quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CLASSES DE ADOLESCENTES, JOVENS E ADULTOS - outubro / novembro / dezembro - 2010

APRESENTAÇÃO

Queridos companheiros, queridas companheiras, estamos iniciando hoje a última revista deste ano letivo. São apenas 7 lições, sendo a primeira em 31/10 e a última em 12/12. No dia 19/12, como de costume nestes últimos anos, nossa EBD já estará em férias e retornará no dia 06 de fevereiro de 2011.

Nos dias 16 e 17 de outubro, realizamos nosso IV Seminário de Formação Continuada para Professores de Escola Bíblica Dominical. Foi um evento muito bacana, como os três anteriores, quando tivemos a oportunidade de ouvir nossos professores e de compartilharmos experiências com outros professores das igreja da região.

Neste período, estudaremos a epístola de Paulo aos gálatas numa abordagem contemporânea, como temos feito ao longo deste ano.

Nosso material de EBD não é perfeito, evidentemente, mas ele tem buscado atender da melhor maneira possível a expectativa do nosso povo. Como já disse em outras ocasiões, estou aberto a críticas e sugestões. Minha função, assim como a de todos os companheiros do Ministério de Educação Cristã desta igreja, é servir aos senhores e para isso não temos medido esforços, estamos empenhados na causa educacional dessa igreja. A reunião que tive com os nossos professores logo depois do encerramento do seminário no Ciep de Aquários, me deixou orgulhoso demais por perceber que há um grupo aplicado, pensando efetivamente em educação. Foi bom demais ouvir as sugestões dos companheiros e das companheiras. Nem todas poderão ser atendidas agora, de imediato, mas estamos no caminho. A compra do terreno e a construção de algumas salas destinadas a nossa EBD mostram que a liderança da igreja também está junto e como bem sabemos, “um mais um é sempre mais que dois”. Enfim, apesar de minhas infofezas, Deus tem sido muito fofo para comigo e para com este ministério.

Boas aulas, boas férias, e um retono muito entusiasmado. Para os abraçáveis, um abraço bem isaquiano. Um beijo para os beijáveis em nome de toda a equipe da EBD.

Isac Machado de Moura



LIÇÃO 01 - 31/10/2010


APRESENTAÇÃO DA EPÍSTOLA AOS GÁLATAS


CAPÍTULO 01

1 - PAULO, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos),

2  - E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia:

6 - Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;

7 - O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 - Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

10 - Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 - Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.

15 - Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,

16 - Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,

Nesta carta, escrita por volta dos anos 55-60, provavelmente a primeira epístola paulina a ser escrita, destinada às igrejas da Galácia, na Ásia, Paulo já inicia seu texto fazendo uma defesa do seu apostolado. Antes de qualquer coisa, queridos e queridas, precisamos entender essa “insistência” do apóstolo em defender seu ministério. Ele já começa dizendo que não tornou-se apóstolo por escolha ou indicação dos outros apóstolos, mas por nomeação direta de Jesus Cristo.


Os doze discípulos tornaram-se apóstolos automaticamente. Mais tarde, quando da nomeação de Matias (At 1:21-22), é dito por Lucas que era exigido do candidato ao posto que tivesse convivido com Jesus em carne:


21 - É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,


22 - Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.

Pois bem, como sabemos, Paulo não conviveu com Cristo, não o viu encarnado e isso deve ter gerado um mal estar entre os outros apóstolos e a própria igreja iniciante. Por conta disso, insiste tanto em defender seu ministério, dizendo que viu a Cristo glorificado, e que este mesmo o nomeou, portanto não deve nada a ninguém.

O objetivo da carta é combater os “judaizantes”.

Os JUDAIZANTES eram uns carinhas judeus que defendiam a ideia de que para um gentio (qualquer indivíduo que não fosse judeu) ser salvo, precisava ser circuncidado e guardar todas as leis de Moisés. Entre esses carinhas, num certo momento estava o próprio Pedro. Esse fato, aliás, gera um estresse entre os dois apóstolos, conforme registrado no capítulo 2, verso 11 (E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível).

A CIRCUNCISÃO era e ainda é um ritual cirúrgico-religioso feito em todos os meninos e consiste na remoção da pele que protege a ponta do pênis. Isso começa com Abraão e continua sendo realizado até os dias de hoje, conforme vemos em Gênesis 17:

10 - Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.

11 - E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.

12 - O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

13 - Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.

14 - E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.

Gálatas se assemelha com II Coríntios (Paulo fala de sua conversão, defende seu apostolado e malha os falsos mestres) e com Romanos, ao defender a justificação pela fé, falar sobre a santificação e sobre o objetivo da lei.

Veja bem: os carinhas judaizantes eram gente de bem; não acredito que fizessem isso por mal não, eles realmente acreditavam que isso era o certo. Por outro lado, Paulo não podia pactuar com esse ensino. Ele era legítimo para o povo judeu, mas não para os não judeus que estavam se convertendo ao Cristianismo. Não faz sentido para nós, brasileiros, por exemplo. Essa coisa de valorizar os dogmas e os rituais mais que as pessoas é o que chamamos de FUNDAMENTALISMO. Os judaizantes da Galácia, portanto, eram FUNDAMENTALISTAS, assim como os fariseus dos dias de Jesus.


