CORINTO: A Cidade, A Igreja e As Cartas
Naqueles dias, Corinto era um importante centro comercial e porto marítimo, e contava com quinhentos mil habitantes. Podemos imaginar como seriam suas ruas e feiras barulhentas, apinhadas de gente oriunda de muitos países. Corinto era também importante na vida política, sendo capital da província de Acaia.
A antiga cidade fora destruída pelos romanos em 146 a.C. Um século depois, uns cinquenta anos antes do nascimento de Jesus, os romanos reedificaram a cidade como uma colônia. Até a época das viagens missionárias de Paulo (46-60 d.C.), Corinto já era considerada uma das mais importantes cidades do Império Romano, um centro urbano próspero, porém muito corrupto.
Posteriormente, Corinto sofreu vários desastres, um terremoto e inúmeras guerras, ficando reduzida a uma ruína. Em 1858, uma nova cidade foi edificada, Korinthos, a poucos quilômetros da original, e deve ter hoje uns dez mil habitantes.
Paulo chegou a essa cidade por volta do ano 50 d.C., e organizou uma igreja de maioria gentia, já que os judeus não deram muita confiança a sua pregação. Logo que partiu, a igreja passou a enfrentar alguns problemas. Apelou, então, para o apóstolo, que respondeu em forma de cartas (epístolas) nas quais apresenta diversos conselhos de ordem prática e teológica.
Embora uma cidade grega, Corinto fazia parte do Império Romano, e era uma espécie de encruzilhada do comércio terrestre provindo de Atenas e destinado a Acaia. A cidade vivia cheia de viajantes, muitos deles comerciantes, que vendiam e compravam mercadorias, comiam bem e assistiam aos jogos ístmicos (uma espécie de olimpíadas, que acontecia a cada 3 anos).
Os coríntios adoravam os prazeres, as diversões e cultivavam jogos de força e perícia atlética. A palavra corintos tornou-se sinônimo de prostituição, alcoolismo e vida descontrolada. Até a sua religião apoiava tais práticas. No templo de Afrodite, deusa da beleza, do amor e do sexo, que ficava numa colina de seiscentos metros de altura, cerca de mil sacerdotisas (escravas) prestavam serviços religiosos de prostituição.
Estando a igreja inserida na sociedade, é claro que influenciará e receberá influências dessa sociedade. Foi isso que aconteceu em Corinto. Nas cartas paulinas, vamos observar a preocupação do apóstolo com certos costumes egoístas evidenciados até mesmo nos jantares de confraternização, onde alguns eram gulosos, enquanto outros não comiam o suficiente. Havia problemas relacionados com rixas, alcoolismo, imoralidade e práticas pagãs. Estamos falando da igreja. Os membros brigavam, processavam-se nos tribunais e se comportavam de maneira indigna da fé cristã.
10 - Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.
11 - Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós.
Alguns crentes tinham perguntas sobre o casamento, sobre ofertas e sobre dons espirituais.
A INFLUÊNCIA GREGA
A Grécia era famosa por seus filósofos, dos quais o povo se orgulhava bastante. A galera de classe alta passava longas horas no seu passatempo favorito: escutar os filósofos e conversar sobre a natureza, o universo e o significado da vida. Admiravam-se a eloquência de certos oradores, bem como a sua lógica e seu poder de argumentação. Era, portanto, natural que comparassem um filósofo ou orador com outro.
Assim, portanto, fica fácil entender porque os crentes coríntios mostravam atitudes semelhantes em relação aos líderes da igreja. Talvez esse partidarismo cristão tenha surgido até de forma inocente, levando-se em conta apenas essa questão de alguns preferirem o estilo retórico de Paulo (2:1 - E EU, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria), enquanto outros sentiram-se atraídos pela eloquência de Apolo.
12 - Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.
13 Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?
Paulo, então, como vemos acima, pagou geral pra todo mundo, inclusive para aqueles que diziam “eu sou de Cristo”, e que talvez se sentissem superiores aos outros, ou seja, àqueles que preferiam Paulo, Apolo ou Pedro.
Na verdade, os coríntios se gloriavam de seus líderes humanos, prática ainda observada na igreja de hoje. É claro que devemos respeito e consideração aos nossos líderes, mas não a ponto de adorá-los, não a ponto de sairmos da igreja quando eles são substituídos ou quando se vão. Nós somos de Cristo.
O que os caras viveram lá, na época, é como se hoje vocês dissessem: eu sou de Luciano, eu sou de Éder, eu sou de Isac. Nós três somos fofos (eu mais que os outros dois, é claro), mas nenhum de nós daríamos nossas vidas por vocês, pelo menos não numa situação em que pudéssemos escolher. Portanto, de quem são vocês? Pois é, então vamos entrar numa máquina do tempo, voltar lá em Corinto e dizer isso àqueles caras cabeças duras.
30 - Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;
31 - Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.
SABEDORIA HUMANA X SABEDORIA DIVINA
Os coríntios tinham muita dificuldade de compreender a natureza da sabedoria. Eles supervalorizavam a sabedoria humana em detrimento da sabedoria espiritual.
17 - Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.
Paulo, embora um cabra super inteligente e popular entre os coríntios, rejeitou a tentação de formar uma igreja baseada na sua inteligência ou popularidade. Ele estava firme na decisão de que Cristo, e não ele mesmo, é que deveria ser o alvo da lealdade e do amor daquela turma (capítulo 2).
2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 - A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;
5 - Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
Lição 02 - 22/08/2010
IMATURIDADE X ESPIRITUALIDADE
CAPÍTULO 3
1 - E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
2 - Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis,
3 - Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?
4 - Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?
5 - Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um?
Nestes versículos Paulo demonstra profunda preocupação com a imaturidade dos coríntios. Ele gostaria de estar falando a crentes espirituais, todavia reconhece que eles não amadureceram, que ainda não estão prontos para alimentos sólidos, ou seja, para verdades mais profundas.
