domingo, 16 de maio de 2010

UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DA PRIMEIRA ESPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS para classes de ADULTOS

Lição 01


CORINTO: A Cidade, A Igreja e As Cartas

Naqueles dias, Corinto era um importante centro comercial e porto marítimo, e contava com quinhentos mil habitantes. Podemos imaginar como seriam suas ruas e feiras barulhentas, apinhadas de gente oriunda de muitos países. Corinto era também importante na vida política, sendo capital da província de Acaia. A antiga cidade fora destruída pelos romanos em 146 a.C. Um século depois, uns cinquenta anos antes do nascimento de Jesus, os romanos reedificaram a cidade como uma colônia. Até a época das viagens missionárias de Paulo (46-60 d.C.), Corinto já era considerada uma das mais importantes cidades do Império Romano, um centro urbano próspero, porém muito corrupto.

Posteriormente, Corinto sofreu vários desastres, um terremoto e inúmeras guerras, ficando reduzida a uma ruína. Em 1858, uma nova cidade foi edificada, Korinthos, a poucos quilômetros da original, e deve ter hoje (2010) uns dez mil habitantes.

Paulo chegou a essa cidade por volta do ano 50 d.C., e organizou uma igreja de maioria gentia, já que os judeus não deram muita confiança a sua pregação. Logo que partiu, a igreja passou a enfrentar alguns problemas. Apelou, então, para o apóstolo, que respondeu em forma de cartas (epístolas), nas quais apresenta diversos conselhos de ordem prática e teológica.

Embora uma cidade grega, Corinto fazia parte do Império Romano, e era uma espécie de encruzilhada do comércio terrestre provindo de Atenas e destinado a Acaia. A cidade vivia cheia de viajantes, muitos deles comerciantes, que vendiam e compravam mercadorias, comiam bem e assistiam aos jogos ístmicos (uma espécie de olimpíada, que acontecia a cada 3 anos).

Os coríntios adoravam os prazeres, as diversões e cultivavam jogos de força e perícia atlética. A palavra “coríntio” tornou-se sinônimo de prostituição, alcoolismo e vida descontrolada. Até a sua religião apoiava tais práticas. No templo de Afrodite, deusa da beleza, do amor e do sexo, que ficava numa colina de seiscentos metros de altura, cerca de mil sacerdotisas (escravas) prestavam serviços religiosos de prostituição.

Estando a igreja inserida na sociedade, é claro que influenciará e receberá influências dessa sociedade. Foi isso que aconteceu em Corinto. Nas cartas paulinas, vamos observar a preocupação do apóstolo com certos costumes egoístas evidenciados até mesmo nos jantares de confraternização, onde alguns eram gulosos, enquanto outros não comiam o suficiente. Havia problemas relacionados com rixas, alcoolismo, imoralidade e práticas pagãs. Estamos falando da igreja. Os membros brigavam, processavam-se nos tribunais e se comportavam de maneira indigna da fé cristã.

10 - Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.

11 - Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.

Alguns crentes tinham perguntas sobre o casamento, sobre ofertas e sobre dons espirituais.

A INFLUÊNCIA GREGA

A Grécia era famosa por seus filósofos, dos quais o povo se orgulhava bastante. A galera de classe alta passava longas horas no seu passatempo favorito: escutar os filósofos e conversar sobre a natureza, o universo e o significado da vida. Admirava-se a eloquência de certos oradores, bem como a sua lógica e seu poder de argumentação. Era, portanto, natural que comparassem um filósofo ou orador com outro.

Assim, portanto, fica fácil entender porque os crentes coríntios mostravam atitudes semelhantes em relação aos líderes da igreja. Talvez esse partidarismo cristão tenha surgido até de forma inocente, levando-se em conta apenas essa questão de alguns preferirem o estilo retórico de Paulo (2:1 - E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria), enquanto outros sentiram-se atraídos pela eloquência de Apolo.

12 - Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

13 - Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?

Paulo, então, como vemos acima, pagou geral pra todo mundo, inclusive para aqueles que diziam “eu sou de Cristo”, e que talvez se sentissem superiores aos outros, ou seja, àqueles que preferiam Paulo, Apolo ou Pedro. Na verdade, os coríntios se gloriavam de seus líderes humanos, prática ainda observada na igreja de hoje. É claro que devemos respeito e consideração aos nossos líderes, mas não a ponto de adorá-los, não a ponto de sairmos da igreja quando eles são substituídos ou quando se vão. Nós somos de Cristo.
O que os caras viveram lá, na época, é como se hoje vocês dissessem: eu sou de Luciano, eu sou de Edson, eu sou de Domingos, eu sou de Éder, eu sou de Isac. Nós somos todos fofos (eu mais que os outros, é claro), mas nenhum de nós daríamos nossas vidas por vocês, pelo menos não numa situação em que pudéssemos escolher. Pois é, então vamos entrar numa máquina do tempo, voltar lá em Corinto e dizer isso àqueles caras de cabeças duras.

30 -  Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;

31 -  Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.



SABEDORIA HUMANA X SABEDORIA DIVINA

Os coríntios tinham muita dificuldade de compreender a natureza da sabedoria. Eles supervalorizavam a sabedoria humana em detrimento da sabedoria espiritual.

17 - Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.

Paulo, embora um cabra super inteligente e popular entre os coríntios, rejeitou a tentação de formar uma igreja baseada na sua inteligência ou popularidade. Ele estava firme na decisão de que Cristo, e não ele mesmo, é que deveria ser o alvo da lealdade e do amor daquela turma (capítulo 2).

2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 - A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
5 - Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
7 - Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;
8 - A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.
9 - Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.
13 - As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
14 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
16 - Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.


Lição 02


A TRINDADE: O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO

I CORÍNTIOS 2

10 - Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

11 - Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.

12 - Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.

13 - As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.

14 - Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

16 - Porque, quem conheceu a mente do SENHOR, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

“Quem me dera ao menos uma vez entender como um só Deus ao mesmo tempo é três.”
(Renato Russo)

É claro que vocês já ouviram a palavra trindade diversas vezes, mas certamente nunca a leram na Bíblia. O que temos no Livro Sagrado é a ação das pessoas da trindade (Deus, Jesus, o Espírito Santo). Isso gera muita confusão porque dá a impressão de que o Cristianismo, embora monoteísta, adore a três deuses. Mas não é bem isso. O Cristianismo, na verdade, adora a uma divindade trina, que se manifesta de três formas diferentes.
Tentar entender essa trindade, essa triunidade, é um dos grandes desafios da nossa fé. Pela sabedoria humana, pelo conhecimento secular, isso não é possível. É uma questão de fé.
Quem leu o livro O Código DaVinci (romance), certamente observou que o seu autor, Dan Brown, apresenta uma série de argumentos para confundir a fé cristã com relação a esse tema. Bom, ele tem parcialmente razão quando diz, por exemplo, que essa doutrina da trindade foi estabelecida em concílios da igreja, mas erra imensamente quando sugere que foram esses concílios que estabeleceram a divindade de Cristo, uma vez que essa natureza de Jesus está presente o tempo todo nas páginas do Novo Testamento. O papel dos concílios foi apenas o de formalizar essa doutrina. A propósito, você sabe o que é uma doutrina?


DOUTRINA - é uma convicção religiosa relativamente complexa. Muitas vezes, o termo é usado como sinônimo para convicção religiosa. Uma doutrina desenvolve-se a partir de convicções examinadas, ponderadas e afirmadas como verdadeiras formalmente pela comunidade organizada de crentes.

Ex.:” Creio na doutrina da Trindade.”

DEUS PAI

A Bíblia não apenas revela Deus como criador de todas as coisas (Gn 1:1), mas também como o sustentador de todas essas coisas (Mt 6:26; Lc 12:24; Hb 1:3) e como o dirigente dos destinos de indivíduos e nações (Sl 22:28).
A Bíblia afirma que Deus fez todas as coisas segundo o conselho de sua vontade (Ef 1:11), revelando, assim, a realização gradual de seu grande e eterno propósito de redenção.
A teologia tem a existência de Deus como fato fundamental, plenamente aceitável e independente da fé. Contudo, a Bíblia não se preocupa em provar a existência de Deus através de argumentos lógicos. Deus se revela através da sua doutrina (Jo 7:17). Ele se dá a conhecer àqueles que O buscam (Os 6:3). Deus se manifestou ao mundo na pessoa de Seu filho Jesus Cristo (2 Co 5:19).


Capítulo 2

7 - Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;

8 - A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.


JESUS CRISTO – O FILHO

Toda a discussão cristológica parte da resposta dada a pergunta do próprio Cristo: “Quem diz o povo ser o filho do homem?” e da crença na declaração bíblica: “... o Verbo era Deus.”
A confissão de Westminster dá a seguinte definição da natureza e pessoa de Jesus Cristo:

“O filho de Deus, a Segunda pessoa da Trindade, sendo o verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância e igual ao Pai, quando veio a plenitude do tempo tomou sobre si mesmo a natureza humana, com todas as suas propriedades essenciais e fraquezas comuns, porém sem pecado: sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, no ventre da virgem Maria, de sua substância. Desse modo, as duas naturezas completas, perfeitas e distintas, a divina e a humana, foram unidas inseparavelmente em uma pessoa, sem conversão, composição ou confusão. Tal pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém um Cristo, o único mediador entre Deus e o homem...”


Registros antigos confirmam a divindade de Cristo

O fato de que os cristãos antigos adoravam a Jesus Cristo como Deus (muito antes dos concílios) é bem documentado por autores não-cristãos do século II.. Celso, filósofo romano anticristão, de meados do século II, ridicularizou os cristãos por cultuarem um ser humano como Deus:

“Ora, se os cristãos adorassem apenas um Deus, eles poderiam ter a razão a seu lado. Mas de fato adoram um homem que só apareceu recentemente. Não consideram o que estão fazendo como ruptura do monoteísmo. Pelo contrário, pensam ser perfeitamente coerente cultuar o grande Deus e cultuar seu servo como Deus. E a adoração desse Jesus é a mais ultrajante, porque se recusam a prestar atenção a qualquer conversa sobre Deus, o pai de tudo, a menos que inclua uma referência a Jesus: diga-lhes que Jesus, o autor da insurreição cristã, não foi filho dele, e eles não darão atenção a você. E quando eles o chamam Filho de Deus, não estão de fato prestando homenagem a Deus, pelo contrário, estão tentando elevar Jesus às alturas.”

É claro que não precisamos do depoimento desse cabra para crermos na divindade de Jesus, todavia é um registro importante e bastante confiável pelo fato de ser ele um opositor. Sendo esse registro anterior aos concílios da igreja, concluímos que não foram os concílios que “transformaram” Jesus em Deus.

Evangelho de João – capítulo 1

1 - NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 - Ele estava no princípio com Deus.
3 - Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

O ESPÍRITO SANTO

Sobre o Espírito Santo, declara o Credo Niceno:

“Cremos no Espírito Santo, que é o Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho, que falou pelos profetas.”

Desde que vivemos na dispensação do Espírito Santo, é muito importante que saibamos sobre Ele tudo o que a Palavra nos revela. Uma doutrina sadia depende de entender com clareza e exatidão a natureza e a obra da bendita terceira pessoa da trindade, que habita na igreja, o corpo de Cristo, e lhe dá poder.


Lição 03


IMATURIDADE X ESPIRITUALIDADE

CAPÍTULO 3

1 - E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.

2 - Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,

3 - Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?

4 - Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?

5 - Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um?

Nestes versículos Paulo demonstra profunda preocupação com a imaturidade dos coríntios. Ele gostaria de estar falando a crentes espirituais, todavia reconhece que eles não amadureceram, que ainda não estão prontos para alimentos sólidos, ou seja, para verdades mais profundas.
Ainda hoje, em nossas igrejas, temos essas figuras imaturas; são criaturas que estão há décadas na igreja, mas que ainda não tiveram de fato uma experiência real com Deus. Outros estão preocupados apenas em fazer Deus funcionar, como se pudessem manipular a divindade, ditando o que Ele deve fazer, e quando deve fazer, determinando coisas para Deus, tendo uns pitis espirituais, uns ataquezinhos bestas de pelanca, batendo o pezinho e gritando aos berros: Deus, eu quero isso agora, eu sou teu servo, eu quero agora. Como diz o pastor Geremias Pereira, os anjos devem se acabar de rir dessa gente. Quem somos nós para determinarmos coisas para Deus? E tem ainda outros surtados que ameaçam a Deus: Se tu não me deres tal coisa, não farei mais tal coisa. Que gente ridícula! E sabe o que é pior, queridos e queridas: essa gente besta chama isso de espiritualidade. Bando de imaturos espirituais. Era gente assim que tinha em Corinto.

NÓS SOMOS TEMPLOS DO ESPÍRITO SANTO

Deus não habita em templos feitos por homens. Não acho que construímos templos bonitos para Deus, pois Ele não está preocupado com isso. Construímos templos bonitos e confortáveis para nós mesmos, e acho isso legítimo, afinal de contas, queremos conforto. Me preocupa, todavia, quanto os templos ficam tão portentosos em comunidades tão carentes que destoam completamente do contexto. Bom, o que estou querendo dizer é que o Espírito Santo de Deus habita em nós, que nossos corpos, esses sim, são templos do Espírito Santo. Logo, devemos cuidar bem deles, mas sem os exageros da ditadura da beleza, da busca insana pela magreza esquelética, das horas diárias de academia para ganhar ou perder umas carninhas. Todo exagero é prejudicial. Então, turma, se nossos corpinhos são templos do Espírito Santo, precisamos cuidar bem deles, precisamos ir ao médico regularmente, precisamos fazer algum tipo de exercício, enfim, não podemos ver nossos corpos simplesmente como instrumento do pecado, mas como templo do Espírito Santo.