ESPIRITUALIDADE E SANTIFICAÇÃO

O que a igreja evangélica brasileira entende por espiritualidade e por santificação?

No livro “QUE É FORMAÇÃO ESPIRITUAL?”, da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE), 1990, página 8, há o seguinte registro do depoimento de um professor:


Em minha igreja, “espiritualidade” significa evitar o mundo. Os cristãos devem empregar o tempo na leitura da Bíblia, nas orações, na meditação e no culto. Naturalmente, tal concentração gera isolamento e retirada da sociedade (...).

Será que é isso? Será que podemos dizer que ser espiritual, ser “santo” é simplesmente isolar-se do mundo, tirar o time de campo, me recolher?

Os judaizantes, por exemplo, acreditavam que para ser espiritual era preciso ser circuncidado.

Será que ser santo ou espiritual tem a ver com cumprir os mandamentos? Será que tem a ver com os dons? Se eu oro muito, se não tenho uma vida social fora do meu grupo religioso, se não me “exponho na medina”, então posso me considerar santo? Posso ser mais espiritual que outro irmão? Existirá um medidor de espiritualidade?

Espiritualidade, queridos, não consiste em fuga da vida real, não significa ignorar as desigualdades sociais, as injustiças, a carência do nosso povo brasileiro: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.” (1 Co 13:1).

O conceito de espiritualidade precisa envolver o outro, o cuidado com ele, o amor prático e não teórico. Assim como eu, o outro também tem a imagem de Deus. Então ao cuidar dele, ao me preocupar, estou me santificando, me aproximando de Deus, desde, é claro, que minhas ações não tenham como objetivo principal um retorno imediato, uma troca. Preciso cuidar do outro porque ele é meu próximo. E só. “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, mas se houver amanhã, preciso continuar amando-as do mesmo jeito, cuidando delas com o mesmo carinho que cuido de mim. “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Mc 12:31). O próximo é mais importante que os dogmas. É isso que Paulo diz aos judaizantes da Galácia, é isso que a igreja de hoje precisa entender e viver.


LIÇÃO 02 07/11/2010

O EVANGELHO ANÁTEMA E O TESTEMUNHO DE PAULO


CAPÍTULO 01

7 - O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 - Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

10 - Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 - Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.


Já escrevi em alguma outra lição que o evangelho de Cristo é muito simples; complexo é o Cristianismo com suas estruturas, suas hierarquias, sua multiplicidade de visões doutrinárias a partir da mesma Bíblia.

Quando esteve na Galácia, Paulo apresentou o evangelho simples de Cristo. O povo creu e Paulo seguiu em sua missão evangelizadora. Logo depois de sua partida, vieram os judaizantes e começaram a macular não apenas o ensino, mas também a imagem de Paulo. Este escreve aos gálatas dizendo-se espantado com a rapidez com que deixaram esse evangelho simples e aderiram aos ensinos judaizantes. Estressado por conta disso, Paulo diz que qualquer pessoa ou mesmo ele que apresente um evangelho diferente do que foi pregado inicialmente, que seja anátema.

a.ná.te.ma

adj. m. e f. Anatematizado, amaldiçoado. S. m. 1. Rel. catól. Sentença de expulsão da Igreja; excomunhão. 2. Execração, maldição, opróbrio.
(Dicionário Michaelis)


CONTEXTUALIZANDO O ANÁTEMA
• Dê um exemplo de evangelho anátema nos dias de hoje. Por que você considera essa visão ou esse grupo ou essa pessoa como anátema?

• Alguém já tentou pregar para você um evangelho diferente do evangelho que você conheceu inicialmente? Se isso aconteceu, qual foi a sua reação?

• O que podemos fazer para nos livrar dos efeitos de alguns evangelhos anátemas que têm sido pregados em nossa geração?


DEFENDENDO O SEU MINISTÉRIO

È notório, no contexto, uma certa irritação do apóstolo Paulo. Em defesa do seu ministério, ele diz que não recebeu o evangelho dos homens, mas do próprio Cristo glorificado a quem encontrou no caminho de Damasco. Ele diz que sua maior preocupação não é agradar aos homens, mas a Deus.

Essa também deve ser nossa preocupação: agradar a Deus. É claro que isso não quer dizer que não devamos ter qualquer preocupação de agradar nossos irmãos, nossos líderes. Todos nós que ministramos na igreja de Deus procuramos nos dedicar para agradar a Deus, todavia, enquanto seres humanos, precisamos ser reconhecidos. Não há nenhum pecado nisso. Quando dizemos que não fazemos isso ou aquilo para o líder, para o pastor, mas sim para Deus e, portanto, não estamos nem aí se ele elogiou ou não, estamos falando uma meia verdade. É verdade que fizemos para Deus, mas não é verdade que não estamos nem aí para os elogios, estamos sim, isso é muito importante para nós, humanos. O mesmo devemos fazer para com os nossos liderados, bem como para com os nossos filhos.

Outra coisinha: Paulo também não está querendo dizer aí que aprender com o outro não seja importante. Sempre temos alguma coisa para ensinar a alguém e muitas coisas para aprender com alguém. Ele não está desmotivando esse tipo de experiência. O foco aqui é que o evangelho pregado não é fruto de aprendizado humano, mas da revelação de Deus.