Ainda hoje, em nossas igrejas, temos essas figuras imaturas; são criaturas que estão há décadas na igreja, mas que ainda não tiveram de fato uma experiência real com Deus. Outros estão preocupados apenas em fazer Deus funcionar, como se pudessem manipular a divindade, ditando o que Ele deve fazer, e quando deve fazer, determinando coisas para Deus, tendo uns pitis espirituais, uns ataquezinhos bestas de pelanca, batendo o pezinho e gritando aos berros: Deus, eu quero isso agora, eu sou teu servo, eu quero agora. Como diz o pastor Geremias Pereira, os anjos devem se acabar de rir dessa gente. Quem somos nós para determinarmos coisas para Deus? E tem ainda outros surtados que ameaçam a Deus: Se tu não me deres tal coisa, não farei mais tal coisa. Que gente ridícula! E sabe o que é pior, galera: essa gente besta chama isso de espiritualidade. Bando de imaturos espirituais. Era gente assim que tinha em Corinto.
NÓS SOMOS TEMPLOS DO ESPÍRITO SANTO
Deus não habita em templos feitos por homens. Não acho que construímos templos bonitos para Deus, pois Ele não está preocupado com isso. Construímos templos bonitos e confortáveis para nós mesmos, e acho isso legítimo, afinal de contas, queremos conforto. Me preocupa, todavia, quando os templos ficam tão portentosos em comunidades tão carentes que distoam completamente do contexto. Bom, o que estou querendo dizer é que o Espírito Santo de Deus habita em nós, que nossos corpos, esses sim são templos do Espírito Santo. Logo, devemos cuidar bem deles, mas sem os exageros da ditadura da beleza, da busca insana pela magreza esquelética, das horas diárias de academia para ganhar ou perder umas carninhas. Todo exagero é prejudicial. Então, turma, se nossos corpinhos são templos do Espírito Santo, precisamos ficar bem atentos ao que estamos fazendo com eles, certo? Se liga aí!
16 - Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
17 - Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
18 - Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.
Nos versículos abaixo, Paulo mostra nossa responsabilidade como servos e colaboradores de Deus, o qual dispõe as tarefas e nos retribui conforme as nossas obras e conforme as nossas intenções, ou seja, se fazemos para Deus ou para aparecermos como bonzinhos para a nossa liderança e para a nossa comunidade. Os fundamentos da igreja de Cristo já estão lançados e todos precisamos nos voluntariarmos para aperfeiçoá-la, para edificá-la, mas ao fazermos isso quais são nossas intenções? Quem de nós pode julgar um ao outro em relação ao que está em nossos corações? Somente o Espírito Santo é capaz de sondar nossos corações, e então saberemos se nossas obras são de madeira, feno ou palha (materiais combustíveis) ou se são de ouro, prata e pedras preciosas, que resistem ao fogo.
11 - Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
12 - E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 - A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
14 - Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.
Isso não quer dizer, de jeito nenhum, que devamos fazer a obra de Deus exclusivamente em busca de galardões. Sobre isso escreve o pastor Ed René Kivitz, em seu livro “Outra Espiritualidade”:
CAPÍTULO 4“Tampouco faz sentido o relacionamento com Deus motivado pelo interesse em suas bênçãos e galardões, pois isso faz que Deus deixe de ser um fim em si mesmo e se torne um meio de prosperidade, isto é, passa a ser um ídolo a serviço dos fiéis.”
7 - Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?
9 - Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.
10 - Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis.
A igreja em Corinto tinha muitos dons. Os dons espirituais são dádivas de Deus para alguns com o objetivo de edificar, aperfeiçoar a igreja, o coletivo. Esses dons não são conquistados por méritos individuais, logo, ninguém poderia tirar onda porque os tem, mas em Corinto isso estava acontecendo.
Daí o versículo 7. Os apóstolos, líderes da igreja naquele momento, também não tinham por que tirar onda com ninguém, muito pelo contrário, Paulo comenta que eles foram postos como últimos, ou seja, ralavam muito mais do que qualquer membro da igreja. E até hoje isso não é muito diferente. Os pastores evangélicos sérios e comprometidos com a igreja ralam muito, têm clareza dos espinhos desse ministério, mas vocação é vocação. Eles ralam e são felizes. Isso é fofo.
12 - E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos;
13 - Somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos
Esse trecho me lembra a oração de São FRANCISCO DE ASSIS, que é linda. Vamos refletir um pouquinho sobre ela?
“Senhor, faz de mim um instrumento da tua paz.
Onde há ódio que eu possa semear amor;
Onde há ofensa, perdão;
Onde há dúvida, fé;
Onde há desespero, esperança;
Onde há trevas, luz;
Onde há tristeza, alegria;
Oh Divino Mestre, que eu não procure tanto
Ser consolado, como consolar;
Ser compreendido, como compreender;
Ser amado, como amar;
Pois é dando, que recebemos;
É perdoando, que somos perdoados;
E é morrendo que nascemos para a vida eterna.”
Bem, após refletirmos sobre essa linda oração, vamos nos sentir um coríntio um pouquinho e imaginar que Paulo tenha escrito essa carta exclusivamente para nós, vamos imaginar que essa pergunta a seguir foi feita individualmente para cada um de nós e vamos respondê-la:
21 - Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?
Lição 03 - 29/08/2010
LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E DISCIPLINA
CAPÍTULO 5
1 - GERALMENTE se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.
2 - Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.
9 - Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem;
10 - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.
11 - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.
12 - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?
13 - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.
Nos dias de Paulo, havia um grupo de irmãos que achavam que uma vez que a salvação vem pela fé, os crentes não estão sujeitos a nenhuma lei moral. Alguns chegavam ao ponto de crer que quanto mais pecassem mais abundante seria a graça e a glória de Deus manifestas no seu divino perdão (Rm 6:1,2). Você vai ver essa ideia, inclusive, em poemas do nosso escritor brasileiro (baiano) Gregório de Matos, estudado em Literatura, no 1º ano do Ensino Médio, no período barroco.
Ainda hoje, você encontra alguns crentes que levam uma vida desregrada e libertina, e apresentam uma série de argumentos para justificar seu comportamento. A igreja tem uma séria responsabilidade em relação a essas pessoas: a disciplina. É claro que até em função de fenômenos estudados pela Sociologia, ao longo do tempo, a sociedade muda. A igreja, estando inserida nessa sociedade, também muda. Dessa forma, a disciplina não é aplicada hoje como nos dias de Paulo (5 Seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do SENHOR Jesus.). Até bem pouco tempo atrás a igreja entendia a disciplina como a exclusão. Então excluía-se por qualquer razão. Deu mole, o cabra era posto pra fora da comunidade, exposto, segregado. Eu não sei até que ponto isso pode melhorar alguém. É como se estivéssemos dizendo para um cabra que fez sexo antes ou fora do casamento: “sujeito/a, você já fez bobagem, já tá perdido/a mesmo, some daqui, e só volte quanto estiver bem.” Acho que não rola disciplina aí, rola é uma exclusão sumária do grupo. A igreja, hoje, entende que disciplinar é orientar, conscientizar o cabra de que ele fez bobagem sim, mas que nem por isso deixou de ser alvo do amor de Cristo, é resgatar a criatura, trazê-la de volta para a comunidade.
