1º encontro
DEPRESSÃO – A DOENÇA DA MODA
A depressão não é uma doença nova, sempre existiu. É possível que Adão e Eva tenham sentido algo parecido quando perderam o direito de continuar naquele jardim belezudo criado por Deus para eles. Recentemente, porém, a doença está na moda e até ganhou status de epidemia. Nunca tanta gente esteve deprimida como atualmente. Segundo a ONU, de cada dez pessoas, uma terá depressão ao longo da vida. Desse total, 60% serão mulheres e 40% , homens. Não é muito difícil imaginar por que as mulheres correm mais riscos de ficarem depressivas. É possível, inclusive, que nós, os homens, sejamos, de alguma forma, responsáveis por isso. Ainda segundo a ONU, ela será a principal doença em 2020.
Todos os seres humanos fazem parte do grupo de risco, ou seja, ninguém está livre da depressão. Há um entendimento meio abestalhado de que o servo de Deus não pode, de jeito nenhum, ficar deprimido, que tal situação reflete pecado ou falta de fé. Oxente! O servo de Deus também é gente, também tem problemas, logo, está no grupo de risco. Outra coisa: essa parada de idade não tem nada a ver. Uma pessoa pode ficar depressiva em qualquer fase da sua vida, inclusive na infância. É claro, que a galera mais velha corre mais riscos, mas temos vários casos de jovens, de adolescentes, de crianças e até mesmo de bebês.
Nas páginas da Bíblia, encontramos homens e mulheres de fé que lutaram contra um sentimento de tristeza asfixiante, contra uma dor sem explicação, uma dor melecosa, enfim, uma depressão.
PERSONSAGENS BÍBLICOS EM ESTADO DEPRESSIVO
MOISÉS
“Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria.” – Nm 11:15
NOEMI
“Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.” – Rt 1:20
JÓ
“Por que se concede luz ao miserável e vida ao amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos. Eles se regozijariam por um túmulo e exultariam se achassem a sepultura. Por que se concede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados? Por que em vez do meu pão me vêm gemidos, e os meus lamentos se derramam como água? Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece. Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação.” – Jó 3:20-26
DAVI
“Dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado.” – Sl 143:4
ELIAS
“Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.” – 1 Rs 19:4
JEREMIAS
“Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói e não admite cura?” – Jr 15:18
PAULO
“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida.” – 2 Co 1:8
JONAS
“Em nascendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é morrer do que viver! Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até a morte.” – Jn 4:8-9
ALGUNS SINTOMAS DE DEPRESSÃO
a) emocionais: desânimo, desgosto, tristeza, medo, apatia, inércia e solidão. A depressão é um transtorno de humor, nada parece ter gosto ou graça;
b) cognitivos: sentimentos de inferioridade, vergonha, auto-piedade, indignidade, ressentimento, derrotismo, incapacidade, pessimismo, “dor moral”: o portador de depressão acredita ser o culpado pelo que está lhe acontecendo, e que o seu problema não tem solução;
c) motivacionais: o portador de depressão deseja isolar-se, fugir de tudo e de todos, desaparecer; coisas importantes perdem o encanto: trabalho, família, sexo, relacionamentos, vontade de viver;
d) físicos: alterações do apetite, perturbações do sono, fadiga, semblante caído, corpo vergado, tensão muscular, sensação de “peito apertado”, falta de ar.
Percebidos alguns desses sintomas, o cabra deve procurar ajuda ou rever conceitos imediatamente, ou as duas coisas. Buscar o auxílio de amigos é uma boa, do pastor, ou, se for o caso, de um profissional: preferencialmente, pra começar, um psicólogo ou um psicanalista. Em casos extremos, esses profissionais encaminharão o paciente a um neuro-psiquiatra. A criatura jamais deve auto-medicar-se. Um remédio que funcionou para o vizinho pode não funcionar pra você. Orar é interessante, mas também é preciso agir o quanto antes. O sujeito ou a sujeita não pode, de jeito nenhum, entrar naquela neura: “eu sou crente, não posso ficar assim, o que as pessoas vão pensar de mim?” Nessa situação, pense em você e tome providências imediatamente. Quanto mais demorar para reagir, mais difícil será o tratamento. Nos casos crônicos, o tratamento se faz com antidepressivos que devem ser receitados exclusivamente por um neurologista ou por um psiquiatra.
Coisas simples são capazes de evitar um quadro depressivo: um churrasquinho com os amigos no fim de semana, uma caminhada pela orla ou pelo mato, uma saidinha à noite com a esposa e os filhos para comer um cachorro-quente na praça, um banho de chuva, andar descalço, falar umas bobagens gospel, curtir a família, brincar, pagar uns micos, ouvir música, se envolver com coisas prazerosas, enfim, umas coisas assim.
O melhor tratamento é a prevenção.
2º encontro
DEPRESSÃO / MELANCOLIA
A depressão (ou melancolia) foi documentada há mais de dois mil anos por babilônios, egípcios, gregos e judeus. Durante a Idade Média, relacionaram-na com a covardia, a incredulidade e a preguiça.