17 - Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.

18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.

19 - E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.

20 - Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto.

21 - Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia.

22 - E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo;

23 - Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.

24 - E glorificavam a Deus a respeito de mim.


O TESTEMUNHO DE PAULO CHEGA ANTES DELE ÁS IGREJAS

Paulo é um exemplo lindo da transformação promovida pelo evangelho de Cristo. O seu testemunho chegava antes dele. As igrejas da Judéia, por exemplo, não o conheciam, mas já sabiam da transformação pela qual ele passara. Nesse sentido, o versículo 23 é muito legal: “Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.” Paulo tornara-se um ex-anticristão, agora estava apaixonado, envolvido com a causa que antes buscava destruir, e os irmãos da Judéia, mesmo antes de conhecê-lo, já conheciam esse lindo testemunho de transformação.

Onde você estaria hoje, nesta manhã de domingo, se não tivesse sido alcançado pelo evangelho?


LIÇÃO 03 - 14/11/2010


O EVANGELHO DA CIRCUNCISÃO E O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO


CAPÍTULO 2

3 - Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se;

4 - E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;

5 - Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

6 - E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;

7 - Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão

8 - (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),

9 - E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;

10 - Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

11 - E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.

14 - Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?


Esse texto nos ensina o princípio da convivência com o diferente, com o não-eu, com os companheiros de outras denominações, com as pessoas que veem determinadas coisas com um olhar diferente do nosso. O evangelho da circuncisão praticado por Pedro e por outros apóstolos era perfeito para os judeus, mas não para os gentios. Para estes, o Senhor chamou Paulo e o enviou a pregar o evangelho da incircuncisão. Estamos falando da lei e da graça. Vou tentar defini-las de uma forma bem simples no poeminha a seguir:

É pela graça que somos salvos,


Não pela lei.


Estaríamos fritos se nossa salvação dependesse da lei,


A lei aponta nossos pecados


E exige punição.


A graça reconhece nossos pecados e os perdoa.


Não temos que dar muitas explicações,


Apenas reconhecermos que falhamos


E que somos dependentes dessa graça divina.


As formalidades religiosas


Não são mais importantes que as pessoas.


Circuncisão ou incircuncisão?


Que importa?


Importa tão somente a graça divina


Através de Jesus.


É pela graça que somos salvos.



“DEUS NÃO ACEITA A APARÊNCIA DO HOMEM...” ELE VAI ALÉM.

Nós, humanos, temos a feia mania de julgar pela aparência, de rotular as pessoas, de analisá-las a partir dos seus títulos, dos seus cargos. Para Deus, diz Paulo, não rola nada disso. Deus não está nem aí para a nossa formação acadêmica, para os nossos títulos, para os cargos que exercemos na igreja e/ou na sociedade. Deus vê algo mais que isso. Deus vê além de nossas atitudes, Ele vê nossas intenções. A propósito, vou recorrer a um outro texto de minha autoria, do livro PERSONAS, para esclarecer melhor esse lance aí, de uma forma bem simples.


COMO DEUS ME VÊ

Quando Deus olha dentro de mim,


O que será que Ele vê?


Talvez Ele não veja a mesma coisa


Que vejo quando me ponho


Diante do espelho,


Talvez Ele veja algo que não está à mostra,


Talvez veja um cara normal,


Talvez um monstro,


Um egoísta,


Um preconceituoso.


Quando ele olha pra mim,


Vê consciente e inconsciente.


Tenho medo do meu inconsciente,


É assustador,


Sem limites,


Sem princípios,


Sem regras.


Quando Ele olha pra dentro de mim,


Vê uma natureza insubmissa


Que preciso controlar.


Somente uma coisa me tranquiliza:


Independente do que veja,


O faz com misericórdia,


Com um amor sem tamanho,


Com um ar de


“mesmo assim, eu te amo.”


Ele não me vê como o outro me vê,


Uso máscaras,


Personas,


E com elas defino como quero ser visto


Pelo outro,


Mas Deus vê além das máscaras,


Além do que mostro


E deve achar ridículo, patético,


Quando escolho uma máscara


Tão distanciada de minha realidade.


Não passamos de personalidades mascaradas,


Capazes de proferir belos discursos


E de vivermos completamente diferente deles,


Capazes de dizer “te amo”


Enquanto pensamos qualquer coisa diferente disso,


Capazes de declarar a Bíblia nossa regra de fé


E de não aplicarmos seus ensinamentos,


Capazes de fazer a “obra de Deus”


Quando estamos, na verdade,


Fazendo a nossa obra,


Buscando a nossa promoção,


Pensando numa possível candidatura


A um cargo político.


A diabólica “santa inquisição”


Pertence ao passado,


Mas continuamos matando o outro,


Se não fisicamente,


Espiritualmente;


Se já não o confinamos para sempre


Em calabouços,


O segregamos,


O afastamos,


O comprometemos


Emocionalmente.


E descaradamente,


Fazemos tudo isso em nome de Deus.


O outro é diferente,


O diferente é estranho,


O estranho me perturba,


Eu quero ficar bem com Deus,


Para isso, preciso distanciar-me do outro?


Do não eu?

Do não cópia?


Do não amém?


