segunda-feira, 2 de março de 2009

GRUPOS DE VIDA: RELIGIÕES I


APRESENTAÇÃO

Olá, companheiros e companheiras. Em nossa última reunião de 2008, solicitei aos líderes presentes que pesquisassem junto aos seus grupos e me apresentassem sugestões de temas para 2009. Apenas o Grupo Graça e Paz atendeu a esse pedido, sugerindo o tema: Seitas, Religiões e Denominações. Assim, em cumprimento ao que foi dito naquela reunião, abordaremos esse tema (único sugerido) no primeiro trimestre 2009: fevereiro, março e abril.
Já de antemão, faço novo pedido aos senhores para que apresentem novas sugestões para o segundo trimestre.
Antes mesmo de entrarmos em conceitos e de falarmos um pouquinho sobre algumas religiões, quero alertá-los de que a proposta é evangelística e de não segregação das pessoas. Assim, começamos falando de um tema muito preocupante que é a intolerância religiosa, prática absolutamente contraditória em relação a liberdade de culto que há em nosso país e aos exemplos de Jesus Cristo, que sempre priorizou e amou as pessoas, independente de suas práticas.
Se tenho um vizinho praticante de qualquer outra religião diferente do Cristianismo evangélico e procuro manter distância dele por conta da diversidade religiosa existente entre nós, estou dizendo a ele, sem palavras, que o sacrifício de Cristo na cruz não o incluiu, estou dizendo que sou um cara tão perfeito, tão do bem, que não posso misturar-me com ele. Esse isolamento, queridos e queridas, em nada contribui para a aproximação dessa pessoa. Então, vamos rever nossos conceitos em relação a isso?
Bons encontros, bons debates e bom convívio com todos independente de religião.

1º ENCONTRO

Tolerância Religiosa Sim – Radicalismo Não

QUESTIONAMENTOS

1. Qual deve ser a postura do cristão evangélico diante das diversas religiões ou mesmo diante de outras denominações?

2. Pode o cristão contribuir com uma instituição filantrópica ligada a uma outra religião?

3. O que fazer para evangelizar uma pessoa sem agredir seus princípios religiosos?

4. Aspectos positivos e negativos da liberdade de culto prevista na Constituição Federal.

TEXTOS BÍBLICOS

“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos, porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão da luz com as trevas?”
Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor, não toqueis em cousas impuras, e eu vos receberei.” 2 Co 6:14,17

“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens.”
Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” 1 Tm 2:1,3,4

“Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens.” Rm 12:17

“Estamos orando a Deus para que não façais mal algum, não para que simplesmente pareçamos aprovados, mas para que façais o bem, embora sejamos tidos como reprovados.” 2 Co 13:7

“Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem sequer um...” Rm 3:9,10

COMENTÁRIOS

1. A “intolerância religiosa” não deve ser uma prática cristã.
O primeiro texto bíblico citado nesta lição declara não haver possibilidade de comunhão entre luz e trevas, mas não impede que haja comunicação entre as pessoas. É perfeitamente possível para um cristão conviver com um espírita, com um budista, etc.. sem praticar o culto dessas pessoas, ou seja, não haverá comunhão de culto, mas haverá diálogo, amizade, comunicação e, certamente, evangelização.
Quanto a outras denominações, devemos esquecer um pouco nossos costumes, nossas particularidades e priorizarmos o que temos em comum: a salvação em Jesus Cristo.

2. Fazer o bem é nosso dever; não há regras ou limitações para fazermos o bem. Fazer o bem está acima de qualquer outra coisa, inclusive, da própria religião. “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27). É claro que a prioridade são os “domésticos da fé”, mas isso não deve impedir que um cristão contribua com um centro de recuperação ou com um orfanato, por exemplo, pelo fato desta instituição está ligada à igreja católica ou a um grupo espírita.

3. Para evangelizar uma pessoa sem agredir seus princípios religiosos basta apresentarmos Jesus Cristo como Salvador e único mediador entre o homem e Deus. Assim, não precisamos nem devemos agredir os deuses das pessoas, basta apresentarmos o nosso Deus. Também é importante passarmos a idéia de que todo ser humano é falho, que tem tendência ao pecado e que nós não somos diferentes, não somos santos, perfeitos, reconhecemos nossos pecados, mas absorvemos o perdão de Cristo que pode perdoá-las também.

5. Constituição brasileira: artigo 5o

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

CONCLUSÃO
Assim como temos liberdade para professar nossa fé em Cristo, todos têm liberdade para professar sua fé. Dessa forma, a intolerância religiosa não deve ser uma prática cristã. Devemos sim, praticar o amor ao próximo acima de qualquer coisa, inclusive de sua prática religiosa.
No ano passado (2008), no Rio de Janeiro, um grupo de “evangélicos” invadiu e vandalizou uma casa de candomblé. Esse ano, também no Rio de Janeiro, um pai de santo estava arriando um ebó (fazendo um despacho) numa esquina, quando foi surpreendido por um grupo de evangélicos, que pararam o carro, desembarcaram e o agrediram com suas bíblias. Foi “biblada” de tudo quanto é jeito. Um episódio absolutamente infeliz, anticristão, lamentável, vergonhoso. O cidadão agredido precisou ir a um hospital e registrou queixa numa delegacia. Aliás, por conta dessas agressões, dessa intolerância religiosa desmedida, o governo criou uma agência, uma espécie de delegacia especializada em crimes de motivação religiosa, pois o estado precisa proteger todos os seus cidadãos. Comportamentos como esses não representam a postura do povo evangélico em geral. São ações isoladas de fanáticos religiosos, como aqueles que foram receber o Papa Bento VI, protestando contra sua presença no Brasil. Lamentável.


2º ENCONTRO


QUEM SOMOS?

Antes de qualquer coisa, somos cristãos. O Cristianismo sofreu várias divisões ao longo da sua história. Então, podemos identificar os seguintes grupos cristãos: Catolicismo Romano, Igreja Ortodoxa Oriental e Protestantismo. Dentro do Protestantismo (grupo resultante da reforma promovida por Martinho Lutero, em 1517, na Alemanha), que inclui as chamadas igrejas históricas (Luterana, Presbiteriana...), surgiram as igrejas evangélicas (Batista, Assembléia de Deus, Metodista, Congregacional e outras). Dentro desse grupo de igrejas evangélicas, surgiram as igrejas neo-evangélicas ou neo-pentecostais (Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja da Graça e outras), normalmente resultado de divisões ocorridas em igrejas maiores. Na prática, hipoteticamente falando, é assim: brigo com o companheiro Luciano e ao invés de me acertar com ele para que possamos continuar caminhando juntos, crio uma nova igreja, uma nova denominação, torno-me pastor desse novo grupo, imponho minhas idéias, dou o nome que quiser (Igreja Evangélica Isaquinho de Jesus), alegando que tive uma revelação e faço “concorrência” com minha igreja de origem, a PIB-Unamar.
A Igreja Ortodoxa Oriental, o Catolicismo Romano e o Protestantismo , as três grandes ramificações da religião cristã, têm muito em comum quando comparadas com outras religiões, filosofias espirituais e visões de mundo, pois constituem uma grande religião, o Cristianismo. A mesma coisa acontece, por exemplo, com o Islamismo, também dividido em vários grupos (sunitas, xiitas, talibães).
Apesar das muitas diferenças observadas nesses grupos cristãos, e das diversas visões de mundo, toda a cristandade tem algo em comum relacionado a Deus, sendo neste sentido “um só espírito”. É claro que existem muitas diferenças nas formas de culto. Os nossos irmãos católicos, por exemplo, incluem na sua liturgia o culto a Maria, prática repudiada pelo grupo protestante /evangélico, que vê em Maria uma pessoa importantíssima para o Cristianismo e para a história da humanidade, todavia não digna de adoração. A mesma coisa podemos dizer das imagens veneradas pelos companheiros católicos, prática da qual discordamos.
É bom que se registre aqui que os “santos” católicos, de um modo geral, são do bem. Entre eles, podemos citar os evangelistas (Matheus, Marcos, Lucas e João), o apóstolo Paulo e tantos outros, como Francisco de Assis, Teresa d’Ávila, enfim, todos do bem. Nenhum deles, em vida, aceitaria alguma forma de culto e todos lutaram pela causa do evangelho, como a Madre Teresa de Calcutá, uma belezura de pessoa. O Vaticano é que resolveu santificá-los, eles não têm nada a ver com isso.