Agora, tem outra coisa: não é por conta dessa visão melhorada de disciplina que o cabra vai aloprar, vai sair fazendo tudo quanto é besteira porque a igreja vai aliviar. Não é isso, galera. Uma pessoa convertida de fato vai entender que ela precisa estar bem com Deus, consigo mesma e com a igreja.
O termo fornicação, mencionado logo no início do capítulo 5, se refere a prática de sexo por pessoas não casadas. No caso de casados que praticam sexo fora do casamento, o termo utilizado é adultério, traição conjugal, entendendo-se que trair não limita-se a fazer sexo. Esse esclarecimento é estritamente necessário senão vai ter “neguim”, “branquim” e “amarelim” achando que beijar na boca fora do casamento ou beijar outras bocas que não a do namorado ou da namorada não seja traição. Se liga aí, gente.
Mas voltemos ao capítulo 5: o caso de fornicação mencionado aqui é mais grave: tinha gente fornicando com a madrasta. Ao saber disso, Paulo fica muito invocado e no auge do estresse diz que esse cabra deve ser banido da comunidade cristã e entregue a Satanás. Essa expressão entregue a Satanás tem o sentido de devolver o cabra para o reino das trevas de onde ele veio, ou seja, é a excomunhão da igreja, a exclusão.
A fornicação mencionada aqui é incestuosa e o incesto também é condenado na Bíblia (Lv 18:7,8; Am 2:7). Observe que nem mesmo a sociedade de Corinto admitia tal prática, mas ainda assim a igreja estava tolerando.
Só uma perguntinha: seria incesto beijar na boca da prima ou do primo? E casar com ele ou ela?
Não vos associeis com os que se prostituem...
É interessante aqui que ao fazer esta advertência, Paulo acrescenta que nem está falando da sociedade em geral, pois segundo ele, para você isolar-se dessa turma teria que sair do planeta. Ele está falando dos que estão na igreja e praticam tais coisas. Hoje, séculos depois, digo a mesma coisa, ou melhor, chamo a atenção de vocês para esse escrito paulino: se liga, galera. Nem todo mundo que está na igreja é do bem. Cuidado com quem você anda. Aquelas advertências de sempre feitas por nossos pais, líderes, pastores: cuidado com as amizades.
Amigos são dádivas de Deus, são presentes. E olha que barato, li isso em algum lugar: “amigo é um irmão que temos o direito de escolher.” O problema é que nem todos que se dizem amigos são amigos de fato. É disso que estou falando.
A grande ameaça a nossa integridade, diz Paulo, pode não estar no mundo, mas em nossa própria comunidade de fé.
CAPÍTULO 6
1 - OUSA algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?
5 - Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?
6 - Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis.
7 - Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?
8 - Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos.
Aqui, Paulo fala de situações que poderiam ser resolvidas internamente, na própria igreja, mas que os irmãos levavam para os tribunais comuns, expondo uns aos outros. Essa, aliás, é uma prática bastante atual. Até a justiça trabalhista tem recebido causas de voluntários que um dia brigam com seus pastores, ficam aborrecidinhos e vão reivindicar indenizações. Chega a ser deprimente.
12 - Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
Essa mesma declaração é repetida em 10:23. Parece tratar-se de um ditado, de um provérbio popular de Corinto, que Paulo emprega ironicamente.
“Os coríntios seguiam a filosofia do hedonismo, que afirmava ser o prazer o supremo bem da vida, portanto a busca do prazer, o alvo principal da conduta humana. Os coríntios até afirmavam: ‘Comamos e bebamos, que amanhã morreremos’” (15:32).
Essa ideia do “comamos e bebamos, que amanhã morreremos” me lembra algumas expressões contemporâneas defendidas em canções populares, como uma de Marcelo D2: “o que se leva da vida é a vida que se leva.” Enquanto cristãos, temos que ter muito cuidado com a vida que levamos e não embarcarmos nessas filosofias de que devemos fazer tudo que sentirmos vontade hoje, porque amanhã poderemos estar mortos. Isso me faz lembrar também uma frase muito usada nos anos 80: “preciso transar logo porque vai que o mundo acabe ou eu morra e estarei virgem.” Oxente! Galera, temos sim que viver intensamente, curtir pessoas, momentos, mas sempre tendo em mente os valores cristãos. Nada de precipitação ou de “filosofias” abestalhadas.
13 - Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o SENHOR, e o SENHOR para o corpo.
Se você já não ouviu, certamente ouvirá alguém dizendo que o sexo é tão necessário quanto comida e água, e que, portanto, você chegará a uma idade em que isso terá que acontecer. Esse versículo 13 nos dá a impressão de que os coríntios já pensavam assim. Tudo bem considerar o sexo uma necessidade fisiológica, mas não na mesma proporção de comida e água. Sem essas duas últimas, é impossível ao ser humano viver; sem sexo, é possível. Agora tem uma coisa: uma vez iniciada a vida sexual, o corpo exigirá sexo com uma certa frequência, portanto, é a maior conversa fiada aquele papo de: “eu fiz sexo com meu namorado ou com a minha namorada uma única vez, depois nunca mais, pois percebemos que erramos diante de Deus.” Huuummm.... eu acredito tanto nisso quanto em papai Noel;
Lição 04 - 05/09/2010
PAULO RESPONDE ÀS DIVERSAS PERGUNTAS DOS CORÍNTIOS E DEFENDE O SEU MINISTÉRIO APOSTÓLICO
1. SOBRE O CASAMENTO
CAPÍTULO 7
1 - ORA, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;
2 - Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.
6 - Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento.
7 - Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
8 - Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.
9 - Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
32 - E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do SENHOR, em como há de agradar ao Senhor;
33 - Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher.
34 - Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido.