Então vou pedir a Deus


Que afaste de mim o outro


Para que eu volte a ficar bem?


O outro pode ser o caos


E como não sei lidar com o caos


Que Deus o leve para longe.


Não quero que Deus veja isso em mim.


Quero que veja um pecador,


Um usuário de máscaras,


Um ser humano cheio de falhas


E de boas intenções,


Um caos ambulante,


Um ser em construção,


Capaz de errar


E de reconhecer seus erros,


Capaz de magoar


E de pedir desculpas,


Um ser incompleto,


Porém de cara limpa,


Que ao invés de pedir a Deus


Que leve o outro


Que não concorda comigo


Para longe,


Me dê sabedoria para conviver com ele


E respeitar suas diferenças.

É isso, queridas e fofas pessoas. O outro pode até ser problemático, “enguiçado”, como diz nosso companheiro Luciano, mas eu também não sou perfeito, também sou estranho e enguiçado, mas precisamos conviver. Excluir pessoas não as cura, apedrejá-las também não. De qualquer forma, vamos combinar assim: se você não tem nenhum defeito, então está autorizado a apedrejar o outro. Agora, se tem, meu querido, minha querida, jogue sua pedrinha no montinho e vamos juntos “caminhando, cantando e seguindo a canção...”, nos suportando em Cristo, conforme Efésios 4:2: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor.”



LIÇÃO 04 - 21/11/2010


A LEI E A FÉ


CAPÍTULO 3

3 - Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?

4 - Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.

5 - Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?

6 - Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

7 - Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.

8 - Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.

9 - De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.

10 - Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.

11 - E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé.

13 - Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;

23 - Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.

24 - De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.

25 - Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.

26 - Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

27 - Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.

28 - Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

29  - E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.


A palavra aio vem do grego e significa tutor. Refere-se a uma pessoa responsável por conduzir uma criança. Nos dias de Paulo, os aios eram servos responsáveis pela proteção dos filhos de seus senhores, levando-os para a escola, disciplinando-os. Eles não eram professores, eram uma espécie de cuidadores das crianças. Era uma situação temporária. Quando a criatura atingia a maioridade, não precisava mais do tutor.


Paulo usa a metáfora do aio para mostrar às pessoas que a partir do evangelho de Cristo elas não estavam mais sujeitas à Lei do Velho Testamento, uma vez que a lei cumpriu sua função temporária (versos 23-25). Agora, então, estavam livres de rituais como a circuncisão ou a guarda do sábado. O aio, portanto, representa a lei, e a fé representa o evangelho de Cristo.

O fato é que com o passar do tempo, muitas igrejas foram voltando para a lei, embora não admitam isso; foram construindo rituais e normas rígidas a serem seguidas, foram engessando seus membros em nome de uma santidade difícil de ser entendida, foram perdendo a simplicidade do evangelho de Cristo.

Lá na igreja da Galácia, o grande problema que Paulo busca contornar através desta epístola é exatamente esse conflito entre as práticas da Lei, especialmente a circuncisão, e a fé. Ele declara que somos justificados pela fé e não pelas obras da lei. No texto em estudo (verso 3), ele declarara-se decepcionado com aquela turma que começou pelo espírito, mas acabaram voltando para a carne.

Para combater o argumento judaizante que propunha o cumprimento da lei mosaica mesmo pelos não judeus convertidos a Cristo, Paulo recorre ao Velho Testamento, dizendo que Deus já havia anunciado que os gentios seriam justificados pela fé ao declarar para Abraão que todas as nações seriam benditas a partir dele e de sua descendência. Assim, ele arremata o assunto dizendo que todos aqueles que são da fé, ou seja, que creram em Jesus Cristo, são benditos juntamente com o crente Abraão. Isso nos inclui, evidentemente. Então, concluímos, que apesar de nossas infofezas, a fofeza do evangelho de Cristo nos justifica. É muita belezura.


PERANTE DEUS, SOMOS TODOS IGUAIS


Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. – verso 28

O princípio da igualdade entre todos nós é uma das coisas mais lindas, mais fofas do Cristianismo, entretanto, isso também foi se perdendo com o tempo. O Clero católico apresentava uma pirâmide em que no topo vinha Deus, logo a baixo, o Clero, e depois, o povo de Deus. O frei Leonardo Boff, nos anos 80, propôs uma inversão em que primeiro aparece Deus, logo abaixo o povo de Deus e por fim, o clero, cuja função é servir ao povo de Deus. Isso é lindo demais! É Isso, gente, a liderança da igreja tem como função servir ao povo de Deus, é isso que nós fazemos.

Mas voltando a questão específica do verso 28, não há judeu nem grego; servo nem livre; nem patrão ou empregado; macho ou fêmea; liderança ou liderado, somos todos iguais, somos todos um só corpo em Cristo. Essa visão desesperava os romanos, por exemplo, que não conseguiam aceitar a igualdade em relação a seus escravos. “Imaginem só: eu igual aquele carinha?” Ah, mas é assim que Deus nos vê: todos iguais.

PAULO CRITICA O LEGALISMO DA RELIGIÃO

Ao criticar os judaizantes, Paulo está criticando qualquer sistema religioso que condicione a aproximação de Deus ao cumprimento de qualquer ritual. Deus não está limitado a nenhuma religião, Ele não é propriedade do Cristianismo ou de qualquer outro grupo. A partir do sacrifício de Cristo e através dele, qualquer pessoa pode aproximar-se de Deus.