16 - Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
17 - Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
18 - Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.

Nos versículos abaixo, Paulo mostra nossa responsabilidade como servos e colaboradores de Deus, o qual dispõe as tarefas e nos retribui conforme as nossas obras e conforme as nossas intenções, ou seja, se fazemos para Deus ou para aparecemos como bonzinhos para a nossa liderança e para a nossa comunidade. Os fundamentos da igreja de Cristo já estão lançados e todos precisamos nos voluntariarmos para aperfeiçoá-la, para edificá-la, mas ao fazermos isso quais são nossas intenções? Quem de nós pode julgar um ao outro em relação ao que está em nossos corações? Somente o Espírito Santo é capaz de sondar nossos corações, e então saberemos se nossas obras são de madeira, feno ou palha (materiais combustíveis) ou se são de ouro, prata e pedras preciosas, que resistem ao fogo.


11 - Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

12 - E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,

13 - A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.

14 Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.

Isso não quer dizer, de jeito nenhum, que devamos fazer a obra de Deus exclusivamente em busca de galardões. Sobre isso escreve o pastor Ed René Kivitz, em seu livro “Outra Espiritualidade”:

“Tampouco faz sentido o relacionamento com Deus motivado pelo interesse em suas bênçãos e galardões, pois isso faz que Deus deixe de ser um fim em si mesmo e se torne um meio de prosperidade, isto é, passa a ser um ídolo a serviço dos fiéis.”

CAPÍTULO 4

7 - Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?

9 - Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.

10 - Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis.

A igreja em Corinto tinha muitos dons. Os dons espirituais são dádivas de Deus para alguns com o objetivo de edificar, aperfeiçoar a igreja, o coletivo. Esses dons não são conquistados por méritos individuais, logo, ninguém poderia tirar onda porque os tem, mas em Corinto isso estava acontecendo. Daí o versículo 7. Os apóstolos, líderes da igreja naquele momento, também não tinham por que tirar onda com ninguém, muito pelo contrário, Paulo comenta que eles foram postos como últimos, ou seja, ralavam muito mais do que qualquer membro da igreja. E até hoje isso não é muito diferente. Os pastores evangélicos sérios e comprometidos com a igreja ralam muito, têm clareza dos espinhos desse ministério, mas vocação é vocação. Eles ralam e são felizes. Isso é fofo.

12 - E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos;

13 - Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos.

Esse trecho me lembra a oração de FRANCISCO DE ASSIS, que é linda. Vamos refletir um pouquinho sobre ela?

“Senhor, faz de mim um instrumento da tua paz.
Onde há ódio que eu possa semear amor;
Onde há ofensa, perdão;
Onde há dúvida, fé;
Onde há desespero, esperança;
Onde há trevas, luz;
Onde há tristeza, alegria;
Oh Divino Mestre, que eu não procure tanto
Ser consolado, como consolar;
Ser compreendido, como compreender;
Ser amado, como amar;
Pois é dando, que recebemos;
É perdoando, que somos perdoados;
E é morrendo que nascemos para a vida eterna.”

Bem, após refletirmos sobre essa linda oração, vamos nos sentir um coríntio um pouquinho e imaginar que Paulo tenha escrito essa carta exclusivamente para nós, vamos imaginar que essa pergunta a seguir foi feita individualmente para cada um de nós e vamos respondê-la:

21 - Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?


Lição 04


LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E DISCIPLINA

CAPÍTULO 5

1 -  GERALMENTE se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.

2 - Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.

9 - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;

10 - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.

11 - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.

12 - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?

13 - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.

Nos dias de Paulo, havia um grupo de irmãos que achavam que uma vez que a salvação vem pela fé, os crentes não estão sujeitos a nenhuma lei moral. Alguns chegavam ao ponto de crer que quanto mais pecassem mais abundante seria a graça e a glória de Deus manifestas no seu divino perdão (Rm 6:1,2). Ainda hoje, você encontra alguns crentes que levam uma vida desregrada e libertina, e apresentam uma série de argumentos para justificar seu comportamento. A igreja tem uma séria responsabilidade em relação a essas pessoas: a disciplina. É claro que até em função de fenômenos estudados pela Sociologia, ao longo do tempo, a sociedade muda. A igreja, estando inserida nessa sociedade, também muda. Dessa forma, a disciplina não é aplicada hoje como nos dias de Paulo (5 Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.). Até bem pouco tempo atrás a igreja entendia a disciplina como a exclusão. Então excluía-se por qualquer razão. Deu mole, o cabra era posto pra fora da comunidade, exposto, segregado. Eu não sei até que ponto isso pode melhorar alguém. É como se estivéssemos dizendo para um cabra que fez sexo antes ou fora do casamento: “sujeito/a, você já fez bobagem, já tá perdido/a mesmo, some daqui, e só volte quanto estiver bem.” Acho que não rola disciplina aí, rola é uma exclusão sumária do grupo. A igreja, hoje, entende que disciplinar é orientar, conscientizar o cabra de que ele fez bobagem sim, mas que nem por isso deixou de ser alvo do amor de Cristo, é resgatar a criatura, trazê-la de volta para a comunidade.
Agora, tem outra coisa: não é por conta dessa visão melhorada de disciplina que o cabra vai aloprar, vai sair fazendo tudo quanto é besteira porque a igreja vai aliviar. Não é isso, gente. Uma pessoa convertida de fato vai entender que ela precisa estar bem com Deus, consigo mesma e com a igreja.
O termo fornicação, mencionado logo no início do capítulo 5, se refere a prática de sexo por pessoas não casadas. No caso de casados que praticam sexo fora do casamento, o termo utilizado é adultério, traição conjugal, entendendo-se que trair não limita-se a fazer sexo. Esse esclarecimento é estritamente necessário senão vai ter “neguim”, “branquim” e “amarelim” achando que beijar na boca fora do casamento ou beijar outras bocas que não a do esposo ou da esposa não seja traição. Oxente!
Mas voltemos ao capítulo 5: o caso de fornicação mencionado aqui é mais grave: tinha gente fornicando com a madrasta. Ao saber disso, Paulo fica muito invocado e no auge do estresse diz que esse cabra deve ser banido da comunidade cristã e entregue a Satanás. Essa expressão entregue a Satanás tem o sentido de devolver o cabra para o reino das trevas de onde ele veio, ou seja, é a excomunhão da igreja, a exclusão. Nada mais que isso.

A fornicação mencionada aqui é incestuosa e o incesto também é condenado na Bíblia (Lv 18:7,8; Am 2:7). Observe que nem mesmo a sociedade de Corinto admitia tal prática, mas ainda assim a igreja estava tolerando.
Só uma perguntinha: seria incesto beijar na boca da prima ou do primo? E casar com ele ou ela?
E agora, devo responder ou devo deixar isso por conta do professor da classe... estou me sentindo tentado a não responder. É isso aí, vamos debater o tema e chegar a uma conclusão.

Não vos associeis com os que se prostituem...

É interessante aqui que ao fazer esta advertência, Paulo acrescenta que nem está falando da sociedade em geral, pois segundo ele, para você isolar-se dessa turma teria que sair do planeta. Ele está falando dos que estão na igreja e praticam tais coisas. Hoje, séculos depois, digo a mesma coisa, ou melhor, chamo a atenção de vocês para esse escrito paulino: Nem todo mundo que está na igreja é do bem, logo devemos orientar nossos filhos e netos quanto às suas companhias, mesmo se tratando de pessoas que frequentam a igreja.
Amigos são dádivas de Deus, são presentes. E olha que barato, li isso em algum lugar: “amigo é um irmão que temos o direito de escolher.” O problema é que nem todos que se dizem amigos são amigos de fato. É disso que estou falando.
A grande ameaça a nossa integridade, diz Paulo, pode não estar no mundo, mas em nossa própria comunidade de fé.

6 - Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?

7 - Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.

8 - Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade.

Paulo escreve esta carta perto da páscoa, então ele aproveita para usar a metáfora do fermento. O termo ázimos usado nesse texto refere-se aos pães sem fermento com que era celebrada a páscoa. Fermento, aqui, refere-se ao mal de qualquer natureza. E ele deixa claro que, assim como o fermento faz crescer a massa, o mal corrompe toda uma comunidade, logo, não pode ser tolerado, ou seja, a igreja não pode tolerar o mal, pois estaria compartilhando da culpa, do pecado. Uma vez livres desse fermento do mal, nos tornamos pães ázimos aptos para a celebração da páscoa.

A propósito, outra daquelas perguntinhas que não vou responder: a páscoa é uma festa cristã ou judaica?

CAPÍTULO 6

1 -  OUSA algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?

5 - Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?

6 - Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis.

7 - Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?

8 - Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos.

Aqui, Paulo fala de situações que poderiam ser resolvidas internamente, na própria igreja, mas que os irmãos levavam para os tribunais comuns, expondo uns aos outros. Essa, aliás, é uma prática bastante atual. Até a justiça trabalhista tem recebido causas de voluntários que um dia brigam com seus pastores, ficam aborrecidinhos e vão reivindicar indenizações. Chega a ser deprimente.


Lição 05


ORIENTAÇÕES GERAIS

AINDA O CAPÍTULO 6

9 - Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,

10 - nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

11 - E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.

Vocês lembram que em Romanos Paulo também apresenta uma lista sinistra dessas aí? Pois é, aqui ele reforça. Na verdade, Romanos tem um foco preventivo e Coríntios, um foco corretivo. No verso 11, ele acrescenta que a igreja é formada por ex-, tem ex-tudo em nossas comunidades, pessoas lavadas, santificadas e justificadas no nome de Jesus, pessoas arrependidas. Não são pessoas perfeitas, como já vimos, mas são pessoas que desejam e buscam a perfeição.

“Os versículos 9-11 salientam o contraste entre a igreja e o mundo. Aqueles que praticam tais pecados não podem se integrar à igreja nem ao Reino de Deus. Alguns dos crentes coríntios já haviam sido malévolos, homossexuais, imorais, idólatras, ladrões, gulosos, bêbados, trapaceiros e caluniadores. Mas foram transformados por Deus!... Ao se entregarem a Jesus como seu Senhor e Salvador, foram lavados e purificados de todo pecado, santificados (consagrados a Deus) e justificados (isentos de culpa e condenação)... Os crentes de Corinto eram novas criaturas....”

12 - Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.

Essa mesma declaração é repetida em 10:23. Parece tratar-se de um ditado, de um provérbio popular de Corinto, que Paulo emprega ironicamente.

“Os coríntios seguiam a filosofia do hedonismo, que afirmava ser o prazer o supremo bem da vida, portanto a busca do prazer, o alvo principal da conduta humana. Os coríntios até afirmavam: ‘Comamos e bebamos, que amanhã morreremos’” (15:32).

Podemos muita coisa, mas nem todas devemos fazer enquanto cristãos, ou seja, não podemos nos deixar dominar por elas. Essa ideia do “comamos e bebamos, que amanhã morreremos” me lembra algumas expressões contemporâneas defendidas em canções populares, como uma de Marcelo D2: “o que se leva da vida é a vida que se leva.” Enquanto cristãos, temos que ter muito cuidado com a vida que levamos e não embarcarmos nessas filosofias de que devemos fazer tudo que sentirmos vontade hoje, porque amanhã poderemos estar mortos.

13 -  Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o SENHOR, e o SENHOR para o corpo.

Alguns pais de meninos, não evangélicos, entendem que têm que levar seus filhos a prostíbulos para que eles sejam iniciados. Esse versículo 13 nos dá a impressão de que os coríntios já pensavam assim. Sobre isso, permitam-me compartilhar alguns esclarecimentos, até para que possamos orientar corretamente nossos meninos e nossas meninas.

a) Tudo bem considerar o sexo uma necessidade fisiológica, mas não na mesma proporção de comida e água. Sem essas duas últimas, é impossível ao ser humano viver; sem sexo, é possível. Agora tem uma coisa: uma vez iniciada a vida sexual, o corpo exigirá sexo com uma certa frequência, portanto, é a maior conversa fiada aquele papo de: “eu fiz sexo com meu namorado ou com a minha namorada uma única vez, depois nunca mais, pois percebemos que erramos diante de Deus.” Ah, tá bom,. eu acredito tanto nisso quanto em papai Noel;

b) Sabemos muito bem que o perigo maior não é a menininha que se prostitui, mas a namoradinha ou o namoradinho. Nossos meninos e nossas meninas têm vontade, têm desejo, e até aí tudo é normal, mas nem por isso vamos entrar na onda da propaganda governamental sobre o uso de camisinha e dizer para eles que tudo bem, que, nessa geração é assim mesmo, que basta prevenir-se. Vamos relembrar o ditado coríntio citado por Paulo: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm”.

c) Paulo finaliza o versículo em questão lembrando que o nosso corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor. Deixa eu dizer uma coisinha sobre isso: ser cristão se isolando da sociedade, vivendo num mosteiro sem nenhum contato com o sexo oposto, é moleza. Eu quero ver ser cristão evangélico, batista, luciânico, morando no litoral, em contato visual direto com pessoas do sexo oposto com pouca roupa, com os apelos da mídia, e manter-se casto/a. Isso é o cabra ser cristão. Guardar-se casto para a pessoa amada é o maior barato. Que chamem de caretice, daí. Lá em Pato Branco já era assim. O importante é o que nós achamos e o que nós vivemos, não o que dizem a nosso respeito.