O TERMO “EVANGÉLICOS”
O termo evangélico é muito discutido e contestado quanto a sua essência. Na acepção mais ampla possível é sinônimo de cristão, uma vez que o cristianismo é centrado no Evangelho e não na lei. Assim, qualquer igreja, organização ou pessoa que proclama fielmente o Evangelho é “evangélica”. Num sentido mais restrito, evangélico é quase sinônimo de protestante e designa a forma de cristianismo (igreja ou denominação) não católico-romano ou ortodoxo oriental, firmado a partir da Reforma.
Os evangélicos destacam-se de outros cristãos pela ênfase na importância do “relacionamento pessoal com Jesus Cristo”, pela experiência de conversão (arrependimento, fé e vida diária no discipulado de Cristo), envolvendo oração, leitura da Bíblia e busca da ajuda de Deus para imitar o Salvador.

NEM TUDO É O QUE PARECE

Nem tudo que se rotula cristão é autenticamente cristão. É preciso destacar e articular as diferenças entre o cristianismo da grande tradição em todas as suas variações e o cristianismo falsificado que promove um “evangelho” diferente que inclui destacados ensinos e doutrinas incompatíveis com o Evangelho de Jesus Cristo e a grande tradição cristã.
Para muitos , o que faz “sentir bem” e “proporciona conforto” passa a ser o critério principal pelo qual os cristãos decidem em que acreditar e como praticar sua espiritualidade. A igreja, nesse caso, torna-se um grupo de apoio em vez de ser portadora comunitária da tradição que valoriza a verdade.

Pesquisadores norte-americanos de opinião constataram que cerca de 22% dos americanos adultos acreditam em reencarnação, o que, necessariamente, inclui muitas pessoas que se consideram cristãs. Questionadas como conciliam a reencarnação com a doutrina cristã tradicional da ressurreição do corpo claramente ensinada no Novo Testamento e defendida pelos principais pais da igreja e reformadores, muitas dessas pessoas ficam confusas com a pergunta, ou seja, noções completamente incompatíveis são combinadas numa “sopa de espiritualidade experimental”. Isso não é diferente do que acontece no Brasil.

Por outro lado, muitos cristãos, graças a Deus, possuem mentes questionadoras e esperam aprender as doutrinas cristãs históricas em toda a sua unidade e diversidade, bem como ter liberdade para decidir por si próprios, sob a orientação de Deus, e em conjunto com uma comunidade de fé, em que devem crer.

Acabou aquele tempo (ainda bem) em que a maioria das pessoas aceitavam uma doutrina só porque era tradicional. Estamos em um novo tempo, no qual muitos cristãos desejam saber o que a fé cristã histórica diz a respeito de convicções sobre Deus e eles próprios, uma vez que há muitas interpretações no cristianismo, e assim precisam saber como lidar com tudo isso.

De acordo com alguns sociólogos da religião, o cristianismo, atualmente, corre o perigo de tornar-se uma “religião popular”.

As principais características de uma religião popular são:

· Ausência de reflexão sobre as implicações intelectuais de experiências de revelação e a incapacidade de integrar essas experiências com outras esferas da vida. Isso significa dizer o seguinte: o cabra não quer refletir, pensar, entender até que ponto uma revelação faz sentido. Ele limita-se a reproduzir como um papagaio religioso aquilo que ouviu dizer. Esse cara, muitas vezes, não tem uma experiência pessoal com Deus para compartilhar, então acaba citando experiências de outros. O sujeito é capaz de ler aquele texto lindo sobre o amor, na epístola aos coríntios, dizer que entendeu, mas recusar-se a ajudar uma pessoa necessitada, ou seja, ele “entende”, mas não consegue praticar.

· Pessoas que tiveram experiências semelhantes e se reúnem em pequenas células. Essas criaturas tiveram sonhos, revelações ou experiências “sobrenaturais” comuns e resolvem que vão formar um novo grupo independente. A igreja de origem já não é legal, pois não alimentou o “devaneio”.

· Valorizam-se mais os sentimentos, a emoção do que o intelecto, e clichês e slogans de letras de músicas tomam o lugar de afirmações doutrinais coerentes e elaboradas. Posso dizer com segurança que o conhecimento da maioria de nosso povo vem de ouvir sermões e de letras de música. A desgraçada da teologia da prosperidade ocupa muitos louvores, que o nosso povo canta e acha o maior barato, muitos enfatizando o termo inimigo como sinônimo de pessoas praticantes de outras religiões ou simplesmente de não-evangélicos. Não é à toa que temos presenciado agressões a outros grupos religiosos.

· Preferem as experiências subjetivas. Isso tem acontecido em muitas igrejas, onde tudo se resolve a partir de supostas revelações e não com base na Bíblia.

CONCLUSÃO

Precisamos travar uma luta para que o Cristianismo não se torne uma religião popular, para que seus praticantes se disponham a pensar, que apliquem seu aprendizado bíblico no dia-a-dia, que façam parte de uma igreja local e não de um grupinho onde todos foram ao monte e viram um gravetinho pegando fogo, por exemplo, que baseiem o seu conhecimento principalmente na leitura da Bíblia, e não exclusivamente em sermões ou letras de música, que tenham experiências pessoais com Deus, mas que valorizem acima de tudo o culto racional recomendado no Novo Testamento. Agindo assim, viveremos o Cristianismo como uma filosofia de vida e não como uma experiência egoísta, onde recebemos tudo do bom e do melhor em detrimento do sofrimento dos não-evangélicos, onde não podemos adoecer porque somos cristãos (que adoeçam os outros), onde a fé é provada através da riqueza e não da singeleza de coração. Dane-se a teologia da prosperidade. Ninguém merece!


3º ENCONTRO

RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS

RELIGIÃO – Crença na existência de forças ou entidades sobre-humanas responsáveis pela criação e ordenação do universo. Forma particular que essa crença assume a partir de cada uma das diversas doutrinas formuladas. Sistema organizado de crenças e práticas.

SEITA - doutrina ou sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos; facção, partido.

HERESIA - é uma convicção errada que solapa gravemente uma dimensão crucial do próprio Evangelho e precisa ser negada e rejeitada. Uma heresia pode até provocar um racha, a criação de uma seita, mas também pode conviver disfarçadamente dentro do grupo religioso por muito tempo, como é o caso da teologia da prosperidade. Nos escritos de Paulo e de Pedro, por exemplo, é comum a preocupação desses companheiros com o surgimento de heresias dentro da própria igreja, como a turma que defendia que Cristo não veio em carne ou que não ressuscitou. A pior heresia não é aquela que vem de fora, mas aquela que surge dentro da própria comunidade.

DOUTRINA - é uma convicção religiosa relativamente complexa. Uma doutrina desenvolve-se a partir de convicções examinadas, ponderadas e afirmadas como verdadeiras formalmente pela comunidade organizada de crentes. Jamais pode ser baseada num único texto.
Ex.:” Creio na doutrina da Trindade.”