Jesus se referia aos legalistas do seu tempo de uma forma muito firme, deixando claro para eles que a misericórdia e a fé deveriam estar acima de qualquer formalidade. Há uma coisa no Cristianismo que precisa estar acima de qualquer outra: a compaixão. Compaixão é o co-sofrimento, é a capacidade de sentir a dor do outro, de sofrer o sofrimento do outro, de amar o outro como a si próprio.

Mas enfim, voltemos ao que disse Jesus sobre os legalistas:

Mateus 12:34 - Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

Mateus 23:23 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

24 - Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.

25 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.


Bem, de jeito nenhum eu gostaria de ouvir de Cristo essas palavras sinistras sublinhadas no texto bíblico acima, então de jeito nenhum vou colocar qualquer ritual, qualquer dogma religioso acima dos seres humanos; de jeito nenhum vou achar que sou a coisinha mais fofa dessa igreja, sendo imperfeito como sou; de jeito nenhum vou olhar para as pessoas achando-as imperfeitas e enguiçadas diante de uma suposta santidade minha. Abaixo ao fundamentalismo, companheiros, a luta continua. Amei dizer isso.


LIÇÃO 05 - 28/11/2010


PARA A LIBERDADE FOI QUE CRISTO NOS LIBERTOU


CAPÍTULO 4

1 - DIGO, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo;

2 - Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai.

6 - E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

7 - Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

8 - Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.

11 - Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.

13 - E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne;

14 - E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo.

15 - Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.

16 - Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?

17 - Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.

18 - É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco.

19 - Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós;

20 - Eu bem quisera agora estar presente convosco, e mudar a minha voz; porque estou perplexo a vosso respeito.

21 - Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

22 - Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.

23 - Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

ABA, PAI

Para entendermos melhor essa expressão, vou recorrer a uma ilustração feita pelo pastor Ed René Kivitz. Ele propõe que imaginemos a seguinte situação: como uma criança que acaba de conhecer o mar, um marinheiro e um oceanógrafo definem o mar? O oceanógrafo vai falar de nomes, estudos, pesquisas, enfim, do seu conhecimento técnico do mar. O marinheiro (pescador) vai falar da experiência pessoal com o mar, da vida, do dia a dia, da emoção de estar no mar (Ah... o mar...). A criança, mesmo sem ter conceitos prontos sobre o mar, vai falar cheia de emoção e espontaneidade com a alegria inocente de quem acaba de conhecer algo grandioso e fantástico (é o que acontece com o novo convertido). Essa expressão, portanto, sugere intimidade com Deus. Essa intimidade é gerada a partir do momento em que nos aproximamos dEle, a partir do momento em que nos tornamos seus filhos por adoção, através de Jesus Cristo. E filho por adoção torna-se filho legítimo, até mesmo capaz de tornar-se parecido com seus pais adotivos. Somos assim em relação a Deus, nos tornamos parecidos com Ele, nos tornamos sua semelhança. Os gálatas haviam experimentado essa intimidade com Deus, e estavam abrindo mão dela por um evangelho mais fácil, por um evangelho diferente daquele que haviam recebido de Deus através de Paulo. Será que essa realidade mudou em relação a igreja de hoje? Será que não tem irmãos nossos trocando o evangelho da cruz, o legítimo evangelho de Cristo pelo evangelho curandeiro dos pastores eletrônicos? pelo evangelho enriquecedor da teologia da prosperidade? Queridos, não podemos abrir mão de nossa intimidade com Deus por nenhuma facilidade contemporânea. Nem um extremo nem outro: você não tem que sofrer horrores neste planeta para ter direito a uma vaga no céu e nem tem que achar que aqui é um paraíso, que não pode adoecer, que não pode ter perdas, que não pode sofrer um pouquinho. Nenhum desses dois extremos tem respaldo bíblico. Viva a simplicidade do evangelho de Cristo, preocupe-se com o outro, ame-o, aprenda a viver com as diferenças, ajude a diminuir as desigualdades, curta a sua família, ame a sua igreja, faça o que lhe vier às mãos para fazer, apresente-se para o trabalho, invista na sua vocação e não abra mão do primeiro amor, do “aba, pai”, da intimidade com Deus.


