domingo, 16 de maio de 2010

UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DA PRIMEIRA ESPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS para classes de ADULTOS

Lição 01


CORINTO: A Cidade, A Igreja e As Cartas

Naqueles dias, Corinto era um importante centro comercial e porto marítimo, e contava com quinhentos mil habitantes. Podemos imaginar como seriam suas ruas e feiras barulhentas, apinhadas de gente oriunda de muitos países. Corinto era também importante na vida política, sendo capital da província de Acaia. A antiga cidade fora destruída pelos romanos em 146 a.C. Um século depois, uns cinquenta anos antes do nascimento de Jesus, os romanos reedificaram a cidade como uma colônia. Até a época das viagens missionárias de Paulo (46-60 d.C.), Corinto já era considerada uma das mais importantes cidades do Império Romano, um centro urbano próspero, porém muito corrupto.

Posteriormente, Corinto sofreu vários desastres, um terremoto e inúmeras guerras, ficando reduzida a uma ruína. Em 1858, uma nova cidade foi edificada, Korinthos, a poucos quilômetros da original, e deve ter hoje (2010) uns dez mil habitantes.

Paulo chegou a essa cidade por volta do ano 50 d.C., e organizou uma igreja de maioria gentia, já que os judeus não deram muita confiança a sua pregação. Logo que partiu, a igreja passou a enfrentar alguns problemas. Apelou, então, para o apóstolo, que respondeu em forma de cartas (epístolas), nas quais apresenta diversos conselhos de ordem prática e teológica.

Embora uma cidade grega, Corinto fazia parte do Império Romano, e era uma espécie de encruzilhada do comércio terrestre provindo de Atenas e destinado a Acaia. A cidade vivia cheia de viajantes, muitos deles comerciantes, que vendiam e compravam mercadorias, comiam bem e assistiam aos jogos ístmicos (uma espécie de olimpíada, que acontecia a cada 3 anos).

Os coríntios adoravam os prazeres, as diversões e cultivavam jogos de força e perícia atlética. A palavra “coríntio” tornou-se sinônimo de prostituição, alcoolismo e vida descontrolada. Até a sua religião apoiava tais práticas. No templo de Afrodite, deusa da beleza, do amor e do sexo, que ficava numa colina de seiscentos metros de altura, cerca de mil sacerdotisas (escravas) prestavam serviços religiosos de prostituição.

Estando a igreja inserida na sociedade, é claro que influenciará e receberá influências dessa sociedade. Foi isso que aconteceu em Corinto. Nas cartas paulinas, vamos observar a preocupação do apóstolo com certos costumes egoístas evidenciados até mesmo nos jantares de confraternização, onde alguns eram gulosos, enquanto outros não comiam o suficiente. Havia problemas relacionados com rixas, alcoolismo, imoralidade e práticas pagãs. Estamos falando da igreja. Os membros brigavam, processavam-se nos tribunais e se comportavam de maneira indigna da fé cristã.

10 - Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.

11 - Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.

Alguns crentes tinham perguntas sobre o casamento, sobre ofertas e sobre dons espirituais.

A INFLUÊNCIA GREGA

A Grécia era famosa por seus filósofos, dos quais o povo se orgulhava bastante. A galera de classe alta passava longas horas no seu passatempo favorito: escutar os filósofos e conversar sobre a natureza, o universo e o significado da vida. Admirava-se a eloquência de certos oradores, bem como a sua lógica e seu poder de argumentação. Era, portanto, natural que comparassem um filósofo ou orador com outro.

Assim, portanto, fica fácil entender porque os crentes coríntios mostravam atitudes semelhantes em relação aos líderes da igreja. Talvez esse partidarismo cristão tenha surgido até de forma inocente, levando-se em conta apenas essa questão de alguns preferirem o estilo retórico de Paulo (2:1 - E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria), enquanto outros sentiram-se atraídos pela eloquência de Apolo.

12 - Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

13 - Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?

Paulo, então, como vemos acima, pagou geral pra todo mundo, inclusive para aqueles que diziam “eu sou de Cristo”, e que talvez se sentissem superiores aos outros, ou seja, àqueles que preferiam Paulo, Apolo ou Pedro. Na verdade, os coríntios se gloriavam de seus líderes humanos, prática ainda observada na igreja de hoje. É claro que devemos respeito e consideração aos nossos líderes, mas não a ponto de adorá-los, não a ponto de sairmos da igreja quando eles são substituídos ou quando se vão. Nós somos de Cristo.
O que os caras viveram lá, na época, é como se hoje vocês dissessem: eu sou de Luciano, eu sou de Edson, eu sou de Domingos, eu sou de Éder, eu sou de Isac. Nós somos todos fofos (eu mais que os outros, é claro), mas nenhum de nós daríamos nossas vidas por vocês, pelo menos não numa situação em que pudéssemos escolher. Pois é, então vamos entrar numa máquina do tempo, voltar lá em Corinto e dizer isso àqueles caras de cabeças duras.

30 -  Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;

31 -  Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.



SABEDORIA HUMANA X SABEDORIA DIVINA

Os coríntios tinham muita dificuldade de compreender a natureza da sabedoria. Eles supervalorizavam a sabedoria humana em detrimento da sabedoria espiritual.

17 - Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.

Paulo, embora um cabra super inteligente e popular entre os coríntios, rejeitou a tentação de formar uma igreja baseada na sua inteligência ou popularidade. Ele estava firme na decisão de que Cristo, e não ele mesmo, é que deveria ser o alvo da lealdade e do amor daquela turma (capítulo 2).

2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 - A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
5 - Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
7 - Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;
8 - A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.
9 - Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.
13 - As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
14 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
16 - Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.


Lição 02


A TRINDADE: O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO

I CORÍNTIOS 2

10 - Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

11 - Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.

12 - Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.

13 - As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.

14 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

16 - Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

“Quem me dera ao menos uma vez entender como um só Deus ao mesmo tempo é três.”
(Renato Russo)

É claro que vocês já ouviram a palavra trindade diversas vezes, mas certamente nunca a leram na Bíblia. O que temos no Livro Sagrado é a ação das pessoas da trindade (Deus, Jesus, o Espírito Santo). Isso gera muita confusão porque dá a impressão de que o Cristianismo, embora monoteísta, adore a três deuses. Mas não é bem isso. O Cristianismo, na verdade, adora a uma divindade trina, que se manifesta de três formas diferentes.
Tentar entender essa trindade, essa triunidade, é um dos grandes desafios da nossa fé. Pela sabedoria humana, pelo conhecimento secular, isso não é possível. É uma questão de fé.
Quem leu o livro O Código DaVinci (romance), certamente observou que o seu autor, Dan Brown, apresenta uma série de argumentos para confundir a fé cristã com relação a esse tema. Bom, ele tem parcialmente razão quando diz, por exemplo, que essa doutrina da trindade foi estabelecida em concílios da igreja, mas erra imensamente quando sugere que foram esses concílios que estabeleceram a divindade de Cristo, uma vez que essa natureza de Jesus está presente o tempo todo nas páginas do Novo Testamento. O papel dos concílios foi apenas o de formalizar essa doutrina. A propósito, você sabe o que é uma doutrina?