Gente, não temos aqui uma proibição do casamento, nem um mandamento para que todos se casem. Paulo, no momento em que escreve esta carta, era celibatário (v.7), e fala das vantagens do celibato, todavia sem proibir o casamento. A proibição imposta pela igreja católica aos seus sacerdotes é muito mais uma questão econômica do que bíblica.
Paulo chega a referir-se a essa coisa de casar ou não casar como um dom, ou seja, alguns são capazes de serem celibatários, outros não.
Embora Paulo fale de casamento também como uma medida para evitar a prostituição, ninguém deve casar-se apenas para poder fazer sexo. Agindo assim, você estará vendo o outro apenas como um objeto de satisfação física, e isso não garante o sucesso de nenhum casamento. Casar-se para se livrar do domínio dos pais ou apenas para fazer sexo é a maior furada. O casamento precisa ter como fundamento o amor ao outro. Num casamento, ninguém torna-se propriedade do outro. As identidades individuais precisam ser mantidas, ninguém precisa descaracterizar-se. Em algumas culturas, os homens tratam suas esposas como escravas ou como propriedade material.
O que Paulo está dizendo é bastante óbvio: se sou solteiro, tenho muito mais tempo e disponibilidade para a igreja. Se sou casado, tenho que priorizar a família.
Não há nos ensinos de Paulo ou de Jesus Cristo uma única regra abrangente e inflexível sobre o divórcio. Em alguns casos, as condições de convívio parecem impossíveis. Por exemplo: um marido alcoólatra que surra a esposa e ameaça matar os filhos; um marido ou uma esposa que tem uma amante; os casos de violação de direitos humanos. Enfim, será que um casamento deve ser mantido apenas em função do “bem-estar” das crianças?
Se você quiser se aprofundar nesse tema, leia também os textos a seguir: Mt 5:31,32; 19:3-11. Enfim, o ideal é que o casamento seja para sempre e que esse sempre nunca acabe, mas...
2. SOBRE AS COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOSCAPÍTULO 8
4 - Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só.
5 - Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores),
6 - Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.
7 - Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada.
8 - Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta.
9 - Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos.
10 - Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?
12 - Ora, pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.
13 - Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize.
Isso tudo aí significa dizer o seguinte: o problema de fato não é o treco sacrificado aos ídolos, uma vez que o nosso Deus está acima de qualquer um deles, mas o escândalo que eu posso causar para outros. Esse mesmo assunto é retomado no capítulo 10, nos versos 19 a 32, com mais detalhes.
Se eu tenho conhecimento (que Paulo chama aí de ciência) disso, mas sei que meu irmão é “fraco” e pode escandalizar-se com isso, devo evitar.
Vou dar um exemplo simples: os doces de Cosme e Damião. Tendo esses doces sido oferecidos ou não, eu sei que o meu Deus é superior a isso. No entanto, a própria comunidade evangélica da qual faço parte, bem como a sociedade, esperam de mim um comportamento diferente: que eu não saia correndo atrás de tais doces. Assim, então, se eu como, vou estar escandalizando essa galera, portanto, não devo. Agora, vamos imaginar que sem saber a origem, eu tenha comido uns doces de Cosme e Damião. Isso não quer dizer necessariamente que eu esteja possuído ou que tenha cometido um pecado hediondo. Oxente, o meu Deus está muito acima de Cosme e Damião.
RESUMO DA ÓPERA: evite os doces de Cosme e Damião, mas se comeu “acidentalmente”, não se mate.
Vou dar outro exemplo: por influência da visão judaica no Velho Testamento, alguns irmãos entendem que não devemos comer carne de porco ou nenhuma comida feita com o sangue do animal. Pois bem, do ponto de vista cristão, não há o menor problema , todavia, por amor ao meu irmão em Cristo, não devo comer esses alimentos diante dele, pois vou escandalizá-lo sem necessidade. Aplicando aos nossos dias, é disso que Paulo está falando.
3. SOBRE O APOSTOLADO DE PAULO
CAPÍTULO 9
1 - NÃO sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?
2 - Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.
3 - Esta é minha defesa para com os que me condenam.
4 - Não temos nós direito de comer e beber?
6 - Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
7 - Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?
9 - Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?
11 - Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?
12 - Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
14 - Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.
Aqui, os versos 1, 2 e 3, trazem de volta aquele assunto do partidarismo da igreja de Corinto e das suas contendas por favoritismo para com certos líderes. Evidentemente, alguns dos coríntios pensavam que Paulo não era bem um apóstolo. Ele, todavia, na qualidade de fundador dessa igreja, diz: “vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.” Assim, a conversão dos coríntios e o estabelecimento da igreja na sua cidade foram provas da vocação apostólica de Paulo.
Este trecho tão importante nos ensina que a igreja deve cuidar de seu pastor. O soldado tem direito de receber roupa e comida. O fazendeiro tem o direito de receber a colheita da sua plantação. Até o boi tem o direito de comer dos grãos que vai debulhando. Logo, o ministro cristão tem o direito de ser sustentado economicamente pelo rebanho que está pastoreando.
Lição 05 - 12/09/2010
OS ÁGAPES E A CEIA DO SENHOR
20 - De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor.
21 - Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.
22 - Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.
O ágape, na igreja primitiva, não era propriamente um culto de louvor, mas desempenhava um papel importante nos dias de Paulo. Talvez por causa do grande amor uns pelos outros ou em virtude das perseguições sofridas, os membros da igreja primitiva se congregassem com frequência (At 2:46). Eles “partiam o pão” e “tomavam refeições” comunitárias. Isso não se refere à Santa Ceia, mas a pequenas reuniões sociais.
À medida que o Evangelho se espalhava por todo o Império Romano, com o grande aumento de membros nas igrejas, os crentes continuavam suas reuniões em casas particulares com o objetivo de ensinar, louvar e confraternizar. O ágape primitivo era uma refeição simples e comunitária, onde cada um contribuía com parte da comida. Mas algo mudou em Corinto, e os ágapes, em vez de estimular a confraternização, estavam piorando as divisões existentes entre os membros.
Os coríntios, então, passaram a subdividirem-se em grupos menores, talvez de acordo com as classes sociais ou talvez por conta daquelas divisões doutrinárias vistas em nossa primeira lição. Qualquer que fosse a razão, o fato é que tais panelinhas estavam se fechando e comprometendo o bem estar do grupo, da igreja local como um todo.