15 - Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.

16 - Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.

17 - Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.

18 - Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.

19 - Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

20 - Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

Algumas pessoas acham que Deus se interessa somente pelo nosso espírito, pois este se comunica com Ele. Acreditam, portanto, que o que fazemos com o corpo não é importante. Mas a verdade é que Deus fez o homem uno: corpo, alma e espírito – e para si mesmo. Ele tem de ser Senhor do nosso corpo como é do nosso espírito.
O corpo em si não é bom nem mau em termos morais. Não pode agir por conta própria se o espírito estiver morto; é o espírito que escolhe que bem ou mal o corpo fará.
Podemos e devemos orientar nossos meninos e nossas meninas a fugirem das pessoas e locais que os tentam; devemos orientá-los a evitar a leitura ou contemplação de textos, fotos ou vídeos que os encaminhem ao sexo. Ninguém tem o direito de sentir-se ‘suficientemente forte’ para fazer frente contra essas tentações; a recomendação é fugir delas.


Lição 06


PAULO RESPONDE ÀS DIVERSAS PERGUNTAS DOS CORÍNTIOS E DEFENDE O SEU MINISTÉRIO APOSTÓLICO

1. SOBRE O CASAMENTO

CAPÍTULO 7

1 - ORA, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;

2 - Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.

6 - Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento.

7 - Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.

8 - Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.

9 - Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.

32 - E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do SENHOR, em como há de agradar ao Senhor;

33 - Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.

34 - Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.

Gente, não temos aqui uma proibição do casamento, nem um mandamento para que todos se casem. Paulo, no momento em que escreve esta carta, era celibatário (v.7), e fala das vantagens do celibato, todavia sem proibir o casamento. A proibição imposta pela igreja católica aos seus sacerdotes é muito mais uma questão econômica do que bíblica. Paulo chega a referir-se a essa coisa de casar ou não casar como um dom, ou seja, alguns são capazes de serem celibatários, outros não.
Embora Paulo fale de casamento também como uma medida para evitar a prostituição, ninguém deve casar-se apenas para poder fazer sexo. Agindo assim, a pessoa estará vendo o outro apenas como um objeto de satisfação física, e isso não garante o sucesso de nenhum casamento. Casar-se para se livrar do domínio dos pais ou apenas para fazer sexo é a maior furada. O casamento precisa ter como fundamento o amor ao outro. Num casamento, ninguém torna-se propriedade do outro. As identidades individuais precisam ser mantidas, ninguém precisa descaracterizar-se. Em algumas culturas, os homens tratam suas esposas como escravas ou como propriedade material.
O que Paulo está dizendo é bastante óbvio: se sou solteiro, tenho muito mais tempo e disponibilidade para a igreja. Se sou casado, tenho que priorizar a família.
Não há nos ensinos de Paulo ou de Jesus Cristo uma única regra abrangente e inflexível sobre o divórcio. Em alguns casos, as condições de convívio parecem impossíveis. Por exemplo: um marido alcoólatra que surra a esposa e ameaça matar os filhos; um marido ou uma esposa que tem uma amante; os casos de violação de direitos humanos. Enfim, será que um casamento deve ser mantido apenas em função do “bem-estar” das crianças?
Se você quiser se aprofundar nesse tema, leia também os textos a seguir: Mt 5:31,32; 19:3-11. Enfim, o ideal é que o casamento seja para sempre e que esse sempre nunca acabe, mas...

2. SOBRE AS COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOS

CAPÍTULO 8

4 - Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.

5 - Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),

6 - Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.

7 - Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada.

8 - Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta.

9 - Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.

10 - Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?

11 - E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.

12 - Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.

13 - Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize.

Isso tudo aí significa dizer o seguinte: o problema de fato não é o treco sacrificado aos ídolos, uma vez que o nosso Deus está acima de qualquer um deles, mas o escândalo que eu posso causar para outros. Esse mesmo assunto é retomado no capítulo 10, nos versos 19 a 32, com mais detalhes.
Se eu tenho conhecimento (que Paulo chama aí de ciência) disso, mas sei que meu irmão é “fraco” e pode escandalizar-se com isso, devo evitar.
Vou dar um exemplo simples: os doces de Cosme e Damião. Tendo esses doces sido oferecidos ou não, eu sei que o meu Deus é superior a isso. No entanto, a própria comunidade evangélica da qual faço parte, bem como a sociedade, esperam de mim um comportamento diferente: que eu não saia correndo atrás de tais doces. Assim, então, se eu como, vou estar escandalizando essa galera, portanto, não devo. Agora, vamos imaginar que sem saber a origem, eu tenha comido uns doces de Cosme e Damião. Isso não quer dizer necessariamente que eu esteja possuído ou que tenha cometido um pecado hediondo. Oxente, o meu Deus está muito acima de qualquer sacrifício a Cosme e Damião.

RESUMO DA ÓPERA:  para orientarmos nossos meninos e nossas meninas: evite os doces de Cosme e Damião, mas se comeu “acidentalmente”, não se mate.
Vou dar outro exemplo: por influência da visão judaica no Velho Testamento, alguns irmãos entendem que não devemos comer carne de porco ou nenhuma comida feita com o sangue do animal. Pois bem, do ponto de vista cristão, não há o menor problema , todavia, por amor ao meu irmão em Cristo, não devo comer esses alimentos diante dele, pois vou escandalizá-lo sem necessidade. Aplicando aos nossos dias, é disso que Paulo está falando.

3. SOBRE O APOSTOLADO DE PAULO

CAPÍTULO 9

1 - NÃO sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?

2 - Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.

3 - Esta é minha defesa para com os que me condenam.

4 - Não temos nós direito de comer e beber?

6 - Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?

7 - Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?

9 - Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?

11 - Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?

12 - Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.

14 - Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.


Aqui, os versos 1, 2 e 3, trazem de volta aquele assunto do partidarismo da igreja de Corinto e das suas contendas por favoritismo para com certos líderes. Evidentemente, alguns dos coríntios pensavam que Paulo não era bem um apóstolo. Ele, todavia, na qualidade de fundador dessa igreja, diz: “vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.” Assim, a conversão dos coríntios e o estabelecimento da igreja na sua cidade foram provas da vocação apostólica de Paulo.

Este trecho tão importante nos ensina que a igreja deve cuidar de seu pastor. O soldado tem direito de receber roupa e comida. O fazendeiro tem o direito de receber a colheita da sua plantação. Até o boi tem o direito de comer dos grãos que vai debulhando. Logo, o ministro cristão tem o direito de ser sustentado economicamente pelo rebanho que está pastoreando.


Lição 07


APRENDENDO COM O PASSADO E O CASO DO VÉU

CAPÍTULO 10

1 - ORA, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar.
5 - Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto.
6 - E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
12 - Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.

Nesse trecho, Paulo cria um link com o passado do povo judeu, a partir da saída do Egito, da travessia do Mar Vermelho e dos vários acontecimentos que foram rolando diariamente pelo deserto. Eles fizeram uma série de bobagens e foram terrivelmente punidos por conta disso. Paulo está alertando aos coríntios para que não repitam tais erros. Sempre podemos aprender com o passado. Errar, como se diz popularmente, é humano. Cometer sempre os mesmos erros, errar sempre nos mesmos itens, como também se diz popularmente, é burrice. Os coríntios já tinham os registros do Velho Testamento e estavam cometendo os mesmos erros. Nós já temos os registros dos coríntios e do Velho Testamento, então já não deveríamos cometer os mesmos erros. Esse tipo de coisa, porém, é bem típica dos seres humanos. “Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade...”
Todos nós podemos cair em algum momento, embora nosso compromisso precise ser permanecermos de pé. O que não podemos de jeito nenhum é acharmos o maior barato a queda de alguém. Muito pelo contrário, enquanto cristãos, isso precisa nos incomodar, precisamos ajudar o companheiro a levantar-se. Não estou conseguindo lembrar quem disse isso, mas acho a frase fantástica: “A única situação em que devemos olhar para alguém de cima para baixo é quando vamos ajudar essa pessoa a levantar-se.” Lindo demais! É isso. Quem somos nós para tirarmos onda com alguém ou para rirmos de sua queda?

CAPÍTULO 11

4 - Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.

5 - Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.

6 - Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.

7 - O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.

8 - Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.

13 - Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?

14 - Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?

15 - Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.

“Para entender plenamente as inferências desse trecho, devemos aprender algo sobre os costumes mediterrâneos daquela época. As mulheres usavam sempre um véu quando se apresentavam em público. Segundo alguns historiadores, em Corinto, somente as prostitutas andavam sem véu. Era um tipo de véu que cobria os cabelos, mas não o rosto das mulheres casadas, mas como sinal de serem elas protegidas pela autoridade dos maridos. Simbolizava a submissão e a segurança no papel de esposas.”

Algumas mulheres crentes em Corinto passaram a dispensar o véu por conta da liberdade em Cristo e para salientar sua igualdade com os homens diante do Senhor. Esse fato foi visto como um abuso da liberdade cristã, uma vez que criava um mal entendido diante da sociedade. A falta do véu significava popularmente uma falta de respeito, confiança e honra para com o marido. Daí a necessidade do apóstolo orientar aquela igreja quanto a isso.

“Aquilo que pode ser plenamente aceitável numa cultura, escandaliza em outra.”

O problema é que ao longo se sua história, muitas igrejas vêm interpretando esse lance do véu e do cabelo como sendo para os nossos dias, para a nossa cultura brasileira. Algumas chegam a definir o uso do véu como obrigação. Outras proíbem terminantemente que as mulheres cortem o cabelo. Algumas chegavam a excluir as mulheres que aparavam os cabelos, baseadas numa interpretação acultural do “tosquie-se também.” Ora, pensemos criticamente: uma mulher de cabelo curtinho e uma completamente rapada é a mesma coisa? Ter vontade de fazer sexo com alguém e fazer é a mesma coisa? Ter vontade de socar alguém e socar de fato é a mesma coisa? Claro que não, gente. Enquanto estou na vontade, é um problema meu com Deus. Quando faço aquilo que estou com vontade, envolvo pelo menos outra pessoa e haverá uma série de consequências. Oxente, não parece tão claro isso!? Na nossa cultura, se vejo uma menina de cabelo curtinho, isso não me causa nenhum impacto visual, mas se a vejo com a cabeça rapada penso de imediato que está rolando uma quimioterapia, nunca vamos pensar em prostituição. Pois é, em Corinto não era assim. Uma mulher sem véu, de cabelo curtinho ou careca era tudo a mesma coisa, ou seja, prostituta. Não sei até que ponto procede, mas já li algum historiador que dizia que as prostitutas de Corinto mantinham seus cabelos curtos por conta de infestação de piolhos entre seus clientes. Faz sentido, né?
Há uma região, na África, em que as mulheres decentes só usam saias coloridas e nada da cintura para cima. Somente as prostitutas cobrem os seios. Aliás, na cultura africana, os seios são para alimentação dos bebês, não têm a conotação erótica que rola em nossa cultura.
Voltando ao texto de Paulo (v.4), lembramos que no Judaísmo os homens oram com a cabeça coberta por um kipar, um gorrinho que cobre apenas o centro da cabeça, e para eles, isso não é desonra, para os coríntios era.


Lição 08


OS ÁGAPES E A CEIA DO SENHOR


20 - De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.

21 - Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.

22 - Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.

“O ágape, na igreja primitiva, não era propriamente um culto de louvor, mas desempenhava um papel importante nos dias de Paulo. Talvez por causa do grande amor uns pelos outros ou em virtude das perseguições sofridas, os membros da igreja primitiva se congregassem com frequência (At 2:46). Eles “partiam o pão” e “tomavam refeições” comunitárias. Isso não se refere à Santa Ceia, mas a pequenas reuniões sociais.
À medida que o Evangelho se espalhava por todo o Império Romano, com o grande aumento de membros nas igrejas, os crentes continuavam suas reuniões em casas particulares com o objetivo de ensinar, louvar e confraternizar. O ágape primitivo era uma refeição simples e comunitária, onde cada um contribuía com parte da comida. Mas algo mudou em Corinto, e os ágapes, em vez de estimular a confraternização, estavam piorando as divisões existentes entre os membros.”

Os coríntios, então, passaram a subdividirem-se em grupos menores, talvez de acordo com as classes sociais ou talvez por conta daquelas divisões doutrinárias vistas em nossa primeira lição. Qualquer que fosse a razão, o fato é que tais panelinhas estavam se fechando e comprometendo o bem estar do grupo, da igreja local como um todo.
Se um dos propósitos dos ágapes era ajudar os pobres, isso estava deixando de ser prioridade. Paulo, então, orienta os irmãos a que comam em casa. Oxente, é simples entender: se os pobres não eram atendidos satisfatoriamente, se a comunhão não estava rolando entre todos, então não havia mais sentido participar dos ágapes. Cada um podia muito bem comer em casa.

