mais constante que a alegria; é uma característica interior que se manifesta em uma relação pacífica com os outros. Quem apresenta este fruto do espírito procura viver em harmonia com todos, independente de qualquer diferença.

Longanimidade (paciência) – Como não se trata de uma característica predominante do espírito humano, a maioria de nós carece dessa graciosa virtude: a paciência, que o cristão pode obter por meio da sua aproximação de Cristo e permanência nele. Longanimidade é o amor que não se cansa.

Benignidade (delicadeza) – Talvez nada desmereça mais o nosso testemunho e ministério do que a falta de delicadeza. Nenhuma circunstância é capaz de justificar o tratamento indelicado para com os outros por parte de um cristão.


Bondade – Obras e atos de bondade, bondade mostrada a outros, obras práticas de amor. Quando o cristão é bondoso de coração, ele faz o bem a outros, sem farisaísmo ou hipocrisia, mas o bem de verdade, de coração, pois a verdadeira bondade é o amor em ação.

– Muitos tradutores interpretam o termo aqui empregado como sendo “fidelidade”, o que tem a ver com o caráter do cristão em relação aos outros. Assim, segundo J. Lancaster, “... o que está em vista aqui é a fidelidade de caráter e conduta produzida pela fé.” O verdadeiro cristão jamais será infiel ou desconfiado, terá “fé” nos homens, sofrerá por isso, mas não se importará, sempre há de superar tais frustrações, pois apresenta os frutos do Espírito em sua vida.

Mansidão – Lentidão em irar-se e ficar ofendido. Os mansos não são violentos, ruidosos ou agressivos; não brigam, não discutem nem contendem. Não deve ser confundida com timidez, vergonha ou fraqueza, características de um complexo de inferioridade.

Domínio próprio (autocontrole) – Domínio próprio ou temperança é, na verdade, autocontrole, verdadeiro amor a si mesmo. Aquele que respeita a si mesmo, que considera o seu corpo um templo do Espírito Santo, exercerá controle sobre seus impulsos.


CONCLUSÃO


Enquanto seres humanos que somos, temos diferentes temperamentos, alguns mais explosivos, outros calmos, outros muito calmos, outros lerdos. Independente do nosso temperamento, podemos obter os frutos do espírito e aplicá-los às nossas vidas, superando, assim, nossas tendências.
Fora do Cristianismo, temos um exemplo fantástico de superação de seu temperamento em Gandhi. Ele se definiu, num determinado momento, como um sujeito violento, mas tornou-se símbolo da paz. Superação.
No Velho Testamento, temos um exemplo fantástico em Moisés. Um cabra explosivo a ponto de matar um egípcio para defender um hebreu. Tornou-se um cabra paciente. Sem paciência jamais teria conduzido aquele povo chato e enjoado até Canaã.
No Novo Testamento, temos um exemplo fantástico em João. Um sujeito bruto e impetuoso. Tornou-se o apóstolo do amor.
Esses caras todos foram gente como nós, viveram adversidades como nós. Então vamos parar de nos orgulhar de nosso temperamento explosivo e vamos buscar a transformação através dos frutos do espírito.

CLASSE DOS ADOLESCENTES - 2o trimestre/2009

Lição 01

26/04/09

Visão Geral do Novo Testamento

OS EVANGELHOS

Os primeiros cinco livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos, têm um caráter histórico. Os primeiros quatro esboçam, de diferentes pontos de vista, a vida e a obra de Jesus. O livro de Atos é uma continuação de Lucas, abordando a história dos seguidores de Cristo depois de terminada a Sua vida terrena, dando destaque especial à carreira missionária do companheiro Paulo.
Os livros do Novo Testamento não foram escritos na ordem em que aparecem na Bíblia. É preciso considerar, inclusive, que pode haver uma diferença considerável entre a data de composição de um escrito e o período a que ele se refere. Marcos, por exemplo, descreve os acontecimentos da vida de Jesus que se passaram no final dos anos 20 do primeiro século, mas seu evangelho deve ter sido publicado entre os anos 65 e 70, assim como Lucas, Atos e Mateus. Os escritos de João (o quarto evangelho e as epístolas) devem ter aparecido entre 85 e 90, e Apocalipse por perto de 95.
O Cristianismo deve a sua existência à pessoa e obra de Jesus Cristo. Com exceção de algumas narrações fragmentárias, as crônicas autênticas da sua vida estão contidas nos quatro evangelhos, livros que sempre foram considerados canônicos pela cristandade.

O DESTINATÁRIO DE CADA EVANGELHO

Mateus, sabendo que os judeus aguardavam ansiosos a vinda do Messias prometido no antigo Testamento, apresenta Jesus como sendo esse Messias, o Rei dos judeus.
Lucas, escrevendo para um povo muito culto, os gregos, cujo ideal era o homem perfeito, focalizou a pessoa de Cristo como a expressão desse ideal, o Filho do homem.
Marcos, que escreveu aos romanos, um povo cujo ideal era o poder e o serviço, apresenta Jesus como o Conquistador Poderoso, o Servo.
João tinha em mente as necessidades dos cristãos, da igreja de todas as nações, e assim apresenta as verdades mais profundas do Evangelho, entre as quais os ensinos acerca da divindade de Cristo, o Filho de Deus.
Os escritores dos evangelhos não procuraram produzir uma biografia completa de Cristo, mas levando em consideração as necessidades e o caráter do povo para o qual escreviam, escolheram exatamente os acontecimentos e discursos que acentuaram a sua mensagem especial.
Os primeiros três evangelhos são chamados sinóticos, pois fornecem uma sinopse (vista geral) dos mesmos acontecimentos. Já o evangelho de João foi escrito em base inteiramente diferente dos outros três.

OS EVANGELHOS SINÓTICOS E JOÃO

Os sinóticos contêm uma mensagem evangelística para homens não espirituais; o de João contém uma mensagem espiritual para os cristãos;
Nos três, sobressai a vida pública de Cristo; em João, é revelada a sua vida particular;
Nos sinóticos, ficamos impressionados com a humanidade real e perfeita de Cristo; em João, o que impressiona é sua divindade.

UM POUQUINHO DE CADA EVANGELHO

Mateus – Autoria de Mateus Levi, cobrador de impostos (publicano) a quem Jesus chamou para ser um dos doze (9:9-13; 10:3). É possível que o livro tenha sido escrito originalmente em aramaico e que mais tarde, ele mesmo tenha feito uma outra versão em grego.

Marcos – Autoria de João Marcos, filho de Maria, uma mulher de Jerusalém, cuja casa estava aberta para os cristãos primitivos (At 12:12). Ele é aquele cara que acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária. É possível que tenha estado com Pedro, em Roma, como seu intérprete e que tenha compilado seu evangelho aproveitando as pregações dele. Não conviveu com Jesus.

Lucas – Autoria de Lucas, um gentio de nascimento, de fala grega, que possuía grande capacidade intelectual. Foi, provavelmente, um dos primeiros convertidos da primeira missão em Antioquia. Encontrou-se com Paulo por volta do ano 51. Não conviveu com Jesus.
Percebendo sua incapacidade de salvar a humanidade por meio da educação, muitos filósofos gregos concluíram que a única esperança era a vinda de um homem divino. Lucas, a fim de satisfazer a necessidade dos gregos, apresenta Jesus como o perfeito homem divino, o representante, o Salvador da humanidade.