Se um dos propósitos dos ágapes era ajudar os pobres, isso estava deixando de ser prioridade. Paulo, então, orienta os irmãos a que comam em casa. Oxente, é simples entender: se os pobres não eram atendidos satisfatoriamente, se a comunhão não estava rolando entre todos, então não havia mais sentido participar dos ágapes. Cada um podia muito bem comer em casa.
A falta de disciplina dos coríntios teve um péssimo efeito também na comemoração da Santa Ceia. Parece que comemoravam simultaneamente o ágape e a Santa Ceia, ou que essa seguia logo após aquele.
A SANTA CEIA
23 - Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 - E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25 - Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26 - Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27 - Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28 - Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
29 - Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR.
30 - Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.
31 - Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
32 - Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 - Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
34 - Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for.
“COMER ESTE PÃO...”
O pão é comida universal, consumido em todas as partes do mundo e mencionado centenas de vezes na Bíblia. A refeição mais típica dos judeus começava com o seguinte rito doméstico: o pai tomava o pão nas suas mãos, dava graças a Deus, partia o pão e distribuía os pedaços aos membros da família.
Jesus seguiu esse mesmo padrão com seus discípulos (Mt 26:26). Mas acrescentou elementos ao dizer: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”
Sabemos que Jesus falava de uma maneira simbólica, porque o pão que segurava na mão não era parte de seu corpo. Ao partir o pão, agiu simbolicamente, pois, no dia seguinte, seu próprio corpo seria ferido na cruz. Mateus, Marcos e Lucas descrevem essa última Páscoa celebrada por Jesus com seus discípulos. Lucas anota as palavras de Jesus: “Fazei isto em memória de mim.”
“BEBER O CÁLICE...”
Na noite em que a Páscoa foi transformada na Santa Ceia, Jesus tomou o cálice, deu graças e ofereceu aos seus discípulos, dizendo: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão de pecados” (Mt 26:28). Essa linguagem (como no caso do pão) é simbólica. E o vinho no cálice era o símbolo do sangue de Jesus.
COMER E BEBER DIGNAMENTE
A forma física e visível da Santa Ceia consiste em comer um pedacinho de pão ou bolacha e beber um gole de vinho ou suco de uva após uma oração dedicatória. A participação dessa comunhão é um ato físico, e, a menos que signifique para nós algo muito importante em termos espirituais, é um ritual inútil.
AUTO-EXAME
28 - Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
Nem o pastor celebrante nem a pessoa ao seu lado poderá impedi-lo de tomar a ceia por estar indigno, até porque não temos como julgar o outro, não somos melhores que o outro. Quem tem que definir minha participação ou não na ceia é um auto-exame, ou seja, eu preciso olhar para dentro de mim e ver se está tudo bem. Por outro lado, é interessante também que se observe o seguinte: se não vou participar da ceia porque pequei, em que momento da vida vou poder participar? Não somos todos pecadores? É um fato, porém, que se não estou bem com o outro, devo me acertar com ele, e então, participarmos tranquilamente da ceia. Oxente, não estou bem com um companheiro, por isso não participo da ceia, mas também não me acerto com ele, tá pegando não tá não? A minha vida cristã não está nada bem.
Outra coisa: os elementos da ceia, a princípio, não têm poder curativo. Não faz sentido você participar da ceia achando que vai ficar curado ao ingerir os alimentos. Não há ali nenhuma transformação dos elementos, como defende a doutrina da transubstanciação, defendida pelos companheiros católicos, segundo a qual o pão se transforma no corpo e o vinho no sangue de Cristo, literalmente.
Aliás, deixem-me contar uma historinha rápida sobre a hóstia utilizada pelos companheiros católicos na celebração da eucaristia (santa ceia). A palavra HÓSTIA vem do latim, e no Império Romano significava vítima humana oferecida aos deuses para aplacar-lhes a ira. Essa vítima normalmente era um estrangeiro que era sacrificado com requintes de crueldade. Pois é, por associação semântica, a palavra passou a designar o sacrifício de Cristo, uma vez que ele tornou-se vítima por nós para que tivéssemos acesso direto a Deus. Assim, quando ingerimos a hóstia (no nosso caso um pedacinho de pão) estamos lembrando do Cristo vitimado por nós na cruz.
LIÇÃO 06 - 19/09/2010
SEGUNDA CARTA AOS CORÍNTIOS: O EMISSOR, OS DESTINATÁRIOS E A MENSAGEM
II CORÍNTIOS 1
3 - Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação;
4 - Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
5 - Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo.
7 - E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.
12 - Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco.
24 - Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé.
“Paulo escreveu 2 Coríntios por volta do ano 56 d.C. (um ano depois de 1 Coríntios).
A segunda visita de Paulo foi difícil e de pouco êxito por causa de alguns ‘falsos apóstolos, obreiros fraudulentos’ (11:13) que tinham visitado Corinto. Esses falsos apóstolos tinham atacado a credibilidade de Paulo, bem como seu ministério e apostolado. Eles chegaram a chamar Paulo de covarde (10:10). Esses obreiros fraudulentos também quiseram insinuar que Paulo teria procedido desonestamente com relação à distribuição dos bens aos crentes na Judéia (8:20-23).
Esses falsos apóstolos não tentaram obrigar os gentios crentes a se circuncidarem, como acontecera na Galácia (Gl 1:6-9), mas quiseram dominá-los, usando de uma autoridade mais severa que a do próprio apóstolo Paulo.
Apesar de tudo isso, Paulo não ia abandonar a causa divina; estava disposto a defender o bem-estar espiritual dos seus filhos na fé. Apesar da rejeição que esses lhe mostraram por ocasião da sua visita, ele ainda podia escrever-lhe uma carta (2:4). Naquela época, as cartas eram mandadas através de amigos, pois não havia correio. Paulo enviou através de Tito, um obreiro treinado por ele.
Nessa carta sentimos as flutuações emotivas do apóstolo: sua angústia em face ao caos criado pelos falsos mestres e seu intenso amor pelos crentes em Corinto.”