O credo apostólico começa assim: “Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.” Assim, podemos dizer que a doutrina da Trindade foi desenvolvida pela igreja antiga, com base na Bíblia, para explicar e proteger as convicções professadas no credo apostólico.

DOGMA – é uma doutrina obrigatória que não pode ser questionada sem conseqüências graves. Por exemplo, é inviável que alguém se considere cristão e não aceite o dogma da ressurreição de Cristo.

ENTENDENDO MELHOR

Vamos tentar entender, na prática, todos esses conceitos extraídos de dicionários. É assim:

O Cristianismo é uma religião. Todos nós, cristãos (católicos, ortodoxos ou protestantes / evangélicos) acreditamos em um mesmo Deus, respeitadas as particularidades de cada grupo. O Cristianismo veio do Judaísmo, uma outra religião. Jesus era judeu e não cristão. Pois bem, Jesus ensinou coisas diferentes do judaísmo fundamentalista. Assim, os ensinamentos de Jesus, que era um judeu, acabou formando um novo grupo. Embora esse grupo se reunisse na sinagoga (local de culto e estudos dos judeus), seus ensinamentos eram diferentes dos ensinamentos do judaísmo. Pois bem, com o passar do tempo, os dois grupos não conseguiram mais conviver. Esse novo grupo, então, teve que sair da sinagoga e procurar outros locais para suas reuniões. Houve, então, um racha, uma divisão do judaísmo. O novo grupo foi chamado de cristão (seguidor de Jesus Cristo). Então, naquele momento, o Cristianismo foi uma seita. “E pediu-lhes cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém” (At 9:2). Muito bem: o Cristianismo alicerçou sua fé, estabeleceu suas crenças, construiu todo um conjunto de doutrinas a partir da Bíblia e dos ensinos dos pais da igreja (os fundadores). O tempo passou. Dentro do Cristianismo foram aparecendo diversas heresias disseminadas por diversas pessoas ou por diversos grupos. Em 1517, um padre chamado Martinho Lutero estava absolutamente insatisfeito com o rumo que a igreja cristã estava tomando. Ele propôs uma reforma. Essa reforma deu origem a Igreja Luterana. Estava criado então um novo grupo dentro da igreja.
Naquele momento, o Protestantismo era uma seita cristã, uma divisão de um grupo maior.
E aí? Está claro então a diferença entre uma religião e uma seita?
Não? Então vamos ver outro exemplo:
O Islamismo é uma religião criada em 610 d.C. , por Maomé. Essa religião solidificou-se no mundo árabe. Hoje, dentro dessa religião, existem vários grupos defendendo coisas diferentes, todavia mantendo a crença em Alá como algo comum. Esses grupos constituem as seitas islâmicas, como os xiitas, os sunitas e os talibães.
Outro exemplo: O Judaísmo é uma religião. Nos dias de Cristo, havia vários grupos dentro dessa religião, ou seja, várias seitas, sendo as principais, naquele momento, os fariseus e os saduceus.

AS DENOMINAÇÕES EVANGÉLICAS

Pois bem, já vimos que somos todos cristãos (católicos, ortodoxos e protestantes / evangélicos). As igrejas católicas habitualmente recebem o nome do seu santo padroeiro, como por exemplo, a igreja de São Judas Tadeu. As igrejas evangélicas tradicionais recebem um nome específico de acordo com as crenças e as práticas daquele grupo, como Igreja Batista, Assembléia de Deus e por aí vai. As igrejas neo-evangélicas independentes são aquelas que não fazem parte de uma rede, são únicas, como por exemplo: Igreja Pentecostal Deus de Maravilhas, e milhares de outras.

MIGRAÇÃO ENTRE RELIGIÕES

Boa parte do nosso povo evangélico teve alguma experiência em uma outra religião e um dia, alcançados pelo evangelho, converteram-se a Cristo, tornando-se membro de uma igreja evangélica. Entendemos isso como um processo normal, mas nos escandalizamos quando alguém deixa uma igreja evangélica e torna-se católico ou praticante de algum culto afro-brasileiro, por exemplo. Por que será que isso acontece?


4º ENCONTRO



O ISLAMISMO

“Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa... Mas, como então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que era segundo o Espírito, assim é também agora”. (Gl 4:22, 23, 29)

O Islamismo é um sistema que envolve todos os aspectos da vida (religioso, político, social, jurídico e cultural). Seus adeptos são conhecidos como muçulmanos. Não existe a idéia que nós temos da separação entre a Igreja e o Estado. É a segunda religião do mundo em número de adeptos, estando à sua frente apenas o Cristianismo.
Nem todos os árabes são muçulmanos e nem todos os muçulmanos são árabes. Os árabes são descendentes de Ismael, filho de Abraão com a concubina egípcia Agar (Gn 6:15; 16:4-11; 21:8-13,18; 17:20.
Segundo os muçulmanos, o filho da promessa não foi Isaque, e sim Ismael, e Abraão ofereceu Ismael e não Isaque, no monte Moriá. Diferente disso, registra o apóstolo Paulo (Gl 4:28): “Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque”.
Islamismo vem da palavra árabe islão, que significa submissão, uma referência a obediência a sua divindade Alá.

QUEM FOI MAOMÉ

O Islamismo foi fundado por Mohammed (Maomé), nascido em 570 d.C.. Seu pai faleceu antes do seu nascimento, e sua mãe, quando ele tinha seis anos de idade. Vai morar com o avô, que morre dois anos mais tarde. Depois disso, fica aos cuidados de um dos seus tios.
Aos 20 anos, vai trabalhar para uma viúva rica (Khadidja), cerca de 15 anos mais velha, com quem se casa aos 25 anos de idade. Esse casamento trouxe a Maomé bens materiais e projeção social. Teve dela alguns filhos, que morreram muito cedo, e quatro filhas.
Em 610, aos 40 anos, afirma ter recebido revelações de Deus, no monte Hira. O sucesso da pregação de Maomé foi, inicialmente, pequeno. Sua esposa foi a primeira convertida. Por volta de 613 contou sua visão para seu primo Ali e aos demais coraixitas (sua tribo). Em 622 d.C., Maomé recebeu um convite para mudar-se para Medina, cerca de 250 km ao norte de Meca, a fim de servir como líder e árbitro nas questões existentes entre muçulmanos, pagãos e judeus que ali moravam. Somando isso à resistência do povo à sua pregação, emigrou para Medina. Essa fuga foi chamada de Hégira e tornou-se o início do calendário islâmico. Depois retornou para Meca com um exército e impôs a sua religião pela espada.
Maomé morreu em 8 de junho de 632 e não deixou descendente do sexo masculino e nem designou ninguém como sucessor. Quando liderava a religião, ele mesmo era chefe do estado, do exército, legislador e juiz. Os três primeiros sucessores são chamados de califas ortodoxos. A palavra califa significa sucessor.