O que distingue a tristeza normal de um estado depressivo é a sua duração e sua intensidade. Quando estamos tristes, conservamos nosso amor-próprio, voltamos a nos sentir bem depois que choramos, e somos ajudados por palavras de consolo, mas quando alguém está atravessando um episódio de depressão severa, sua auto-estima desaparece. Chorar não ajuda muito (às vezes, a pessoa nem consegue chorar) e o que os amigos dizem causa-lhe irritação. As pessoas próximas parecem não entender o que acontece e o deprimido, por sua vez, não se sente com a mínima vontade de lhes explicar.
Na depressão, o abatimento da pessoa é desproporcional àquilo que parece tê-lo causado. Outras vezes nem mesmo há uma causa aparente.
Não existe um motivo único para a depressão. Há uma conjugação de fatores. Os casos de depressão são diferentes, apresentam sintomas distintos e podem ter causas diversas.
ALGUMAS CAUSAS DA DEPRESSÃO
a) Causas físico-genéticas: Existe um fator hereditário, ou seja, pessoas com antecedentes na família apresentam maior probabilidade de desenvolê-la; falta de sono, alimentação inadequada;
DEPRESSÃO – A DOENÇA DA MODA
A depressão não é uma doença nova, sempre existiu. É possível que Adão e Eva tenham sentido algo parecido quando perderam o direito de continuar naquele jardim belezudo criado por Deus para eles. Recentemente, porém, a doença está na moda e até ganhou status de epidemia. Nunca tanta gente esteve deprimida como atualmente. Segundo a ONU, de cada dez pessoas, uma terá depressão ao longo da vida. Desse total, 60% serão mulheres e 40% , homens. Não é muito difícil imaginar por que as mulheres correm mais riscos de ficarem depressivas. É possível, inclusive, que nós, os homens, sejamos, de alguma forma, responsáveis por isso. Ainda segundo a ONU, ela será a principal doença em 2020.
Todos os seres humanos fazem parte do grupo de risco, ou seja, ninguém está livre da depressão. Há um entendimento meio abestalhado de que o servo de Deus não pode, de jeito nenhum, ficar deprimido, que tal situação reflete pecado ou falta de fé. Oxente! O servo de Deus também é gente, também tem problemas, logo, está no grupo de risco. Outra coisa: essa parada de idade não tem nada a ver. Uma pessoa pode ficar depressiva em qualquer fase da sua vida, inclusive na infância. É claro, que a galera mais velha corre mais riscos, mas temos vários casos de jovens, de adolescentes, de crianças e até mesmo de bebês.
Nas páginas da Bíblia, encontramos homens e mulheres de fé que lutaram contra um sentimento de tristeza asfixiante, contra uma dor sem explicação, uma dor melecosa, enfim, uma depressão.
PERSONSAGENS BÍBLICOS EM ESTADO DEPRESSIVO
MOISÉS
“Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria.” – Nm 11:15
NOEMI
“Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.” – Rt 1:20
JÓ
“Por que se concede luz ao miserável e vida ao amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos. Eles se regozijariam por um túmulo e exultariam se achassem a sepultura. Por que se concede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados? Por que em vez do meu pão me vêm gemidos, e os meus lamentos se derramam como água? Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece. Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação.” – Jó 3:20-26
DAVI
“Dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado.” – Sl 143:4
ELIAS
“Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.” – 1 Rs 19:4
JEREMIAS
“Por que dura a minha dor continuamente, e a minha ferida me dói e não admite cura?” – Jr 15:18
PAULO
“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida.” – 2 Co 1:8
JONAS
“Em nascendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é morrer do que viver! Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até a morte.” – Jn 4:8-9
ALGUNS SINTOMAS DE DEPRESSÃO
a) emocionais: desânimo, desgosto, tristeza, medo, apatia, inércia e solidão. A depressão é um transtorno de humor, nada parece ter gosto ou graça;
b) cognitivos: sentimentos de inferioridade, vergonha, auto-piedade, indignidade, ressentimento, derrotismo, incapacidade, pessimismo, “dor moral”: o portador de depressão acredita ser o culpado pelo que está lhe acontecendo, e que o seu problema não tem solução;
c) motivacionais: o portador de depressão deseja isolar-se, fugir de tudo e de todos, desaparecer; coisas importantes perdem o encanto: trabalho, família, sexo, relacionamentos, vontade de viver;
d) físicos: alterações do apetite, perturbações do sono, fadiga, semblante caído, corpo vergado, tensão muscular, sensação de “peito apertado”, falta de ar.