DOUTRINA - é uma convicção religiosa relativamente complexa. Muitas vezes, o termo é usado como sinônimo para convicção religiosa. Uma doutrina desenvolve-se a partir de convicções examinadas, ponderadas e afirmadas como verdadeiras formalmente pela comunidade organizada de crentes.

Ex.:” Creio na doutrina da Trindade.”

DEUS PAI

A Bíblia não apenas revela Deus como criador de todas as coisas (Gn 1:1), mas também como o sustentador de todas essas coisas (Mt 6:26; Lc 12:24; Hb 1:3) e como o dirigente dos destinos de indivíduos e nações (Sl 22:28).
A Bíblia afirma que Deus fez todas as coisas segundo o conselho de sua vontade (Ef 1:11), revelando, assim, a realização gradual de seu grande e eterno propósito de redenção.
A teologia tem a existência de Deus como fato fundamental, plenamente aceitável e independente da fé. Contudo, a Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus através de argumentos lógicos. Deus se revela através da sua doutrina (Jo 7:17). Ele se dá a conhecer àqueles que O buscam (Os 6:3). Deus se manifestou ao mundo na pessoa de Seu filho Jesus Cristo (2 Co 5:19).


Capítulo 2

7 - Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;

8 - A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.


JESUS CRISTO – O FILHO

Toda a discussão cristológica parte da resposta dada a pergunta do próprio Cristo: “Quem diz o povo ser o filho do homem?” e da crença na declaração bíblica: “... o Verbo era Deus.”
A confissão de Westminster dá a seguinte definição da natureza e pessoa de Jesus Cristo:

“O filho de Deus, a Segunda pessoa da Trindade, sendo o verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância e igual ao Pai, quando veio a plenitude do tempo tomou sobre si mesmo a natureza humana, com todas as suas propriedades essenciais e fraquezas comuns, porém sem pecado: sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, no ventre da virgem Maria, de sua substância. Desse modo, as duas naturezas completas, perfeitas e distintas, a divina e a humana, foram unidas inseparavelmente em uma pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Tal pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém um Cristo, o único mediador entre Deus e o homem...”


Registros antigos confirmam a divindade de Cristo

O fato de que os cristãos antigos adoravam a Jesus Cristo como Deus (muito antes dos concílios) é bem documentado por autores não-cristãos do século II.. Celso, filósofo romano anticristão, de meados do século II, ridicularizou os cristãos por cultuarem um ser humano como Deus:

“Ora, se os cristãos adorassem apenas um Deus, eles poderiam ter a razão a seu lado. Mas de fato adoram um homem que só apareceu recentemente. Não consideram o que estão fazendo como ruptura do monoteísmo. Pelo contrário, pensam ser perfeitamente coerente cultuar o grande Deus e cultuar seu servo como Deus. E a adoração desse Jesus é a mais ultrajante, porque se recusam a prestar atenção a qualquer conversa sobre Deus, o pai de tudo, a menos que inclua uma referência a Jesus: diga-lhes que Jesus, o autor da insurreição cristã, não foi filho dele, e eles não darão atenção a você. E quando eles o chamam Filho de Deus, não estão de fato prestando homenagem a Deus, pelo contrário, estão tentando elevar Jesus às alturas.”

É claro que não precisamos do depoimento desse cabra para crermos na divindade de Jesus, todavia é um registro importante e bastante confiável pelo fato de ser ele um opositor. Sendo esse registro anterior aos concílios da igreja, concluímos que não foram os concílios que “transformaram” Jesus em Deus.

Evangelho de João – capítulo 1

1 - NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 - Ele estava no princípio com Deus.
3 - Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

O ESPÍRITO SANTO

Sobre o Espírito Santo, declara o Credo Niceno:

“Cremos no Espírito Santo, que é o Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho, que falou pelos profetas.”

Desde que vivemos na dispensação do Espírito Santo, é muito importante que saibamos sobre Ele tudo o que a Palavra nos revela. Uma doutrina sadia depende de entender com clareza e exatidão a natureza e a obra da bendita terceira pessoa da trindade, que habita na igreja, o corpo de Cristo, e lhe dá poder.


Lição 03


IMATURIDADE X ESPIRITUALIDADE

CAPÍTULO 3

1 - E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.

2 - Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,

3 - Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?

4 - Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?

5 - Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um?

Nestes versículos Paulo demonstra profunda preocupação com a imaturidade dos coríntios. Ele gostaria de estar falando a crentes espirituais, todavia reconhece que eles não amadureceram, que ainda não estão prontos para alimentos sólidos, ou seja, para verdades mais profundas.
Ainda hoje, em nossas igrejas, temos essas figuras imaturas; são criaturas que estão há décadas na igreja, mas que ainda não tiveram de fato uma experiência real com Deus. Outros estão preocupados apenas em fazer Deus funcionar, como se pudessem manipular a divindade, ditando o que Ele deve fazer, e quando deve fazer, determinando coisas para Deus, tendo uns pitis espirituais, uns ataquezinhos bestas de pelanca, batendo o pezinho e gritando aos berros: Deus, eu quero isso agora, eu sou teu servo, eu quero agora. Como diz o pastor Geremias Pereira, os anjos devem se acabar de rir dessa gente. Quem somos nós para determinarmos coisas para Deus? E tem ainda outros surtados que ameaçam a Deus: Se tu não me deres tal coisa, não farei mais tal coisa. Que gente ridícula! E sabe o que é pior, queridos e queridas: essa gente besta chama isso de espiritualidade. Bando de imaturos espirituais. Era gente assim que tinha em Corinto.

NÓS SOMOS TEMPLOS DO ESPÍRITO SANTO

Deus não habita em templos feitos por homens. Não acho que construímos templos bonitos para Deus, pois Ele não está preocupado com isso. Construímos templos bonitos e confortáveis para nós mesmos, e acho isso legítimo, afinal de contas, queremos conforto. Me preocupa, todavia, quanto os templos ficam tão portentosos em comunidades tão carentes que destoam completamente do contexto. Bom, o que estou querendo dizer é que o Espírito Santo de Deus habita em nós, que nossos corpos, esses sim, são templos do Espírito Santo. Logo, devemos cuidar bem deles, mas sem os exageros da ditadura da beleza, da busca insana pela magreza esquelética, das horas diárias de academia para ganhar ou perder umas carninhas. Todo exagero é prejudicial. Então, turma, se nossos corpinhos são templos do Espírito Santo, precisamos cuidar bem deles, precisamos ir ao médico regularmente, precisamos fazer algum tipo de exercício, enfim, não podemos ver nossos corpos simplesmente como instrumento do pecado, mas como templo do Espírito Santo.

16 - Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
17 - Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
18 - Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.