A FRUSTRAÇÃO DE PAULO COM OS GÁLATAS

Paulo está frustrado com os gálatas. É nítida sua decepção ao longo do texto, mas nem por isso deixa de citar suas qualidades, seus acertos. Ele diz ter certeza que seriam capazes de doar-lhes seus olhos se isso fosse possível, o que sugere, no entendimento de alguns, associado ao texto “vede com que grandes letras vos escrevi” (6:21), que o apóstolo tivesse algum problema de vista. É claro que pode ser entendido também como uma metáfora: dar os olhos a alguém significa estar disposto a fazer absolutamente qualquer coisa por essa pessoa. Seja um caso ou outro, Paulo fala dessa disponibilidade daqueles irmãos e, mesmo chateado, refere-se a eles como filhinhos, dizendo sentir por eles, mais uma vez, dores de parto até que a fé em Cristo esteja solidificada neles, o que enfatiza um trabalho de discipulado que precisa ser desenvolvido pela igreja após a conversão do indivíduo. Precisamos sentir essas mesmas dores pelos nossos irmãos. Precisamos ajudá-los no processo de amadurecimento de sua fé. Precisamos agir diferente daquela forma que agia a igreja de décadas atrás que mais queria ver sangue do que investir na cura emocional e espiritual das pessoas; precisamos apagar de nossas mentes aquelas assembleias acaloradas em que tinha que haver exclusão para que as pessoas saíssem felizes. Esse FILHINHOS usado aqui por Paulo nos remete a uma citação de João em que ele usa a mesma palavra: “FILHINHOS, não pequeis...”, mas se isso acontecer, não se matem, temos um advogado diante do pai. Isso é muito lindo. Isso não nos dá base para pecarmos premeditadamente, isso nos dá a tranquilidade de que sendo pecadores, Deus tem misericórdia de nós e de que é pela graça que somos salvos, e de que se nossa salvação dependesse do cumprimento irrestrito da lei, estaríamos fritos. Então será por que que tanto nos dias de Paulo como ainda hoje tem tanta gente trocando a simplicidade do evangelho de Cristo pela complexidade da lei? Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.


SOMOS FILHOS DA PROMESSA

Nós somos filhos da promessa e a promessa de Deus é para hoje, para agora, ou seja, as bênçãos do reino de Deus já nos estão disponíveis. Tem uma musiquinha besta a beça que nós cantamos sem nos dar conta do significado equivocado que ela tem.

Estamos reproduzindo automaticamente discursos do tipo: “o melhor de Deus está por vir”. Deveríamos estar dizendo: o melhor de Deus já está a nossa disposição. Quando entramos nessa de que “o melhor de Deus está por vir”, acabamos alimentando uma ansiedade e um desconforto nas pessoas. Elas deixam de viver o presente porque o melhor de Deus está por vir. Assim, não vivem com intensidade o momento atual esperando o melhor de Deus. Diariamente vivem a angústia do presente e a ansiedade do futuro esperando esse melhor de Deus que nunca chega. Daqui a cinco anos, estarão ainda repetindo que o melhor de Deus está por vir. Não seria isso um exemplo de evangelho anátema? Vamos viver o hoje, companheiros e companheiras. O meu amanhã será consequência do que eu fizer hoje. O melhor de Deus já está entre nós. Curta. Reduza a ansiedade. “O maná de amanhã só vem amanhã.” Se tentar guardar um pouquinho para amanhã, vai apodrecer. Um dia de cada vez (Mt 6):

26 - Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27 - E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

28 - E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

29 - E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30 - Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

Companheiros e companheiras, não somos filhos da escrava; não somos, portanto, escravos da lei. Somos filhos da promessa. Estamos livres da maldição da lei, estamos livres dos rituais, da guarda do sábado, da circuncisão e de mais um lote de coisas. Somos filhos da livre, da promessa, somos salvos pela graça de Deus e não pelo cumprimento de qualquer ritual. Paulo disse isso aos gálatas e eu repito para todos nós: foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Não para a liberdade de pecar, para liberdade de adorarmos do nosso jeito, para a liberdade de amarmos nossos irmãos, mesmo quando eles erram sem que sejamos obrigados a denunciá-los pelo descumprimento da lei, para a liberdade de mudarmos de vida, para a liberdade proporcionada pela graça de Cristo.


LIÇÃO 06 - 05/12/2010


OS FRUTOS DA CARNE


CAPÍTULO 5

1 - ESTAI, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.

4 - Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.

5 - Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.

6 - Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.

7 - Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?

10 - Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação.

12 - Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando.

13 - Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.

14 - Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

15 - Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.

16 - Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.

17 - Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.

18 - Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19 - Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,

20 - Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21 - Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.


LIBERDADE PARA AMAR E NÃO PARA PECAR

Paulo frisa que a liberdade em questão não é para pecar, para dar lugar a carne, mas para nos servir uns aos outros. SERVIR... que palavra bacana e tão mal entendida por tantos. Nossa função enquanto ministros da igreja é servirmos ao povo de Deus e não sermos servidos. Era isso que Paulo estava fazendo, servindo, correndo riscos.

O ministério de Paulo envolvia riscos, de vida, inclusive, ou de morte, se você preferir assim (risco de vida ou risco de morte tem absolutamente o mesmo significado). Em sua relação com os gálatas, ele correu o risco de ser mal entendido, de ser esquecido, substituído, trocados por outros caras que apresentavam um novo evangelho. Nem por isso, ele deixou de apresentar o evangelho, nem por isso ele deixou de implantar uma igreja ali.

Diante da substituição do evangelho pregado por Paulo por um outro evangelho a que ele chamou de anátema, sua reação não foi de omitir-se e deixar a vida fluir e que vença o melhor, foi de mais uma vez se expor ao grupo e mais uma vez correr riscos, mas por amor (verso 14), tudo isso valeria a pena.


AS OBRAS DA CARNE

Do verso 19 ao 21, Paulo faz uma lista sinistra do que ele chama de obras da carne. Ele fala de uma dualidade: o espírito contra a carne, a carne contra o espírito. Em outras palavras estamos falando da crise de servir a Deus fazendo parte de uma sociedade corrupta, sem valores. Ele diz que se estamos guiados pelo espírito podemos nos afastar de todas essas coisas. Bom, vou tentar definir pra vocês cada uma dessas obras da carne.