Percebidos alguns desses sintomas, o cabra deve procurar ajuda ou rever conceitos imediatamente, ou as duas coisas. Buscar o auxílio de amigos é uma boa, do pastor, ou, se for o caso, de um profissional: preferencialmente, pra começar, um psicólogo ou um psicanalista. Em casos extremos, esses profissionais encaminharão o paciente a um neuro-psiquiatra. A criatura jamais deve auto-medicar-se. Um remédio que funcionou para o vizinho pode não funcionar pra você. Orar é interessante, mas também é preciso agir o quanto antes. O sujeito ou a sujeita não pode, de jeito nenhum, entrar naquela neura: “eu sou crente, não posso ficar assim, o que as pessoas vão pensar de mim?” Nessa situação, pense em você e tome providências imediatamente. Quanto mais demorar para reagir, mais difícil será o tratamento. Nos casos crônicos, o tratamento se faz com antidepressivos que devem ser receitados exclusivamente por um neurologista ou por um psiquiatra.
Coisas simples são capazes de evitar um quadro depressivo: um churrasquinho com os amigos no fim de semana, uma caminhada pela orla ou pelo mato, uma saidinha à noite com a esposa e os filhos para comer um cachorro-quente na praça, um banho de chuva, andar descalço, falar umas bobagens gospel, curtir a família, brincar, pagar uns micos, ouvir música, se envolver com coisas prazerosas, enfim, umas coisas assim.
O melhor tratamento é a prevenção.
2º encontro
DEPRESSÃO / MELANCOLIA
A depressão (ou melancolia) foi documentada há mais de dois mil anos por babilônios, egípcios, gregos e judeus. Durante a Idade Média, relacionaram-na com a covardia, a incredulidade e a preguiça.
O que distingue a tristeza normal de um estado depressivo é a sua duração e sua intensidade. Quando estamos tristes, conservamos nosso amor-próprio, voltamos a nos sentir bem depois que choramos, e somos ajudados por palavras de consolo, mas quando alguém está atravessando um episódio de depressão severa, sua auto-estima desaparece. Chorar não ajuda muito (às vezes, a pessoa nem consegue chorar) e o que os amigos dizem causa-lhe irritação. As pessoas próximas parecem não entender o que acontece e o deprimido, por sua vez, não se sente com a mínima vontade de lhes explicar.
Na depressão, o abatimento da pessoa é desproporcional àquilo que parece tê-lo causado. Outras vezes nem mesmo há uma causa aparente.
Não existe um motivo único para a depressão. Há uma conjugação de fatores. Os casos de depressão são diferentes, apresentam sintomas distintos e podem ter causas diversas.
ALGUMAS CAUSAS DA DEPRESSÃO
a) Causas físico-genéticas: Existe um fator hereditário, ou seja, pessoas com antecedentes na família apresentam maior probabilidade de desenvolê-la; falta de sono, alimentação inadequada;
b) Causas ambientais: Ambiente familiar opressivo, local de trabalho estressante, clima de tensão, competição, insegurança, imprevisibilidade, violência;
c) Causas emocionais: Pessoas que tiveram uma infância infeliz, sofreram traumas ou experimentaram perdas significativas nos primeiros anos de vida têm maior probabilidade de cair em depressão; sentimentos de rejeição, culpa, mágoa. Os perfeccionistas são sérios candidatos à depressão, pois impõem a si mesmos um padrão, muitas vezes, inatingível; o mesmo pode ser dito dos pessimistas, que enxergam dificuldade em tudo e sempre se fixam no lado ruim das coisas.
d) Causas ocasionais: acontecimentos traumáticos, um incidente como: enfermidade repentina, desemprego, separação, perda de entes queridos, agressão, desapontamentos e outras situações sobre as quais não se tem controle. Existem ainda aqueles casos em que o camarada fica deprimido em datas especiais, como natal, ano novo e o próprio aniversário.
e) Causas existenciais: sempre que levamos um estilo de vida inadequado à nossa personalidade, violentamos nossa própria natureza; a pessoa se percebe insatisfeita com a vida que leva, mas não é capaz de enxergar possibilidade de mudança. Assim, sentindo-se presa num beco sem saída, mergulha numa tristeza longa e acentuada;
f) Causas espirituais: falta de intimidade com Deus, de uma experiência real com ele.
EXEMPLO SIMPLES DE UMA SITUAÇÃO DEPRESSIVA
Imagine a seguinte situação: você pega um pardal e coloca-o numa gaiola. Ele não se sentirá feliz. Mesmo que as grades sejam de ouro e que você lhe ofereça alpiste importado e água mineral, o passarinho adoecerá. Ele ficará cada vez mais triste e acabará morrendo. A natureza do pardal não condiz com o cativeiro. Outras aves podem adaptar-se a viveiros e gaiolas, mas não ele. Pardais não sobrevivem sem liberdade. Quando aprisionados, ficam abatidos e doentes porque não estão recebendo aquilo que necessitam para viver: liberdade.
A depressão é sempre um sinal de que não estamos recebendo o que é necessário para vivermos saudáveis e felizes. É um alerta que recebemos de que algo não vai bem. Pode ser que estejamos precisando simplesmente de repouso. É possível que o que nos falte seja férias regulares, perspectivas de vida, amizades sinceras e um relacionamento pessoal com Deus. Também pode acontecer de estarmos desperdiçando nosso potencial, negligenciando a família ou priorizando coisas erradas. Usando a analogia do pardal, é como se estivéssemos trocando o sol e o vento por alpiste importado e água mineral.