Nos versículos abaixo, Paulo mostra nossa responsabilidade como servos e colaboradores de Deus, o qual dispõe as tarefas e nos retribui conforme as nossas obras e conforme as nossas intenções, ou seja, se fazemos para Deus ou para aparecemos como bonzinhos para a nossa liderança e para a nossa comunidade. Os fundamentos da igreja de Cristo já estão lançados e todos precisamos nos voluntariarmos para aperfeiçoá-la, para edificá-la, mas ao fazermos isso quais são nossas intenções? Quem de nós pode julgar um ao outro em relação ao que está em nossos corações? Somente o Espírito Santo é capaz de sondar nossos corações, e então saberemos se nossas obras são de madeira, feno ou palha (materiais combustíveis) ou se são de ouro, prata e pedras preciosas, que resistem ao fogo.


11 - Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

12 - E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,

13 - A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.

14 Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.

Isso não quer dizer, de jeito nenhum, que devamos fazer a obra de Deus exclusivamente em busca de galardões. Sobre isso escreve o pastor Ed René Kivitz, em seu livro “Outra Espiritualidade”:

“Tampouco faz sentido o relacionamento com Deus motivado pelo interesse em suas bênçãos e galardões, pois isso faz que Deus deixe de ser um fim em si mesmo e se torne um meio de prosperidade, isto é, passa a ser um ídolo a serviço dos fiéis.”

CAPÍTULO 4

7 - Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?

9 - Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.

10 - Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis.

A igreja em Corinto tinha muitos dons. Os dons espirituais são dádivas de Deus para alguns com o objetivo de edificar, aperfeiçoar a igreja, o coletivo. Esses dons não são conquistados por méritos individuais, logo, ninguém poderia tirar onda porque os tem, mas em Corinto isso estava acontecendo. Daí o versículo 7. Os apóstolos, líderes da igreja naquele momento, também não tinham por que tirar onda com ninguém, muito pelo contrário, Paulo comenta que eles foram postos como últimos, ou seja, ralavam muito mais do que qualquer membro da igreja. E até hoje isso não é muito diferente. Os pastores evangélicos sérios e comprometidos com a igreja ralam muito, têm clareza dos espinhos desse ministério, mas vocação é vocação. Eles ralam e são felizes. Isso é fofo.

12 - E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos;

13 - Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.

Esse trecho me lembra a oração de FRANCISCO DE ASSIS, que é linda. Vamos refletir um pouquinho sobre ela?

“Senhor, faz de mim um instrumento da tua paz.
Onde há ódio que eu possa semear amor;
Onde há ofensa, perdão;
Onde há dúvida, fé;
Onde há desespero, esperança;
Onde há trevas, luz;
Onde há tristeza, alegria;
Oh Divino Mestre, que eu não procure tanto
Ser consolado, como consolar;
Ser compreendido, como compreender;
Ser amado, como amar;
Pois é dando, que recebemos;
É perdoando, que somos perdoados;
E é morrendo que nascemos para a vida eterna.”

Bem, após refletirmos sobre essa linda oração, vamos nos sentir um coríntio um pouquinho e imaginar que Paulo tenha escrito essa carta exclusivamente para nós, vamos imaginar que essa pergunta a seguir foi feita individualmente para cada um de nós e vamos respondê-la:

21 - Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?


Lição 04


LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E DISCIPLINA

CAPÍTULO 5

1 -  GERALMENTE se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.

2 - Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.

9 - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;

10 - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.

11 - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.

12 - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?

13 - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.

Nos dias de Paulo, havia um grupo de irmãos que achavam que uma vez que a salvação vem pela fé, os crentes não estão sujeitos a nenhuma lei moral. Alguns chegavam ao ponto de crer que quanto mais pecassem mais abundante seria a graça e a glória de Deus manifestas no seu divino perdão (Rm 6:1,2). Ainda hoje, você encontra alguns crentes que levam uma vida desregrada e libertina, e apresentam uma série de argumentos para justificar seu comportamento. A igreja tem uma séria responsabilidade em relação a essas pessoas: a disciplina. É claro que até em função de fenômenos estudados pela Sociologia, ao longo do tempo, a sociedade muda. A igreja, estando inserida nessa sociedade, também muda. Dessa forma, a disciplina não é aplicada hoje como nos dias de Paulo (5 Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.). Até bem pouco tempo atrás a igreja entendia a disciplina como a exclusão. Então excluía-se por qualquer razão. Deu mole, o cabra era posto pra fora da comunidade, exposto, segregado. Eu não sei até que ponto isso pode melhorar alguém. É como se estivéssemos dizendo para um cabra que fez sexo antes ou fora do casamento: “sujeito/a, você já fez bobagem, já tá perdido/a mesmo, some daqui, e só volte quanto estiver bem.” Acho que não rola disciplina aí, rola é uma exclusão sumária do grupo. A igreja, hoje, entende que disciplinar é orientar, conscientizar o cabra de que ele fez bobagem sim, mas que nem por isso deixou de ser alvo do amor de Cristo, é resgatar a criatura, trazê-la de volta para a comunidade.
Agora, tem outra coisa: não é por conta dessa visão melhorada de disciplina que o cabra vai aloprar, vai sair fazendo tudo quanto é besteira porque a igreja vai aliviar. Não é isso, gente. Uma pessoa convertida de fato vai entender que ela precisa estar bem com Deus, consigo mesma e com a igreja.
O termo fornicação, mencionado logo no início do capítulo 5, se refere a prática de sexo por pessoas não casadas. No caso de casados que praticam sexo fora do casamento, o termo utilizado é adultério, traição conjugal, entendendo-se que trair não limita-se a fazer sexo. Esse esclarecimento é estritamente necessário senão vai ter “neguim”, “branquim” e “amarelim” achando que beijar na boca fora do casamento ou beijar outras bocas que não a do esposo ou da esposa não seja traição. Oxente!
Mas voltemos ao capítulo 5: o caso de fornicação mencionado aqui é mais grave: tinha gente fornicando com a madrasta. Ao saber disso, Paulo fica muito invocado e no auge do estresse diz que esse cabra deve ser banido da comunidade cristã e entregue a Satanás. Essa expressão entregue a Satanás tem o sentido de devolver o cabra para o reino das trevas de onde ele veio, ou seja, é a excomunhão da igreja, a exclusão. Nada mais que isso.

A fornicação mencionada aqui é incestuosa e o incesto também é condenado na Bíblia (Lv 18:7,8; Am 2:7). Observe que nem mesmo a sociedade de Corinto admitia tal prática, mas ainda assim a igreja estava tolerando.
Só uma perguntinha: seria incesto beijar na boca da prima ou do primo? E casar com ele ou ela?
E agora, devo responder ou devo deixar isso por conta do professor da classe... estou me sentindo tentado a não responder. É isso aí, vamos debater o tema e chegar a uma conclusão.

Não vos associeis com os que se prostituem...