1. ADULTÉRIO – Traição conjugal, sexo fora do casamento. Trair não limita-se a fazer sexo. Se uma pessoa casada ou comprometida com outra beija na boca de uma terceira pessoa, isso também é traição conjugal.

2. PROSTITUIÇÃO – Prostituir-se não se limita a alugar o corpo em troca de dinheiro. Fazer sexo com diversos parceiros, entregar-se sexualmente (ainda que sem cobrar) a alguém em busca simplesmente de prazer é um ato de prostituição.

3. LASCÍVIA – Tem o sentido de uma sensualidade provocativa. Tem a ver com submeter o outro a uma tentação a partir do meu corpo. Usar uma minissaia para provocar o efeito “baba, baby” é lascívia. A exposição do corpo masculino ou feminino com essa intenção caracteriza lascívia.

4. IDOLATRIA – De idolatrar, tornar alguma coisa em ídolo. Eu diria que é qualquer forma de fanatismo: religioso, esportivo, político-partidário. Todo exagero é condenável. Idolatria aqui não se refere exclusivamente a adoração de imagens, mas também de pessoas, clubes, religiões de uma forma além do tolerável, além da normalidade de gostar muito.

5. FEITIÇARIA – Não se refere simplesmente àquilo a que chamamos popularmente de macumba. Qualquer tentativa de manipular o divino, por exemplo, é feitiçaria. Você achar que tem alguma forma de domínio sobre Deus, que ele atende a todos os seus caprichos, que basta tão somente você (simbolicamente) balangar uma varinha mágica e Deus vai fazer, isso também é feitiçaria, assim como conversar com os mortos. Beber aguinha que fica em cima da televisão enquanto um cara lá do outro lado ora por ele, tornando-a benta é feitiçaria, assim como jogar sal grosso em baixo da cama e usar um galhinho de arruda na orelha.

6. INIMIZADES – Tenho certeza que sabemos bem o que é. É a capacidade não apenas de não ter amigos, de não construir amizades sólidas, mas também de impedir que outras se formem. Criar e/ou repassar comentários levianos sobre alguém, fazer fofocas para separar amigos e outras coisitas mais tem a ver com isso.

7. PORFIAS – Criar contenda através da palavra. Discussões bestas, discórdias sem razão, oposição cega, recusa de seguir a orientação de seus líderes e estimulação a contendas são exemplos de porfia.

8. EMULAÇÕES – Tentativa de imitar alguém de forma a superá-lo, rivalidade. Fazer qualquer coisa para mostrar que pode ser como o outro ou melhor que ele.

9. IRAS – Ira é uma raiva intensa, cólera, desejo de vingança. Guardar raiva de alguém a fim de vingar-se num momento considerado oportuno. É mais que uma raiva momentânea, é algo que se guarda por tempo prolongado.
10. PELEJAS – Brigas, combate, rivalidade agressiva. Disputar com o outro o tempo todo.

11. DISSENSÕES - Nesse contexto, não se refere apenas a divergência de opinião, o que é comum, normal entre as pessoas. Refere-se, na verdade, a desavença, discórdia. Quando você semeia a discórdia, criando intriguinhas, você está promovendo a dissensão.


12. HERESIAS – Criação e/ou divulgação de ensinamentos espúrios à Bíblia, com a intenção de promover divisões dentro da igreja.
13. INVEJAS – Essa conhecemos bem, até porque estudamos sobre há alguns bimestres. Invejar não é apenas desejar uma coisa como aquela que o outro tem, mas querer a própria coisa que pertence ao outro. Inveja é como se você se incomodasse com a realização, com a felicidade de alguém, como se a alegria do outro não te fizesse bem.

14. HOMICÍDIOS – Homicídio é assassinato.

15. BEBEDICES – Também sabemos bem o que é. É claro que não está se falando aqui de bebidas como água, sucos e até refrigerantes. No contexto brasileiro, diz respeito à qualquer bebida alcoólica. O fato dessa droga ser permitida, ser oficial ou lícita, como se diz, não quer dizer se possa encher a cara. Os gálatas provavelmente não tinham tantas opções como temos hoje em nosso país, mas enchiam a cara assim mesmo. Um detalhe importante: ICE é bebida alcoólica, tá legal?

16. GLUTONARIAS - Refere-se ao sujeito que come desgraçadamente, além do normal, além do saudável. Como se diz popularmente, come apenas por olho grande e não apenas por fome. O termo também se refere a festas com muita comida, bebidas, sexo e drogas.

Paulo encerra essa relação de coisas horrorosas com um “etcétera”, ou seja, tem outras semelhantes a essas que estão no mesmo pacote. Podemos inferir que essas outras não listadas, porém semelhantes, referem-se aos mais diversos exageros humanos, ou seja, todo exagero é pecado. E mais: quem faz essas paradas aí não herdará o reino de Deus


LIÇÃO 07 - 12/12/2010


O FRUTO DO ESPÍRITO


AINDA O CAPÍTULO 5

22 - Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.


23 - Contra estas coisas não há lei.


24 - E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.


25 - Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.