A seguir, vamos dar uma olhadinha num caso de depressão registrado em nossa MPB: Clarisse, de Renato Russo (fragmentos):
....
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
.......
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
.......
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
.....
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Clarisse só tem quatorze anos.
Isso que acontece com Clarisse é um quadro depressivo crônico. A dor física provocada por ela mesma através dos cortes com o canivete é menor do que a dor moral, do que a dor de existir que ela sente.
3º encontro
TRANSTORNO DO PÂNICO ou SÍNDROME DO PÂNICO
Os sintomas físicos mais comuns são taquicardia, sudorese, sensação de falta de ar (não se preocupe porque ninguém jamais morreu sufocado por causa de pânico), tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente está estranho, que a pessoa “não está lá” (isso se chama desrealização e não tem nada a ver com loucura, não se preocupe), de que vai desmaiar, de que vai ter um infarto, de uma pressão na cabeça, de que vai “ficar louco”, de que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparado e com sudorese intensa. É claro que a maioria das pessoas não têm todos esses sintomas.
Um medo muito comum é o de “voltar a sentir medo”. Muitas vezes o simples pensamento de entrar num ônibus ou passar ao lado de um abismo já desencadeiam a crise. Algumas pessoas quando vão a um cinema, teatro ou restaurante, procuram sentar-se perto da saída, outras não trancam a porta quando vão ao banheiro para sair com facilidade caso venham a passar mal.
Uma forma mais específica da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico se chama Fobia Social e se caracteriza por crises de ansiedade em situações como reuniões, apresentações, discussões com superiores, assinatura de algum documento ou de um cheque e até mesmo comer ou levantar uma xícara de café em público.
Algumas vezes, os sintomas aparecem após uma experiência traumática na qual a pessoa se sentiu indefesa, humilhada ou sem possibilidade de reação, como por exemplo: assalto, seqüestro, acidente, um repentino problema sério de saúde.
MINHA EXPERIÊNCIA COM SÍNDROME DE PÂNICO
Aos 30 anos, por estresse causado por excesso de trabalho, tive um problema sério de saúde. Eu estava internado por outra razão, para um procedimento renal de rotina, quando sem mais nem menos, após a visita noturna do meu médico, durante a refeição, me senti mal e tive uma convulsão. Por cerca de uma hora fiquei sem movimentos, não conseguia mexer nada, apenas ouvia e via sombras e pensava sobre o depois, enquanto vários médicos me assistiam. Eu não respeitei os limites do meu corpo e nem por isso estava com muito dinheiro. Aquela situação foi muito traumática pra mim. O diagnóstico inicial falava de AVC até que um neurologista apresentou dias depois um diagnóstico de stress. Pois bem, quando tive alta (me internei com uma previsão de 12 horas e fiquei 48), nos primeiros dias em casa desenvolvi um transtorno de pânico: medo de viver novamente aquela situação traumática. Fui encaminhado para um neurologista e um cardiologista. Não havia nada de anormal com o coração. O neurologista após alguns exames, optou por um tratamento medicamentoso. O medicamento me impedia, por exemplo, de dirigir. Quase bati com o carro. Precisava ir trabalhar de ônibus. Para ficar mais tranqüilo, levava no bolso uma papelzinho com número de telefone, nome do hospital e do médico, mas precisava encarar, aquilo não podia ser mais forte que eu. Trabalhei assim por mais de 15 dias, com um medo louco de passar mal no ônibus, sozinho. A pior crise foi na praça de alimentação de um shopping, com a minha esposa, eu estava certo de que ia apagar ali. Ela, como sempre, me deu a maior moral e saí dali suando desesperadamente. Depois daquilo, resolvi que não podia viver daquele jeito. Voltei ao neurologista, às vezes, o primeiro remédio não faz efeito, e é preciso trocar. Voltei a ir para o trabalho de carro. A vida foi voltando ao normal e o transtorno do pânico me deixou e fui feliz para sempre.
IMPORTANTE
Sofrer de Pânico não tem nada a ver com personalidade forte ou fraca, com a pessoa ser ou não ser corajosa, todos nós, evangélicos ou não, fazemos parte do grupo de risco. Faço questão de citar esse “evangélicos ou não” porque tem uns companheiros que acham que o fato de serem evangélicos dá imunidade contra tudo quanto é doença. Nada a ver, isso não é bíblico, isso faz parte dessa teologia da prosperidade, que prega que Deus está a nossa inteira disposição 24 horas por dia para atender todas as nossas necessidades, todos os nossos desejos e todas as nossas frescuras. Essas mesmas pessoas acham ainda que Deus é evangélico e que, portanto, só atende os pedidos dos evangélicos e que seria uma traição Ele deixar que um evangélico desenvolva uma síndrome do pânico ou uma depressão. Vou até mudar de assunto porque não tenho muita paciência pra isso. Só mais uma coisinha: tem uma galera que até torna Deus denominacional, quase afirmando que ele é batista, assembleiano, metodista, presbiteriano e por aí vai. Ninguém merece, companheiros. Deus é Deus. Ele atende cristãos e não-cristãos e nem por isso nos deve alguma satisfação.