Gente, ser injustiçado, ser acusado de algo que você não fez é muito sinistro, né não? Vamos imaginar que você faça determinada coisa com a melhor das intenções, com o maior carinho, sem esperar nada em troca, aí chega uma criatura e diz que você só fez porque tinha segundas intenções, que você queria se aproveitar daquilo, que tirou proveito próprio. Nossa! É muito cruel. Eu já passei por uma parada dessa ao longo do meu ministério. Na ocasião, fui acusado por um companheiro de estar me promovendo e querendo ganhar dinheiro, quando na verdade estava tentando reduzir os custos de um curso para aquela igreja, procurando uma parceria. Doeu demais aquilo, até porque eu não esperava aquilo daquela pessoa. Aliás, gente, nossas frustrações são sempre maiores quando vêm de pessoas que amamos, de pessoas próximas. Imagine ser traído por um amigo, por uma amiga, pelo esposo ou pela esposa. Se dói ser traído, não devemos trair, se dói ser machucado, não devemos machucar.
VAMOS REFLETIR UM POUQUINHO: Somente pessoas que amamos são capazes de nos frustrar. Se alguém não representa nada para você, ela jamais terá a possibilidade de te frustrar. Se me frustro, se me decepciono com alguém é porque esse alguém significa algo para mim. Então, quanto maior for meu carinho por essa pessoa, maior será minha frustração se ela me decepcionar um dia.
Voltemos, pois, ao tema principal: Paulo ficou muito frustrado com o que aconteceu em Corinto. Depois que ele deixou a cidade, chegaram uns caras com um evangelho muito diferente daquele que ensinara, e os irmãos deram ouvido a esses caras. Paulo sentiu-se traído por aquela comunidade, mas apesar disso tudo não queria deixá-la. Ele continua preocupado com o bem-estar daquela igreja. Ele não está com raiva das pessoas. Ele fala em consolar aqueles que passam por alguma tribulação (verso 4), e diz que quando agimos assim, somos também consolados em Cristo.
O verso 5 é de uma beleza e de uma profundidade sem tamanho: se participamos das aflições de Cristo, também somos consolados em Cristo. O evangelho, pessoas, o Cristianismo não é feito somente de belezuras, nem tudo são fofezas. Muitas vezes sofremos um bocadinho, nos frustramos, mas também podemos ser consolados em Cristo.
Tem um detalhezinho: muitas vezes buscamos nossos próprios problemas, muitas vezes conseguimos fazer uma mega tempestade num copo d’água. Muitas vezes, ouvimos uma história qualquer que envolve até amigos nossos e passamos adiante sem a menor preocupação de confirmá-la, simplesmente passamos e acabamos provocando um mal-estar danado, frustrando pessoas que não merecem isso. A esse fenômeno chamamos fofoca. É claro que no contexto da igreja isso não acontece.
Na segunda carta aos Coríntios, Paulo não está falando dos sofrimentos que buscamos, mas sim daqueles que nos são impostos, e mais especificamente daqueles que nos são impostos por fazermos a obra de Deus.
ANÁLISE DE CASO: Uma pessoa trabalha no escritório da empresa X. Dentro do horário de trabalho, cheia de coisas para fazer, ela para tudo e vai ler a Bíblia. O Chefe a demite? Isso seria um caso de perseguição religiosa?
LIÇÃO 07 - 26/09/2010
A PREGAÇÃO DO EVANGELHO E NOSSA ESTRUTURA TRINA: ESPÍRITO, ALMA E CORPO
CAPÍTULO 43 - Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
4 - Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
5 - Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
8 - Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 - Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 - Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos;
16 - Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.
17 - Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;
18 - Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
Os seis versos iniciais deste capítulo falam sobre o propósito da pregação do evangelho, e como bem sabemos pregamos muito mais através do nosso comportamento do que através de palavras. Não que não devamos falar do poder transformador do evangelho, todavia isso não surtirá nenhum efeito se não tivermos uma vida digna, um comportamento efetivamente cristão baseado nos princípios de amor e de respeito ao próximo.
Nós não gostamos de sofrer, e boa parte de nós, influenciados pela “nojeira” que é a teologia da prosperidade, achamos que o fato de sermos cristãos nos deixa imunes ao sofrimento, às doenças, a qualquer coisa negativa, e que a vida precisa ser uma belezura sem fim. É claro que isso não encontra respaldo nas Escrituras Sagradas. Vemos aqui, por exemplo, Paulo falando de seu sofrimento, das pressões que enfrentava, das perseguições, das dificuldades. Um cristão autêntico pode sim passar por períodos de ralações, de portas fechadas, de doenças, de pouca grana, de incompreensão, e mesmo passando por tudo isso continuará com Jesus. Não se pode abandonar o barco, abandonar a fé diante da primeira dificuldade.
Embora passando o maior sufoco, Paulo chama seus problemas, que não eram poucos, de “leve e momentânea tribulação” (verso 17) e acrescenta que isso produzirá em nós maturidade espiritual, e que produzirá vitórias que glorificarão a Deus e aumentarão nossa fé.
Conforme registra Thomas Reginald Hoover, em seu livro “Comentário Bíblico – 1 e 2 Coríntios”:
“Podemos , pois, dar graças e louvores a Deus, venha o que vier. Mesmo ‘desvanecendo’ em sentido físico, somos renovados interiormente dia após dia! Essa renovação do espírito não produz apenas crescimento; inclui também graça e força para prosseguirmos no serviço prestado a Deus e ao seu rebanho, mesmo quando parece não termos mais energia. Inclui também uma perspectiva mais clara da glória do porvir.”
CAPÍTULO 5
1 - PORQUE sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
5 - Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito.
6 - Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor
8 - Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.
10 - Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.
12 - Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração.
15 - E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
17 - Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 - E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;
19 - Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
20 - De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.
21 - Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.
Paulo começa esse capítulo estabelecendo uma comparação entre o nosso corpo físico, a que ele chama de “tabernáculo” ou “tenda” (como Pedro também o faz - 2 Pe 1:13) com o nosso corpo celestial, a que ele chama de edifício. Assim, ele quer mostrar a oposição entre o que é efêmero e o que é eterno. O nosso corpo, esse tabernáculo, essa tenda em que habita nosso espírito é temporário. Já o edifício ou casa eterna não foi feito por mãos humanas e é eterno.
“O espírito humano precisa de um corpo para desenvolver alguma interação com o seu ambiente e realizar as suas funções. Deus fez o corpo de Adão antes de soprar-lhe o fôlego (espírito) da vida (Gn 2:7). Ao morrermos, o nosso espírito e alma irão imediatamente à presença do Senhor (5:8).
[...] Deus nos criou para habitarmos com o Senhor (verso 5) e Jesus prometeu nos preparar um lugar (João 14:3).”