FONTE DE AUTORIDADE / REGRA DE FÉ

Os muçulmanos crêem que a Bíblia não é o texto original da Lei, dos Salmos e dos Evangelhos. Sustentam que judeus e cristãos corromperam e mudaram o original, acrescentando os ensinos sobre a divindade de Jesus e sua filiação divina, o conceito de Trindade, a crucificação e a doutrina da expiação.
O livro sagrado para os muçulmanos é o Alcorão (quran = recitação + o artigo Al). Segundo a tradição islâmica, Alá, através do anjo Gabriel, recitou para Maomé, ao longo de 23 anos, o conteúdo de uma tábua conservada no céu.
O Alcorão é constituído de 114 capítulos (suras), organizado de forma que os capítulos vão diminuindo de tamanho à medida que vai avançando.
Maomé tinha pouca familiaridade com a Bíblia, por isso há problemas históricos e teológicos no Alcorão. Ele se utilizou de várias fontes: Velho Testamento, apócrifos, o Talmude e muitas lendas orientais. Numerosos relatos bíblicos são recontados no Alcorão. A sura 5 relata o assassinato de Abel, misturando com lendas talmúdicas, quando afirma que um corvo desenterrou o seu cadáver.
Diz o Alcorão que Miriã, irmã de Moisés e Arão, é a mesma Maria, mãe de Jesus (Alcorão 3:35; 19:28). Bom, entre Miriã e Maria há um período de mais ou menos 1.200 anos.
O Alcorão também diz que um dos filhos de Noé não entrou na arca (Alcorão 11:32-48). Compare isso com o registro de Gênesis 6:10; 7:7 e 9:18,19).
Considerando que a Bíblia contradiz o Alcorão e vice-versa, não podem os dois originarem-se da mesma fonte.

TEOLOGIA MUÇULMANA
Segundo Maomé, existiu um profeta para cada época, começando por Adão e terminando nele. A tradição islâmica diz que existiram 120 mil profetas e que para cada um deles foi dado um livro sagrado. Todos se perderam, exceto três: o da Lei, dado a Moisés; o dos Salmos, dado a Davi e os Evangelhos, dado a Jesus. Dessa forma, Jesus seria apenas mais um profeta.
Maomé é considerado o “Selo dos Profetas”, o último e o maior deles.
Os muçulmanos crêem que Deus criou todos os anjos e que a maioria deles são maus e são chamados “ginn”, de onde vem a palavra “gênio”. Miguel é considerado o anjo-patrono dos judeus e Gabriel seria o anjo que trouxe o Alcorão. Cada ser humano tem dois anjos-ombros: um escrevendo suas boas obras, e outro, as más. Satanás (Iblis ou Shitan) foi desobediente. Deus ordenou-lhe que adorasse a Adão e ele se recusou. Bom, nesse caso, Satanás estaria certo, pois somente Deus deve ser adorado.
A salvação é pelas obras. As obras de todas as pessoas serão pesadas numa balança. Se as boas superarem as más, tal pessoa irá para o paraíso. Os mártires irão todos para o paraíso. O conceito de paraíso é bem sensual. O inferno é para os não-muçulmanos. Muitos muçulmanos aceitam a existência do purgatório numa boa.

ALÁ ou JEOVÁ

O nome Alá aparece na Bíblia árabe e isso leva os muçulmanos e muitos cristãos a acreditarem que Alá é a forma árabe do Deus Jeová de Israel, revelado na Bíblia. Deve-se levar em conta, no entanto, que a primeira tradução da Bíblia para o árabe aconteceu por volta do ano 900 d.C., época em que o nome “Alá” já era empregado para Deus em todas as terras árabes. Os tradutores, temendo represálias por parte dos muçulmanos radicais, num mundo em que a força política dominante era muçulmana, registraram como Alá a divindade cristã. Um outro argumento que reforça a idéia de que se trata de divindades diferentes é o fato de o Deus da Bíblia ser uma trindade, o que não acontece com Alá. Declaram que Alá é uno, e não tem companheiros nem ninguém que lhe seja igual. Reconhecem Jesus como um profeta abaixo de Maomé, não como filho de Deus: “Por que Deus teria tomado a si um filho? Exaltado seja! Quando decreta algo, basta-lhe dizer: ‘sê!’ para que seja.” (Alcorão 19:35). Também não aceitam a morte de Cristo como meio de salvar a humanidade, aliás, nem mesmo aceitam que tenha morrido crucificado. Alguns muçulmanos chegam a ensinar que Jesus foi pregado na cruz sim, mas não morreu lá. Então realmente não foi crucificado. Ele desmaiou, foi retirado naquele estado e recuperou-se no túmulo com a ajuda das mulheres. “...e por terem dito: matamos o messias, Jesus, o filho de Maria, o mensageiro de Deus, quando, na realidade, não o mataram nem o crucificaram; imaginaram apenas tê-lo feito. E aqueles que disputam sobre ele estão na dúvida acerca de sua morte, pois não possuem conhecimento certo, mas apenas conjecturas. Certamente, não o mataram.” (Alcorão 4:157)


5º ENCONTRO


O ISLAMISMO – parte II


OS PILARES DO ISLAMISMO

1. Testemunho ou confissão (Shahadah) - Dizer que não existe outro deus além de Alá, e afirmar que Maomé é o mensageiro de Deus, faz da pessoa um muçulmano. Isto é recitado no ouvido do recém-nascido, no ouvido da pessoa que está morrendo, e o fiel acumula mérito cada vez que recita essa confissão. Nas orações diárias, repete-se essa confissão mais de 30 vezes;

2. Orações formais (salat) – Devem ser feitas cinco vezes ao dia: ao amanhecer, ao meio dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol, e à noite, em algum momento antes de se deitar. O salat requer prostrar-se, tocando a testa no chão. O dia sagrado islâmico é a sexta-feira, quando se reúnem nas mesquitas para suas preces. O fiel precisa orar posicionado em direção a Meca.

3. Dar esmolas ou fazer caridades (zakat) – Existe uma escala proporcional para isso: 2,5% das suas entradas financeiras, 5% dos produtos agrícolas, 10% de todos os bens importados. Isso pode ser dado aos pobres ou para causas religiosas, incluindo a Guerra Santa muçulmana (Jihad). Existe muita controvérsia sobre quem deve coletar essas ofertas.

4. O mês de jejum (Saoum) – É no mês lunar do Ramadã. O jejum dura de 29 a 30 dias. Jejua-se somente durante o dia. Não se deve comer nem beber desde o nascer até o pôr-do-sol. Do pôr-do-sol até o nascer, pode-se comer a vontade. Nesse período, a leitura diária do Alcorão é obrigatória. Viajantes, mulheres grávidas ou menstruadas, crianças e enfermos ficam isentos do jejum.

5. A Peregrinação (Hajj) – É obrigatória a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida. Uma vez lá, é necessário cumprir as seguintes obrigações: caminhar sete vezes ao redor da ka’aba, vestir roupas especiais para a ocasião, apedrejar Satanás, relembrar a busca de Agar por água, viver em tendas nas planícies de Arrasta e beijar ou tocar a pedra negra na parede da Ka’aba. Os que não são muçulmanos estão proibidos de entrar nas áreas santas das cidades de Meca e Medina. Jerusalém é a terceira cidade sagrada para os muçulmanos, pois acreditam que do Monte do Templo, Maomé foi para o céu montado em seu cavalo.