ENTENDENDO MELHOR A SÍNDROME
Os sintomas físicos de uma crise de pânico podem aparecer subitamente, inclusive sem uma causa definida. Os sintomas funcionam como uma preparação do corpo para alguma “coisa terrível”. A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Assim, diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir, ou seja, o sistema de “alerta” normal do organismo – o conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça – tende a ser ativado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente.
Gradativamente, se o transtorno não for tratado, o nível de ansiedade e o medo de uma nova crise podem atingir proporções tais, que a pessoa com o transtorno do pânico pode se tornar incapaz de dirigir ou mesmo pôr o pé fora de casa. Desta forma, o distúrbio do pânico pode ter um impacto tão grande na vida cotidiana de uma pessoa como qualquer outra doença grave, a menos que essa pessoa receba tratamento eficaz e seja compreendida pelos demais.
PERFIL DA POPULAÇÃO ATINGIDA
· Normalmente, estão na faixa etária de 21 a 40 anos e encontram-se no auge de suas vidas profissionais;
· Geralmente são pessoas muito produtivas que costumam assumir uma carga excessiva de responsabilidades e afazeres;
· Pessoas exigentes consigo mesmas e que não conseguem conviver bem com erros ou imprevistos;
· Pessoas com alto nível de criatividade, perfeccionismo e necessidade de estar no controle da situação;
· Pessoas com tendência a ignorar os limites físicos do seu corpo.
Pessoas com esse perfil estão predispostas a situações de estresse acentuado, o que pode levar ao aumento intenso da atividade de determinadas regiões do cérebro, desencadeando assim um desequilíbrio bioquímico e conseqüente aparecimento do transtorno de pânico.
4º encontro
TOC: TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
O TOC é uma doença bastante comum, atingindo, aproximadamente, um em cada 40 ou 50 indivíduos. A maioria dos portadores, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas, muito menos tratadas.
O TOC é um transtorno mental de ansiedade. Seus sintomas envolvem alterações dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos de conteúdo impróprio, obsessões), do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão).
A característica principal é a presença de obsessões (pensamentos, idéias, imagens, palavras, frases, números ou impulsos que invadem a consciência de forma repetitiva e persistente, e que geralmente são acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer) e/ou compulsões (comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos, executados em resposta e obsessões ou por causa de regras que devem ser seguidas rigidamente e que aliviam momentaneamente a ansiedade).
Além disso, os portadores do TOC sofrem de muitos medos (de contraírem doenças, de cometerem falhas, de serem responsáveis por acidentes). Em razão desses medos, evitam as situações que possam provocá-los (evitação).
VAMOS FAZER UM TESTE RÁPIDO?
1. Você se lava (mãos, pés, rosto) com muita freqüência?
2. Você verifica as coisas (se fechou a porta de casa, do carro ou da geladeira, por exemplo) de forma repetida?
3. Você tem pensamentos que lhe incomodam e dos quais gostaria de se livrar, mas não consegue?
4. Você leva muito tempo para completar suas atividades diárias?
5. Você se preocupa muito com ordem ou alinhamento das coisas?
Se uma das respostas for positiva, é bem provável que você seja portador de TOC, mas não precisa se desesperar, você não vai morrer por conta disso. O problema é quando o TOC torna-se intenso a ponto de incomodar as pessoas com quem você convive. Aí ele pode gerar sérios problemas de relacionamento. Tratamentos existem, mas é preciso que o portador admita o problema, do contrário, não vai rolar.
OBSESSÕES E COMPULSÕES MAIS COMUNS
· Sujeira, contaminação (não usar os copos de um restaurante, por exemplo);
· Dúvidas: o cara faz a mesma pergunta ou os mesmos comentários infinitas vezes;
· Simetria, perfeição, exatidão ou alinhamento: tudo tem que estar numa determinada ordem; os chinelos, em hipótese alguma, virados;
· Impulsos ou pensamentos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas;
· Sexo ou obcenidades;
· Armazenar comida, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar;
· Preocupações exageradas com doenças ou com o corpo;
· Sentimento constante de pecado, de culpa, de escrúpulos, sacrilégios ou blasfêmias;
· Pensamento mágico (superstições: números especiais, cores, datas e horários); rezar, repetir palavras, frases, números; possibilidade de modificar o curso futuro dos acontecimentos com a execução dos rituais (pensamento mágico);
TRATAMENTO
A terapia exigirá um esforço bastante grande por parte do paciente para que ele faça o contrário de tudo aquilo que estava habituado a fazer. Por exemplo: o cara vai ser orientado a se policiar para não conferir inúmeras vezes se a porta está fechada, embora sinta vontade de fazê-lo.
5º encontro
CIÚME: ZELO, MEDO DE PERDER OU OBSESSÃO?
Referências bíblicas: 1 Co 13:4; 3:3; Ct 8:6; Pv 6:34; Nm 11:29; Gn 37:11; Gn 30:1.
· O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece.
· Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
· ...porque o amor é forte como a morte; e duro como a sepultura, o ciúme...
· Porque o ciúme excita o furor do marido.
· Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
· Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo.
· Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei.
INTRODUÇÃO
Nas passagens bíblicas acima, várias formas de ciúmes são abordadas em diferentes contextos. Podemos dizer que o ciúme é uma emoção positiva até o ponto em que se manifesta como zelo, como cuidado por alguém ou por alguma coisa que amamos. Quando, no entanto, toma ares possessivos ou doentio, esse sentimento já passa a preocupar.
O CIÚME NAS VÁRIAS FORMAS DE RELAÇÕES HUMANAS
“Um relacionamento implica uma certa dose de respeito de/por ambas as partes. Sem esse pressuposto não é possível manter uma relação positiva”, afirma Agnes Ghaznavi (especialista em relações humanas). Para que uma relação seja positiva para ambas as partes, é preciso que haja reciprocidade, respeito, amizade, lealdade, fidelidade, proximidade, liberdade, ternura, afeto e confiança.
Um garoto que acredite que os pais dão mais atenção à sua irmã ou ao seu irmão poderá, posteriormente, canalizar esse sentimento à sua parceira, numa relação futura. Uma filha cuja mãe é ciumenta tende a desenvolver esse traço de caráter com mais facilidade.
Em sociedades monogâmicas como a nossa, o ciúme, normalmente, será associado a honra e a moral, quase um instrumento de proteção familiar, uma espécie de adaptação da espécie para proteger o que é nosso por direito. Para alguns, é um sinal de amor e cuidado. Até aí, tudo bem; o problema é quando se torna possessivo, obcecado, desconfiado, inseguro, patológico (doentio).
As causas do ciúme doentio (patológico) podem ser, basicamente, duas: falta de confiança (no outro ou em si mesmo) ou obsessão. Esse ciúme doentio invade os pensamentos e esses pensamentos se repetem na mente do ciumento e projeta inúmeras imagens sobre eventos e episódios que podem jamais ter acontecido.
Os ciumentos costumam ser muito “criativos” e não conseguem, muitas vezes, distinguir a fantasia da sua mente da realidade, criando, assim, o medo da perda (que pode nem ser real). Assim, o ciumento passa a procurar provas que confirmem suas suspeitas, inquirindo o outro sobre o que faz, verificando os seus bolsos, a sua correspondência, os seus e-mails, suas ligações, e isso vai gerando dúvidas cada vez maiores. Mesmo que defendamos a idéia de que os cônjuges não devam ter segredos entre si, todo ser humano quer ter sua privacidade respeitada e a invasão desse espaço vai gerar conflito. Assim, o acesso a privacidade do outro precisa ser conquistada, negociada e não invadida de maneira arbitrária com o objetivo de procurar provas inexistentes de uma situação não ocorrida. Isso é terrível. Por outro lado, se existe uma desconfiança real de possíveis atitudes estranhas do cônjuge, é preciso conversa, o tradicional “discutir a relação”. Se a conversa já não é possível, é hora de procurar ajuda (amigos, pastor, terapeuta familiar). A palavra amigo já traz em si a idéia de alguém em quem confiamos. Se não confiamos, não é amigo. O ideal aqui é um amigo do casal. Nessas situações, os parentes devem ser evitados. Eles normalmente vão tomar o partido do reclamante.
O ciúme doentio ou patológico agrega em si outras emoções negativas: ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa e desejo de vingança, todas relacionadas com a baixa auto-estima, que acarreta uma sensação de insegurança.
Não é só nas relações conjugais que o ciúme acontece. Há muitos casos de ciúmes em relacionamentos baseados na amizade e até entre colegas de trabalho e entre companheiros de ministérios, no contexto da igreja.
Algumas pessoas têm dificuldades de construir ou de manter uma rede de amigos e acabam tendo ciúmes dos amigos dos amigos, ou seja, elas gostariam que determinada pessoa fosse seu amigo exclusivo, de mais ninguém. Já na igreja ou no ambiente de trabalho, a pessoa ciumenta passa a alimentar a idéia de que o líder dá mais atenção para o fulaninho e aí passa a ter ciúmes também. Algumas pessoas chegam ao ponto de não querer ter um filho por ciúme do companheiro ou da companheira, por entender que não vai conseguir dividir a atenção do cônjuge com a criança. Outros casos comuns que acabam gerando brigas é ter ciúme daquilo que outro valoriza muito: livros, carros, amigos, amigas, futebol, artistas.
Pessoas que sentem inferiores ou inferiorizadas em relação ao outro tornam-se inseguras e, consequentemente, tendem a desenvolver ciúmes com mais facilidade.
Podemos ficar mais vulneráveis ao ciúme em momentos de estresse, de perdas, de mudanças ou de comportamentos provocativos do outro.
CONCLUSÃO
Havendo confiança, aceitação pessoal e aceitação do outro, poderemos viver menos obcecados com fantasias de traição.