João – Autoria de João, um dos filhos de Zebedeu (Mc 1:19,20) e de Salomé, provavelmente irmã de Maria, mãe de Jesus (Mt 27:56; Mc 15:40; Jo 19:25). Esteve com Jesus, em Jerusalém. Talvez a conversa de Jesus com Nicodemos tenha acontecido em sua casa. João precisou dos conselhos do Mestre, pois assim como Tiago, tinha um comportamento “esquentado”, assim meio “barraqueiro”, a ponto de serem chamados “filhos do trovão” (tumulto) – Mc 3:17.
O evangelho de João foi escrito muitos anos depois dos demais. Depois de terem sido estabelecidas igrejas através dos apóstolos, os cristãos passaram a sentir uma necessidade das mais profundas verdades do evangelho, o que levou o escritor a produzir o quarto evangelho.

ESCLARECIMENTO

O estudo dos evangelhos e de Atos não será feito livro a livro. Como os evangelhos abordam coisas comuns do ministério de Cristo, optamos por estudá-los não enfatizando o contexto histórico, que é comum a todos, mas sim seus tópicos principais, seus registros mais interessantes, como o reino de Deus, o batismo de João e por aí vai.
O que posso garantir, é que o estudo do Novo Testamento será uma belezura e que ocupará o restante do ano (2009). Os professores de vocês e eu entendemos que precisamos trabalhar com essa turma uma visão geral da Bíblia, nossa regra de fé, começando com o Novo Testamento.

Isac Machado de Moura

Lição 02
03/05/09

O Ministério de João Batista

De repente, para um povo que estava sofrendo sob o domínio de uma nação pagã (Roma), que estava aguardando, ansiosamente, pela vinda do Reino de Deus e que tentava entender por que Deus havia ficado silencioso, aparece um novo profeta proclamando: “O Reino de Deus está próximo”.
À medida que atingia a maturidade, João foi sentindo uma necessidade de partir para o deserto (Lc 1:80). Temos a impressão de que ele deve ter ficado um tempo refletindo sobre a chamada até que “veio a palavra de Deus a João” (Lc 3:2). Logo em seguida, João aparece no vale do Jordão, anunciando, profeticamente, que o Reino de Deus estava próximo.
O deserto era o lugar onde João Batista deveria exercer o seu ministério. Na Bíblia, deserto está sempre relacionado a prova, a privações (os 40 anos do povo de Israel pelo deserto, a tentação de Jesus no deserto...), logo, o lugar designado por Deus para João estar não era, a princípio, um lugar tão legal assim. Pois é, fato é que hoje circula entre nós a idéia de que devemos estar no lugar onde nos sentimos bem, onde tudo é fofo, bonito e belezudo, onde somos queridos por todos e coisas assim. Nem sempre, queridos, isso é possível. Bom é que seja assim, mas nem sempre vai acontecer. João foi “conduzido” para o deserto. E se for lá num “deserto” que você precisará exercer seu ministério? Tudo bem ou vai amarelar? Vai entender que o importante é estar no local determinado por Deus? Mesmo que esse lugar não seja uma “fofeza”?
Também é interessante que se diga que nós não podemos nos dar ao luxo de fazer só o que gostamos, de estudar somente as matérias que gostamos; isso é bobagem, isso não faz parte da vida real. Sou apaixonado por leitura, gosto muito, mas nem sempre leio só o que gosto. Nunca me entendi muito bem com os números no contexto escolar, então já sabendo de minhas limitações nessa área e não podendo estudar somente português ou literatura, que sempre amei, tinha que me esforçar mais em Matemática e disciplinas afins com o objetivo de não ficar com uma nota ruim. Hoje, a galera quer escolher, ainda no fundamental, as matérias que quer estudar e relaxa nas outras e tira uma nota porcaria e acha bonitinho, um ato de rebeldia. Ah, por favor, tenha paciência. Eu até acho que deveríamos, desde cedo, escolher o que estudar, mas essa não é a realidade do nosso sistema.
Então, vamos fazer assim: enquanto isso não muda, vamos estudar tudo, um pouco de cada coisa, até porque isso vai nos dar uma visão geral, ainda que superficial das coisas. Enfim, não podemos fazer só o que gostamos. Voltemos, então, ao nosso João Batista, que nada tem a ver, diga-se de passagem, com o nome de nossa igreja.
A roupa de João (manto de pelos e o cinto de couro) parece uma imitação deliberada dos sinais externos característicos de um profeta (Zc 13:4; 2 Rs 1:8).
A atuação de João, vista no seu conjunto, foi realizada segundo os moldes da tradição profética. Ele anunciou que Deus iria agir decisivamente na história para manifestar seu poder real. Em antecipação a este fato, os homens deveriam se arrepender e, como evidência física desse arrependimento, deveriam submeter-se ao batismo.
O batismo de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista, exigindo um retorno moral e religioso para Deus. Isso significa que não bastava o cabra ser judeu para estar resolvido diante de Deus. João recusou-se a assumir como fato consumado a existência de um povo justo. Somente aqueles que se arrependessem e que manifestassem esse arrependimento através de uma mudança de conduta iriam escapar do julgamento iminente, ou seja, considerar o fato de ser descendente de Abraão como um fundamento que pudesse garantir a salvação messiânica, seria uma grande bobagem. Diante de tudo isso, de uma forma meio estressada, João acusava os líderes religiosos de Israel (Mt 3:7) de estarem fugindo da ira vindoura, como as víboras fogem do fogo.
Essa postura de João foi muito “xou”. Ele chocou e frustrou aquela rapaziada arrogante e prepotente que achava que pelo simples fato de serem judeus já estava tudo resolvido. Completamente na contramão desse raciocínio etnocêntrico, ele disse a esses camaradinhas que se não se arrependessem seriam julgados como qualquer outro ser humano. Bem feito! Ninguém pode tirar onda como eles tiravam, porque diante de Deus somos todos iguais (judeus ou não). O fato de você ser filho de crente, por exemplo, não te dá nenhuma garantia; você precisa ter uma experiência pessoal com Deus.

JESUS E JOÃO

O significado do ministério de João é explicado por Jesus em Mateus 11 – a partir do verso 2. Nesse episódio, João Batista está preso e então envia alguns discípulos seus a Jesus a fim de perguntarem se, afinal de contas, ele era ou não o Cristo. O que aconteceu foi o seguinte: João ouviu falar das obras de Cristo e ficou, de certa forma, preocupado, uma vez que essas obras não eram as esperadas por ele.
Até então não havia acontecido nenhum batismo do Espírito nem de fogo, o Reino não havia chegado, o mundo permanecia como antes. Tudo o que Jesus estava fazendo era pregar o amor e amar as pessoas enfermas. Não era isso o que João esperava. Como resposta, Jesus afirma que a profecia messiânica de Isaías 35:5-6 estava sendo cumprida em seu ministério.
João, assim como a maioria dos judeus de sua época, esperava um Cristo político, um Cristo libertador, um herói nacional que libertasse seu povo do domínio romano. Ao invés disso, me aparece Jesus com uma postura paz e amor, curando pessoas, amando pessoas, pregando a paz. Diante disso é natural que João tenha ficado preocupado e enviado uns discípulos para tirarem essa história a limpo, ou seja, para confirmarem se ele era mesmo o Cristo prometido ou se era mais um dos tantos cristos surtados que apareceram naqueles dias.
No verso 14, quando Jesus fala de João Batista como sendo Elias, ele está na verdade usando uma metáfora. O que ele quis dizer, certamente, é que João Batista era um profeta autêntico como Elias. Levando-se em conta todo o contexto da Bíblia, ele não poderia estar dizendo que João seria uma reencarnação de Elias, mas alguém como ele. Quando eu digo que Sérgio Lopes é o Chico Buarque da música evangélica, não estou dizendo que um seja o outro (uma reencarnação se não fossem contemporâneos), mas sim que um tem características do outro.