A guerra santa (Jihad) – A maioria absoluta dos muçulmanos é composta por gente de bem, de boa índole e que não aceita a jihad como sendo o sexto pilar do Islamismo, idéia defendida pelos grupos extremistas. Ao pé da letra, jihad significa empenho. Assim, qualquer empenho no sentido de propagar a fé islâmica com os recursos da educação, da tecnologia e outros recursos intelectuais podem se adaptar nessa palavra. Além disso, o Alcorão diz: “Não há imposição quanto a religião” (Alcorão 2:256), sendo que no verso 216 desse mesmo capítulo, a jihad aparece como incursão militar mesmo: “Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora a repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe e vós ignorais.” Assim, Maomé tornou a jihad obrigatória para todos os muçulmanos.
Ao longo de sua história, muitas conquistas islâmicas foram alcançadas pela força da espada. “Mas quando os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é indulgente, misericordiosíssimo” (Alcorão 9:5). Já na sura 5:33, a recomendação é para que amputem os braços e as pernas dessas pessoas. Os grupos islâmicos radicais levam isso ao pé da letra.
Segundo entendimento do islã, quando um muçulmano morre, ele só vai para a presença de Alá no dia do juízo, porém os guerreiros de Alá que morrerem na guerra santa contra os infiéis vão imediatamente para a sua presença. Assim, o que empolga os radicais é que morrendo numa ação terrorista vão imediatamente para o paraíso-harém do Alcorão. Esse paraíso tem um conceito carnal de um harém com mulheres bonitas. É um paraíso sensual, no qual existem muitas lindas virgens de olhos negros para cada homem. Existem rios, árvores frutíferas e perfumes no paraíso.
Aos homens-bombas é prometido um encontro imediato com Alá e setenta e duas virgens para cada um. Além disso, o islã assume a família do morto.


Resumo de um sermão proferido pelo cheikh Abdel Áti Hussein Abdel Rázik, traduzido pelo professor Samir El Hayek: 30.12.2004 – extraído do site www.alcorão.com.br:

Entre o Cristianismo e o Islam

“Louvado seja Allah. Nós Lhe agradecemos e buscamos a sua ajuda e diretriz. Buscamos refúgio junto a Ele quanto aos malefícios das nossas almas e as maldades das nossas ações. Àquele a quem Allah encaminhar, ninguém o pode desviar, e quanto àquele a quem desviar, ninguém pode pô-lo no caminho certo. Presto testemunho de que não há outra divindade além de Allah, único, sem parceiros. Presto testemunho de que Mohammad é o seu servo e mensageiro.
Caros muçulmanos:
Allah descreveu a Jesus como servo de Allah e Seu mensageiro, dizendo: ‘O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão somente um mensageiro de Allah e o Seu Verbo, que Ele enviou a Maria, e um Espírito d’Ele’ (4:171. Vemos também que a divinização de Jesus é uma blasfêmia manifesta. Allah diz: ‘São blasfemos aqueles que dizem: Allah é o Messias, filho de Maria’ (5:17). No Evangelho de São Mateus, 12:29-30, temos: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, é o Único Senhor! Amarás, pois o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.’ O Alcorão Sagrado confirma a crença de Jesus em Allah e o seu apelo a seu povo ao dizer: Ó israelitas, adorai a Allah, Que é o meu Senhor e vosso’ (5:72). Em Mateus 4:10, lemos: ‘Ao senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto.”
De acordo com o que lemos acima, concluímos que Jesus é um profeta puro e casto, a exemplo de todos os outros profetas. Porém, apesar de tudo, ele é humano. O Alcorão nos diz: ‘O exemplo de Jesus, ante Allah, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! E foi” (3:59).
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Apesar disso, alguns ensinamentos cristãos parecem, às vezes, muito rigorosos. Dizem que Jesus disse: ‘Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.’ (Mateus 5:39-41). Entende-se disso que Jesus disse isso para mudar o espírito de rigor com que o seu povo ficou conhecido. Porém, isso não pode ser considerado uma lei moral em todas as circunstâncias. O Islã proclama a aplicação da lei contra o mal, onde ele se manifestar.
O Islã e o Cristianismo acreditam que Jesus anunciou a vinda de Mohammad, no Alcorão: ‘... e o anúncio de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad!’ (61:6), e no Evangelho, disse: ‘Quer credes em mim quer não, virá o paráclito’, ou seja, Mohammad.
Assim, concluímos que os muçulmanos crêem em Jesus como um dos profetas de Allah, respeitam-no da mesma forma que respeitam o profeta Mohammad, porque não fazem distinção entre nenhum dos mensageiros de Allah. Por isso, os cristãos devem também crer na mensagem do Islã e no Profeta Mohammad. Quem não fizer isso, sua crença estará defeituosa.”


6º ENCONTRO


O JUDAÍSMO

Judaísmo é o nome dado à religião do povo judeu, a mais antiga das três principais religiões monoteístas (as outras duas são o Cristianismo e o Islamismo).
Surgido da religião mosaica, o judaísmo, apesar de suas ramificações, defende um conjunto de doutrinas que o distingue de outras religiões: a crença monoteísta em Jeová. Dentro da visão judaica do mundo, Deus é um criador ativo no universo e que influencia a sociedade humana, na qual o judeu é aquele que pertence a uma linhagem que tem um pacto eterno com este Deus.
Ao contrário do que possa parecer, um judeu não precisa seguir necessariamente o judaísmo, ainda que o judaísmo só possa ser necessariamente praticado por judeus. Hoje o judaísmo é praticado por cerca de quinze milhões de pessoas em todo o mundo e não é uma religião de conversão. Alguns ramos do judaísmo defendem que no período messiânico todos os povos reconhecerão YHWH como único Deus e submeter-se-ão à Torá.
A visão histórica e bíblica mostram que esta religião mosaica não era única e exclusiva. Durante todo o período pré-exílio as fontes nos informam que os israelistas serviam a diversas outras divindades, como po exemplo, Baal.
A hierarquia e os rituais de culto mosaico foram firmemente estabelecidos com a monarquia, quando foram elaboradas as regras do sacerdócio e estabelecidos os padrões do culto com a construção do Templo de Jerusalém. Este novo local de culto, substituto do antigo Tabernáculo portátil de Moisés, serviu como centro da religião judaica ,ainda que em meio a outros cultos estrangeiros.
O cristianismo teria surgido como uma ramificação messiânica do judaísmo, no século I d.C. Após o cisma que levou à separação entre judaísmo e cristianismo, o cristianismo desenvolveu-se separadamente, e também foi perseguido pelo Império romano. Com a adoção do cristianismo como religião do império, no século IV, a tendência a querer erradicar o paganismo e a visão do judaísmo como uma religião que teria desprezado Jesus Cristo, levou a um constante choque entre as duas religiões, onde a política de converter judeus à força levava à expulsão, espoliação e morte, caso não fosse aceita a conversão. Esta visão antijudaica era compartilhada tanto pelo catolicismo, quanto pelo Protestantismo.
Os judeus e diversas minorias tornaram-se vítimas de diversas acusações e perseguições por parte dos cristãos. A conversão ao judaísmo foi proibida pela Igreja, e as comunidades judaicas foram relegadas à marginalidade em diversas nações, ou expulsas. O judaísmo tornou-se então uma forma religiosa de resistência à dominação imposta pela Igreja, desenvolvendo algumas das doutrinas exclusivistas de muitas tradições judaicas atuais.
Com o surgimento do islamismo, no século VII, d.C. e sua rápida ascensão entre diversas nações, inicia-se a relação deste com o judaísmo, caracterizado por períodos de perseguição e outros de paz, no qual deve-se enfatizar a era de ouro no judaísmo na Espanha mulçumana.
Doutrinas do judaísmo
Monoteísmo
O príncipio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de YHWH como Deus e criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o universo, e que não pode ser limitado de forma alguma. A afirmação da crença monoteísta manifesta-se na profissão de fé judaica conhecida como Shemá. Assim, qualquer tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, sendo proibido seguir ou oferecer prece à outro que não seja YHWH.