O ciúme não é um sentimento voltado para o outro, mas sim para si mesmo, para quem o sente, pois, na verdade, é o medo egocentrado de perder o outro que gera o ciúme.
6º encontro
INVEJA – UM SENTIMENTO ESPÚRIO À VIDA CRISTÃ
Referências bíblicas: Is 14:12-14; Gn 4:4,5; Mt 15:19; Ec 4:4; Fp 1:15.
· Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
· Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.
· Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
· Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
· Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade.
CONCEITOS INICIAIS
Segundo o dicionário Michaelis, inveja significa ódio pela prosperidade ou alegria de outra pessoa, bem como o desejo de possuir alguma coisa que o outro tem. Já o jornalista Zuenir Ventura, comparando ciúme, cobiça e inveja, define-os da seguinte forma: “ciúme é querer manter o que tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha.”
A INVEJA DO PONTO DE VISTA BÍBLICO
Na visão cristã, a passagem de Is 14:12-14 se refere a Lúcifer, querubim que se rebelou por inveja e, contaminado por este sentimento, teria convencido outros anjos a se posicionarem contra Deus. Estes, então, teriam sido expulsos do céu. Após o episódio da queda do homem influenciada por esse anjo mau, o pecado entrou na raça humana e, com ele, os frutos da carne (Gl 5:19-21), entre os quais, a inveja.
Caim, o primeiro invejoso humano, não conseguiu dominar sua inveja e matou seu irmão. Talvez o invejoso de hoje não mate literalmente o seu irmão, mas o faça espiritualmente.
Quando Jesus diz em Mateus 5:19 que os maus desígnios procedem do coração, ele está fornecendo base bíblica para crermos que a inveja é inerente ao coração humano. Logo, o desafio é tratá-la e dominá-la.
Me parece muito simplista dizer que a inveja é demoníaca. Na verdade, é sempre muito cômodo projetar para o mundo invisível situações nas quais o homem é o real culpado. Seria bem mais tranqüilo espiritualizar a inveja e “amarrar” os demônios, todavia não podemos esquecer o ensino de Cristo de que ela procede de nossos corações, ou seja, é um sentimento humano negativo.
DO PONTO DE VISTA DA PSICOLOGIA
A maioria dos evangélicos vê a inveja como pecado e não como doença. Segundo a Psicologia há um tipo de inveja que pode ser patológica: quando uma pessoa faz qualquer coisa para ter o que o outro tem ou quer, passando por cima de valores, ideais, amizades e até da família. Esse tipo de inveja pode ser entendido como o desgosto diante da prosperidade alheia. Nesse caso, a pessoa só consegue focar o outro, não consegue perceber o que ela própria tem de valor.
O contentamento com o que temos (não confundir com conformismo) é uma excelente fórmula para nos livrarmos da inveja. Se desenvolvermos uma alegria real pelo que temos e pelo que somos não precisamos nos comparar aos outros. Não havendo comparações, a inveja não vai rolar.
NO AMBIENTE DE TRABALHO
No ambiente de trabalho, a concorrência se acirra a cada vaga ou a cada oportunidade que surge e isso acaba colocando à prova a capacidade de cada um rejeitar ou abrigar a inveja. Há pouco tempo houve um caso, em São Paulo, de uma estagiária que chegou ao absurdo de matar uma colega e ferir outra na intenção de recuperar uma vaga.
Normalmente, nos espelhamos em alguém para crescermos. É preciso olhar para pessoas que são referenciais em suas áreas de atividade e que alcançam resultados extraordinários, mas não se deve imita-las, pois cada um tem seu próprio jeito de fazer as coisas.
Quando você inveja alguém, o seu objetivo é encontrar deficiências no cara. Dessa forma, você não consegue aprender com essa pessoa, nem consegue perceber seus sacrifícios ao longo do caminho. Quando você admira, aí sim, você consegue perceber ensinamentos em cada conquista dessa pessoa, bem como em cada caminho que ela trilhou até alcançar o sucesso.
NA IGREJA
Um dos lugares onde se imagina que a inveja não conseguiria entrar é a igreja, tida erradamente como lugar de santos, incorruptíveis e irrepreensíveis. Precisamos levar em conta, todavia, que esses são os objetivos e não os motivos de estarmos ali, ou seja, estamos na igreja porque gostaríamos de ser santos, incorruptíveis e irrepreensíveis e não porque sejamos. Assim, o fato de algumas pessoas dentro de uma igreja serem o centro das atenções faz da inveja um pecado comum, que deve ser evitado.
Às vezes, a inveja atinge o púlpito, quando líderes disputam entre si, invejando os ministérios uns dos outros. Para complicar ainda mais as coisas, alguns pastores vivem uma certa solidão, sem amigos, sem “confessores” e isso pode levar o cara a uma queda motivada pela inveja ou mesmo pela ambição pelo poder.
Uma das áreas mais propensas à inveja na igreja é a do louvor, pois abrange pessoas em evidência, belas vozes, grandes talentos. Aí o perigo é duplo: essas pessoas podem ser tentadas a se sentirem “astros e estrelas” e podem também ser invejadas.