O BATISMO DE JESUS E O INÍCIO DE SEU MINISTÉRIO

Logo após o seu batismo por João, Jesus iniciou seu ministério de proclamar o Reino de Deus. Isso é retratado por cada um dos evangelistas de uma forma particular: Mateus 4:23; Marcos 1:14,15; Lc 4:18-21; Jô 1:43.

Não podemos compreender a mensagem nem os milagres de Jesus sem levarmos em conta o contexto em que ele viveu (enquanto materializado), sua visão de mundo, sua visão do ser humano em particular e a necessidade do estabelecimento do Reino.
Precisamos entender que Jesus foi um homem judeu como todos os outros de sua geração e ao mesmo tempo diferente de todos eles. O que estou querendo dizer é que se Ele tivesse sido um nordestino brasileiro, teria comido rapadura e curtido forró. Ele tinha uma vida social, cultural. Lembra dele no episódio das bodas de Caná? Pois é, lá estava ele curtindo um casamento, uma festa judaica.

Lição 03
17/05/09

O MUNDO, O HOMEM E A NECESSIDADE DO REINO

Os profetas do Velho Testamento fixaram as suas vistas em direção ao futuro para o Dia do Senhor e de uma visitação divina para purificar o mundo do mal e do pecado para estabelecer o Reino perfeito de Deus na terra. Assim, encontramos um contraste entre a presente ordem de coisas e a ordem redimida do Reino de Deus. Amós (9:13-15) descreve o Reino em termos bem deste mundo, porém Isaías vê a nova ordem como novos céus e nova terra (65:17).

A manifestação de Cristo irá assinalar o fim da era presente (Mt 24:3). O Filho do Homem virá com poder e grande glória e enviará os seus anjos para reunirem os eleitos dos quatro cantos da terra para entrarem no Reino de Deus (Mt 24:30-31).

O REINO PRESENTE

Jesus considerou seu ministério como um cumprimento da promessa do Velho Testamento na história, conforme observamos em duas passagens em especial. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu a profecia messiânica de Isaías 61:1,2, a respeito da vinda de um ungido para proclamar o ano aceitável do Senhor; e, então, solenemente, declarou: “Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4:21). Quando João Batista, em dúvida, enviou emissários para perguntar a Jesus se ele era realmente aquele que havia de vir, Jesus respondeu citando a profecia messiânica de Isaías 35:5,6 e mandou-os de volta a fim de contarem a João que a profecia estava, de fato, sendo cumprida (Mt 11:2-6).

Assim, o reino presente de Deus sugere aos seus filhos:
· um estado de bênçãos presentes;
· o dom da salvação;
· a dádiva do perdão;
· a dádiva da justiça.


SOBRE O DEUS DO REINO

a) O Deus que busca – Em Jesus, Deus tomara a iniciativa de procurar o pecador, a fim de trazer os homens perdoados para a bênção de seu reino.

b) O Deus que convida – Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um convite (Mt 22:1..; Lc 14:16..; Mt 8:11).

c) O Deus paternal - Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu domínio para que possa ser seu Pai. Existe uma relação inseparável entre o reino de Deus e a sua paternidade (Mt 13:43; Lc 12:32.

d) O Deus que julga – Enquanto busca o pecador e oferece-lhe a dádiva do Reino, permanece um Deus de justiça retributiva àqueles que rejeitam sua oferta graciosa. Segundo a pregação de João, a vinda do Reino escatológico significará a salvação para o justo, mas um julgamento de fogo para o injusto (Mt 3:12).

Por mais estranho que possa parecer, tem um monte de gente que é cristã não por convicção ou por amor a Deus acima de todas as coisas, mas por medo do inferno. Você acha que uma criatura assim pode, de verdade, ser considerada cristã?

AS PARÁBOLAS DO REINO EM MATEUS

A versão apresentada por Mateus sobre as parábolas do Reino fala três vezes sobre o fim da era presente (Mt 13:39,40,49), mas o conceito é consistente em todos os Evangelhos. A parábola do trigo e do joio (Mt 13:36-43) contrasta a situação nesta era com a que existirá no Reino de Deus. Na era atual, o trigo e o joio – filhos do Reino e filhos do maligno – convivem em uma sociedade mista. A separação somente ocorrerá por ocasião da colheita – o juízo. Então “todos os praticantes de más obras” serão excluídos do reino de Deus e sofrerão o julgamento divino, ao passo que “os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mt 13:42,43).
Esta é uma preocupação constante dos filhos de Deus. Questiona-se, com freqüência, inclusive nos Salmos e em Jó, por que, muitas vezes os injustos prosperam e os justos sofrem, ou ainda, por que Deus permite que isso aconteça. Pois é, vivemos numa sociedade mista formada por bons e maus.
A igreja, que está inserida nessa sociedade, também é formada por bons e maus, trigo e joio; a separação total só acontecerá num momento futuro. Por enquanto, precisamos ter discernimento (que não é a mesma coisa que pré-julgamento) para identificarmos o joio e o trigo.
Muitos adolescentes e jovens fazem parte de uma igreja evangélica por várias razões. Vou enumerar algumas:
1. Um grupo tem convicção das razões por que são evangélicos;
2. Um grupo está na igreja porque nasceram numa família evangélica e não querem ser os primeiros a saírem, a se desviarem. São crentes porque nasceram numa família crente e mais nada;
3. Um grupo está na igreja porque é um ambiente legal e tem um monte de garotinhos e garotinhas fofos para namorar;
4. Um grupo está na igreja porque é a única possibilidade de lazer permitido, de sair um pouco de casa;
5. Um grupo está na igreja porque a música é legal.
E aí, você tem mais alguma sugestão? Tomara que você esteja no primeiro grupo. Nossas razões, a menos que tornemos públicas, somente nós e Deus sabemos. Daí aquele lance de que joio e trigo precisam conviver por um tempo. Além das razões apontadas acima, o cabra pode estar entre nós por outras de má fé. Num determinado momento, porém, teremos clareza do que é joio e do que é trigo. A igreja é assim.

O ESPÍRITO DO MUNDO

Nos evangelhos sinópticos, Satanás é descrito como um espírito mau sobrenatural que chefia uma hoste de espíritos maus inferiores, chamados demônios (como tal, ele é o “príncipe dos demônios” – Mc 3:22). Seu objetivo principal é opor-se ao propósito redentor de Deus. Na narrativa da tentação (Mt 4:1; Lc 4:6), ele reivindica um poder sobre o mundo que não foi questionado por Jesus. A tentação consiste, portanto, da tentativa de desviar Jesus de sua missão divinamente concedida, como Servo Sofredor, para alcançar o prestígio e o poder pela submissão a Satanás, idéia expressa de modo ainda mais claro por Paulo, ao chamá-lo de “deus deste século” (2 Co 4:4).
Aqui, precisamos entender o seguinte: não há um dualismo como muitos grupos religiosos ensinam, ou seja, não há duas forças iguais em poder que se opõem, que se enfrentam o tempo todo. O mal (satanás, no caso) só vai até onde Deus permite, como no caso de Jó. O bem (Deus) está acima do mal. Ainda que satanás seja “o deus deste século”, ele não é páreo para Deus, ou seja, está vencido, foi vencido naquela cruz.