A Revelação

O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu manifesta através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e caraítas também aceitam que homens através da história judaica foram inspirados pela profecia.
A profecia, dentro do judaísmo, não tem o caráter exclusivamente “adivinhatório” como assume em outras religiões, mas manifestava-se na mensagem da Divindade para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de advertência, julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta profecia tem um lugar especial desde o príncipio do mosaísmo, seguindo pelas diversas escolas de profetas posteriores (que serviam como conselheiros dos reis) e tendo seu auge na época dos dois reinos. Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se na época do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto, o judaísmo reconheceu diversos profetas durante a época do Segundo Templo, e durante o posterior período rabínico.
Conceitos de vida e morte
O entendimento dos conceitos de corpo, alma e espírito no judaísmo varia conforme as épocas e as diversas seitas judaicas. O Tanach (conjunto das sagradas escrituras judaicas) não faz uma distinção teológica destes, usando o termo que geralmente é traduzido como alma (néfesh) para se referir à vida e o termo geralmente traduzido como espírito (ruakh) para se referir à fôlego. Deste modo, as interpretações dos diversos grupos são muitas vezes conflitantes, e muitos estudiosos preferem não discorrer sobre o tema.
Ressurreição e a vida além-morte
O Tanach, excetuando alguns pontos poéticos e controversos, jamais faz referência a uma vida além da morte, nem a um céu ou inferno, pelo que os saduceus posteriormente rejeitavam estas doutrinas. Porém após o exílio em Babilônia, os judeus assimilaram as doutrinas da imortalidade da alma, da ressurreição e do juízo final, e constituíam em importante ensino por parte dos fariseus.
Nas atuais correntes do judaísmo, as afirmações sobre o que acontece após a morte são postulados e não afirmações, e varia-se a interpretação dada ao que ocorre na morte e se existe ou não ressurreição. A maioria das correntes crê em uma ressurreição no mundo vindouro (Olam Habá), incluindo os caraítas, enquanto outra parcela do judaísmo crê na reencarnação, e o sentido do que seja ressurreição ou reencarnação varia de acordo com a ramificação.
Quem é considerado judeu
A lei judaica considera judeu todo aquele que nasceu de mãe judia ou se converteu. Algumas ramificações como o Reformismo e o Reconstrucionismo aceitam também a linhagem patrilinear, desde que o filho tenha sido criado e educado em meio judaico.
Um judeu que deixe de praticar o judaísmo e se transforme num judeu não-praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite os princípios de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu.
No entanto, se um judeu se converte a outra religião, como o budismo ou o cristianismo, ou ainda, que se afirma judeu messiânico (ramificação protestante que defende Jesus como o messias para os judeus) perde o lugar como membro da comunidade judaica tradicional e transforma-se num apóstata. Segundo a tradição, a sua família e amigos tomam luto por ele, pois para um judeu abandonar a religião é como se morresse (nem sempre isto ocorre, mas a pessoa é tida como alguém não pertencente à comunidade) Esta pessoa, caso pretenda retornar ao judaísmo, não precisa se converter, de acordo com a maior parte das autoridades em lei judaica.
As pessoas que desejam se converter ao judaísmo devem aderir aos príncipios e tradições judaicas. Os homens têm de passar pelo ritual do brit milá (circuncisão). Qualquer converso tem de passar ainda pelo ritual da mikvá ou banho ritual. Os judeus ortodoxos reconhecem apenas conversões feitas por seus tribunais rabínicos, seja em Israel ou em outros locais. As comunidades reformistas e liberais também exigem a adesão aos princípios e tradições judaicos, o brit milá e a mikvá, de acordo com os critérios estipulados em cada movimento.

7º ENCONTRO

O JUDAÍSMO - parte II

Ciclo de vida judaico

Brit milá - As boas-vindas dos bebês do sexo masculino à aliança através do ritual da circuncisão.
Zeved habat - As boas-vindas dos bebês do sexo feminino na tradição sefardita.
B'nai Mitzvá - A celebração da chegada de uma criança à maioridade, e por se tornar responsável, daí em diante, por seguir uma vida judaica e por seguir a halakhá.
Casamento judaico
Shiv'á - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se shiv'á; a segunda (observada durante um mês) chama-se sheloshim e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a avelut yod bet chódesh, que é observada durante um ano.
Sinagoga
A sinagoga é o local das reuniões religiosas da comunidade judaica, hábito adquirido após a conquista de Judá pela Babilônia e a destruição do Templo de Jerusalém. Com a inexistência de um local de culto, cada comunidade desenvolveu seu local de reuniões, que após a construção do Segundo Templo tornou-se os centros de vida comunitária das comunidades da Diáspora. Na estrutura da sinagoga, destacam-se o rabino, líder espiritual dentro da comunidade judaica e o chazan (cantor litúrgico).

Crença messiânica e escatologia judaica

Escatologia judaica refere-se às diferentes interpretações dadas aos temas relacionados ao futuro. Ainda que se acreditarmos na Torá, este tema não seja tão desenvolvido no judaísmo primitivo. Após o retorno do exílio em Babilônia, desenvolveu-se baseado no profetismo e no nacionalismo judaico conceitos que iriam formar a base da escatologia judaica. Entre estes temas principais, podemos nomear os conceitos sobre o Messias e o Olam Habá (mundo vindouro) no qual todas as nações submeter-se-iam a YHWH e a Torá e na qual Israel ocuparia um lugar de destaque.
Dentro do judaísmo, a doutrina do Messias é um assunto que pode variar de um grupo para outro. Historicamente, diversos personagens foram chamados de Messias, do hebraico ungido, que não assume o mesmo sentido habitual do cristianismo como um "ser salvador e digno de adoração" . Nem mesmo o conceito de Messias aparece na Torá, e por isso mesmo recebe interpretações diferentes de acordo com cada ramificação.
A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu, filho de um homem e de uma mulher (em algumas ramificações é considerado que viria da tribo de Yehudá e da descendência do rei David, uma herança do sentimento nacionalista que regulou a vida judaica pós-exílio), que reinará sobre Israel, reconstruirá a nação, fazendo com que todos os judeus retornem à Terra Santa, e unirá os povos em uma era de paz e prosperidade sob o domínio de YHWH.
Algumas ramificações judaicas (reformistas) crêem no entanto que a era messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão, por isso, particular importância ao conceito de "tikkun olam", "reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de atos que conduzam a um mundo socialmente mais justo.

Judaísmo e Cristianismo

Apesar do Cristianismo defender uma origem judaica, o judaísmo considera o cristianismo uma religião pagã. Apesar da existência de judeus convertidos ao Cristianismo e outras religiões, não existe nenhuma forma de judaísmo que aceite as doutrinas do Cristianismo, como a divindade de Jesus ou a crença em seu caráter messiânico. Algumas ramificações tentaram ver Jesus como um profeta ou um rabino famoso, mas hoje esta visão também é descartada pela maioria dos judeus.
Desde o Holocausto, deram-se muitos passos no sentido da reconciliação entre alguns grupos cristãos e o povo judeu.
Judaísmo e islamismo
O islamismo toma diversas de suas doutrinas do judaísmo, sendo que as duas religiões mantêm seu intercâmbio religioso desde a época de Maomé, com períodos de tolerância e intolerância de ambas as partes. É especialmente significativo o período conhecido como Idade de Ouro da cultura judaica, entre 900 a 1200, na Espanha mulçumana. Também deve enfatizar-se o atual conflito entre parte da população muçulmana e os judeus devido à questão do controle de Jerusalém e outros pontos políticos, históricos e culturais.
O islã reconhece os judeus como um dos povos do Livro, apesar de acreditarem que os judeus sigam uma Torá corrompida. Já o judaísmo não crê em Maomé como profeta e não aceita os mandamentos do islã.