7º encontro
DECEPCIONADOS! COM DEUS? COM A IGREJA?
Referências bíblicas: 2 Tm 2:15,16; Js 1:6-7; 1 Sm 30:6; Ec 9:8.
· Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão à impiedade ainda maior.
· Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita, nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares.
· Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedreja-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa dos seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no Senhor, seu Deus.
· Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça.
PALAVRAS INICIAIS
Logo após a conversão, é muito comum muitas pessoas desejarem um chamado para servir a Deus em alguma atividade na igreja, é um sonho para muitos. Então um dia isso acontece e as pessoas ficam felizes e entusiasmadas. O tempo vai passando e surgem as primeiras decepções. Afinal de contas, a igreja é formada por seres humanos, que são falhos, imperfeitos. Assim, os sonhos românticos de uma vida de dedicação acabam, muitas vezes, dando lugar ao cansaço, à amargura e à decepção.
Manter um ministério saudável por anos a fio é uma árdua tarefa, conquistada por poucos. A questão é: qual será o segredo para alcançar essa vitória? Como equilibrar as peculiaridades do trabalho cristão e as decepções, comuns e incomuns, com outros cristãos e com a igreja?
Vários são os desafios a serem encarados, principalmente as dificuldades nos relacionamentos, a imaturidade de alguns e as decepções com o caráter de outros.
SUPERANDO AS DIFICULDADES
“Deus não nos chamou para fazer sucesso, mas para sermos fiéis.” Isso quer dizer que o sucesso na vida espiritual, muitas vezes, inclui ser perseguido como foram os personagens bíblicos João Batista (decapitado) e Estevão (apedrejado). Em seu livro “Decepcionados com a Graça”, o pastor Paulo Romeiro sinaliza para o perigo do líder fazer do ministério a sua fonte exclusiva de realização pessoal: “O ministério não sacia o coração e a alma porque pode acabar de uma hora para outra. A nossa fonte deve estar em Jesus.”
O lance é o seguinte: um líder, uma pessoa que trabalha na igreja não precisa nem deve ser pessimista, mas deve, com certeza, ter os “pés no chão”, não esperar das pessoas mais do que deve, pois isso pode aliviar grandes frustrações, grandes decepções ao longo da caminhada. Devemos oferecer o nosso melhor, desempenhar nosso ministério com excelência, mas precisamos estar prontos para críticas, muitas vezes, negativas, incompreensões, enfim, essas coisas humanas.
“Somente permaneceremos motivados à medida em que olharmos para quem estamos realmente fazendo tudo o que fazemos. Queremos plantar, regar e colher, mas nem sempre participaremos de todo o ciclo.” Então, se estamos trabalhando para que alguém veja, para nossos líderes, poderemos ficar arrasados com algumas ações deles, porém se estamos fazendo para Deus, para o bem da sua obra, da nossa igreja, ainda que em alguns momentos fiquemos decepcionados (afinal de contas, somos humanos), não vamos ter uma crise existencial ou mesmo um ataque de frescuras pelo fato do nosso trabalho não ter sido reconhecido em algum momento. Oxente, não tem nada a ver eu me decepcionar com meu líder ou com outro companheiro de ministério e resolver que não vou mais fazer. Agindo assim, deixamos claro que não estávamos fazendo para Deus ou pela sua obra.
CONCLUINDO
Para finalizar, devemos levar em conta o seguinte: “se as conseqüências das decepções forem muito intensas, de forma que alterem o bem-estar, o humor e o comportamento de quem trabalha, talvez essa pessoa precise corrigir o foco e entender que o caminhar com Cristo não depende de ministério ou de cargos. Tenho que investir prioritariamente em minha vida com Cristo, pois o trabalho na igreja é passageiro. É preciso focar o que é eterno.”
Assim, companheiros e companheiras, resta-me dizer que é uma belezura trabalhar na igreja, que é muito fofo nos sentirmos colaboradores da causa de Cristo, que é muito legal ser líder, enfim, tudo é uma fofeza só, mas nada se compara a uma vida de efetiva comunhão com Cristo. Se as duas coisas forem possíveis, maravilha; mas se não for, priorize a comunhão com Cristo. Se trabalhar na igreja está te fazendo mal, te gerando úlceras ou gastrites de fundo emocional, estresse, problemas graves de relacionamento, reveja seus conceitos, peça férias e direcione seu foco para a sua vida espiritual. Você não é insubstituível.
Gente, pelo amor de Deus, não entendam que eu esteja incentivando a demissão em massa, o abandono de ministérios ou o descompromisso com a causa da igreja. O que estou fazendo é colocando a pessoa, o ser, o indivíduo, o meu irmão em Cristo acima de qualquer outra coisa. O que estou dizendo é que você, pessoa, é mais importante que seus cargos e que a sua saúde física, mental e espiritual está acima disso. Quando trabalhamos, ralamos, nos decepcionamos, mas estamos bem estruturados e tranqüilos, beleza. Agora, se isso não rolar, paciência, você é mais importante, sua salvação é mais importante. “Nem tudo é pra todos.”