Mais uma coisinha: satanás é bem espertinho, não é burrinho nem gosta de perder tempo. Assim sendo, seremos tentados sempre em nossas fraquezas. Na adolescência, por exemplo, momento em que os hormônios estão borbulhando, as tentações virão, muitas vezes, através do sexo oposto. As ofertas de drogas também são constantes. O dinheiro também é uma. Então, galera, precisamos estar ligados nessas paradas todas.

OS DEMÔNIOS

Nos evangelhos sinópticos, a maior evidência do poder de Satanás é a habilidade demonstrada pelos demônios de apossarem-se do centro da personalidade dos indivíduos. Bem no princípio do seu ministério em Cafarnaum, Jesus defrontou-se com o poder demoníaco (Mc 1:24). O demônio reconheceu em Jesus um poder sobrenatural capaz de destruir o poder satânico naquele momento.

POSSESSÃO DEMONÍACA

Não seria correto negar a possessão demoníaca, dizendo, por exemplo, tratar-se de uma antiga interpretação para aquilo que hoje sabemos ser formas variadas de insanidade. Nos Sinópticos, frequentemente, verificamos as duas situações. Jesus tanto curou as doenças meramente físicas e mentais, como os casos de possessão (Mc 1:32; Mt 9:32; 4:24; 12:22; 10:8; 17:15,18; Mc 1:27; 5:15).
A CID-10 (Código Internacional de Doenças), no capítulo sobre transtornos mentais e de comportamento, sob o código F44.3, descreve o transtorno de transe e possessão, da seguinte forma: “Transtornos nos quais há uma perda temporária tanto de senso de identidade pessoal quanto da consciência plena do ambiente; em alguns casos, o indivíduo age como se tomado por uma outra personalidade, espírito, divindade ou ‘força’. A atenção e a consciência podem limitar-se ou concentrar-se em apenas um ou dois aspectos do ambiente imediato e há, muitas vezes, um conjunto limitado, mas repetido de movimentos, posições e expressões vocais.
Veja bem: a possessão demoníaca existe. Pode ser momentânea (quando dizemos que o cabra foi usado pelo diabo) e pode acontecer com qualquer pessoa (cristã ou não) que dê mole, que dê abertura, que não esteja atento (foi o que aconteceu com Pedro, quando Jesus disse: “para trás de mim, satanás...”) e pode ser duradoura. Pode ocorrer o “transe” ou não.

Lição 04
31/05/09


AS PARÁBOLAS DO REINO

Marcos resumiu a mensagem das parábolas do Reino, ao registrar as palavras de Jesus a seus discípulos: “A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados” (Mc 4:11,12).
Eu sei que você deve estar considerando estranho o teor desse texto. Nos lembra, inclusive, a crise de Jonas, aquele cabra do Velho Testamento, que não queria pregar em Nínive para que o povo não se arrependesse e fosse perdoado. Ele não suportava os ninivitas. Pois é, dito por Jonas, que odiava aquele povo, a gente até entende, mas agora dito por Cristo fica estranhão, né? Afinal de contas, ele queria que as pessoas se convertessem ou não?
Os defensores da predestinação usam esse texto para apoiarem sua teoria, mas isso não faz muito sentido porque no finalzinho do 12 admite-se a possibilidade de que entendendo, se convertam e sejam perdoados. Isso é livre arbítrio.
Ah, tá, você esperava que eu desse aqui uma explicação clara, objetiva e definitiva, né? Huuummmm, pois é, eu não tenho. Então vamos todos combinar o seguinte: vamos pesquisar, buscar outros “textos estranhos” como esse no Novo Testamento e no Velho, se for o caso, e aí quem achar uma solução razoável primeiro, compartilha, tá bom?

Marcos 4 e Mateus 13

Os quatro tipos de solo - Há quatro tipos de solos, mas somente um é frutífero. O Reino de Deus veio ao mundo para ser recebido por alguns, porém rejeitado por outros. No tempo presente, o reino terá um sucesso apenas parcial e este sucesso depende de uma resposta humana.

As pragas – O campo é o mundo (v.38) e não a igreja. O reino que está presente, mas oculto no mundo, ainda será manifestado em glória; então, esta sociedade de composição mista (bons e maus) terá o seu fim. Os ímpios serão reunidos fora do Reino e os justos resplandecerão como o sol no Reino escatológico.

A Semente de Mostarda – A ênfase da parábola está no contraste entre o frágil começo e o final grandioso.

O Fermento – Incorpora a mesma verdade básica da encontrada na parábola da mostarda: que o Reino de Deus, que um dia dominará sobre toda a terra, penetrou no mundo de um modo que é de difícil percepção. Quando uma pequena quantidade de fermento é colocada numa quantidade de massa, nada parece acontecer; algum tempo depois, porém, a massa cresce significativamente.

O Tesouro e a Pérola – O Reino de Deus é de valor inestimável e deve ser procurado acima de todas as outras coisas. Se ele custar ao indivíduo tudo quanto ele tem, ainda assim isso se constitui num pequeno preço comparado à aquisição do Reino.

A Rede – Uma rede é lançada ao mar e apanha todos os tipos de peixes. Quando a pescaria é selecionada, os peixes bons são retidos e os ruins jogados fora.

A Semente que cresce por si mesma – Da mesma forma que existem leis que regulam o crescimento, as quais são inerentes à própria natureza, também existem leis de crescimento espiritual, através das quais o reino deve passar até que a frágil semente do evangelho tenha efetuado uma grande colheita. O tempo da semeadura e da colheita, ambos são obras de Deus.

O REINO E A IGREJA

A igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao Reino como o Reino lhes pertence, mas eles não são o Reino. O Reino é o domínio de Deus; a igreja é uma sociedade composta por seres humanos.

O fato de não ser a igreja o reino pode ser explicado através de cinco pontos:

PRIMEIRO: O Novo testamento não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a Igreja (At 8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31). Nessas expressões, é impossível substituir a palavra reino por igreja.

SEGUNDO: O Reino gera a Igreja. O domínio dinâmico de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão. “A igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo.”

TERCEIRO: É missão da Igreja dar testemunho do reino. Este testemunho refere-se aos atos redentores de Deus em Cristo, tanto no passado quanto no futuro (Mt 10; Lc 10). Israel já não é mais a testemunha do Reino de Deus; a igreja assumiu o seu lugar.

QUARTO: A igreja é considerada a agência do Reino. Quando saíram a pregar a mensagem a respeito do Reino de Deus, eles também curaram os enfermos e expulsaram os demônios (Mt 10:8; Lc 10:17). Diante do poder do Reino de Deus operado através da Igreja, a morte perdeu o seu poder sobre os homens e é incapaz de vindicar uma vitória final (Mt 16:18).

QUINTO: A Igreja é guardadora do Reino. A nação israelense, como um todo, rejeitou a proclamação do evento divino em Cristo Jesus, mas aqueles que o aceitaram tornaram-se os verdadeiros filhos do Reino, passando a desfrutar de suas bênçãos e do seu poder. O Reino é tirado de Israel e dado à Igreja (Mc 12:9).