“A falta de disciplina dos coríntios teve um péssimo efeito também na comemoração da Santa Ceia. Parece que comemoravam simultaneamente o ágape e a Santa Ceia, ou que essa seguia logo após aquele.”


A SANTA CEIA – capítulo 11

23 - Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 -  E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25 - Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26 - Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27 - Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28 - Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29 - Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR.
30 - Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
31 - Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
32 - Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 - Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
34 - Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.

“COMER ESTE PÃO...”

O pão é comida universal, consumido em todas as partes do mundo e mencionado centenas de vezes na Bíblia. A refeição mais típica dos judeus começava com o seguinte rito doméstico: o pai tomava o pão nas suas mãos, dava graças a Deus, partia o pão e distribuía os pedaços aos membros da família. Jesus seguiu esse mesmo padrão com seus discípulos (Mt 26:26). Mas acrescentou elementos ao dizer: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”
Sabemos que Jesus falava de uma maneira simbólica, porque o pão que segurava na mão não era parte de seu corpo. Ao partir o pão, agiu simbolicamente, pois, no dia seguinte, seu próprio corpo seria ferido na cruz. Mateus, Marcos e Lucas descrevem essa última Páscoa celebrada por Jesus com seus discípulos. Lucas anota as palavras de Jesus: “Fazei isto em memória de mim.”

“BEBER O CÁLICE...”

Na noite em que a Páscoa foi “transformada” na Santa Ceia, Jesus tomou o cálice, deu graças e ofereceu aos seus discípulos, dizendo: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:28). Essa linguagem (como no caso do pão) é simbólica. E o vinho no cálice era o símbolo do sangue de Jesus.

COMER E BEBER DIGNAMENTE

A forma física e visível da Santa Ceia consiste em comer um pedacinho de pão ou bolacha e beber um gole de vinho ou suco de uva após uma oração dedicatória. A participação dessa comunhão é um ato físico, e, a menos que signifique para nós algo muito importante em termos espirituais, é um ritual inútil.

AUTO-EXAME

28 -  Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.

Nem o pastor celebrante nem a pessoa ao seu lado poderá impedi-lo de tomar a ceia por estar indigno, até porque não temos como julgar o outro, não somos melhores que o outro. Quem tem que definir minha participação ou não na ceia é um auto-exame, ou seja, eu preciso olhar para dentro de mim e ver se está tudo bem. Por outro lado, é interessante também que se observe o seguinte: se não vou participar da ceia porque pequei, em que momento da vida vou poder participar? Não somos todos pecadores? É um fato, porém, que se não estou bem com o outro, devo me acertar com ele, e então, participarmos tranquilamente da ceia. Oxente, não estou bem com um companheiro, por isso não participo da ceia, mas também não me acerto com ele, tá pegando não tá não? A minha vida cristã não está nada bem.
Outra coisa: os elementos da ceia, a princípio, não têm poder curativo. Não faz sentido você participar da ceia achando que vai ficar curado ao ingerir os elementos. Não há ali nenhuma transformação dos elementos, como declara a doutrina da transubstanciação, defendida pelos companheiros católicos, segundo a qual o pão se transforma no corpo e o vinho no sangue de Cristo, literalmente.

Aliás, deixem-me contar uma historinha rápida sobre a hóstia utilizada pelos companheiros católicos na celebração da eucaristia (santa ceia). A palavra HÓSTIA vem do latim, e no Império Romano significava vítima humana oferecida aos deuses para aplacar-lhes a ira. Essa vítima normalmente era um estrangeiro que era sacrificado com requintes de crueldade. Pois é, por associação semântica, a palavra passou a designar o sacrifício de Cristo, uma vez que ele tornou-se vítima por nós para que tivéssemos acesso direto a Deus. Assim, quando ingerimos a hóstia (no nosso caso um pedacinho de pão) estamos lembrando do Cristo vitimado por nós na cruz.


Lição 09


SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS

CAPÍTULO 12

1 - ACERCA dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
8 - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
12 - Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
28 - E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
29 - Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?
30 - Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos?
31 - Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente.

Esse texto é simplesmente lindo. Ele fala da belezura que é a diversidade dos dons concedidos à igreja. Não é nossa intenção falar de cada um nesta lição pelo fato de já termos feito essa análise no segundo bimestre de 2009, quando estudamos especificamente esse assunto. Bem, de qualquer forma, quero chamar a atenção de todos para a unidade dessa diversidade, ou seja, apesar de toda essa variação há um só Senhor, há um só espírito de onde emanam todos esses dons. Outra coisa muito fofa é pensar que toda essa variedade de dons também tem um único objetivo: a edificação do corpo de Cristo, que é a igreja. Assim, toda essa diversidade precisa ser entendida e respeitada.

Segundo Kenneth E. Hagin (Os Dons do Ministério):

“Os dons de ministério são a provisão de Cristo para a Igreja para construir, edificar e amadurecer os santos. A Escritura diz que Ele deu dons aos homens, ‘até que todos cheguemos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da pleni¬tude de Cristo’. Esses dons do ministério fazem parte do propósito de Deus para o amadurecimento dos santos até que Jesus volte para sua igreja.”

Ainda falando especificamente sobre a diversidade de ministérios (verso 5), o mesmo autor supracitado alerta para o seguinte:

“a) É perigoso fazer algo só porque você quer fazê-lo.
  b) Você não entra num ministério só porque alguém diz que combina com você.

Como pastor, tenho observado pessoas jovens na igreja que estavam aptas a trabalhar para Deus. Algumas delas, eu creio, foram chamadas. Outras, tenho certe¬za, não foram. Tenho visto outros membros na igreja arruinar algumas dessas pessoas jovens, ao chegarem a elas e dizerem: ‘Creio que vocês foram chamadas para pregar’, e assim por diante. Elas tentaram pregar, e fracassaram. Frequentemente, acabam por deixar a igreja por causa disso.”

Continua o mesmo pastor recomendando aos companheiros:

“1. Não vá só porque alguém chamou você.
2. Não vá só porque sua mãe o chamou.
3. Não vá só porque seu pai o chamou.
4. Maridos, se vocês forem ministros do Evangelho e tiverem um chamado divino em suas vidas, não tentem chamar sua esposa para o ministério. Deixem que ela seja a ajudadora que é adequada (ou própria) para vocês, como Deus assim lhe designou. Incluam-na em tudo que for possível.
5. Esposas, se vocês forem chamadas, não tentem fazer de seus maridos os pregadores que eles não são. Porém não os excluam de suas vidas. Façam com que eles trabalhem em suas vidas, e até em seus ministérios, em tudo que for possível.
6. Há um chamado divino para o ministério. Você deve deter¬minar se ele está ou não em sua vida. Não tente ingressar no ministério sem o chamamento de Deus para assim o fazer.”

O item 4 é especialmente grave em relação ao pastorado, pois alguns líderes, assim como algumas igrejas tendem a achar que a esposa do pastor deve portar-se como uma pastora. Alguns chegam ao extremo de ordená-las. Outros limitam-se a referência como pastora. Companheiros e companheiras, nem uma coisa, nem outra. Cada um “ no ministério para o qual foi chamado”. Simples assim. Vou dar um exemplo citando nomes, mas estou autorizado, logo, não estou ferindo a ética. Aqui em nossa igreja, temos um exemplo perfeito. Acho que ninguém duvidaria aqui do chamado pastoral do companheiro Luciano, uma fofeza de pastor. Pois bem. Alguém aqui acha que nossa companheira Rúbia também tem esse chamado? A praia dela é outra. Ela está feliz da vida com o nosso projeto social, com a Fundação Vida (Projeto Sementinha do Futuro). Agora vai aqui uma denúncia: ela levou consigo minha esposa fofa, que não tem chamado para o ministério de ensino, e as duas estão lá como “pintas no lixo” (que metáfora horrorosa!), estão felizes. Nem o companheiro Luciano nem a igreja poderiam cobrar da Rúbia um chamado pastoral, assim como nem eu nem a igreja poderíamos cobrar de Ana Paula um chamado para o ensino. Já que estou citando nomes, vou dar outro exemplo: talvez ainda seja cedo para dizer isso, ou não, mas está parecendo que o pastor Éder e sua esposa têm ministérios mais afins, não que ela tenha que ser, necessariamente, uma pastora. Imaginem os senhores o prejuízo sonoro que teríamos se Roseli resolvesse que o pastor Edson tem um chamado musical? Alguém aqui, para terminar meus exemplos, acha que a companheira Linda, esposa do pastor Domingos, tem perfil de pastora? Converse com ela sobre isso! Enfim, queridos e queridas, “permaneça cada um na vocação para a qual foi chamado.” Honremos os ministérios de nossos companheiros e de nossas companheiras, mas evitemos impor-lhes qualquer atribuição ministerial por nossa conta. Mesmo casados, temos identidades distintas, vontades distintas e chamados distintos. Esse entendimento resolve um bocado de coisas.

COMO IDENTIFICAR O CHAMADO

A convicção é interior, independe de outros. É claro que alguém pode perceber uma tendência em você, mas a certeza do chamado precisa ser sua. Outra coisa: não existe a possibilidade de chamado para um ministério com o qual você não se identifica. Você precisa gostar. O dom não é uma imposição. Eu tenho problemas, estresses, crises no ministério de ensino, não posso negar, mas gosto tanto do que faço que essas coisas tornam-se pequenas diante do meu foco. Tenho 25 anos de atuação nessa área, tive um chamado precoce aos 15 anos de idade e desde então não tive nenhuma dúvida. Inicialmente, gostava de pregar, mas com o tempo minhas pregações viraram aulas, aí já era. E são duas coisas diferentes: pregar e ensinar não é a mesma coisa, embora uma única pessoa possa fazer bem as duas coisas. Não é meu caso. O que me dá prazer é ensinar e aprender. Não faz nenhum sentido desabafos do tipo: “Ah, por que Deus foi me dar justo esse dom?” O que faz sentido é: “puxa, estou estressado, chateado, aborrecido, muito cansado, mas hoje ao me colocar diante da turma da EBD, tudo isso vai passar..., hoje, ao subir para o púlpito, pegar o microfone e começar a cantar, tudo vai passar.” Se ando reclamando do meu dom, meu chamado é suspeito.


Lição 10


“EU VOS MOSTRAREI UM CAMINHO MAIS EXCELENTE”

CAPÍTULO 13

1 - AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 - E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 - E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 - O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 - Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 - Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 -Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 - O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9 - Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 - Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11 - Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 - Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13 - Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

Paulo conclui o capítulo 12, orientando quanto a busca dos melhores dons e dizendo que mostrará um caminho mais excelente. Esse caminho mais excelente a que ele se refere, é o amor. Aliás, daí pra frente ele vai escrevendo sobre diversos outros itens, mas atrelando todos eles à prática do amor. Isso significa dizer que mesmo que a igreja tenha os diversos dons espirituais, os dons ministeriais, se não houver amor, não vai rolar. No caso específico de Corinto, a igreja tinha os diversos dons, mas os caras se orgulhavam individualmente disso. Oxente, o portador de um dom é apenas um instrumento. Os méritos são do músico. Não temos, enquanto instrumentos que somos, o direito de tirar onda ou de nos sentir superiores a outros companheiros. Os dons são para edificação do corpo de Cristo, logo, precisam ser executados com amor.
Queridos e queridas, vamos pensar um pouquinho em como seria o mundo se as pessoas se amassem de fato? Agora vamos minimizar um pouquinho e vamos pensar em como seria o Brasil, o Rio de Janeiro, Cabo Frio, Unamar, a minha rua, a minha igreja, a minha escola, o meu trabalho. Gente, parece utópico. Cada um recebendo apenas aquilo a que tem direito, nenhum político cristão ou democrata cristão tentando beneficiar-se em detrimento do povo, ninguém tentando dar golpe em ninguém, ninguém tentando se beneficiar, levar vantagem sobre outro. Os ministérios da igreja todos articulados, seus ministros preocupados em ajudar os outros ministros, ninguém tentando se promover, nenhum líder oprimindo seu povo, todos pagando o que devem, todos perdoando todos por entenderem que todos falhamos, embora não queiramos falhar. Ah, meu Deus... e aí acordamos desse sonho lindo, dessa viagem maravilhosa e nos deparamos com uma sociedade egoísta, com muitos líderes opressores, com pastores que pastoreiam a si mesmos (Ezequiel 34):

2 - Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?

3 - Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.

4 -  As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.

5  - Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.

6 - As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem perguntasse por elas, nem quem as buscasse.

Voltando ao verso 6, de I Coríntios 13, lembro aqui que amar também é não compactuar com a injustiça, é não ficar calado quando o outro é oprimido, é não silenciar diante das injustiças: “Pior que a maldade dos maus é o silêncio dos bons.” – dizia nosso companheiro pastor batista norte-americano, Martin Luther King Jr. “O amor não folga com a injustiça.” Quem de nós nunca se sentiu injustiçado e quantos de nós somos injustos com o próximo! O amor não se alegra com a injustiça. “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”

ENTENDENDO OS VERSOS DE 8 A 10

Do livro “Comentário Bíblico – 1 e 2 Coríntios”, de Thomas Reginald Hoover, CPAD:

“Deus é amor e eterno. Por isso o amor é eterno, não acaba. A profecia (um dos mais importantes dons), as línguas e a palavra do conhecimento acabarão algum dia. Isso não significa que fracassarão em sua função na Igreja, mas que simplesmente não serão mais necessárias. Nosso conhecimento é parcial e incompleto. A profecia, por mais valiosa que seja, não pode solucionar os nossos problemas. Aprendemos acerca de Deus por meio desses dons do Espírito Santo e o louvamos através das línguas e com a profecia. Mas ‘quando vier o que é perfeito, conheceremos perfeitamente’ sem mais precisarmos do apoio desses dons.”