ESPÍRITO, ALMA E CORPO.... COMO ASSIM?
Leia com bastante atenção os versículos a seguir:
Gênesis 2:7 - E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
1 Tessalonicenses 4: 23 - E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo.
Hebreus 4:12 - Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
O entendimento mais aceito no meio cristão quanto a esse assunto, diz que todos nós, seres humanos, somos formados de espírito, alma e corpo. A esse entendimento chamamos tricotomia. Então, tudo aconteceu assim: Deus fez o corpo do homem, depois soprou nele o fôlego da vida (espírito) e deu-lhe uma alma: sua personalidade, seu “psiquê”, seu caráter. Pois bem. Na morte, esses elementos se desintegram, ou melhor, se desconectam. O destino do corpo todos nós sabemos. O espírito (o fôlego da vida) volta para Deus e aí vem uma crise da parte de muita gente: e a alma? Ela desconecta-se do espírito? Se isso acontece, para onde ela vai? Se ela não se desconecta do espírito, então são de fato dois elementos que constituem o homem: o corpo e o espírito, que também é a alma.
Surge então uma outra explicação, um outro entendimento da questão, chamado de dicotomia. Segundo essa explicação, Deus formou o corpo do homem e logo depois soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem então se fez alma vivente. A alma vivente, portanto, seria a soma do corpo com o espírito e não um terceiro elemento.
Resumidamente, ficaria assim:
Tricotomia: corpo + espírito + alma = homem (ser humano);
Dicotomia: corpo + espírito = alma vivente / ser humano.
Lendo Gênesis 2:7 com bastante atenção, a ideia da dicotomia é bastante razoável, porém ao lermos Hebreus 4:12 parece mais razoável a tricotomia, pois o texto chega a falar da divisão da alma e do espírito. Ihhh.... e agora?
Ah sim, em qual das duas eu acredito? Ih, resolvam-se aí com o professor. Abração para todos.
LIÇÃO 08 - 03/10/2010
A QUESTÃO DO JUGO DESIGUAL E OUTRAS ORIENTAÇÕES
CAPÍTULO 6
14 - Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?
15 - E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?
17 - Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;
18 - E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.
Ouvimos, com muita frequência, pregações que abordam a questão do “jugo desigual” apenas em relação a namoros e/ou casamentos com pessoas de outras religiões. A questão aí, no entanto, é bem mais ampla, não é somente disso que Paulo está falando. Ele está se referindo a qualquer tipo de relação ou aproximação com aquilo que é diferente dos valores e dos princípios cristãos. Trata-se de jugo desigual, por exemplo, pastores que se envolvem com política partidária, que participam de “maracutaias”, que tentam se dar bem se beneficiando de sua influência como pastor naquela comunidade. Também é jugo desigual o envolvimento de irmãos nossos com bicheiros ou traficantes a menos que haja o objetivo claro de evangelização.
PROMESSAS, MEDO, SANTIFICAÇÃO E RECONCILIAÇÃO
CAPÍTULO 7
1 - ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.
2 - Recebei-nos em vossos corações; a ninguém agravamos, a ninguém corrompemos, de ninguém buscamos o nosso proveito.
4 - Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações.
5 - Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro.
6 - Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito.
7 - E não somente com a sua vinda, mas também pela consolação com que foi consolado por vós, constando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito me regozijei.
10 - Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.
13 - Por isso fomos consolados pela vossa consolação, e muito mais nos alegramos pela alegria de Tito, porque o seu espírito foi recreado por vós todos.
15 - E o seu entranhável afeto para convosco é mais abundante, lembrando-se da obediência de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor.
16 - Regozijo-me de em tudo poder confiar em vós.
As “tais promessas” a que Paulo se refere na abertura deste capítulo são aquelas do verso 18 do capítulo anterior: “E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” Assim, para recebermos tais promessas precisamos nos purificar de toda a imundícia e buscarmos a santificação no Senhor.
Entendemos como SANTIFICAÇÃO um processo contínuo de busca de bom comportamento cristão, de aperfeiçoamento, de amadurecimento, de aproximação com o Senhor.
Paulo se orgulha dos coríntios (verso 4), se sente consolado e alegre mesmo vivendo inúmeras tribulações, pois ele entende que toda a ralação vale a pena diante do amadurecimento espiritual daquela igreja. Ele fala das lutas que viveu na Macedônia e admite ter sentido medo. Paulo não era um super herói, ele foi um ser humano como todos nós, logo, sentia medo. E você... tem medo de quê?
De uma forma ou de outra, sentimos medo. Paulo também sentiu. Vamos tentar estabelecer um conceito para a palavra medo? E então, o que é medo?
Paulo está tranquilo e até feliz porque ele sabe que as perseguições de que foi vítima aconteceram em função do seu ministério. Ele não saiu por aí arrumando confusões desnecessárias, criando caso com as pessoas, falando mal das pessoas. Muito pelo contrário, o tempo todo ele queria fazer o bem.
RECONCILIAÇÃO
“Parece que os coríntios magoaram o apóstolo Paulo de qualquer maneira, e agora desejavam sarar a ferida. Na carta referida em 2:4, Paulo lhes escrevera de forma bem dura, repreendendo a falta de disciplina do irmão pecador que tinha ofendido a igreja inteira. A prova de que aquela carta surtiu efeito é dada nas palavras: ‘Basta ao tal essa repreensão feita por muitos’” (2:5,6).
Posteriormente, os coríntios abriram o coração para o apóstolo e ele reage com toda a alegria que vemos no capítulo em estudo, elogiando-os, inclusive pelo tratamento dado a Tito e compartilhando com eles o quanto Tito os amou, ou seja, a alegria de Tito e seu testemunho sobre aquela igreja deixou Paulo entusiasmado. É assim: se alguém é enviado em nosso nome para fazer uma tarefa e é bem recebido, é como se nós próprios tivéssemos sido bem recebidos. Quando recebemos algum elogio por alguma coisa que nossos filhos tenham feito, é como se nós próprios estivéssemos sendo elogiados. A mesma coisa acontece quando são criticados.
Outra coisinha importante: enquanto seres humanos que somos podemos nos entristecer ou entristecer a outros. Quando isso acontece, precisamos, imediatamente procurar a outra pessoa envolvida e nos acertar com ela. Se você ficar juntando aborrecimentos é como se fosse formando uma bola de neve que logo estará fora de controle. A reconciliação dos coríntios com Paulo só aconteceu por insistência deste.