É interessante aqui que ao fazer esta advertência, Paulo acrescenta que nem está falando da sociedade em geral, pois segundo ele, para você isolar-se dessa turma teria que sair do planeta. Ele está falando dos que estão na igreja e praticam tais coisas. Hoje, séculos depois, digo a mesma coisa, ou melhor, chamo a atenção de vocês para esse escrito paulino: Nem todo mundo que está na igreja é do bem, logo devemos orientar nossos filhos e netos quanto às suas companhias, mesmo se tratando de pessoas que frequentam a igreja.
Amigos são dádivas de Deus, são presentes. E olha que barato, li isso em algum lugar: “amigo é um irmão que temos o direito de escolher.” O problema é que nem todos que se dizem amigos são amigos de fato. É disso que estou falando.
A grande ameaça a nossa integridade, diz Paulo, pode não estar no mundo, mas em nossa própria comunidade de fé.

6 - Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?

7 - Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.

8 - Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.

Paulo escreve esta carta perto da páscoa, então ele aproveita para usar a metáfora do fermento. O termo ázimos usado nesse texto refere-se aos pães sem fermento com que era celebrada a páscoa. Fermento, aqui, refere-se ao mal de qualquer natureza. E ele deixa claro que, assim como o fermento faz crescer a massa, o mal corrompe toda uma comunidade, logo, não pode ser tolerado, ou seja, a igreja não pode tolerar o mal, pois estaria compartilhando da culpa, do pecado. Uma vez livres desse fermento do mal, nos tornamos pães ázimos aptos para a celebração da páscoa.

A propósito, outra daquelas perguntinhas que não vou responder: a páscoa é uma festa cristã ou judaica?

CAPÍTULO 6

1 -  OUSA algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?

5 - Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?

6 - Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis.

7 - Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?

8 - Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos.

Aqui, Paulo fala de situações que poderiam ser resolvidas internamente, na própria igreja, mas que os irmãos levavam para os tribunais comuns, expondo uns aos outros. Essa, aliás, é uma prática bastante atual. Até a justiça trabalhista tem recebido causas de voluntários que um dia brigam com seus pastores, ficam aborrecidinhos e vão reivindicar indenizações. Chega a ser deprimente.


Lição 05


ORIENTAÇÕES GERAIS

AINDA O CAPÍTULO 6

9 - Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,

10 - nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

11 - E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.

Vocês lembram que em Romanos Paulo também apresenta uma lista sinistra dessas aí? Pois é, aqui ele reforça. Na verdade, Romanos tem um foco preventivo e Coríntios, um foco corretivo. No verso 11, ele acrescenta que a igreja é formada por ex-, tem ex-tudo em nossas comunidades, pessoas lavadas, santificadas e justificadas no nome de Jesus, pessoas arrependidas. Não são pessoas perfeitas, como já vimos, mas são pessoas que desejam e buscam a perfeição.

“Os versículos 9-11 salientam o contraste entre a igreja e o mundo. Aqueles que praticam tais pecados não podem se integrar à igreja nem ao Reino de Deus. Alguns dos crentes coríntios já haviam sido malévolos, homossexuais, imorais, idólatras, ladrões, gulosos, bêbados, trapaceiros e caluniadores. Mas foram transformados por Deus!... Ao se entregarem a Jesus como seu Senhor e Salvador, foram lavados e purificados de todo pecado, santificados (consagrados a Deus) e justificados (isentos de culpa e condenação)... Os crentes de Corinto eram novas criaturas....”

12 - Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.

Essa mesma declaração é repetida em 10:23. Parece tratar-se de um ditado, de um provérbio popular de Corinto, que Paulo emprega ironicamente.

“Os coríntios seguiam a filosofia do hedonismo, que afirmava ser o prazer o supremo bem da vida, portanto a busca do prazer, o alvo principal da conduta humana. Os coríntios até afirmavam: ‘Comamos e bebamos, que amanhã morreremos’” (15:32).

Podemos muita coisa, mas nem todas devemos fazer enquanto cristãos, ou seja, não podemos nos deixar dominar por elas. Essa ideia do “comamos e bebamos, que amanhã morreremos” me lembra algumas expressões contemporâneas defendidas em canções populares, como uma de Marcelo D2: “o que se leva da vida é a vida que se leva.” Enquanto cristãos, temos que ter muito cuidado com a vida que levamos e não embarcarmos nessas filosofias de que devemos fazer tudo que sentirmos vontade hoje, porque amanhã poderemos estar mortos.

13 -  Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o SENHOR, e o SENHOR para o corpo.

Alguns pais de meninos, não evangélicos, entendem que têm que levar seus filhos a prostíbulos para que eles sejam iniciados. Esse versículo 13 nos dá a impressão de que os coríntios já pensavam assim. Sobre isso, permitam-me compartilhar alguns esclarecimentos, até para que possamos orientar corretamente nossos meninos e nossas meninas.

a) Tudo bem considerar o sexo uma necessidade fisiológica, mas não na mesma proporção de comida e água. Sem essas duas últimas, é impossível ao ser humano viver; sem sexo, é possível. Agora tem uma coisa: uma vez iniciada a vida sexual, o corpo exigirá sexo com uma certa frequência, portanto, é a maior conversa fiada aquele papo de: “eu fiz sexo com meu namorado ou com a minha namorada uma única vez, depois nunca mais, pois percebemos que erramos diante de Deus.” Ah, tá bom,. eu acredito tanto nisso quanto em papai Noel;

b) Sabemos muito bem que o perigo maior não é a menininha que se prostitui, mas a namoradinha ou o namoradinho. Nossos meninos e nossas meninas têm vontade, têm desejo, e até aí tudo é normal, mas nem por isso vamos entrar na onda da propaganda governamental sobre o uso de camisinha e dizer para eles que tudo bem, que, nessa geração é assim mesmo, que basta prevenir-se. Vamos relembrar o ditado coríntio citado por Paulo: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm”.

c) Paulo finaliza o versículo em questão lembrando que o nosso corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor. Deixa eu dizer uma coisinha sobre isso: ser cristão se isolando da sociedade, vivendo num mosteiro sem nenhum contato com o sexo oposto, é moleza. Eu quero ver ser cristão evangélico, batista, luciânico, morando no litoral, em contato visual direto com pessoas do sexo oposto com pouca roupa, com os apelos da mídia, e manter-se casto/a. Isso é o cabra ser cristão. Guardar-se casto para a pessoa amada é o maior barato. Que chamem de caretice, daí. Lá em Pato Branco já era assim. O importante é o que nós achamos e o que nós vivemos, não o que dizem a nosso respeito.

15 - Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.

16 - Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.

17 - Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.

18 - Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.

19 - Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

20 - Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

Algumas pessoas acham que Deus se interessa somente pelo nosso espírito, pois este se comunica com Ele. Acreditam, portanto, que o que fazemos com o corpo não é importante. Mas a verdade é que Deus fez o homem uno: corpo, alma e espírito – e para si mesmo. Ele tem de ser Senhor do nosso corpo como é do nosso espírito.
O corpo em si não é bom nem mau em termos morais. Não pode agir por conta própria se o espírito estiver morto; é o espírito que escolhe que bem ou mal o corpo fará.
Podemos e devemos orientar nossos meninos e nossas meninas a fugirem das pessoas e locais que os tentam; devemos orientá-los a evitar a leitura ou contemplação de textos, fotos ou vídeos que os encaminhem ao sexo. Ninguém tem o direito de sentir-se ‘suficientemente forte’ para fazer frente contra essas tentações; a recomendação é fugir delas.