8º ENCONTRO

HINDUÍSMO – a religião da Índia

O hinduísmo é uma tradição religiosa que se originou na Índia, tendo Brama (Brahma) como uma das suas principais divindades.
Num sentido mais abrangente, o hinduísmo abrange o bramanismo, a crença na "Alma Universal", Brâman; num sentido mais específico, o termo se refere ao mundo cultural e religioso, ordenado por castas, da Índia pós-budista.
O hinduísmo é citado frequentemente como a "mais antiga tradição religiosa" dentre os principais grupos religiosos do mundo, ou como a "mais antiga das principais tradições existentes".É formado por diferentes tradições e composto por diversos tipos, e não possui um fundador. Estes tipos, sub-tradições e denominações, quando somadas, fazem do hinduísmo a terceira maior religião, depois do Cristianismo e do Islamismo, com aproximadamente um bilhão de fiéis, dos quais cerca de 905 milhões vivem na Índia e no Nepal. Outros países com populações significativas de hinduístas são Bangladesh, Sri Lanka, Paquistão, Malásia, Singapura, ilhas Maurício, Fiji, Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas, representado por divindades individuais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistas como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser.
A teologia hinduísta se fundamenta no culto aos avatares (manifestações corporais) da divindade suprema, Brâman. Particular destaque é dado à Trimurti - uma trindade constituída por Brama (Brahma), Xiva (Shiva) e Vixnu (Vishnu). Tradicionalmente o culto direto aos membros da Trimurti é relativamente raro - em vez disso, costumam-se cultuar avatares mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes, como por exemplo Críxena (Krishna), avatar de Vixnu e personagem central do Bagavadguitá (livro sagrado).

Alguns estudiosos dividem as correntes do hinduísmo moderno em seis "tipos":
Hinduísmo popular - baseado nas tradições locais e nos cultos das divindades tutelares, praticado em nível mais localizado;
Hinduísmo dármico ou "moral diária" - baseado na noção de karma, na astrologia, nas normas de sociedade como o sistema de castas, e os costumes de casamentos.
Hinduísmo vedanta , especialmente o Advaita (smartismo), baseado nos Upanixades e nos Puranas (escrituras);
Bhakti ou "devocionalismo", especialmente o vixnuísmo;
Hinduísmo bramânico védico, tal como é praticado pelos brâmanes tradicionalistas, especialmente os shrautins;
Hinduísmo iogue, baseado especialmente nos Yoga Sutras de Patandjáli.
Crenças
O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através de um grande território marcado por uma diversidade étnica e cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior quanto pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas, que vai de cultos pequenos e pouco sofisticados aos principais movimentos da religião, que contam com milhões de aderentes espalhados por toda a Índia e outras regiões do mundo. A identificação do hinduísmo como uma religião independente, separada do budismo e do jainismo, depende muitas vezes da afirmação dos próprios fiéis.
Temas proeminentes, porém não restritos às crenças hinduístas, incluem o darma (dharma, ética hindu), samsara (samsāra, o contínuo ciclo do nascimento, morte e renascimento), karma (karma, ação e consequente reação), mocsa (moksha, libertação do samsara), e as diversas iogas (caminhos ou práticas).

O Caminho eterno

O que pode ser compreendido como uma crença comum a todos os hindus é o Dharma, a reencarnação, o karma, e a moksha (liberação) de cada alma através de variadas ações de cunho moral e da meditação yoga. Entre os princípios fundamentais incluem-se ainda o ahimsa (não-violência), a primazia do Guru, a palavra divina Aum e o poder do mantra, o amor à verdadee a compreensão de que a chama divina essencial está presente em cada ser humano e em todas as criaturas viventes, que podem chegar por diversos caminhos à Verdade Una.
Os quatro objetivos na vida do hindu
É dito que todos os homens seguem o kama (prazer físico ou emocional) e artha (poder, fama e riqueza), mas brevemente, com maturidade, eles aprendem a controlar estes desejos, com o dharma, ou a harmonia moral presente em toda a natureza. O objetivo maior é o infinito, cujo resultado é a absoluta felicidade, moksha, ou liberação do Samsara, o ciclo da vida, morte e renascimento. Essa liberação também é conhecida como Nirvana, o paraíso budista, ou seja, o nada, quando o cabra não precisa mais reencarnar.
Os quatro estágios da vida humana
A vida humana também é vista como quatro fases ou estágios. O primeiro quarto da vida, brahmacharya (literalmente "pastar em Brahma") é passado em celibato, sobriedade e pura contemplação dos segredos da vida sob os cuidados de um Guru, solidificando o corpo e a mente para as responsabilidades da vida. Grihastya é o estágio do chefe de família, alternativamente conhecido como Samsara, no qual o indivíduo se casa para satisfazer kama e artha na vida conjugal e em uma carreira profissional. Vanaprastha é o gradual desapego do mundo material, ostensivamente entregando seus deveres aos filhos e filhas, e passando mais tempo em contemplação da verdade, e em peregrinações santas. Finalmente, no Sanyasa, o indivíduo vai para reclusão, geralmente em uma floresta, para encontrar Deus através da meditação Yogica e pacificamente libertar-se de seu corpo para uma próxima vida.

Adoração

A mais popular forma de expressão de amor a Deus na tradição hindu é através do puja, ou ritual de devoção, frequentemente utilizando o auxílio de murti (estátua, imagem) juntamente com canções ou recitação de orações meditacionais em forma de mantras. Este sistema de devoção tenta auxiliar o indivíduo a conectar-se com Deus através de meios simbólicos.
Contrário a crença popular, o hinduísmo prático não é politeístico nem estritamente monoteístico. A variedade de deuses e avatares que são adorados pelos hindus são compreendidos como diferentes formas da Verdade Única, algumas vezes vistos como mais do que um mero deus.
Temas e simbolismos importantes no hinduismo
Os hindus abstêm-se predominantemente de carne, e alguns até vão tão longe quanto evitar produtos de pele. Isto acontece provavelmente porque o largamente pastoral povo Védico e as subsequentes gerações de hindus ao longo dos séculos dependiam tanto da vaca para todo o tipo de produtos lácteos, aragem dos campos e combustível para fertilizante, que o seu status de "cuidadora" espontânea da humanidade cresceu ao ponto de ser identificada como uma figura quase maternal. Assim, enquanto a maioria dos hindus não adora a vaca, e as instruções escriturais contra o consumo de carne surgiram muito depois dos Vedas terem sido escritos, esta ainda ocupa um lugar de honra na sociedade hindu. Diz-se que Krishna (a divindade) é tanto Govinda (pastor de vacas) como Gopala (protector de vacas), e que o assistente de Xiva (outra divindade) é Nandi, o touro. Com a força no vegetarianismo (que é habitualmente seguido em dias religiosos ou ocasiões especiais até por hindus comedores de carne) e a natureza sagrada da vaca, não admira que a maior parte das cidades santas e áreas na Índia tenham uma proibição sobre a venda de produtos de carne e haja um movimento entre os Hindus para banir a matança de vacas não só em regiões específicas como em toda a Índia.

Mantra

Recitação e mantras originaram-se no hinduismo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. Muito da chamada Mantra Yoga é realizada através de japa ("repetições"). Dizem que os mantras, através de seus significados, sons e recitação melódica, auxíliam o sadhaka (aquele que pratica) na obtenção de concentração durante a meditação. Eles também são utilizados como uma expressão de amor a deidade, uma outra faceta da Bhakti Yoga necessária para a compreensão de murti. Frequentemente eles oferecem coragem em momentos dificeis e são utilizados para a obtenção de auxílio ou para 'invocar' a força espiritual interior. As ultimas palavras de Mahatma Gandhi enquanto morria foi um mantra ao Senhor Rama: "Hey Ram!"
O mais representativo de todos os mantras Hindu é o famoso Gayatri Mantra: "Om! Terra, Universo, Galáxias (invocação aos três mundos). Que nós alcancemos a excelente glória de Savitr, o Deus. Que ele estimule os nossos pensamentos/meditações."