Queridos, o conteúdo dos capítulos 14 e 15 foi estudado na apostila sobre dons (2º bimestre/2009).

CAPÍTULO 16 – AMOR, CONTRIBUIÇÃO E COMUNHÃO

Neste capítulo, Paulo aborda um outro tema levantado pelos coríntios: a contribuição em dinheiro para os irmãos carentes. Paulo pediu, então, que contribuíssem com o seu dinheiro em benefício de uma necessidade bem específica. Sobre isso, escreve Thomas Reginald Hoover, em obra já citada nesta apostila:
“Houve muitos pobres na igreja de Jerusalém (Rm 15:26). A fome profetizada por Ágabo (At 11:27-30) estava flagelando aquela região. Por isso, os crentes em outras áreas mandavam ajuda financeira à igreja mãe em Jerusalém.... Alguns representantes da igreja, ‘aqueles que aprovardes’, iriam levar a oferta a Jerusalém, promovendo assim uma rede de responsabilidade mútua entre os crentes e as congregações em diversas regiões.”

Sobre a comunhão da igreja em Corinto com o apóstolo Paulo, escreve ainda o autor supra:

“Três dos crentes de Corinto, Estéfanas, com Fortunato e Acaico, foram visitar o apóstolo Paulo, ‘suprindo o que lhe faltava’ em termos de calor humano e ‘trazendo refrigério’ ao espírito dele. Apesar dos muitos problemas na igreja deles, esses irmãos conseguiram animar Paulo. O apóstolo reconhece o dom de socorros de Estéfanas e pede que os coríntios se submetam à liderança dele. Logo depois, encerra sua epístola com uma série de saudações.”

UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DA SEGUNDA ESPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS para ADOLESCENTES

LIÇÃO 01


SEGUNDA CARTA AOS CORÍNTIOS: O EMISSOR, OS DESTINATÁRIOS E A MENSAGEM

II CORÍNTIOS 1

3 - Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação;
4 - Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
5 - Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.
7 - E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
12 - Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco.
24 - Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé.

“Paulo escreveu 2 Coríntios por volta do ano 56 d.C. (um ano depois de 1 Coríntios). A segunda visita de Paulo foi difícil e de pouco êxito por causa de alguns ‘falsos apóstolos, obreiros fraudulentos’ (11:13) que tinham visitado Corinto. Esses falsos apóstolos tinham atacado a credibilidade de Paulo, bem como seu ministério e apostolado. Eles chegaram a chamar Paulo de covarde (10:10). Esses obreiros fraudulentos também quiseram insinuar que Paulo teria procedido desonestamente com relação à distribuição dos bens aos crentes na Judéia (8:20-23).

Esses falsos apóstolos não tentaram obrigar os gentios crentes a se circuncidarem, como acontecera na Galácia (Gl 1:6-9), mas quiseram dominá-los, usando de uma autoridade mais severa que a do próprio apóstolo Paulo.
Apesar de tudo isso, Paulo não ia abandonar a causa divina; estava disposto a defender o bem-estar espiritual dos seus filhos na fé. Apesar da rejeição que esses lhe mostraram por ocasião da sua visita, ele ainda podia escrever-lhe uma carta (2:4). Naquela época, as cartas eram mandadas através de amigos, pois não havia correio. Paulo enviou através de Tito, um obreiro treinado por ele.
Nessa carta sentimos as flutuações emotivas do apóstolo: sua angústia em face ao caos criado pelos falsos mestres e seu intenso amor pelos crentes em Corinto.”

Gente, ser injustiçado, ser acusado de algo que você não fez é muito sinistro, né não? Vamos imaginar que você faça determinada coisa com a melhor das intenções, com o maior carinho, sem esperar nada em troca, aí chega uma criatura e diz que você só fez porque tinha segundas intenções, que você queria se aproveitar daquilo, que tirou proveito próprio. Nossa! É muito cruel. Eu já passei por uma parada dessa ao longo do meu ministério. Na ocasião, fui acusado por um companheiro de estar me promovendo e querendo ganhar dinheiro, quando na verdade estava tentando reduzir os custos de um curso para a igreja, procurando uma parceria. Doeu demais aquilo, até porque eu não esperava aquilo daquela pessoa. Aliás, gente, nossas frustrações são sempre maiores quando vêm de pessoas que amamos, de pessoas próximas. Imagine ser traído por um amigo, por uma amiga, pelo namorado ou pela namorada. Se dói ser traído, não devemos trair, se dói ser machucado, não devemos machucar.

VAMOS REFLETIR UM POUQUINHO: Somente pessoas que amamos são capazes de nos frustrar. Se alguém não representa nada para você, ela jamais terá a possibilidade de te frustrar. Se me frustro, se me decepciono com alguém é porque esse alguém significa algo para mim. Então, quanto maior for meu carinho por essa pessoa, maior será minha frustração se ela me decepcionar um dia. Voltemos, pois, ao tema principal: Paulo ficou muito frustrado com o que aconteceu em Corinto. Depois que ele deixou a cidade, chegaram uns caras com um evangelho muito diferente daquele que ensinara, e os irmãos deram ouvido a esses caras. Paulo sentiu-se traído por aquela comunidade, mas apesar disso tudo não queria deixá-la. Ele continua preocupado com o bem-estar daquela igreja. Ele não está com raiva das pessoas. Ele fala em consolar aqueles que passam por alguma tribulação (verso 4), e diz que quando agimos assim, somos também consolados em Cristo. É disso que fala Francisco de Assis na lindíssima ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO: “Senhor fazei de mim um instrumento da tua paz... que eu possa consolar sem ser consolado...”
O verso 5 é de uma beleza e de uma profundidade sem tamanho: se participamos das aflições de Cristo também somos consolados em Cristo. O evangelho, pessoas, o Cristianismo não é feito somente de belezuras, nem tudo são fofezas. Muitas vezes sofremos um bocadinho, nos frustramos, mas também podemos ser consolados em Cristo.
Tem um detalhezinho: muitas vezes buscamos nossos próprios problemas, muitas vezes conseguimos fazer uma mega tempestade num copo d’água. Muitas vezes, ouvimos uma história qualquer que envolve até amigos nossos e passamos adiante sem a menor preocupação de confirmá-la, simplesmente passamos e acabamos provocando um mal-estar danado, frustrando pessoas que não merecem isso. A esse fenômeno chamamos fofoca. É claro que no contexto da igreja isso não acontece.

Na carta aos Coríntios, Paulo não está falando dos sofrimentos que buscamos, mas sim daqueles que nos são impostos, e mais especificamente daqueles que nos são impostos por fazermos a obra de Deus.

ANÁLISE DE CASO: Uma pessoa trabalha no escritório da empresa X. Dentro do horário de trabalho, cheia de coisas para fazer, ela para tudo e vai ler a Bíblia. O Chefe a demite? Isso seria um caso de perseguição religiosa?


LIÇÃO 02


Quando Amamos, Ouvimos, Entendemos e Perdoamos

II CORÍNTIOS 2

4 - Porque em muita tribulação e angústia do coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho.
7 - De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza.
8 Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.
17 - Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.

Vejam que bonitinho o carinho de Paulo para com aquele povo. Ele escreveu em meio a tribulação, a angústia e a lágrimas. Apesar de tudo o que aconteceu, ele amava aquela igreja, e quando amamos, perdoamos. Gente, eu fico chocado ao ver amizades que pareciam tão estáveis, tão duradouras, acabando por causa de bobagens, de comentários de terceiros, de coisas tão pequenas. Acho que precisamos amar nossos amigos, perdoá-los, quando isso for preciso, ninguém é perfeito, nem você. Sabe aquelas criaturas que vivem dizendo que são sinceras, que falam sempre a verdade, doa a quem doer, que são transparentes... pois é, tente falar a verdade pra ela, tende ser sincera e transparente com ela, ela não vai suportar. Vou dizer uma coisa terrível pra vocês: tudo o que mais nos aborrece no outro está em nós. É o espelhamento. Odeio o jeito daquela pessoa porque eu me vejo nela, porque também tenho aquele jeito, então não suporto me ver no outro, então prefiro me afastar. As amizades que construirmos agora serão fundamentais para o nosso bem-estar quando formos adultos. Cultive amizade então.
Tem uma frase linda no livro O PEQUENO PRÍNCIPE: “Você é eternamente responsável por aquilo que cativa.” Não abandone seus amigos por uma bobagem qualquer, tá bom?

Numa situação de conflito, nunca deixe de ouvir a versão do seu amigo. Nunca aceite críticas infundadas contra seus líderes, seus professores, seus pastores, seus amigos. Antes de concordar ou discordar daquilo que alguém está te dizendo sobre essas pessoas, ouça sua versão, entenda, seja tolerante, compreenda, aceite o pedido de perdão, se for o caso, e perdoe. Vamos ver a coisa assim: em algum momento da sua vida, você já aborreceu seus pais, com certeza, mas eles continuaram te amando, sentiram raiva naquele momento, mas nem por isso deixaram de te amar. Sejamos tolerantes também com eles e com os nossos amigos.
No verso 17, Paulo defende o seu ministério, a sua dignidade, dizendo que ele e seus companheiros não são falsificadores da Palavra como tantos que existiam por lá e como tantos que existem por aqui. Tem muita gente falando bobagem por aí a fora e tem muita gente acreditando nesses caras e seguindo suas orientações, inclusive as mais absurdas que aparecem. Isso acontece, principalmente com pessoas que não frequentam a EBD e aí acreditam em qualquer bobagem que ouve, e até reproduzem isso. Vamos combinar que não pode ser assim. Vamos combinar que precisamos ler a Bíblia, que precisamos frequentar a EBD, que precisamos amadurecer. Essa é a palavrinha mágica: AMADURECER.

CAPÍTULO 3

1 - PORVENTURA começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?
2 - Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens
3 - Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
4 - E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 - Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 - O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.
17 - Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

Paulo abre esse capítulo falando sobre cartas de recomendação. O contexto é o seguinte: alguns obreiros fraudulentos, citados na lição anterior, chegaram em Corinto com cartas de recomendação da igreja mãe em Jerusalém. De posse dessas cartas, tiravam uma onda danada e questionavam o ministério apostólico de Paulo, levantando dúvidas de sua integridade já que ele não costumava portar tais credenciais. Esses caras, na verdade, tentavam esconder sua desonestidade nessas tais cartas. Paulo, então, se defende, dizendo que os próprios irmãos em Corinto são suas cartas (verso 2), ou seja, as vidas transformadas naquela comunidade de pessoas que foram alcançadas através do ministério de Paulo eram provas suficiente de que ele era um obreiro de Deus, logo, não precisava de outras credenciais, de cartas da igreja em Jerusalém.
Turma, a parada funciona assim até os dias de hoje: quando temos nossa consciência tranquila, quando sabemos que nosso coração está puro diante de Deus, que nossas intenções são autênticas, não precisamos, o tempo todo, ficar nos protegendo sob títulos, sob a influência de nossa família ou qualquer coisa do tipo. Não podemos evitar que as pessoas nos critiquem; o importante é não contribuirmos para que isso aconteça, o importante é a sinceridade do nosso coração. Se você diz a alguém que é crente e esse alguém pede um documento como prova, algo pode estar errado conosco.

Quando Paulo diz que “a nossa capacidade vem de Deus”, ele quer dizer que não podemos sair por aí tirando onda por conta de nosso ministério ou por conta de um talento especial, mas que devemos, com humildade, agradecer a Deus por isso e nos colocar a disposição de nossa comunidade. Quando ele diz que “a letra mata e o espírito vivifica” (verso 6), ele não está dizendo, de jeito nenhum, que o conhecimento mata espiritualmente, como se defendeu durante muito tempo e como alguns companheiros nossos ainda interpretam. Letra aqui não é sinônimo de conhecimento ou de ciência, é sinônimo de Lei. É só observar o contexto: ele compara o novo e o velho testamentos e conclui que a lei pode matar, mas o Espírito Santo, a graça de Deus nos vivifica, ou seja, nos dá vida. É assim: se dependêssemos da lei, estaríamos fritos, já que “todos pecaram e estão destituídos da graça de Deus”. Pelo contrário, precisamos da graça de Deus, uma vez que Sua vontade para nós é boa, perfeita e agradável.

“Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”, ou seja, o Espírito Santo nos liberta da pressão da lei. Isso não quer dizer que agora não há mais limites, até porque o conceito de liberdade pressupõe o respeito ao espaço do outro. Minha liberdade não pode comprometer a liberdade do outro. Esse negócio de que importante é eu ser feliz, é fazer o que quero, não tem nada de cristão. Eu não posso simplesmente sair por aí fazendo tudo o que quero, executando todas as minhas vontades, não é disso que o texto está falando não, tá? Não confunda liberdade com falta de bom senso ou de disciplina ou de limite. Somos livres em Cristo e não livres para fazer tudo aquilo que sentimos vontade de fazer. Isso é caô de quem não teme ao Senhor de verdade, de quem não observa os valores e os princípios cristãos. Você pode achar o Joãozinho ou a Antonieta muito lindos, muito fofos; você pode ter vontade de namorar com ele ou com ela, mas se ele ou ela já tem namorada/o, então não posso achar que o mais importante aí seja a minha vontade, o meu desejo. Oxente, alguém viu primeiro, preciso respeitar isso. Aquele papo de que “eu só quero que você me aqueça nesse inverno e que tudo o mais vá pro inferno” é só parte de uma letra de Roberto Carlos, não é uma orientação de verdade para os relacionamentos humanos ou uma orientação cristã de comportamento. O outro é importante sim. Vamos imaginar que você queira muito beijar a boca daquela menina linda chamada Mocretézia ou daquele menino lindo chamado Baranguildo. Ele ou ela tem namorado. Isso significa dizer que não posso beijar aquela boca, pelo menos não nesse momento. É simples assim, gente. Oi.


LIÇÃO 03


A PREGAÇÃO DO EVANGELHO E NOSSA ESTRUTURA TRINA: ESPÍRITO, ALMA E CORPO

CAPÍTULO 4

3 -  Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
4 - Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
5 - Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
8 - Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 - Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 - Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos;
16 - Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.
17 - Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
18 - Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.


Os seis versos iniciais deste capítulo falam sobre o propósito da pregação do evangelho, e como bem sabemos pregamos muito mais através do nosso comportamento do que através de palavras. Não que não devamos falar do poder transformador do evangelho, todavia isso não surtirá nenhum efeito se não tivermos uma vida digna, um comportamento efetivamente cristão baseado nos princípios de amor e de respeito ao próximo.

Nós não gostamos de sofrer, e boa parte de nós, influenciados pela “nojeira” que é a teologia da prosperidade, achamos que o fato de sermos cristãos nos deixa imunes ao sofrimento, às doenças, a qualquer coisa negativa, e que a vida precisa ser uma belezura sem fim. É claro que isso não encontra respaldo nas Escrituras Sagradas. Vemos aqui, por exemplo, Paulo falando de seu sofrimento, das pressões que enfrentava, das perseguições, das dificuldades. Um cristão autêntico pode sim passar por períodos de ralações, de portas fechadas, de doenças, de pouca grana, de incompreensão, e mesmo passando por tudo isso continuará com Jesus. Não se pode abandonar o barco, abandonar a fé diante da primeira dificuldade. Embora passando o maior sufoco, Paulo chama seus problemas, que não eram poucos, de “leve e momentânea tribulação” (verso 17) e acrescenta que isso produzirá em nós maturidade espiritual, e que produzirá vitórias que glorificarão a Deus e aumentarão nossa fé.


Conforme registra Thomas Reginald Hoover, em seu livro “Comentário Bíblico – 1 e 2 Coríntios”:

“Podemos , pois, dar graças e louvores a Deus, venha o que vier. Mesmo ‘desvanecendo’ em sentido físico, somos renovados interiormente dia após dia! Essa renovação do espírito não produz apenas crescimento; inclui também graça e força para prosseguirmos no serviço prestado a Deus e ao seu rebanho, mesmo quando parece não termos mais energia. Inclui também uma perspectiva mais clara da glória do porvir.”


CAPÍTULO 5

1 - PORQUE sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
5 - Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito.
6 - Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor
8 - Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
10 - Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.
12 - Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração.
15 - E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
17 - Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 - E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;
19 - Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
20 - De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.
21 - Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.

Paulo começa esse capítulo estabelecendo uma comparação entre o nosso corpo físico, a que ele chama de “tabernáculo” ou “tenda” (como Pedro também o faz - 2 Pe 1:13) com o nosso corpo celestial, a que ele chama de edifício. Assim, ele quer mostrar a oposição entre o que é efêmero e o que é eterno. O nosso corpo, esse tabernáculo, essa tenda em que habita nosso espírito é temporário. Já o edifício ou casa eterna não foi feito por mãos humanas e é eterno.
11

“O espírito humano precisa de um corpo para desenvolver alguma interação com o seu ambiente e realizar as suas funções. Deus fez o corpo de Adão antes de soprar-lhe o fôlego (espírito) da vida (Gn 2:7). Ao morrermos, o nosso espírito e alma irão imediatamente à presença do Senhor (5:8). [...] Deus nos criou para habitarmos com o Senhor (verso 5) e Jesus prometeu nos preparar um lugar (João 14:3).”

ESPÍRITO, ALMA E CORPO.... COMO ASSIM?

Leia com bastante atenção os versículos a seguir:

Gênesis 2:7 -  E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

1 Tessalonicenses 4: 23 - E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo.

Hebreus 4:12 - Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

O entendimento mais aceito no meio cristão quanto a esse assunto, diz que todos nós, seres humanos, somos formados de espírito, alma e corpo. A esse entendimento chamamos tricotomia. Então, tudo aconteceu assim: Deus fez o corpo do homem, depois soprou nele o fôlego da vida (espírito) e deu-lhe uma alma: sua personalidade, seu “psiquê”, seu caráter. Pois bem. Na morte, esses elementos se desintegram, ou melhor, se desconectam. O destino do corpo todos nós sabemos. O espírito (o fôlego da vida) volta para Deus e aí vem uma crise da parte de muita gente: e a alma? Ela desconecta-se do espírito? Se isso acontece, para onde ela vai? Se ela não se desconecta do espírito, então são de fato dois elementos que constituem o homem: o corpo e o espírito, que também é a alma.
Surge então uma outra explicação, um outro entendimento da questão, chamado de dicotomia. Segundo essa explicação, Deus formou o corpo do homem e logo depois soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem então se fez alma vivente. A alma vivente, portanto, seria a soma do corpo com o espírito e não um terceiro elemento.

Resumidamente, ficaria assim:

Tricotomia: corpo + espírito + alma = homem (ser humano);
Dicotomia: corpo + espírito = alma vivente / ser humano.

Lendo Gênesis 2:7,  com bastante atenção, a ideia da dicotomia é bastante razoável, porém ao lermos Hebreus 4:12 parece mais razoável a tricotomia, pois o texto chega a falar da divisão da alma e do espírito. Ihhh.... e agora?

Ah sim, em qual das duas eu acredito?Vamos deixar para outra aula. Resolvam-se aí com a Andréia. Abração para todos.


LIÇÃO 04


JULGAR PELA APARÊNCIA É A MAIOR FURADA, MAS O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO É O MAIOR BARATO.

APARÊNCIA E CORAÇÃO

O verso 12 do capítulo 5 traz um outro confronto de ideias: os que se gloriam na aparência e os que se gloriam no coração. Ele fala sobre isso relacionando, ainda, com aquela situação inicial das cartas de recomendação que estavam sendo cobradas por alguns.
Pessoal, tem muita gente que só liga para as aparências, e quase sempre se dão mal. Julgar o outro sempre é a maior furada. Não é porque alguém se veste bem, se arruma direitinho que tem que ser inteligente ou que tem que ser uma boa pessoa. Não é porque alguém se veste mal que é uma pessoa do mal. Não é porque alguém é feio ou bonito que tem que ser do bem ou do mal. O que importa de fato é aquilo que está em nosso interior, em nosso coração. É de uma situação assim que Paulo está falando ao alertar os companheiros coríntios sobre aparências e interior. Sabe aquela pessoa com quem você nem tentou conversar e aí já sai rotulando de metida a besta. Isso não seria também uma forma de julgar pela aparência?
Nós, cristãos ou não, não temos o direito de sair por aí rotulando as pessoas. Não é justo você dizer que alguém é isso ou aquilo sem que tenha feito uma tentativa de aproximação. Não é justo você julgar as pessoas em 20 ou 30 minutos de contato. Todos nós temos toda uma história, toda uma vida. Todos nós temos dias de bom humor e de mau humor, todos nós sentimos atração por algumas pessoas e repulsão por outras. O desafio é não estabelecermos julgamentos baseados simplesmente na aparência ou num contato de minutos; o desafio é amar as pessoas como elas são e não tentarmos fazer delas cópiaS de nós mesmos ou uma máquina de dizer sim a todos os nossos caprichos, a todas as nossas frescuras, a tudo aquilo que pensamos.

MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO

“Quando duas pessoas inimigas (que foram separadas por alguma disputa violenta) fazem as pazes e tornam-se novamente amigas, acontece o que chamamos de reconciliação. Veja como isso se dá no caso de Deus e dos seres humanos...O homem criado por Deus e habitando um mundo criado por Ele, rebelou-se contra o seu criador..., tendo agora, uma natureza pecaminosa e rebelde que o destrói e o impede de submeter-se ao governo de Deus. Ele é, efetivamente, um inimigo de Deus.
Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. Sendo assim, iniciou as negociações visando à paz definitiva. A justiça exige o castigo pelos pecados. A reconciliação só se tornaria possível se os pecadores abandonassem a sua rebelião. Por isso, Deus mandou seu Filho, o Príncipe da Paz, para pagar a ‘multa’ (receber o castigo) do nosso pecado e possibilitou a reconciliação do mundo com o seu criador. Agora, Deus nos nomeia embaixadores de Cristo; persuadimos as pessoas a aceitarem os termos propostos por Deus e ficarem em paz com Ele. Nisso consiste o importante ministério da reconciliação.”

Agora, reconciliados com Deus, precisamos viver em paz com nossos irmãos, precisamos nos reconciliar com eles sempre que nos desentendermos por alguma razão. Não há por que você brigar com sua amiga ou com seu amigo por uma bobagem qualquer. A amizade verdadeira está sempre acima dessas pequenas coisas que geram conflitos. Ficar sem se falar é sempre uma grande besteira. O desafio é procurar o outro e ouvi-lo; o desafio é ser honesto, transparente, legal com o outro. Amizades verdadeiras têm a ver com isso.

CAPÍTULO 6

3 - Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;
4 - Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,
5 - Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns,
6 - Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido,
10 - Como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.


Paulo continua se defendendo, declarando aos coríntios que o seu ministério não pode ser censurado, haja vista que ele tem a consciência tranquila de não ter causado nenhum escândalo, e que sendo assim, ele e seu auxiliares são altamente recomendáveis, não precisando, portanto, de cartas de recomendações ou de outro tipo de credenciais da matriz da igreja em Jerusalém.
A partir do verso 4, ele enumera 3 tipos de sofrimentos: “angústia mental (dificuldades, desonra, perigos e preocupações pelas igrejas), dor física imposta por outros (açoites, prisões), privações e desconfortos aceitos voluntariamente (trabalho duro, fome, insônias e viagens difíceis).” Ele passa por toda essa ralação por amor ao evangelho, por ter certeza do seu chamado.
Gente, o fato de sermos chamados para um ministério não nos dá garantia de que tudo será uma belezura, de que não vamos ter nenhum tipo de aborrecimento. Paulo tinha consciência disso. Ele fala de todas as dificuldades, mas faz questão de dizer que está feliz: “contristados, mas sempre alegres” (verso 10).

“Como pobres, mas enriquecendo a muitos” (verso 10) – aqui ele contrasta sua pobreza material com a riqueza espiritual do evangelho que levava a tantos, tornando-os ricos da graça de Deus.


LIÇÃO 05


A QUESTÃO DO JUGO DESIGUAL


CAPÍTULO 6

14 - Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
15 - E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
17 - Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
18 - E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.


Ouvimos, com muita frequência, pregações que abordam a questão do “jugo desigual” apenas em relação a namoros e/ou casamentos com pessoas de outras religiões. A questão aí, no entanto, é bem mais ampla, não é somente disso que Paulo está falando. Ele está se referindo a qualquer tipo de relação ou aproximação com aquilo que é diferente dos valores e dos princípios cristãos. Trata-se de jugo desigual, por exemplo, pastores que se envolvem com política partidária, que participam de “maracutaias”, que tentam se dar bem se beneficiando de sua influência como pastor naquela comunidade. Também é jugo desigual o envolvimento de irmãos nossos com bicheiros ou traficantes a menos que haja o objetivo claro de evangelização.


PROPOSTAS PARA DEBATE

1. Namorar com um menininho ou com uma menininha que não seja da igreja é um caso de jugo desigual? É errado? Por quê?

2. O que é diferente quando namoramos alguém da igreja ou de fora dela?

3. Na sua opinião, na eventualidade de se namorar com uma pessoa de fora da igreja, a possibilidade maior é de trazer a outra pessoinha para a igreja ou a pessoinha de cá abandonar a igreja? Por quê?

4. Se o seu namoradinho ou sua namoradinha de fora da igreja pedisse como prova de amor que você fizesse sexo com ele ou ela, o que você diria?

5. E se o namoradinho ou a namoradinha for da igreja, você acha possível que haja uma proposta assim? E sua reação?

6. Duas pessoas estão apaixonadas. Uma é da igreja e outra não. Como já são maduras, resolvem casar. Você acha que o pastor tem o direito de não realizar esse casamento? Por quê?

7. No caso do pastor recusar-se a fazer esse casamento, você acha que os dois podem se casar apenas no civil ou simplesmente se juntarem? Por quê?

8. Duas pessoas que nunca foram evangélicas se casaram e foram felizes durante bastante tempo, até que a mulher se converteu ao evangelho. A partir daí passaram a se estranhar. Ele se acha no direito de proibi-la de ir à igreja e até já chegou a agredi-la fisicamente. Na sua opinião, ele realmente a amava? Enquanto cristã, o que ela deve fazer, na prática, de fato: continuar com ele, mesmo sendo agredida fisicamente, para não escandalizar a igreja, ou pedir o divórcio, já que chegou a ser agredida fisicamente?