Vejamos:
• No capítulo 2, verso 1, lemos sobre a difícil visita de Paulo;
• Em 7:8, ele fala de uma carta que conduziu à tristeza e ao arrependimento;
• Em 7:7, ele fala da visita de Tito;
• Em 2:12,13, ele fala da procura por Tito em Troas, mas eles não se encontram;
• Em 7:6,7, Tito traz boas notícias de Corinto.
• Por fim, Paulo escreve esta segunda carta aos coríntios, confirmando sua confiança e seu perdão em relação a eles.
É muito importante, portanto, que busquemos estar bem com todos a nossa volta e que peçamos desculpas ou perdão sempre que erramos e que perdoemos ao outro. Nós não somos perfeitos. Nessa relação de coisas citadas acima, com Paulo e a igreja em Corinto, tivemos um problema de comunicação que só foi resolvido porque uma parte não desistiu da outra. Não desista de suas amizades, tá bom?
LIÇÃO 09 - 10/10/2010
PASTORES APROVADOS E PASTORES REPROVADOS POR DEUS
CAPÍTULO 11
2 - Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.
5 - Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.
8 - Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado.
13 - Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.
14 - E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.
22 - São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu.
23 - São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.
24 - Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
25 - Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
27 - Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
28 - Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.
29 - Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?
31 - O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto.
32 - Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem.
33 - E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.
Gente, vamos comparar esse texto lindo com Ezequiel 34:
2 - Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?
3 - Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
4 - As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5 - Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.
10 - Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.
Comparando esses dois textos, percebemos um contraste imenso entre a prática de Paulo com os coríntios, seu amor, sua preocupação, seus cuidados, e os pastores de Israel contra os quais Ezequiel profetiza.
Esses pastores do texto de Ezequiel são daquele tipo que não está tão preocupado em proteger suas ovelhas, em cuidar delas com carinho. Muito pelo contrário, eles querem é se dar bem, explorá-las, comer as gorduras e fazer roupas com as lãs. Modernamente, são aqueles cidadãos que exploram financeiramente a boa fé das pessoas, não visando o bem estar da comunidade, do coletivo, mas dele próprio. É aquele cara que negocia os votos de suas ovelhas para se dar bem, para se beneficiar de algum favor ou de algum cargo político, ou seja, essa gente ruim de quem ouvimos falar. Agora vejamos Paulo, sua visão de pastorado. Antes de falar de Paulo, lembrei-me de um outro cara, até extremista nesse sentido, que defendia o voto de pobreza. Estou falando de São Francisco de Assis. Tá bom, tá bom, Francisco de Assis, um cara fantástico.
Voltemos para Paulo, foco desse estudo: ele estava disposto a suportar de tudo por amor a suas ovelhas. Nesse capítulo, ele enumera uma série de dificuldades que enfrentou por amor à igreja, inclusive aos coríntios. Ele ralou muito, sofreu horrores, coisas que aqueles pastores citados por Ezequiel jamais fariam, coisas que esses pastores contemporâneos a que me referi nem pensariam em fazer, em suportar.
Paulo demonstra profundo zelo pelos coríntios, ele deseja o melhor para os seus filhos na fé. Assim como Jesus (João 10:11), Paulo declara que seria capaz de dar a vida pelas ovelhas.
“As credenciais de Paulo são as cicatrizes no seu corpo! Ele era tão judeu quanto os seus opositores, mas esse fato não vinha ao caso. O que importava para ele era a sua fidelidade em cumprir a missão confiada a ele pelo Senhor. Paulo tinha certeza de que no seu serviço e sofrimento em nome de Cristo ele excedia aos seus críticos. Paulo escreveu essa carta da Macedônia pouco depois de sair de Éfeso. Os sofrimentos aqui descritos deviam ter acontecido no decorrer de alguns anos, e sabemos que ele sofreria ainda mais nos anos posteriores a essa epístola.”
Isso significa dizer que Paulo enquanto fundador e pastor de tantas igrejas tinha seu foco no ministério apostólico de tal forma que nenhuma ralação, nenhum sofrimento seriam capazes de afastá-lo de seu ministério, de seu esmero por suas ovelhas.
A igreja de hoje é bem assim ainda: se estou focado em meu ministério não posso dar piti por qualquer coisa, por qualquer bobagem, por qualquer razão, ainda que séria, e abandonar aquilo que me propus fazer. Todo mundo que trabalha na igreja tem decepções, ralações, sofrimentos, passa sufoco. A questão é: se temos clareza de nosso ministério, passamos por tudo isso com alegria.
Voltando então a questão do pastorado do ponto de vista de Paulo e os pastores da profecia de Ezequiel, e muitos pastores atuais, podemos traçar um paralelo e definirmos quem são os verdadeiros pastores segundo o propósito de Deus.
PAULO E “SEU” ESPINHO NA CARNE
CAPÍTULO 12
7 - E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
8 - Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
9 - E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
10 - Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
13 - Pois, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo.
14 - Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos.
Muita coisa já foi escrita sobre esse tal de espinho na carne do apóstolo Paulo (verso 7). Ele chama esse espinho de “mensageiro de Satanás”, cujo objetivo era esbofeteá-lo. São muitas hipóteses para explicar esse “espinho na carne.” Vejamos algumas: ferida física decorrente de apedrejamentos e ataques dos judaizantes; uma doença grave (Gl 4:13-14); malária; epilepsia; problemas de visão (Gl 4:15); tentações de natureza espiritual (orgulho, por exemplo).
Segundo Thomas Reginald Hoover, em seu Comentário Bíblico de 1º e 2º Coríntios:
“O mais importante não é o ‘quê’, mas o ‘porquê”. A semelhança de Jesus, o qual orou no Getsêmani que o cálice passasse dEle, Paulo pediu três vezes que fosse tirado o seu espinho na carne. O Senhor respondeu à sua oração, mas não tirou o espinho. A resposta divina tem ajudado milhões de crentes a aguentarem de bom ânimo padecimentos os mais diversos: ‘A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (verso 9). Foi assim que Paulo, uma vez fariseu arrogante e orgulhoso e depois apóstolo abençoado com revelações celestiais, aprendeu a humildade e a dependência do poder do Senhor na sua própria fraqueza!”