A ÉTICA DO REINO

Boa parte do ensino de Jesus objetivou a conduta humana. As bem-aventuranças e a parábola do bom samaritano podem ser contadas entre as seleções escolhidas da literatura ética mundial.
Jesus ensinou a vontade de Deus pura e incondicionada sem qualquer tipo de compromisso, que Deus impõe aos homens de todas as épocas e para todo o tempo. Tal conduta é atingível de um modo cabal somente na Era Vindoura, quando todo o mal for banido; mas o Sermão do Monte deixa bem claro que Jesus esperou que os seus discípulos praticassem os seus ensinos nesta era presente. Não fosse assim, as declarações sobre a luz do mundo e o sal da terra não teriam o menor sentido (Mt 5:13,14). A ética de Jesus incorpora o padrão de justiça que um Deus santo deve requerer dos homens em qualquer era.
A ética do Reino coloca uma nova ênfase sobre a justiça do coração. Uma justiça que excede a dos escribas e fariseus é necessária para a admissão no Reino dos Céus (Mt 5:20-26).
Tudo bem, nós não somos seres fantásticos, justos, as melhores pessoas do mundo, todavia precisamos entender que agora, que temos Cristo em nossas vidas, que fazemos parte do reino, que estamos filiados a uma igreja, devemos ter uma vida digna, justa, diferente. Precisamos evangelizar em silêncio através do nosso testemunho. Precisamos pagar nossas contas; precisamos devolver o troco que nos foi dado a mais por engano; precisamos dar carona quando nosso carro tem espaço e nosso irmão está a pé, às vezes, na chuva; precisamos estudar para fazer nossas provas, concursos, vestibulares e assim não sermos tentados a colar; precisamos respeitar nossos professores, alunos, patrões, empregados; precisamos entender que o nosso vizinho tem o direito de professar uma religião diferente da nossa, enfim, precisamos ser sal e luz, precisamos viver a ética do reino.


Lição 05
14/06/09

O QUARTO EVANGELHO – JOÃO

As diferenças entre João e os Sinópticos são bastante significativas.

Local do ministério de Jesus: Nos Sinópticos, com exceção da última semana, o ministério de Jesus transcorreu em sua maior parte na Galiléia, ao passo que em João, seu ministério centraliza-se em torno de várias visitas a Jerusalém.
Tempo: Os Sinópticos mencionam somente uma páscoa e parecem registrar os eventos de apenas um ano ou dois, mas em João há pelo menos três páscoas (2:13; 6:4; 13:1) e, possivelmente quatro (5:1).

Omissão de eventos: O nascimento de Jesus, seu batismo, a transfiguração, o exorcismo de demônios, a agonia do Getsêmane, a última ceia, o discurso no monte das Oliveiras.
Uma outra diferença bastante importante, intimamente relacionada à questão da teologia, é a do uso literário. A forma literária mais distintiva encontrada nos Sinópticos é a parábola; e ali também há uma série de ensinos breves, vívidos, fáceis de lembrar, e pequenos incidentes unidos a uma declaração de ensino. Em João, o estilo de ensino de Jesus é o de longos discursos.

Alguns dos temas destacados nos Sinópticos não se acham em João:

· João nada declara sobre o arrependimento – nem a forma verbal nem o substantivo aparece no Quarto Evangelho.

· O Reino de Deus, tema central nos Sinópticos, quase desapareceu completamente dos ensinos de Jesus (Jo 3:3,5; 18:36). Seu lugar é assumido pelo conceito de vida eterna como mensagem central de Jesus.

As poucas vezes em que os Sinópticos citam a vida eterna, o fazem como uma bênção escatológica, ou seja, futura (Mc 9:43,45; Mt 7:14; 25:46), enquanto em João, a ênfase principal é a vida eterna como uma benção presente realizada (Jo 3:36).
Talvez a expressão peculiar mais distintiva de João seja a declaração ego eimi: Eu sou:
- o pão da vida (6:35);
- a luz do mundo (8:12);
- a porta (10:17);
- O bom pastor (10:11);
- A ressurreição e a vida (11:25);
- o cominho, a verdade e a vida (14:6);
- a videira verdadeira (15:10);
- antes que Abraão fosse, eu sou (8:58).
A estrutura do pensamento de João, à primeira vista, parece mover-se em um mundo diferente. Já não fala mais em termos desta era e de era vindoura. Em lugar da tensão entre o presente e o futuro, encontra-se a tensão entre o acima e o abaixo, céus e terra, a esfera de Deus e do mundo. “Vocês são daqui, eu sou de cima, vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8:23; observe: Jo 3:12, 13, 31; 6:33, 62).
A expressão “o mundo” – kosmos - que aparece poucas vezes nos Sinópticos, é uma das palavras favoritas de João e designa a esfera dos homens e dos afazeres humanos colocada em contraste ao mundo acima e ao reino de Deus. Quando Jesus disse que seu Reino não era deste mundo (Jo 18:36), ele queria dizer que sua autoridade não era derivada do mundo inferior, como a dos governos humanos, mas do mundo de Deus. Outro elemento marcante em João é o contraste entre luz e trevas. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (1:5).

Outro contraste bastante interessante em João é a relação que ele estabelece entre carne e espírito. Carne pertence ao reino de baixo; espírito, ao reino de cima. A carne é pecaminosa como nos escritos de Paulo, e representa a fraqueza e impotência do reino inferior. A vida humana comum é “nascida... da vontade da carne” (1:13), através do processo natural de procriação humana. Embora tenha tendência ao pecado, a carne em si não é pecaminosa, estragada, vencida, como dizem muitos, pois “o verbo se fez carne e habitou entre nós” (1:14).

A Ética de João

A descrição que João apresenta da vida cristã é bem diferente da encontrada nos Sinópticos, especialmente em Mateus, que demonstra grande preocupação com a justiça do Reino de Deus (Mt 5:20) e a expõe em profundidade no Sermão do Monte. João, da mesma forma que os Sinópticos, está preocupado com a conduta cristã, expressando-a, porém, de maneira diferente.
Os seguidores de Jesus devem praticar (fazer) a verdade(3:21). A palavra verdade no contexto joanino assume um significado particular, baseado no fato de Jesus incorporar o propósito redentor de Deus. Assim, praticar ou fazer a verdade significa viver na luz da revelação que Cristo trouxe ao mundo.
O mandamento do amor em si mesmo não é novo, a não ser pela nova força das palavras de Jesus: “assim como eu vos amei”. Assim, o amor cristão passa a ter, como seu exemplo maior, o amor de Jesus, o qual, por sua vez, é um reflexo do amor de Deus (Jo 4:8; 3:16).
Gente, eu sei que já falei sobre isso, mas vou refalar. Na escola, por exemplo, nós não precisamos ser seres alienígenas, não precisamos nos isolar, mas uma coisa é certa: temos que ser luz naquele ambiente, temos que ser pessoas diferentes, honestas, éticas. Temos que honrar nossos professores, demonstrar respeito por eles, ainda que discordemos de alguma postura, de alguma afirmação. É claro que podemos debater, discordar, questionar, reivindicar, mas temos que saber fazer isso tudo. Muitas vezes perdemos a razão pelo simples fato de não sabermos reivindicar. Precisamos ser negociadores e não barraqueiros. Precisamos “amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”


Lição 06
21/06/09

O LIVRO DE ATOS


O livro de Atos dos Apóstolos tem como objetivo apresentar um esboço da história da igreja, começando nos primeiros dias, em Jerusalém, até a chegada de Paulo. Ele fornece um quadro da vida e pregação da comunidade primitiva em Jerusalém e registra o avanço do evangelho pelo mundo. Foi escrito por Lucas, companheiro de Paulo, por volta do ano 60.
Na introdução do seu Evangelho, bem como em Atos, ele afirma ter obtido informações daqueles “que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra” (Lc 1:2; At 1:1), e que havia investigado, pessoalmente, os assuntos sobre os quais iria escrever.