Lição 06


PAULO RESPONDE ÀS DIVERSAS PERGUNTAS DOS CORÍNTIOS E DEFENDE O SEU MINISTÉRIO APOSTÓLICO

1. SOBRE O CASAMENTO

CAPÍTULO 7

1 - ORA, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;

2 - Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.

6 - Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento.

7 - Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.

8 - Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.

9 - Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.

32 - E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do SENHOR, em como há de agradar ao Senhor;

33 - Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.

34 - Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.

Gente, não temos aqui uma proibição do casamento, nem um mandamento para que todos se casem. Paulo, no momento em que escreve esta carta, era celibatário (v.7), e fala das vantagens do celibato, todavia sem proibir o casamento. A proibição imposta pela igreja católica aos seus sacerdotes é muito mais uma questão econômica do que bíblica. Paulo chega a referir-se a essa coisa de casar ou não casar como um dom, ou seja, alguns são capazes de serem celibatários, outros não.
Embora Paulo fale de casamento também como uma medida para evitar a prostituição, ninguém deve casar-se apenas para poder fazer sexo. Agindo assim, a pessoa estará vendo o outro apenas como um objeto de satisfação física, e isso não garante o sucesso de nenhum casamento. Casar-se para se livrar do domínio dos pais ou apenas para fazer sexo é a maior furada. O casamento precisa ter como fundamento o amor ao outro. Num casamento, ninguém torna-se propriedade do outro. As identidades individuais precisam ser mantidas, ninguém precisa descaracterizar-se. Em algumas culturas, os homens tratam suas esposas como escravas ou como propriedade material.
O que Paulo está dizendo é bastante óbvio: se sou solteiro, tenho muito mais tempo e disponibilidade para a igreja. Se sou casado, tenho que priorizar a família.
Não há nos ensinos de Paulo ou de Jesus Cristo uma única regra abrangente e inflexível sobre o divórcio. Em alguns casos, as condições de convívio parecem impossíveis. Por exemplo: um marido alcoólatra que surra a esposa e ameaça matar os filhos; um marido ou uma esposa que tem uma amante; os casos de violação de direitos humanos. Enfim, será que um casamento deve ser mantido apenas em função do “bem-estar” das crianças?
Se você quiser se aprofundar nesse tema, leia também os textos a seguir: Mt 5:31,32; 19:3-11. Enfim, o ideal é que o casamento seja para sempre e que esse sempre nunca acabe, mas...

2. SOBRE AS COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOS

CAPÍTULO 8

4 - Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.

5 - Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),

6 - Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.

7 - Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada.

8 - Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta.

9 - Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.

10 - Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?

11 - E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.

12 - Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.

13 - Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize.

Isso tudo aí significa dizer o seguinte: o problema de fato não é o treco sacrificado aos ídolos, uma vez que o nosso Deus está acima de qualquer um deles, mas o escândalo que eu posso causar para outros. Esse mesmo assunto é retomado no capítulo 10, nos versos 19 a 32, com mais detalhes.
Se eu tenho conhecimento (que Paulo chama aí de ciência) disso, mas sei que meu irmão é “fraco” e pode escandalizar-se com isso, devo evitar.
Vou dar um exemplo simples: os doces de Cosme e Damião. Tendo esses doces sido oferecidos ou não, eu sei que o meu Deus é superior a isso. No entanto, a própria comunidade evangélica da qual faço parte, bem como a sociedade, esperam de mim um comportamento diferente: que eu não saia correndo atrás de tais doces. Assim, então, se eu como, vou estar escandalizando essa galera, portanto, não devo. Agora, vamos imaginar que sem saber a origem, eu tenha comido uns doces de Cosme e Damião. Isso não quer dizer necessariamente que eu esteja possuído ou que tenha cometido um pecado hediondo. Oxente, o meu Deus está muito acima de qualquer sacrifício a Cosme e Damião.

RESUMO DA ÓPERA:  para orientarmos nossos meninos e nossas meninas: evite os doces de Cosme e Damião, mas se comeu “acidentalmente”, não se mate.
Vou dar outro exemplo: por influência da visão judaica no Velho Testamento, alguns irmãos entendem que não devemos comer carne de porco ou nenhuma comida feita com o sangue do animal. Pois bem, do ponto de vista cristão, não há o menor problema , todavia, por amor ao meu irmão em Cristo, não devo comer esses alimentos diante dele, pois vou escandalizá-lo sem necessidade. Aplicando aos nossos dias, é disso que Paulo está falando.

3. SOBRE O APOSTOLADO DE PAULO

CAPÍTULO 9

1 - NÃO sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?

2 - Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.

3 - Esta é minha defesa para com os que me condenam.

4 - Não temos nós direito de comer e beber?

6 - Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?

7 - Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?

9 - Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?

11 - Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?

12 - Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.

14 - Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.


Aqui, os versos 1, 2 e 3, trazem de volta aquele assunto do partidarismo da igreja de Corinto e das suas contendas por favoritismo para com certos líderes. Evidentemente, alguns dos coríntios pensavam que Paulo não era bem um apóstolo. Ele, todavia, na qualidade de fundador dessa igreja, diz: “vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.” Assim, a conversão dos coríntios e o estabelecimento da igreja na sua cidade foram provas da vocação apostólica de Paulo.

Este trecho tão importante nos ensina que a igreja deve cuidar de seu pastor. O soldado tem direito de receber roupa e comida. O fazendeiro tem o direito de receber a colheita da sua plantação. Até o boi tem o direito de comer dos grãos que vai debulhando. Logo, o ministro cristão tem o direito de ser sustentado economicamente pelo rebanho que está pastoreando.


Lição 07


APRENDENDO COM O PASSADO E O CASO DO VÉU

CAPÍTULO 10

1 - ORA, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar.
5 - Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto.
6 - E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
12 - Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.

Nesse trecho, Paulo cria um link com o passado do povo judeu, a partir da saída do Egito, da travessia do Mar Vermelho e dos vários acontecimentos que foram rolando diariamente pelo deserto. Eles fizeram uma série de bobagens e foram terrivelmente punidos por conta disso. Paulo está alertando aos coríntios para que não repitam tais erros. Sempre podemos aprender com o passado. Errar, como se diz popularmente, é humano. Cometer sempre os mesmos erros, errar sempre nos mesmos itens, como também se diz popularmente, é burrice. Os coríntios já tinham os registros do Velho Testamento e estavam cometendo os mesmos erros. Nós já temos os registros dos coríntios e do Velho Testamento, então já não deveríamos cometer os mesmos erros. Esse tipo de coisa, porém, é bem típica dos seres humanos. “Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade...”
Todos nós podemos cair em algum momento, embora nosso compromisso precise ser permanecermos de pé. O que não podemos de jeito nenhum é acharmos o maior barato a queda de alguém. Muito pelo contrário, enquanto cristãos, isso precisa nos incomodar, precisamos ajudar o companheiro a levantar-se. Não estou conseguindo lembrar quem disse isso, mas acho a frase fantástica: “A única situação em que devemos olhar para alguém de cima para baixo é quando vamos ajudar essa pessoa a levantar-se.” Lindo demais! É isso. Quem somos nós para tirarmos onda com alguém ou para rirmos de sua queda?