9. Duas pessoas evangélicas se casaram e foram felizes durante muito tempo, até que o homem converteu-se ao Candomblé. A partir daí passaram a se estranhar. Se você fosse essa mulher, o que faria?

10. Você namoraria um menininho ou uma menininha envolvida com drogas? Por quê? OBS: Não vale como justificativa aquela velha conversa fiada de que vai evangelizá-lo/a.


LIÇÃO 06


PROMESSAS, MEDO, SANTIFICAÇÃO E RECONCILIAÇÃO

CAPÍTULO 7

1 - ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
2 - Recebei-nos em vossos corações; a ninguém agravamos, a ninguém corrompemos, de ninguém buscamos o nosso proveito.
4 - Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações.
5 - Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro.
6 - Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito.
7 - E não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado por vós, constando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito me regozijei.
10 - Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.
13 - Por isso fomos consolados pela vossa consolação, e muito mais nos alegramos pela alegria de Tito, porque o seu espírito foi recreado por vós todos.
15 - E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor.
16 - Regozijo-me de em tudo poder confiar em vós.


As “tais promessas” a que Paulo se refere na abertura deste capítulo são aquelas do verso 18 do capítulo anterior: “E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” Assim, para recebermos tais promessas precisamos nos purificar de toda a imundícia e buscarmos a santificação no Senhor.
Entendamos como SANTIFICAÇÃO um processo contínuo de busca de bom comportamento cristão, de aperfeiçoamento, de amadurecimento, de aproximação com o Senhor.
Paulo se orgulha dos coríntios (verso 4), se sente consolado e alegre mesmo vivendo inúmeras tribulações, pois ele entende que toda a ralação vale a pena diante do amadurecimento espiritual daquela igreja. Ele fala das lutas que viveu na Macedônia e admite ter sentido medo. Paulo não era um super herói, ele foi um ser humano como todos nós, logo, sentia medo.

Você tem medo de quê? Deixe-me tentar “adivinhar” alguns mais comuns:

• Medo de perder os pais;
• Medo de não conseguir um emprego;
• Medo de não encontrar um amor verdadeiro;
• Medo de envelhecer;
• Medo de ficar doente;
• Medo de não atender as expectativas da igreja ou da família;


Assim, de uma forma ou de outra, sentimos medo. Paulo também sentiu. Vamos tentar estabelecer um conceito para a palavra medo? E então, o que é medo?
Paulo está tranquilo e até feliz porque ele sabe que as perseguições de que foi vítima aconteceram em função do seu ministério. Ele não saiu por aí arrumando confusões desnecessárias, criando caso com as pessoas, falando mal das pessoas. Muito pelo contrário, o tempo todo ele queria fazer o bem.

RECONCILIAÇÃO

“Parece que os coríntios magoaram o apóstolo Paulo de qualquer maneira, e agora desejavam sarar a ferida. Na carta referida em 2:4, Paulo lhes escrevera de forma bem dura, repreendendo a falta de disciplina do irmão pecador que tinha ofendido a igreja inteira. A prova de que aquela carta surtiu efeito é dada nas palavras: ‘Basta ao tal essa repreensão feita por muitos’” (2:5,6).
Posteriormente, os coríntios abriram o coração para o apóstolo e ele reage com toda a alegria que vemos no capítulo em estudo, elogiando-os, inclusive pelo tratamento dado a Tito e compartilhando com eles o quanto Tito os amou, ou seja, a alegria de Tito e seu testemunho sobre aquela igreja deixou Paulo entusiasmado. É assim: se alguém é enviado em nosso nome para fazer uma tarefa e é bem recebido, é como se nós próprios tivéssemos sido bem recebidos. Quando nossos pais recebem algum elogio por alguma coisa que fizemos, é como se eles próprios estivessem sendo elogiados. A mesma coisa acontece quando somos criticados. Outra coisinha importante: enquanto seres humanos que somos podemos nos entristecer ou entristecer a outros. Quando isso acontece, precisamos, imediatamente procurar a outra pessoa envolvida e nos acertar com ela. Se você ficar juntando aborrecimentos é como se fosse formando uma bola de neve que logo estará fora de controle. A reconciliação dos coríntios com Paulo só aconteceu por insistência deste.

Vejamos:

• No capítulo 2, verso 1, lemos sobre a difícil visita de Paulo;
• Em 7:8, ele fala de uma carta que conduziu à tristeza e ao arrependimento;
• Em 7:7, ele fala da visita de Tito;
• Em 2:12,13, ele fala da procura por Tito em Troas, mas eles não se encontram;
• Em 7:6,7, Tito traz boas notícias de Corinto.
• Por fim, Paulo escreve esta segunda carta aos coríntios, confirmando sua confiança e seu perdão em relação a eles.

É muito importante, portanto, que busquemos estar bem com todos a nossa volta e que peçamos desculpas ou perdão sempre que erramos e que perdoemos ao outro. Nós não somos perfeitos. Nessa relação de coisas citadas acima, com Paulo e a igreja em Corinto, tivemos um problema de comunicação que só foi resolvido porque uma parte não desistiu da outra. Não desista de suas amizades, tá bom?


LIÇÃO 07


O GRANDE BARATO DE CONTRIBUIR

CAPÍTULO 8

1 - TAMBÉM, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
2 - porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.
3 - Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente.
7 - Portanto, assim como em tudo abundais em fé, e em palavra, e em ciência, e em toda a diligência, e em vosso amor para conosco, assim também abundeis nesta graça.
8 - Não digo isto como quem manda, mas para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade de vosso amor.
9 - Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis.
13 - Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão,
14 - Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade;
15 - Como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de menos.
23 - Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo.
24 - Portanto, mostrai para com eles, e perante a face das igrejas, a prova do vosso amor, e da nossa glória acerca de vós.

CAPÍTULO 9

1 - Porque bem sei a prontidão do vosso ânimo, da qual me glorio de vós para com os macedônios; que a Acaia está pronta desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado muitos.
6 - E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará.
7 - Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.
8 - E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
9 - Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre.
11 - Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus.
12 - Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus.


“Os capítulos 8 e 9 oferecem o mais completo compêndio de ensino e metodologia de contribuição cristã na Bíblia inteira; essa passagem contém todos os princípios bíblicos que devem governar nossa contribuição beneficente. Aparentemente, Gálatas 2:10 nos indica que a igreja de Antioquia foi a primeira a enviar ajuda aos pobres em Jerusalém e que as próximas igrejas a participarem da campanha de assistência foram as da Macedônia (Filipos, Tessalônica e Beréia). O exemplo dessas igrejas foi realmente notável, porque também passavam por uma situação difícil. Mas a sua própria pobreza não a impedia de contribuir em benefício de outros.” Nesse sentido, o verso 2 do capítulo 8 é muito belezudo. Eles pediram para contribuir com os mais pobres e deram acima de suas posses.

Vocês sabiam que nossa igreja tem uma fundação de assistência aos mais necessitados? Pois é, trata-se do Projeto Sementinha do Futuro, que vem abençoando muitas pessoas, uma iniciativa que reflete a opção pelos pobres feita por nós. Muitas famílias têm sido atendidas. Recentemente, naquele caos causado pelas chuvas no Rio de Janeiro, levamos bastantes roupas para os desabrigados de Saquarema. Vocês podem participar, sabiam? Que tal praticarmos um pouco os ensinamentos desses capítulos de Coríntios? Que tal vocês promoverem uma campanha de arrecadação de brinquedos (em boas condições), de mochilas (as crianças que atendemos lá na fundação sempre pedem mochilas e não temos para doar; e você, de repente, tem lá na sua casa guardadinha a do ano passado), de roupas, de leite (de caixinha). Que tal, visitarem a fundação, conhecerem nossos meninos e nossas meninas, nossos voluntários e nossas voluntárias. Vocês conhecerão uma outra realidade. E aí, vai rolar a campanha? Para qualquer dúvida ou esclarecimento sobre como ajudar, procurem as companheiras Rúbia e Ana Paula.

Pois bem, voltemos ao texto de Coríntios: Meninos e meninas, contribuir é sempre um privilégio. Eu sei que vocês não são independentes financeiramente, mas quando a causa é boa, os pais sempre dão uma moral. Há uma fase da nossa vida em que temos muito tempo e pouco ou nenhum dinheiro. Depois, passamos por outra fase, quando temos dinheiro, porém pouco tempo. É preciso administrar as duas situações numa boa, sem crises, e também dar o melhor de nós para Deus, para o nosso próximo. Os macedônios contribuíram com tanta alegria, que “deram-se ao si mesmos ao Senhor”. Na verdade, gente, Deus deseja muito mais que nossa grana, que nossos bens. Ele quer todo o nosso ser. Aquele papo furado de que “Deus quer apenas o nosso coração”, não importa como me visto, o que falo ou faço, é de uma imbecilidade sem tamanho. Deus não quer somente um setor de nossas vidas, Ele quer toda a nossa vida, todo o nosso ser, e uma das formas de entrega a Deus é colaborar com os mais necessitados, é fazer uma opção pelos menos favorecidos. “Podemos contribuir sem amar, mas não podemos amar sem contribuir.” O amor pelo outro me levará a contribuir para amenizar suas dificuldades, para reduzir as desigualdades.
Indiretamente, Paulo ensina sobre a doutrina do dízimo, e é bem direto ao ensinar sobre as contribuições regulares e proporcionais (1 Co 16:1-4).
Gente, o lance do dízimo (Malaquias 3:10) é muito simples de se entender. Desde os tempos do Judaísmo (Velho Testamento), até os primórdios do Cristianismo (Novo Testamento), e até os dias de hoje, as comunidades sempre foram compostas de pessoas mais prósperas e menos prósperas. Isso gera uma desigualdade, o que existe em grau ultra elevado em nosso país, onde uma minoria concentra rendas altíssimas em detrimento de uma maioria que vive muito próxima ou até abaixo da linha da pobreza. Pois bem, os dízimos, que inicialmente nem eram dados em dinheiro, mas em produtos, têm como uma de suas principais funções sociais amenizar essas desigualdades em cada igreja. É claro que ele é usado também para pagamento dos “levitas”, dos trabalhadores do templo, ou seja, daquelas pessoas que se dedicam de tempo integral à causa da igreja, como o pastor e seus auxiliares. Esse dinheiro serve ainda para manutenção do próprio templo: reposição de lâmpadas e outras peças, limpeza, luz, água, coisas assim. Então, se nós fazemos parte de uma igreja e temos salário ou alguma fonte de renda, precisamos sim contribuir. E não tem essa de achar que vamos dar um tanto e vamos recebê-lo de volta multiplicado como se estivéssemos fazendo um investimento financeiro. Oxente, não é isso não. Temos que contribuir porque a comunidade da qual fazemos parte depende de nós, porque queremos um mínimo de conforto quando estamos no templo, porque existem pastores que cuidam de nós e que vivem em função disso. Enfim, vamos deixar de ser canguinhas, pão-duros, reclamões e vamos entregar nossos dízimos tão logo tenhamos renda.

No livro “As Cartas aos Coríntios”, William Barclay, registra quatro motivações para a contribuição dos crentes:

1. Como dever;
2. Para experimentar a auto-satisfação;
3. Para ganhar prestígio e honra;
4. Porque é constrangido pelo amor.

Não é que as três motivações iniciais estejam erradas, mas belezuda mesmo é a última, é você contribuir porque entendeu que o outro precisa de você, é você dar com alegria (verso 7). Paulo orienta a igreja de Corinto para que arrecadem sua contribuição para as igrejas carentes de forma que ao passar por lá, ele e/ou seus auxiliares já pudessem pegar esse dinheiro e levá-lo para o seu destino. Ele pede para que façam isso antes de sua chegada a fim de evitar constrangimentos; ele conta com o bom senso dos coríntios e com o amor destes pelos outros irmãos em Cristo.


LIÇÃO 08


TIRAR ONDA É FÁCIL, QUERO VER DIALOGAR!


CAPÍTULO 10

1 - ALÉM disto, eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, mas ausente, ousado para convosco;
2 - Rogo-vos, pois, que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia que espero ter com alguns, que nos julgam, como se andássemos segundo a carne.
7 - Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo, que, assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos.
9 - Para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas.
10 - Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível.
11 - Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.
12 - Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento.
17 - Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no SENHOR.
18 - Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.

Paulo inicia sua defesa neste capítulo apelando aos coríntios “pela mansidão e benignidade de Cristo” (leia Mateus 11:29). A palavra mansidão traz em si a ideia de autocontrole, algo de que todos nós precisamos.

Assim, não temos que sair por aí nos orgulhando de termos um temperamento agressivo ou violento, muito pelo contrário, temos que desenvolver o controle dos nossos instintos, temos que ser mansos e humildes, como Cristo. Todas as questões que envolvem nossa vida devem ser resolvidas através do diálogo, nunca através de imposições ou de qualquer atitude agressiva ou arrogante.

Paulo Freire, o grande educador brasileiro diz (Pedagogia do Oprimido) que:

“Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo. Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante.
O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.
Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?
Como posso dialogar, se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros “isto”, em quem não reconheço outros eu?
Como posso dialogar, se me sinto participante de um gueto de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são “essa gente”, ou são “nativos inferiores”?
Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela.
A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo.”