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Os discípulos de Jesus se apegaram firmemente à esperança do breve estabelecimento do Reino de Deus. A morte do Mestre, todavia, abalou todas as suas esperanças (Mc 14:50; Lc 23:49; Jo 20:19). A vinda do Reino fora um sonho perdido, aprisionado no túmulo junto com o corpo de Jesus (Lc 24:21).
Em poucos dias tudo isso mudou... Jesus ressuscitara. E foi a partir desse acontecimento “fantástico” que o Cristianismo começou a dar seus primeiros passos. Assim, a principal função dos apóstolos, na comunidade cristã primitiva, não era liderar ou governar, mas dar testemunho da ressurreição de Jesus (At 4:33; 1:22).
A ressurreição é o tema central dos sermões registrados no início do livro de Atos (3:14,15), e graças a ela é que os apóstolos foram capacitados a realizarem feitos poderosos (4:10). Foi o persistente testemunho da ressurreição que causou a primeira reação oficial da parte dos líderes religiosos judeus contra essa nova “seita” (4:1,2; 5:27,28) que veio a tornar-se a igreja.

A NATUREZA DA RESSURREIÇÃO

O caráter corpóreo da ressurreição de Cristo é confirmado de várias formas:

Seu corpo ressurreto provocou reações nos sentidos físicos: tato (Mt 28:9; visão e audição (Jo 20:16 – aqui, Maria deve ter reconhecido Jesus pelo tom familiar da sua voz ao pronunciar seu nome);
“...um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho” (Lc 24:39). Com base no contexto, essa declaração não sugere uma análise científica da composição do corpo ressurreto de Cristo, mas sim a intenção de provar que ele tinha um corpo real e que não era um espírito desencarnado. A expressão carne e ossos não devem ser interpretadas ao pé da letra, indicando um corpo físico como o nosso.
O Jesus ressurreto foi capaz de comer (Lc 24:42-43). É bom observar, todavia, a força da expressão diante deles, que, no contexto, parece sugerir apenas um sinal de sua ressurreição corpórea e não para indicar que tinha fome normalmente.

É interessante observar que o corpo ressurreto de Jesus possuía poderes novos e maravilhosos, o que significa dizer que não se trata simplesmente de um corpo físico natural; possuía capacidades nunca antes experimentadas sobre a terra. Tinha o surpreendente poder de aparecer e desaparecer (Jo 20: 19,26; Lc 24:31,36,37); portas fechadas já não o limitavam, como observamos nas referências apresentadas.
Quanto ao rolamento da pedra que protegia o túmulo de Jesus (Mt 28:2), pode-se dizer que tal providência foi tomada em função dos discípulos e não de Cristo, cujo corpo, certamente, já havia saído antes da remoção.


CONTEÚDO DO LIVRO

O fato de Lucas desejar escrever um tratado esclarecedor sobre o desenvolvimento do ensino cristão e sobre as missões cristãs implica que ele estava na posse de certo discernimento sobre o seu completo significado. Não era meramente um cronista que, penosamente, registrava no papel áridos acontecimentos. Lucas era um historiador e apresentava os fatos em função da continuidade do tema que lhe interessava, o crescimento da igreja e, particularmente, a transição do Judaísmo para o Cristianismo gentílico, da qual tomou parte ativa, como indica o freqüente uso da 1ª pessoa do plural (nós).
O período cronológico abrangido pelos Atos vai da crucificação de Cristo, em aproximadamente 29 d.C. até o fim da prisão de Paulo em Roma, em aproximadamente 60 d.C.

DOUTRINAS CRISTÃS E FÉ

Gente, muitas doutrinas cristãs parecem ilógicas e necessitam de um bocado de fé. É uma questão de pegar ou largar. Não dá para explicar racionalmente, por exemplo, a gravidez de Maria sem participação de um homem e a ressurreição de Jesus. É uma questão de pura fé.

Lição 07
12/07/09

A IGREJA NO LIVRO DE ATOS

Jesus e seus discípulos não formaram uma sinagoga separada nem iniciaram um movimento separado com propostas segregacionistas e, apesar dos conflitos com as lideranças judaicas, não cortaram relações com a sinagoga ou com o templo. Seus discípulos promoveram uma comunhão aberta dentro de Israel, cuja única característica era o seu discipulado em relação a Jesus. É claro que como acontece em todas as comunidades humanas, em alguns momentos a situação tornou-se complicada pela não aceitação de práticas judaicas dentro desse grupo, e outras vezes pela exigência desses mesmos rituais judaicos.

O EMBRIÃO DA IGREJA


Depois da morte e da ressurreição de Cristo, esse pequeno grupo de discípulos (cento e vinte), por várias semanas, aparentemente, não fez nada além de esperar em Deus pela direção divina. Durante 40 dias, Jesus apareceu-lhes repetidas vezes, continuando a instruí-los sobre o Reino de Deus (At 1:3). Eles ainda acreditavam que isso significava a restauração da teocracia judaica (1:6), mas Jesus revelou-lhes que Deus tinha um propósito diferente para o presente.
A profecia feita por João Batista de que a vinda do Messias cumpriria a profecia de Joel com relação ao batismo do povo de Deus com o Espírito Santo, em breve teria o seu cumprimento, o que aconteceu no dia de Pentecostes (confira: Jl 2:28-32; Ez 36:22...)
Na realidade, a igreja nasceu no Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre o pequeno grupo de discípulos judeus de Jesus, constituindo-se o núcleo do corpo de Cristo. Antes do Pentecostes, os discípulos devem ser considerados apenas o embrião da igreja.
A igreja não deve ser vista apenas como uma comunhão humana, resultado de uma fé e de uma experiência religiosa comum, mas como a criação de Deus através do Espírito Santo.


O CULTO NA IGREJA PRIMITIVA

Era marcado por grande simplicidade. Além da adoração, no templo, há também reuniões nos lares cristãos (2:46; 5:42) para o partir do pão e comunhão na refeição. A expressão sugere a mesma prática observada, mais tarde, nas igrejas paulinas: uma refeição comum (ágape), que é associada à Ceia do Senhor (1 Co 11:20,34). Refeições comuns tinham desempenhado um papel importante no ministério de Jesus (Mt 9:10,11; 11:19; Lc 15:1,2; At 1:4) e continuaram a desempenhá-lo na experiência religiosa da igreja primitiva.
Lares forneceram os locais de reunião para atos de adoração cristã diferentes do Judaísmo. No Pentecostes, um grande número de judeus abraçou a fé cristã (2:41; 4:4; 5:14), e não há evidência de que um grupo tão grande pudesse se congregar num único lugar. O padrão, é, na verdade, de muitas pequenas “igrejas-lares”, congregações separadas, vizinhas às sinagogas judaicas. Este também é o modelo das igrejas paulinas, pois, frequentemente, lemos em seus escritos sobre uma igreja que funcionava na casa de alguma pessoa.

OS NOVOS MEMBROS

A igreja primitiva recebia em sua comunhão todos os que aceitassem a proclamação de Jesus como o Messias, se arrependessem e recebessem o batismo em água, sinal visível de admissão e comunhão cristãs. Nenhum intervalo significativo de tempo decorria entre o ato de crer em Jesus e o batismo (2:41; 8:12,36,37; 10:47,48; 9:18; 16:14,15).
Um dos elementos mais admiráveis na vida das igrejas primitivas era o sentido de comunhão (2:42,44,47). Os primeiros cristãos estavam conscientes de estarem unidos uns aos outros, pois estavam todos unidos em Cristo.

MISSÃO DA IGREJA ONTEM E HOJE

“Comunidades cristãs não são lugares de pessoas resolvidas e acabadas, mas de gente que reconhece sua impotência e, por isso, entrega-se à graça de Deus. A igreja torna-se então um ajuntamento de “agraciados”, mas que continuam lutando com suas imperfeições e limitações. São homens e mulheres literalmente ‘em obras” – escreve o pastor Ricardo Agreste em seu livro “Igreja? Tô Fora!"