CAPÍTULO 11

4 - Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.

5 - Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.

6 - Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.

7 - O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.

8 - Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.

13 - Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?

14 - Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?

15 - Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.

“Para entender plenamente as inferências desse trecho, devemos aprender algo sobre os costumes mediterrâneos daquela época. As mulheres usavam sempre um véu quando se apresentavam em público. Segundo alguns historiadores, em Corinto, somente as prostitutas andavam sem véu. Era um tipo de véu que cobria os cabelos, mas não o rosto das mulheres casadas, mas como sinal de serem elas protegidas pela autoridade dos maridos. Simbolizava a submissão e a segurança no papel de esposas.”

Algumas mulheres crentes em Corinto passaram a dispensar o véu por conta da liberdade em Cristo e para salientar sua igualdade com os homens diante do Senhor. Esse fato foi visto como um abuso da liberdade cristã, uma vez que criava um mal entendido diante da sociedade. A falta do véu significava popularmente uma falta de respeito, confiança e honra para com o marido. Daí a necessidade do apóstolo orientar aquela igreja quanto a isso.

“Aquilo que pode ser plenamente aceitável numa cultura, escandaliza em outra.”

O problema é que ao longo se sua história, muitas igrejas vêm interpretando esse lance do véu e do cabelo como sendo para os nossos dias, para a nossa cultura brasileira. Algumas chegam a definir o uso do véu como obrigação. Outras proíbem terminantemente que as mulheres cortem o cabelo. Algumas chegavam a excluir as mulheres que aparavam os cabelos, baseadas numa interpretação acultural do “tosquie-se também.” Ora, pensemos criticamente: uma mulher de cabelo curtinho e uma completamente rapada é a mesma coisa? Ter vontade de fazer sexo com alguém e fazer é a mesma coisa? Ter vontade de socar alguém e socar de fato é a mesma coisa? Claro que não, gente. Enquanto estou na vontade, é um problema meu com Deus. Quando faço aquilo que estou com vontade, envolvo pelo menos outra pessoa e haverá uma série de consequências. Oxente, não parece tão claro isso!? Na nossa cultura, se vejo uma menina de cabelo curtinho, isso não me causa nenhum impacto visual, mas se a vejo com a cabeça rapada penso de imediato que está rolando uma quimioterapia, nunca vamos pensar em prostituição. Pois é, em Corinto não era assim. Uma mulher sem véu, de cabelo curtinho ou careca era tudo a mesma coisa, ou seja, prostituta. Não sei até que ponto procede, mas já li algum historiador que dizia que as prostitutas de Corinto mantinham seus cabelos curtos por conta de infestação de piolhos entre seus clientes. Faz sentido, né?
Há uma região, na África, em que as mulheres decentes só usam saias coloridas e nada da cintura para cima. Somente as prostitutas cobrem os seios. Aliás, na cultura africana, os seios são para alimentação dos bebês, não têm a conotação erótica que rola em nossa cultura.
Voltando ao texto de Paulo (v.4), lembramos que no Judaísmo os homens oram com a cabeça coberta por um kipar, um gorrinho que cobre apenas o centro da cabeça, e para eles, isso não é desonra, para os coríntios era.


Lição 08


OS ÁGAPES E A CEIA DO SENHOR


20 - De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.

21 - Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.

22 - Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.

“O ágape, na igreja primitiva, não era propriamente um culto de louvor, mas desempenhava um papel importante nos dias de Paulo. Talvez por causa do grande amor uns pelos outros ou em virtude das perseguições sofridas, os membros da igreja primitiva se congregassem com frequência (At 2:46). Eles “partiam o pão” e “tomavam refeições” comunitárias. Isso não se refere à Santa Ceia, mas a pequenas reuniões sociais.
À medida que o Evangelho se espalhava por todo o Império Romano, com o grande aumento de membros nas igrejas, os crentes continuavam suas reuniões em casas particulares com o objetivo de ensinar, louvar e confraternizar. O ágape primitivo era uma refeição simples e comunitária, onde cada um contribuía com parte da comida. Mas algo mudou em Corinto, e os ágapes, em vez de estimular a confraternização, estavam piorando as divisões existentes entre os membros.”

Os coríntios, então, passaram a subdividirem-se em grupos menores, talvez de acordo com as classes sociais ou talvez por conta daquelas divisões doutrinárias vistas em nossa primeira lição. Qualquer que fosse a razão, o fato é que tais panelinhas estavam se fechando e comprometendo o bem estar do grupo, da igreja local como um todo.
Se um dos propósitos dos ágapes era ajudar os pobres, isso estava deixando de ser prioridade. Paulo, então, orienta os irmãos a que comam em casa. Oxente, é simples entender: se os pobres não eram atendidos satisfatoriamente, se a comunhão não estava rolando entre todos, então não havia mais sentido participar dos ágapes. Cada um podia muito bem comer em casa.

“A falta de disciplina dos coríntios teve um péssimo efeito também na comemoração da Santa Ceia. Parece que comemoravam simultaneamente o ágape e a Santa Ceia, ou que essa seguia logo após aquele.”


A SANTA CEIA – capítulo 11

23 - Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 -  E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25 - Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26 - Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27 - Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28 - Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29 - Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR.
30 - Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
31 - Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
32 - Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 - Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
34 - Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.

“COMER ESTE PÃO...”

O pão é comida universal, consumido em todas as partes do mundo e mencionado centenas de vezes na Bíblia. A refeição mais típica dos judeus começava com o seguinte rito doméstico: o pai tomava o pão nas suas mãos, dava graças a Deus, partia o pão e distribuía os pedaços aos membros da família. Jesus seguiu esse mesmo padrão com seus discípulos (Mt 26:26). Mas acrescentou elementos ao dizer: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”
Sabemos que Jesus falava de uma maneira simbólica, porque o pão que segurava na mão não era parte de seu corpo. Ao partir o pão, agiu simbolicamente, pois, no dia seguinte, seu próprio corpo seria ferido na cruz. Mateus, Marcos e Lucas descrevem essa última Páscoa celebrada por Jesus com seus discípulos. Lucas anota as palavras de Jesus: “Fazei isto em memória de mim.”

“BEBER O CÁLICE...”

Na noite em que a Páscoa foi “transformada” na Santa Ceia, Jesus tomou o cálice, deu graças e ofereceu aos seus discípulos, dizendo: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:28). Essa linguagem (como no caso do pão) é simbólica. E o vinho no cálice era o símbolo do sangue de Jesus.