26 - Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

Paulo apresenta um contraste com as obras da carne ao falar do fruto do espírito. O singular é aplicado para que fique claro que é um “kit”, ou seja, aquele que anda segundo a vontade de Deus apresenta tudo isso. Funciona assim: à medida em que vamos superando o domínio físico, substituindo-o pelo agir do espírito, o fruto vai se manifestando em nós. Não é concebível que uma mesma pessoa apresente ao mesmo tempo as obras da carne e o fruto do Espírito Santo.

Agora, vamos definir cada aspecto do fruto do Espírito:

1. Amor – O amor que o Espírito produz é mais do que o afeto humano comum, por mais sincero que seja. Ele vem da permanência em Cristo e da experiência de seu amor fluindo através da alma.É o interesse e a busca do bem maior para o outro sem esperar nada em troca.

2. Alegria – A alegria é a reação do amor às misericórdias, bênçãos e benefícios de Deus. A alegria cristã não é, porém, dependente das circunstâncias, pois sendo o aspecto do amor, confia em Deus nas mais diversas circunstâncias.

3. Paz – É mais profunda e mais constante que a alegria; é uma característica interior que se manifesta em uma relação pacífica com os outros. Quem apresenta este fruto do espírito procura viver em harmonia com todos, independente de qualquer diferença. É uma quietude de coração baseada na convicção de que tudo vai bem entre o indivíduo e Deus.

4. Longanimidade (paciência) – Como não se trata de uma característica predominante do espírito humano, a maioria de nós carece dessa graciosa virtude: a paciência, que o cristão pode obter por meio da sua aproximação de Cristo e permanência nele. Longanimidade é o amor que não se cansa.

5. Benignidade (delicadeza) – Talvez nada desmereça mais o nosso testemunho e ministério do que a falta de delicadeza. Nenhuma circunstância é capaz de justificar o tratamento indelicado para com os outros por parte de um cristão.

6. Bondade – Obras e atos de bondade, bondade mostrada a outros, obras práticas de amor. Quando o cristão é bondoso de coração, ele faz o bem a outros, sem farisaísmo ou hipocrisia, mas o bem de verdade, de coração, pois a verdadeira bondade é o amor em ação.

7. Fé – Muitos tradutores interpretam o termo aqui empregado como sendo “fidelidade”, o que tem a ver com o caráter do cristão em relação aos outros. Assim, segundo J. Lancaster, “... o que está em vista aqui é a fidelidade de caráter e conduta produzida pela fé.” O verdadeiro cristão jamais será infiel ou desconfiado, terá “fé” nos homens, sofrerá por isso, mas não se importará, sempre há de superar tais frustrações, pois apresenta os frutos do Espírito em sua vida.

8. Mansidão – Lentidão em irar-se e ficar ofendido. Os mansos não são violentos, ruidosos ou agressivos; não brigam, não discutem nem contendem. Não deve ser confundida com timidez, vergonha ou fraqueza, características de um complexo de inferioridade.

9. Domínio próprio (autocontrole) – Domínio próprio ou temperança é, na verdade, autocontrole, verdadeiro amor a si mesmo. Aquele que respeita a si mesmo, que considera o seu corpo um templo do Espírito Santo, exercerá controle sobre seus impulsos.


Contra essas virtudes, finaliza Paulo, não há nenhuma lei, ou seja, nada impede que vivamos dessa forma.


UM FRUTO COM OITO VIRTUDES

Como disse no início desta lição, a palavra fruto como se estivesse se referindo a uma árvore que produz apenas um tipo de fruto. Analisando as palavras utilizadas para falar das virtudes desse fruto, posso inferir que o fruto do espírito de fato é o amor e que todos os termos seguintes referem-se a maneiras diferentes de amar. Assim: o amor produz alegria. Se amo, vivo em paz, sou longânimo e benigno. Se amo, sou fiel, sou manso e sou capaz de promover atos de bondade. Se amo, sou capaz de controlar meus instintos, ou seja, exercer o autocontrole. Enfim, vendo dessa forma, tudo resume no amor a Deus e ao próximo.

O QUE O FRUTO DO ESPÍRITO NÃO É

Para responder a esse questionamento da melhor maneira possível, vou recorrer a uma apostila do pastor Joel Dias de Oliveira, de São Gonçalo:

“O Fruto do Espírito não tem nada a ver com as qualidades naturais que temos. Sabemos que há quatro tipos fundamentais de temperamentos (ver livro “Temperamento controlado pelo Espírito”): Sanguíneo, Colérico, Melancólico e Fleumático. Cada um deles tem qualidades naturais, que os menos avisados confundem com o Fruto do Espírito. O Sanguíneo é alegre, amoroso, serviçal e terno, por natureza; o Colérico é autocontrolado; o Melancólico é Fiel; o Fleumático é calmo e pacífico. No entanto. O Fruto do Espírito é muito mais importante do que as qualidades naturais. A produção do Fruto do Espírito é muito mais importante do que as qualidades naturais. A produção do Fruto de Espírito impede as manifestações negativas e canaliza as positivas. O Sanguíneo é alegre, mas também explosivo. Se ele produz o Fruto do Espírito, continua alegre, passa a ter a alegria do fruto e deixa de ser explosivo.”