Algumas escrituras sagradas do hinduísmo

Os Vedas

Os Vedas são os textos mais antigos do hinduísmo, e também influenciaram o budismo, o jainismo e o sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia antiga. Juntamente com o Livro dos Mortos, com o Enuma Elish, I Ching e o Avesta, eles estão entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca leram os Vedas, a reverência por mais uma noção abstrata de conhecimento (Veda significa "conhecimento" em sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem o Veda Dharma.
As Leis de Manu
Manu é o homem lendário, o Adão dos hindus. As leis de Manu são uma coleção de textos atribuídos a ele.


9º ENCONTRO

O CANDOMBLÉ

Candomblé, culto dos orixás, de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
A religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para cá juntamente com seus Orixás/Inquices/Voduns, sua cultura, e seu idioma, entre 1549 e 1888.
Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e se expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.
Só na cidade de Salvador, existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA(Universidade Federal da Bahia). Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Os Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro, sob as críticas do Cristianismo, é claro.

O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras, nem com religiões afro-americanas similares, como o Vodu haitiano, a Santeria cubana, o Obeah, em Trinidade e Tobago, e os Shangos (similar ao Tchamba africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil), todas desenvolvidas independentemente.
Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, como: o yorubá, ewe, fon, e bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.
Crenças
Candomblé é uma religião monoteísta, embora alguns defendam que cultuem vários deuses. O deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Zambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária, e em virtude do sincretismo existente no Brasil, a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
Os Orixás/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro, como é o caso do Deus Cristão que na maioria das vezes são confundidos.
Orixás têm personalidades individuais, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará.

Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.
Sincretismo
No tempo das senzalas, os negros para poderem cultuar seus Orixás, Inkices e Voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos. Segundo alguns pesquisadores, este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Depois da libertação dos escravos, começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé com o passar do tempo incorporou muitos elementos do Cristianismo. Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos e Orixás eram freqüentemente identificados com Santos Católicos. Allgumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos.
Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo nem o que era isso.
Nos últimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo dos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.


10º ENCONTRO


O CANDOMBLÉ – parte II

Templos

Os Templos de candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros. As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:
Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal, respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguíneos. Caso não tenha um sucessor interessado em continuar, a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.
Casas grandes, que são organizadas, tem uma hierarquia rígida e não é de propriedade do sacerdote. Nem toda casa grande e tradicional é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
A lei federal nº. 6.292, de 15 de dezembro de 1975, protege os terreiros de candomblé no Brasil contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.
A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório(Opele-Ifa ou jogo de búzios).
Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, o que conduz frequentemente a um racha ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas no Brasil que viveram seu 100° aniversário.
Perseguição religiosa

Abdias do Nascimento conta em uma entrevista concedida ao Portal Afro: "Os cultos afro-brasileiros eram uma questão de polícia. Dava cadeia. Até hoje, nos museus da polícia do Rio de Janeiro ou da Bahia, podemos encontrar artefatos cultuais retidos. São peças que provavam a suposta deliquência ou anormalidade mental da comunidade negra. Na Bahia, o Instituto Nina Rodrigues mostra exatamente isso: que o negro era um camarada doente da cabeça por ter sua própria crença, seus próprios valores, sua liturgia e seu culto. Eles não podiam aceitar isso."
Temas polêmicos

Homossexualidade

No Candomblé, a homossexualidade é amplamente aceita e discutida nos dias atuais, mas já teve um período que homens e homossexuais não podiam ser iniciados como rodantes (termo usado para pessoas que entram em transe). Não era permitido em festas que um homem dançasse na roda de candomblé mesmo que estivesse em transe.
O mais famoso e revolucionário homossexual do candomblé foi, sem dúvida, Joãozinho da Goméia, que afrontou as matriarcas e ocupou seu espaço tornando-se conhecido internacionalmente. Tiveram muitos outros, mas nenhum conseguiu suplantá-lo em ousadia e popularidade.

Interrupção da gravidez

As religiões afro-brasileiras, que na maioria são religiões derivadas das religiões tribais africanas, são contra o aborto, e um dos motivos é o religioso: o africano vê o filho como a continuação da própria vida; filho é o bem mais precioso que o homem africano pode ter. Em consequência disso, foram trazidos para o Brasil alguns conceitos.
No conceito social: Amparam e orientam adolescentes e mulheres grávidas.
No conceito religioso: Oxum é quem rege o processo de fecundidade, cuida do embrião, evita o aborto espontâneo, não aprova o aborto provocado, mantém a criança viva e sadia na barriga da mãe até o nascimento. Uma mulher quando não consegue engravidar, recorre à Oxum.
No conceito jurídico: Só aprova a interrupção da gravidez, nos casos previstos em lei.
Mas como em toda religião, quando acontece uma gravidez indesejada, muitas mulheres procuram soluções alternativas fora dos terreiros, como chás, remédios e até mesmo clínicas de aborto.
Mudança de hábitos e costumes
As casas de candomblé são frequentadas e habitadas por um número variável de pessoas, de 20 a 300, dependendo do tamanho da casa e da ocasião ou do evento. Fora do período de festas, na casa só ficam as pessoas residentes, mas nas obrigações e festas além dos residentes virão os outros filhos-de-santo da casa e os visitantes e convidados. Quanto maior o número de pessoas, maior será a preocupação com a higiene e alimentação. Os animais são abatidos e limpos e as comidas são preparadas sempre sob a vigilância da Iyabassê encarregada da cozinha e responsável pela qualidade dos alimentos tanto para os Orixás como para as pessoas.

A maior preocupação nas casas de candomblé e das outras religiões afro-brasileiras sempre foi com as doenças infecciosas, principalmente a tuberculose e a hepatite, por serem transmissíveis através de copos e talheres. Por esse motivo, cada filho da casa deve ter seu prato e caneca identificados. Iyawos durante o período de recolhimento não usam talheres, só passam a usá-los depois da caída de quelê.
Com o surgimento de novas doenças, como HIV ou Aids, muitos hábitos e costumes do candomblé tiveram que ser mudados. Na iniciação, os Iyawos tinham suas cabeças raspadas e curas feitas por uma única navalha que a Iyalorixá recebia de sua mãe-de-santo quando da posse do cargo. Isso passou a ser feito com mais cuidado, adotando-se navalhas individuais ou descartáveis.
Um dos maiores problemas enfrentados nas casas de candomblé tem sido com a dengue, principalmente nas regiões onde os focos do mosquito estão sendo combatidos. Os potes de abô (infusão de folhas sagradas) foram esvaziados para evitar possível proliferação do mosquito, os banhos são preparados com água e folhas frescas e usados imediatamente.



FONTES

Wikipédia

O Alcorão

O Candomblé na Bahia: rito nagô - Roger Bastide Companhia das Letras, 2001

Os Candomblés de São Paulo, Reginaldo Prandi - Editora Hicitec, USP, São Paulo, 1991

O que é Candomblé (Coleção Primeiros Passos), autor: João Carmo - Brasiliense, São Paulo

Xirê! O modo de crer e de viver do candomblé, Rita Amaral, Pallas, Rio de Janeiro, 2002.

ALERTA

Queridos e queridas, as religiões citadas nesta apostila estão sendo abordadas a partir de suas próprias crenças. Caberá a vocês, fazer uma pesquisa bíblica, caso achem necessário, para comparar suas verdades com as verdades bíblicas.
Também é interessante que vocês procurem junto com o grupo pensar em estratégias evangelizadoras para cada uma das religiões estudadas.

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