Segundo o arcebispo William Temple, “A igreja é a única sociedade cooperativa no mundo, que existe em benefício dos que não são membros.” Para o pastor e teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, “a igreja só é igreja quando o é para os de fora.” Essa é a sua missão maior.

Atos 4:32-34

E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos.

A IMAGEM QUE AS PESSOAS TÊM DA IGREJA

Muitas pessoas têm uma imagem negativa da igreja. Segundo o pastor Agreste, citado acima, “decorrente da imagem criada em suas infâncias. Não são poucos aqueles que eram levados pelos pais às missas (ou ao culto) e tinham que permanecer em absoluto silêncio durante um longo e monótono ritual, sem qualquer sentido para a vida real. O cansaço gerado por um ritualismo sem vida e a falta de pertinência do conteúdo gerou certo bloqueio na mente destas pessoas em relação à igreja.”

Uma outra dificuldade em relação à imagem da igreja “está associada à imagem que a pessoa tem daqueles que freqüentam igrejas. Nem sempre o amigo de trabalho ou o vizinho que se diz cristão é uma grande inspiração para a pessoa pensar na possibilidade de freqüentar uma igreja. Muitas vezes estas pessoas se mostram sempre sisudas, avessas ao desenvolvimento de relacionamentos com os amigos de trabalho ou com os vizinhos, seus hábitos e costumes são bem legalistas e suas palavras soam sempre com dureza no julgamento de outros e arrogância no trato de si mesmo e de seus próprios posicionamentos.”

“A terceira e última fonte diz respeito à imagem gerada pela mídia ao mostrar reuniões onde pessoas estão sempre envolvidas por uma espécie de êxtase coletivo, demônios são entrevistados diariamente, gente simples é visivelmente manipulada em seu desespero por ajuda divina e o dinheiro é exigido como sinal de fé daquele que busca uma determinada bênção. Paralelamente a tudo isso, os escândalos envolvendo problemas sexuais com os líderes e financeiros com as suas instituições agravam esta imagem.”

Nós, cristãos, evangélicos, batistas, membros da Primeira Igreja Batista Luciânica de Unamar, precisamos mudar esse quadro, precisamos mostrar às pessoas, através de nossas atitudes, inclusive, que a igreja não é isso. Então o que é a igreja?



Lição 08
19/07/09

PARA ONDE CAMINHA A IGREJA?

Igrejas,
Projetos,
Comunidades,
Dogmas,
Doutrinas,
Tradições,
Costumes,
Pessoas.
O que representam as pessoas?
Prioridade?
Estatística?
Números apenas?
As pessoas têm fé,
Têm família,
Têm estômago.
As pessoas são vítimas de desigualdades.
E a igreja nisso tudo?
Amém?
Sermão, boa música e tudo bem?
Resolve tudo a oração?
Para onde caminha a igreja?
Em que direção vamos?
A igreja somos homens,
Mulheres,
Crianças,
A igreja é esperança.
Evangelho social,
Teologia da libertação,
Pode ser uma boa direção.
O estômago primeiro,
Depois o evangelho,
Ou nada fará sentido.
Que momento é esse do Cristianismo,
Em que ignora-se o socialista “pão e peixe para todos”
E valoriza-se o capitalista
“farinha pouca, meu pirão primeiro”?
E os líderes,
O que fazem, de fato, pelo seu povo,
Pelas suas ovelhas,
Além de negociarem seus votos,
De fecharem acordos,
De se beneficiarem,
Alegando visão e audição apuradas,
Sobrenaturais até?
Estou farto.
Apesar de tudo isso,
Ainda existem líderes
Que a exemplo de Francisco de Assis,
Embora sem o extremo voto de pobreza,
Entendem que suas necessidades,
E apenas elas,
Precisam ser atendidas,
E dispensam o luxo,
E esquecem de si próprios
E vivem pelo seu povo;
Aqueles, que a exemplo de Cristo,
Se dispõem a dar a vida
Por suas ovelhas;
Aqueles, que assim como Luther King
(um norte-americano do bem),
leva seu povo a entender
que as diferenças existem
e devem ser respeitadas
e que as desigualdades, essas sim,
precisam ser exterminadas,
e que pior que a maldade dos maus
é o silêncio dos bons;
líderes que entendem
que o mais importante
não é a denominação,
mas os princípios universais
de amor ao outro
estabelecidos por Cristo;
que todos fazemos parte de uma teia,
que todos somos gente,
e que, conseqüentemente, temos falhas.
Gosto de líderes povo,
De líderes gente,
Que embora austeros,
Não são autoritários,
Dos que diferenciam autoridade de autoritarismo,
Dos que dominam a si mesmos.
Gosto de Gandhi,
Que embora portador de uma natureza violenta,
Tornou-se símbolo da paz;
Gosto de Luther King,
Que embora chamado para o sacerdócio,
Não deixou de lado as lutas sociais do seu povo,
Ou, que embora lutador das causas sociais,
Não renunciou ao sacerdócio;
Gosto de João Paulo II,
Que embora conservador,
Conquistou uma geração de católicos e não-católicos;
Gosto de líderes que mudam,
Que são “metamorfoses ambulantes”,
Que reconhecem quando erram e se desculpam,
Que não negociam a fé,
Nem a sua, nem a dos outros;
Gosto de líderes que falham.

Isac Machado de Moura


O APÓSTOLO PAULO E SEUS “SANTOS”

Na página 23 do seu livro “Igrejas? To Fora!”, escreve o pastor Ricardo Agreste: “...Paulo sempre começa suas cartas referindo-se aos cristãos destas igrejas como ‘santos’. Como ele poderia chamar de ‘santos’ grupos formados por pessoas tão problemáticas e que carregavam em seus currículos erros e pecados tão grostescos? Como poderia ele considerar como ‘santos’ gente tão confusa e cheia de pendências na vida? A resposta está na expressão que normalmente Paulo usa após o adjetivo ‘santos’. Constantemente ele chama os cristãos de ‘santos em Cristo Jesus’. Esta simples expressão revela um grande segredo para compreendermos o que é a igreja” e para onde ela caminha, acrescento eu.
No mesmo livro, o autor conta um episódio em que um certo preletor após ouvir vários depoimentos sobre igrejas, declara: “Sabem, a cada dia que se passa mais me convenço de quão bíblica é a minha comunidade local. Observando as pessoas que se reúnem domingo após domingo e conhecendo suas histórias de segunda a sábado, identifico inúmeros pontos em comum com as igrejas locais descritas nas páginas do Novo Testamento. Em minha comunidade, temos alguns imorais, vários idólatras, um punhado de adúlteros e até mesmo homossexuais. Caluniadores e trapaceiros então... já perdi a conta de quantos são.”
Sobre isso escreve também o jornalista e escritor cristão Philip Yancey, em seu livro “A Maravilhosa Graça”: “Rejeitei a igreja durante algum tempo porque encontrei bem pouca graça ali. Voltei porque não descobri graça em nenhum lugar. Já no livro “Igreja: Por que me Importar”, diz o mesmo autor: “O processo me ensinou que o segredo para encontrar a igreja certa está dentro de mim. Tem a ver com o meu modo de olhar a igreja”.

A IGREJA É ESPERANÇA: 1 Co 6:9-11

"Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.
Assim foram alguns de vocês, mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus."