COMER E BEBER DIGNAMENTE

A forma física e visível da Santa Ceia consiste em comer um pedacinho de pão ou bolacha e beber um gole de vinho ou suco de uva após uma oração dedicatória. A participação dessa comunhão é um ato físico, e, a menos que signifique para nós algo muito importante em termos espirituais, é um ritual inútil.

AUTO-EXAME

28 -  Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.

Nem o pastor celebrante nem a pessoa ao seu lado poderá impedi-lo de tomar a ceia por estar indigno, até porque não temos como julgar o outro, não somos melhores que o outro. Quem tem que definir minha participação ou não na ceia é um auto-exame, ou seja, eu preciso olhar para dentro de mim e ver se está tudo bem. Por outro lado, é interessante também que se observe o seguinte: se não vou participar da ceia porque pequei, em que momento da vida vou poder participar? Não somos todos pecadores? É um fato, porém, que se não estou bem com o outro, devo me acertar com ele, e então, participarmos tranquilamente da ceia. Oxente, não estou bem com um companheiro, por isso não participo da ceia, mas também não me acerto com ele, tá pegando não tá não? A minha vida cristã não está nada bem.
Outra coisa: os elementos da ceia, a princípio, não têm poder curativo. Não faz sentido você participar da ceia achando que vai ficar curado ao ingerir os elementos. Não há ali nenhuma transformação dos elementos, como declara a doutrina da transubstanciação, defendida pelos companheiros católicos, segundo a qual o pão se transforma no corpo e o vinho no sangue de Cristo, literalmente.

Aliás, deixem-me contar uma historinha rápida sobre a hóstia utilizada pelos companheiros católicos na celebração da eucaristia (santa ceia). A palavra HÓSTIA vem do latim, e no Império Romano significava vítima humana oferecida aos deuses para aplacar-lhes a ira. Essa vítima normalmente era um estrangeiro que era sacrificado com requintes de crueldade. Pois é, por associação semântica, a palavra passou a designar o sacrifício de Cristo, uma vez que ele tornou-se vítima por nós para que tivéssemos acesso direto a Deus. Assim, quando ingerimos a hóstia (no nosso caso um pedacinho de pão) estamos lembrando do Cristo vitimado por nós na cruz.


Lição 09


SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS

CAPÍTULO 12

1 - ACERCA dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
8 - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
12 - Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
28 - E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
29 - Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?
30 - Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos?
31 - Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente.

Esse texto é simplesmente lindo. Ele fala da belezura que é a diversidade dos dons concedidos à igreja. Não é nossa intenção falar de cada um nesta lição pelo fato de já termos feito essa análise no segundo bimestre de 2009, quando estudamos especificamente esse assunto. Bem, de qualquer forma, quero chamar a atenção de todos para a unidade dessa diversidade, ou seja, apesar de toda essa variação há um só Senhor, há um só espírito de onde emanam todos esses dons. Outra coisa muito fofa é pensar que toda essa variedade de dons também tem um único objetivo: a edificação do corpo de Cristo, que é a igreja. Assim, toda essa diversidade precisa ser entendida e respeitada.

Segundo Kenneth E. Hagin (Os Dons do Ministério):

“Os dons de ministério são a provisão de Cristo para a Igreja para construir, edificar e amadurecer os santos. A Escritura diz que Ele deu dons aos homens, ‘até que todos cheguemos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da pleni¬tude de Cristo’. Esses dons do ministério fazem parte do propósito de Deus para o amadurecimento dos santos até que Jesus volte para sua igreja.”

Ainda falando especificamente sobre a diversidade de ministérios (verso 5), o mesmo autor supracitado alerta para o seguinte:

“a) É perigoso fazer algo só porque você quer fazê-lo.
  b) Você não entra num ministério só porque alguém diz que combina com você.

Como pastor, tenho observado pessoas jovens na igreja que estavam aptas a trabalhar para Deus. Algumas delas, eu creio, foram chamadas. Outras, tenho certe¬za, não foram. Tenho visto outros membros na igreja arruinar algumas dessas pessoas jovens, ao chegarem a elas e dizerem: ‘Creio que vocês foram chamadas para pregar’, e assim por diante. Elas tentaram pregar, e fracassaram. Frequentemente, acabam por deixar a igreja por causa disso.”

Continua o mesmo pastor recomendando aos companheiros:

“1. Não vá só porque alguém chamou você.
2. Não vá só porque sua mãe o chamou.
3. Não vá só porque seu pai o chamou.
4. Maridos, se vocês forem ministros do Evangelho e tiverem um chamado divino em suas vidas, não tentem chamar sua esposa para o ministério. Deixem que ela seja a ajudadora que é adequada (ou própria) para vocês, como Deus assim lhe designou. Incluam-na em tudo que for possível.
5. Esposas, se vocês forem chamadas, não tentem fazer de seus maridos os pregadores que eles não são. Porém não os excluam de suas vidas. Façam com que eles trabalhem em suas vidas, e até em seus ministérios, em tudo que for possível.
6. Há um chamado divino para o ministério. Você deve deter¬minar se ele está ou não em sua vida. Não tente ingressar no ministério sem o chamamento de Deus para assim o fazer.”

O item 4 é especialmente grave em relação ao pastorado, pois alguns líderes, assim como algumas igrejas tendem a achar que a esposa do pastor deve portar-se como uma pastora. Alguns chegam ao extremo de ordená-las. Outros limitam-se a referência como pastora. Companheiros e companheiras, nem uma coisa, nem outra. Cada um “ no ministério para o qual foi chamado”. Simples assim. Vou dar um exemplo citando nomes, mas estou autorizado, logo, não estou ferindo a ética. Aqui em nossa igreja, temos um exemplo perfeito. Acho que ninguém duvidaria aqui do chamado pastoral do companheiro Luciano, uma fofeza de pastor. Pois bem. Alguém aqui acha que nossa companheira Rúbia também tem esse chamado? A praia dela é outra. Ela está feliz da vida com o nosso projeto social, com a Fundação Vida (Projeto Sementinha do Futuro). Agora vai aqui uma denúncia: ela levou consigo minha esposa fofa, que não tem chamado para o ministério de ensino, e as duas estão lá como “pintas no lixo” (que metáfora horrorosa!), estão felizes. Nem o companheiro Luciano nem a igreja poderiam cobrar da Rúbia um chamado pastoral, assim como nem eu nem a igreja poderíamos cobrar de Ana Paula um chamado para o ensino. Já que estou citando nomes, vou dar outro exemplo: talvez ainda seja cedo para dizer isso, ou não, mas está parecendo que o pastor Éder e sua esposa têm ministérios mais afins, não que ela tenha que ser, necessariamente, uma pastora. Imaginem os senhores o prejuízo sonoro que teríamos se Roseli resolvesse que o pastor Edson tem um chamado musical? Alguém aqui, para terminar meus exemplos, acha que a companheira Linda, esposa do pastor Domingos, tem perfil de pastora? Converse com ela sobre isso! Enfim, queridos e queridas, “permaneça cada um na vocação para a qual foi chamado.” Honremos os ministérios de nossos companheiros e de nossas companheiras, mas evitemos impor-lhes qualquer atribuição ministerial por nossa conta. Mesmo casados, temos identidades distintas, vontades distintas e chamados distintos. Esse entendimento resolve um bocado de coisas.