É linda demais essa citação de Paulo Freire, que tem tudo a ver com a defesa de Paulo no início do capítulo. É como se ele estivesse dizendo: gente, vamos dialogar, não sou melhor que vocês, vocês não são melhores que eu, a gente precisa conversar.
Os opositores de Paulo espalhavam pela igreja em Corinto que Paulo só era valente quando escrevia, mas que pessoalmente era um frouxo, ou seja, que era forte escrevendo e fraco presencialmente.

Gente, vou sair parcialmente do assunto só um pouquinho, mas já volto. Você já observou que quando escrevemos dizemos muito mais coisa do que quando falamos (salvo exceções)? Por exemplo: através de e-mail, pelo orkut ou mesmo pelo MSN, você se declara, você diz coisas lindas e fofas, e aí quando encontra a pessoa pessoalmente, fica acanhado, tímido. Você não precisa se sentir um alienígena por causa disso não, isso é absolutamente normal, a escrita é mais “fria”, mais tranquila, você escreve uma coisa, apaga, reescreve, fica imaginando as reações da outra pessoa quando ler o que você escreveu e vai aperfeiçoando o texto. Quando essa pessoa lê, você não está perto, então dá tempo se reorganizar, se munir de novos argumentos, se defender, dizer mais coisas bonitas. Quando o diálogo se dá através da fala é muito diferente: a outra pessoa está ali na tua frente, você acompanha suas ações e suas reações, você não pode parar uns dez minutos para analisar uma frase e seu efeito sobre ela, as coisas saem automaticamente; se você estiver tenso, vai dizer coisas diferentes do que gostaria e por aí vai. A fala é dinâmica, é tensa, é rápida; a escrita não. Quer ver outro exemplo interessante: você está de olho naquela menininha ou naquele menininho, pois bem. Você quer dizer umas coisas bem bonitas para ela ou para ele, conforme seu caso, mas quer dizer falando, olhando no olho. Pois bem. Fica um tempão diante do espelho ensaiando, anda, se movimenta, articula. Chega a hora do encontro. Você está diante daquela pessoa ultra fofa, ensaia dizer alguma coisa, começa a gaguejar, aquela frase lindíssima que fora ensaiada dezenas de vezes não sai, ou pior ainda, sai toda truncada, sem sentido, você se sente um bobão ou uma bobona, o pior dos seres. Fica horas pensando como foi idiota falando aquelas bobagens, mas já falou, já era, é preciso esperar outra oportunidade, se houver. Caraca! Isso é a linguagem humana.

Pronto, agora quero voltar para o caso de Paulo. O que os caras diziam sobre ele não era verdade, não era bem isso. Esses caras só queriam queimar a imagem dele diante da igreja em Corinto, por isso ele se defende dizendo que se preciso, ele seria tão enérgico pessoalmente quanto costumava ser por carta. De qualquer forma, ele estaria aberto ao diálogo. Ele questiona o fato de muitos julgarem pela aparência. E isso, como já vimos, como sabemos, é a maior furada.
Imaginem vocês essa situação: meses depois do início das aulas, chega uma nova criatura para a sua turma, um novo aluno. Como os grupos já estão fechados, todos vão olhar para aquela pobre criatura já com reservas, já armados, alguns já vão rotulá-las de metido a besta, disso ou daquilo. Gente, você, enquanto cristão, não pode compartilhar desse tipo de coisa. Tente se aproximar, iniciar uma conversa, dialogar; chame para o seu grupo. Não é justo você rotular uma pessoa como metida a besta se você nem mesmo tentou falar com ela. Outra situação complicada é quando um professor vai substituir um outro no meio do ano letivo. Geral olha para o cara cheio de reservas também. Gente, ele não é culpado de estar assumindo sua turma agora, foram as circunstâncias que levaram a isso. Aja com carinho, com atenção, não crie dificuldades. Todos nós, professores, somos do bem. Tá bom, tá bom, quase todos, a maioria de nós.

Vamos voltar para Paulo. Ele fala dos caras que se comparam a si mesmos, como se o mundo girasse em torno deles. Ele diz que ninguém deve ficar “sisse” (já falamos sobre isso quando estudamos Romanos), que ninguém deve gloriar-se em si mesmo, tirar onda, que ninguém deve louvar-se a si mesmo. Na verdade, gente, é muito esquisito quando alguém se auto-elogia. É legal quando somos elogiados pelos outros, todos nós gostamos de elogios, agora quando nos elogiamos, é esquisito. Normalmente, essas criaturas não são tão fantásticas quanto pensam, então não são elogiadas. Como ninguém as elogia, por garantia, elas mesmas se elogiam. É horrível. Eu desconfio de todo mundo que vive se elogiando, normalmente são pessoas incompetentes ou inoperantes, o que dá no mesmo. “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no SENHOR”.


LIÇÃO 09


PASTORES APROVADOS E PASTORES REPROVADOS POR DEUS

CAPÍTULO 11

2 - Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.
5 - Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.
8 - Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado.
13 - Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.
14 - E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.
22 - São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu.
23 - São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
24 - Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
25 - Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
27 - Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
28 - Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
29 - Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?
31 - O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32 - Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem.
33 - E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.

Gente, vamos comparar esse texto lindo com Ezequiel 34:

2 - Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?
3 - Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
4 - As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5 - Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.
10 - Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.


Comparando esses dois textos, percebemos um contraste imenso entre a prática de Paulo com os coríntios, seu amor, sua preocupação, seus cuidados, e os pastores de Israel contra os quais Ezequiel profetiza.
Esses pastores do texto de Ezequiel são daquele tipo que não está tão preocupado em proteger suas ovelhas, em cuidar delas com carinho. Muito pelo contrário, eles querem é se dar bem, explorá-las, comer as gorduras e fazer roupas com as lãs. Modernamente, são aqueles cidadãos que exploram financeiramente a boa fé das pessoas, não visando o bem estar da comunidade, do coletivo, mas dele próprio. É aquele cara que negocia os votos de suas ovelhas para se dar bem, para se beneficiar de algum favor ou de algum cargo político, ou seja, essa gente ruim de quem ouvimos falar. Agora vejamos Paulo, sua visão de pastorado. Antes de falar de Paulo, lembrei-me de um outro cara, até extremista nesse sentido, que defendia o voto de pobreza. Estou falando de São Francisco de Assis. Tá bom, tá bom, Francisco de Assis, um cara fantástico.

Voltemos para Paulo, foco desse estudo: ele estava disposto a suportar de tudo por amor a suas ovelhas. Nesse capítulo, ele enumera uma série de dificuldades que enfrentou por amor à igreja, inclusive aos coríntios. Ele ralou muito, sofreu horrores, coisas que aqueles pastores citados por Ezequiel jamais fariam, coisas que esses pastores contemporâneos a que me referi nem pensariam em fazer, em suportar.
Paulo demonstra profundo zelo pelos coríntios, ele deseja o melhor para os seus filhos na fé. Assim como Jesus (João 10:11), Paulo declara que seria capaz de dar a vida pelas ovelhas.

“As credenciais de Paulo são as cicatrizes no seu corpo! Ele era tão judeu quanto os seus opositores, mas esse fato não vinha ao caso. O que importava para ele era a sua fidelidade em cumprir a missão confiada a ele pelo Senhor. Paulo tinha certeza de que no seu serviço e sofrimento em nome de Cristo ele excedia aos seus críticos. Paulo escreveu essa carta da Macedônia pouco depois de sair de Éfeso. Os sofrimentos aqui descritos deviam ter acontecido no decorrer de alguns anos, e sabemos que ele sofreria ainda mais nos anos posteriores a essa epístola.”

Isso significa dizer que Paulo enquanto fundador e pastor de tantas igrejas tinha seu foco no ministério apostólico de tal forma que nenhuma ralação, nenhum sofrimento seriam capazes de afastá-lo de seu ministério, de seu esmero por suas ovelhas.
A igreja de hoje é bem assim ainda: se estou focado em meu ministério não posso dar piti por qualquer coisa, por qualquer bobagem, por qualquer razão, ainda que séria, e abandonar aquilo que me propus fazer. Todo mundo que trabalha na igreja tem decepções, ralações, sofrimentos, passa sufoco. A questão é: se temos clareza de nosso ministério, passamos por tudo isso com alegria.
Voltando então a questão do pastorado do ponto de vista de Paulo e os pastores da profecia de Ezequiel, e muitos pastores atuais, podemos traçar um paralelo e definirmos quem são os verdadeiros pastores segundo o propósito de Deus.


LIÇÃO 10


VISÕES, ESPINHO NA CARNE E CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 12

2 - Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.
3 - E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
4 - Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.
5 - De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas.
6 - Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.
7 - E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
8 - Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
9 - E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
10 - Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
13 - Pois, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo.
14 - Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos.


É interessante observar nessa segunda carta aos coríntios como Paulo salienta os grandes contrastes em sua vida. Ele passa de episódios humilhantes à uma fantástica “visita” ao terceiro céu, ao paraíso. Também é interessante que ele fala desse episódio em terceira pessoa (conheço um homem) como quem não quer tirar muita onda com o caso. Ele diz ter ouvido palavras inefáveis, coisas tão lindas e fofas que não convém ao homem falar. Ele arremata dizendo que desse episódio e desse alguém (ele mesmo) ele se gloria, mas não dele, homem comum, que é feliz e sofre como todos os outros seres humanos.
Essa experiência espiritual, segundo alguns estudiosos da Bíblia deve ter ocorrido quando esteve quase morto por conta de um apedrejamento do qual foi vítima na cidade de Listra (At 14:19-20). Seu espírito teria sido arrebatado ao paraíso (supostamente acima da atmosfera e das estrelas – “terceiro céu”) – a morada de Deus e dos remidos (Ef 4:10).
Será que Paulo estaria descrevendo aqui uma “experiência de quase morte”? Alguns irmãos nossos ainda hoje relatam experiências como essa de Paulo após serem declarados “mortos” por um médico. No caso de Paulo, ele foi imensamente inspirado e animado com palavras inefáveis para prosseguir na sua missão. Também é um fato, não podemos negar, que alguns desses irmãos nossos viajam na maionese ao dizerem que viram coisas, muitas vezes, sem o menor sentido que em nada contribuirá para a edificação da igreja. Não estou desvalorizando a experiência de Paulo ou de alguns irmãos ainda hoje, estou dizendo que há exageros, estou dizendo que esses casos não são tão frequentes como defendem alguns.


SOBRE O ESPINHO NA CARNE

Muita coisa já foi escrita sobre esse tal de espinho na carne do apóstolo Paulo (verso 7). Ele chama esse espinho de “mensageiro de Satanás”, cujo objetivo era esbofeteá-lo. São muitas hipóteses para explicar esse “espinho na carne.” Vejamos algumas: ferida física decorrente de apedrejamentos e ataques dos judaizantes;
uma doença grave (Gl 4:13-14); malária; epilepsia; problemas de visão (Gl 4:15); tentações de natureza espiritual (orgulho, por exemplo).
Segundo Thomas Reginald Hoover, em seu Comentário Bíblico de 1º e 2º Coríntios:
“O mais importante não é o ‘quê’, mas o ‘porquê”. A semelhança de Jesus, o qual orou no Getsêmani que o cálice passasse dEle, Paulo pediu três vezes que fosse tirado o seu espinho na carne. O Senhor respondeu à sua oração, mas não tirou o espinho. A resposta divina tem ajudado milhões de crentes a aguentarem de bom ânimo padecimentos os mais diversos: ‘A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (verso 9). Foi assim que Paulo, uma vez fariseu arrogante e orgulhoso e depois apóstolo abençoado com revelações celestiais, aprendeu a humildade e a dependência do poder do Senhor na sua própria fraqueza!”

CAPÍTULO 13

1 - É ESTA a terceira vez que vou ter convosco. Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra
5 - Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.
6 - Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados.
8 - Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.
9 - Porque nos regozijamos de estar fracos, quando vós estais fortes; e o que desejamos é a vossa perfeição.
10 - Portanto, escrevo estas coisas estando ausente, para que, estando presente, não use de rigor, segundo o poder que o Senhor me deu para edificação, e não para destruição.
11 - Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco.

Paulo defende ferozmente o evangelho de Cristo, pois teme que um “evangelho diferente” levado pelos tais obreiros fraudulentos citados nesta carta alastre-se pela igreja em Corinto afastando os crentes da simplicidade e da pureza dos ensinamentos de Cristo.

O mesmo autor citado na página anterior, na mesma obra, comenta:

“Ao encerrar a sua carta, Paulo menciona mais uma vez a sua iminente visita (terceira) a Corinto e a sua preocupação acerca das condições lá existentes. Ele se preocupa não só pela fé dos coríntios, mas também por seu comportamento. Espera que os problemas de conduta sejam resolvidos antes da sua chegada lá. Preferiria uma visita agradável e pacífica, sem interrupções provocadas ou disputas, partidarismos e pecado na congregação.”

Paulo tem clareza de que muitos dos crentes coríntios são imaturos, mas faz questão de lembrar-lhes de que são crentes e de que estão em Cristo e Cristo neles (verso 5).
Na igreja contemporânea também encontramos muitos crentes imaturos. Na sua concepção, o que é um crente imaturo?

12  - Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todos os santos vos saúdam.
13 - A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém.

Valeu, galera!