“O que nos qualifica para estarmos sentados em um banco de uma igreja, certamente, não é nosso currículo anterior. Quem pensa o contrário não compreendeu ainda a essência do Evangelho.” - escreve o pastor Ricardo Agreste, e continua: “Ao estabelecer que o padrão de aceitação para pertencer ao grupo seria a graça, Deus transforma a igreja numa comunidade de gente que traz profundas marcas em seu passado, grandes lutas no presente e a esperança de redenção de suas vidas e histórias no futuro. No entanto, esta esperança não faz deles gente acabada, mas ainda em obras”.

CONCLUSÃO

A igreja, meninos e meninas, não é formada de santos acabados, mas de pessoas que buscam a santidade, santos em Cristo, como escreve Paulo. Ela seria perfeita sem os seres humanos, mas aí perderia sua função. O desafio é convivermos com todas essas pessoas esquisitas, com todos esses ex. Se você criar uma expectativa de encontrar somente pessoas perfeitas na igreja, vai frustrar-se gravemente, até porque você mesmo não é perfeito. E então vai sair em busca de outra igreja. No início, tudo será uma belezura. Dias depois começarão acontecer tudo aquilo que acontecia na outra, e sabe por que? Porque essa segunda igreja e todas as outras existentes são formadas de pessoas, seres humanos, criaturas imperfeitas e problemáticas, inclusive eu e você.
Se você acha que a igreja primitiva, aquela dos livros de atos e das epístolas, era perfeita, e tudo se resolvia sem conflitos, você está precisando ler com mais atenção o Novo Testamento, perceber o estresse de Paulo e de outros pastores. Os problemas daquela igreja eram muito parecidos com os da igreja de hoje, e sabe por quê? Porque tanto lá como aqui existiam pessoas, razão da existência da igreja.
Tudo aquilo que menciono no texto de abertura desta lição aconteceu ao longo da história da igreja, respeitadas as proporções. Hoje somos milhões, então os problemas se acentuaram, tornaram-se mais visíveis. Se nós somos a igreja, então podemos responder para onde caminhamos. E então, para onde caminha a igreja?

Lição 09
26/07/09


O APÓSTOLO PAULO E SEUS ESCRITOS

A mais notável interpretação, no Novo Testamento, do significado da pessoa e do trabalho de Jesus, é a de Paulo, um fariseu convertido, que esteve envolvido em três mundos diferentes: judaico, grego e cristão.
Nasceu na cidade grega de Tarso, mas foi criado em lar judeu, segundo os costumes do judaísmo (Fp 3:5) e se orgulhava de sua ascendência judaica (Rm 9:3; 11:1). Ele declara ter vivido como fariseu em obediência estrita à Lei (Fp 3:6; 2 Co 11:22), e que foi além de muitos de seus contemporâneos no zelo pelas tradições orais dos círculos fariseus (Gl 1:14).
É difícil determinar até onde esse conhecimento variado de Paulo influenciou seu pensamento, mas uma coisa é certa: sua conversão não esvaziou sua mente de todas as idéias religiosas anteriores, substituindo-as por uma teologia já pronta. A sua insistência de que havia sido escolhido antes de nascer para servir a Deus (Gl 1:15) deve conter a verdade de que suas experiências, enquanto criança e jovem, o estavam preparando para preencher sua tarefa de ordem divina.
Como Judeu, Paulo era um monoteísta inflexível (Gl 3:20; Rm 3:30) e rejeitava severamente a religião pagã (Cl 2:8), a idolatria (1 Co 10:14,21) e a imoralidade (Rm 1:26...). Ele mencionava o Velho Testamento como a Sagrada Escritura (Rm 1:2; 4:3), a Palavra de Deus divinamente inspirada (2 Tm 3:16).
O seu método de interpretação do Velho Testamento o coloca na tradição do Judaísmo rabínico. Assim, como rabino judeu, partilhava, inquestionavelmente, da fé judia na centralidade da Lei. Mesmo quando cristão, afirmou que a Lei é espiritual (Rm 7:14), justa e boa (Rm 7:12) e nunca questionou a origem divina e a autoridade da Lei.


A ERA PRESENTE E A ERA VINDOURA NOS ESCRITOS DE PAULO

Paulo não abandonou o esquema judaico das duas eras e do caráter mau da era atual (Gl 1:4). Poderes demoníacos ainda se opõem ao povo de Deus (Ef 6:12...), que ainda está sujeito ao mal físico, à doença (Rm 8:35...) e à morte (Rm 8:10). O mundo físico ainda está no cativeiro da corrupção (Rm 8:21), e o espírito do mundo da sociedade humana, oposto ao Espírito de Deus. O mundo está sob julgamento divino (1 Co 11:32). Os crentes ainda vivem no mundo e fazem uso dele (1 Co 7:31), e não podem evitar a associação com os homens deste mundo (1 Co 5:11).
Sendo Jesus o Messias, ao trazer ao seu povo essa salvação messiânica, algo mudou. Assim, o reino de Cristo já tem que ser uma realidade presente, para dentro da qual foi trazido seu povo, mesmo que o mundo não o possa ver (Cl 1:13)
Paulo faz um contraste entre a morte, que entrou neste mundo através de um homem, e a ressurreição dentre os mortos, que entrou neste mundo através de um homem.
A ressurreição, nos escritos paulinos, acontece em diferentes estágios:

Cristo, as primícias, é o primeiro estágio da ressurreição;
O segundo estágio consistirá daqueles que pertencerão a Cristo na sua vinda (1 Co 15:21-23). A ressurreição de Cristo é o começo da ressurreição como tal, e não um acontecimento isolado; é o começo da esperança escatológica.

O centro da teologia paulina está na justificação pela fé e na experiência mística de se estar em Cristo. Suas epístolas não são tratados teológicos nem produções literárias formais, e sim uma correspondência não-literária, viva, pessoal e escrita com profundos sentimentos às congregações cristãs, em sua maioria, fundadas por ele mesmo.


A VISÃO PAULINA DO MUNDO


Paulo refere-se ao kosmos em vários sentidos:

O universo – a totalidade de tudo o que existe: Rm 1:20; Ef 1:4; 1 Co 3:22; 8:4,5);
A terra habitada, a moradia do homem, o cenário da história (1 Tm 6:7; 1 Co 5:10b; Rm 4:13; 1:8; Cl 1:6; Ef 2:12);

A humanidade, a totalidade da sociedade humana que habita a terra (2 Co 1:12; 4:13; 1:27; Rm 3:19; 3:6; 11:15; 2 Co 5:19).

Ainda hoje se usa, com freqüência, a palavra mundo, muitas vezes no sentido de corrupção da sociedade. Bom, é um fato que em algumas situações não tem muito a ver. Por exemplo: Quando alguém diz que o fulaninho estava ouvindo música do mundo, nós entendemos que ele estava ouvindo música popular, mas de fato não faz muito sentido, pois todas as músicas são do mundo, ou seja, nossos compositores e cantores evangélicos são pessoas deste mundo também. Ou não? Os caras são apenas dotados de um dom especial. Eu não posso dizer, por outro lado, que os artistas populares compõem sob inspiração demoníaca. Eles também têm o mesmo dom. O que muda é o foco, a motivação, o objetivo, a experiência com Cristo ou não.

FONTES

O Novo Testamento: sua origem e análise
Merril C. Tenney
Edições Vida Nova

O Mundo do Novo Testamento
J.I. Packer, Merril C. Tenney e William White Jr.

Teologia do Novo Testamento
George Eldon Ladd
JUERP

Igreja? Tô Fora!
Ricardo Agreste