COMO IDENTIFICAR O CHAMADO

A convicção é interior, independe de outros. É claro que alguém pode perceber uma tendência em você, mas a certeza do chamado precisa ser sua. Outra coisa: não existe a possibilidade de chamado para um ministério com o qual você não se identifica. Você precisa gostar. O dom não é uma imposição. Eu tenho problemas, estresses, crises no ministério de ensino, não posso negar, mas gosto tanto do que faço que essas coisas tornam-se pequenas diante do meu foco. Tenho 25 anos de atuação nessa área, tive um chamado precoce aos 15 anos de idade e desde então não tive nenhuma dúvida. Inicialmente, gostava de pregar, mas com o tempo minhas pregações viraram aulas, aí já era. E são duas coisas diferentes: pregar e ensinar não é a mesma coisa, embora uma única pessoa possa fazer bem as duas coisas. Não é meu caso. O que me dá prazer é ensinar e aprender. Não faz nenhum sentido desabafos do tipo: “Ah, por que Deus foi me dar justo esse dom?” O que faz sentido é: “puxa, estou estressado, chateado, aborrecido, muito cansado, mas hoje ao me colocar diante da turma da EBD, tudo isso vai passar..., hoje, ao subir para o púlpito, pegar o microfone e começar a cantar, tudo vai passar.” Se ando reclamando do meu dom, meu chamado é suspeito.


Lição 10


“EU VOS MOSTRAREI UM CAMINHO MAIS EXCELENTE”

CAPÍTULO 13

1 - AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 - E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 - E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 - O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 - Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 - Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 -Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 - O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9 - Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 - Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11 - Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 - Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13 - Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

Paulo conclui o capítulo 12, orientando quanto a busca dos melhores dons e dizendo que mostrará um caminho mais excelente. Esse caminho mais excelente a que ele se refere, é o amor. Aliás, daí pra frente ele vai escrevendo sobre diversos outros itens, mas atrelando todos eles à prática do amor. Isso significa dizer que mesmo que a igreja tenha os diversos dons espirituais, os dons ministeriais, se não houver amor, não vai rolar. No caso específico de Corinto, a igreja tinha os diversos dons, mas os caras se orgulhavam individualmente disso. Oxente, o portador de um dom é apenas um instrumento. Os méritos são do músico. Não temos, enquanto instrumentos que somos, o direito de tirar onda ou de nos sentir superiores a outros companheiros. Os dons são para edificação do corpo de Cristo, logo, precisam ser executados com amor.
Queridos e queridas, vamos pensar um pouquinho em como seria o mundo se as pessoas se amassem de fato? Agora vamos minimizar um pouquinho e vamos pensar em como seria o Brasil, o Rio de Janeiro, Cabo Frio, Unamar, a minha rua, a minha igreja, a minha escola, o meu trabalho. Gente, parece utópico. Cada um recebendo apenas aquilo a que tem direito, nenhum político cristão ou democrata cristão tentando beneficiar-se em detrimento do povo, ninguém tentando dar golpe em ninguém, ninguém tentando se beneficiar, levar vantagem sobre outro. Os ministérios da igreja todos articulados, seus ministros preocupados em ajudar os outros ministros, ninguém tentando se promover, nenhum líder oprimindo seu povo, todos pagando o que devem, todos perdoando todos por entenderem que todos falhamos, embora não queiramos falhar. Ah, meu Deus... e aí acordamos desse sonho lindo, dessa viagem maravilhosa e nos deparamos com uma sociedade egoísta, com muitos líderes opressores, com pastores que pastoreiam a si mesmos (Ezequiel 34):

2 - Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?

3 - Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.

4 -  As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.

5  - Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.

6 - As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse.

Voltando ao verso 6, de I Coríntios 13, lembro aqui que amar também é não compactuar com a injustiça, é não ficar calado quando o outro é oprimido, é não silenciar diante das injustiças: “Pior que a maldade dos maus é o silêncio dos bons.” – dizia nosso companheiro pastor batista norte-americano, Martin Luther King Jr. “O amor não folga com a injustiça.” Quem de nós nunca se sentiu injustiçado e quantos de nós somos injustos com o próximo! O amor não se alegra com a injustiça. “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”

ENTENDENDO OS VERSOS DE 8 A 10

Do livro “Comentário Bíblico – 1 e 2 Coríntios”, de Thomas Reginald Hoover, CPAD:

“Deus é amor e eterno. Por isso o amor é eterno, não acaba. A profecia (um dos mais importantes dons), as línguas e a palavra do conhecimento acabarão algum dia. Isso não significa que fracassarão em sua função na Igreja, mas que simplesmente não serão mais necessárias. Nosso conhecimento é parcial e incompleto. A profecia, por mais valiosa que seja, não pode solucionar os nossos problemas. Aprendemos acerca de Deus por meio desses dons do Espírito Santo e o louvamos através das línguas e com a profecia. Mas ‘quando vier o que é perfeito, conheceremos perfeitamente’ sem mais precisarmos do apoio desses dons.”

Queridos, o conteúdo dos capítulos 14 e 15 foi estudado na apostila sobre dons (2º bimestre/2009).

CAPÍTULO 16 – AMOR, CONTRIBUIÇÃO E COMUNHÃO

Neste capítulo, Paulo aborda um outro tema levantado pelos coríntios: a contribuição em dinheiro para os irmãos carentes. Paulo pediu, então, que contribuíssem com o seu dinheiro em benefício de uma necessidade bem específica. Sobre isso, escreve Thomas Reginald Hoover, em obra já citada nesta apostila:
“Houve muitos pobres na igreja de Jerusalém (Rm 15:26). A fome profetizada por Ágabo (At 11:27-30) estava flagelando aquela região. Por isso, os crentes em outras áreas mandavam ajuda financeira à igreja mãe em Jerusalém.... Alguns representantes da igreja, ‘aqueles que aprovardes’, iriam levar a oferta a Jerusalém, promovendo assim uma rede de responsabilidade mútua entre os crentes e as congregações em diversas regiões.”

Sobre a comunhão da igreja em Corinto com o apóstolo Paulo, escreve ainda o autor supra:

“Três dos crentes de Corinto, Estéfanas, com Fortunato e Acaico, foram visitar o apóstolo Paulo, ‘suprindo o que lhe faltava’ em termos de calor humano e ‘trazendo refrigério’ ao espírito dele. Apesar dos muitos problemas na igreja deles, esses irmãos conseguiram animar Paulo. O apóstolo reconhece o dom de socorros de Estéfanas e pede que os coríntios se submetam à liderança dele. Logo depois, encerra sua epístola com uma série de saudações.”

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