quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CLASSES DE ADOLESCENTES, JOVENS E ADULTOS - outubro / novembro / dezembro - 2010

APRESENTAÇÃO

Queridos companheiros, queridas companheiras, estamos iniciando hoje a última revista deste ano letivo. São apenas 7 lições, sendo a primeira em 31/10 e a última em 12/12. No dia 19/12, como de costume nestes últimos anos, nossa EBD já estará em férias e retornará no dia 06 de fevereiro de 2011.

Nos dias 16 e 17 de outubro, realizamos nosso IV Seminário de Formação Continuada para Professores de Escola Bíblica Dominical. Foi um evento muito bacana, como os três anteriores, quando tivemos a oportunidade de ouvir nossos professores e de compartilharmos experiências com outros professores das igreja da região.

Neste período, estudaremos a epístola de Paulo aos gálatas numa abordagem contemporânea, como temos feito ao longo deste ano.

Nosso material de EBD não é perfeito, evidentemente, mas ele tem buscado atender da melhor maneira possível a expectativa do nosso povo. Como já disse em outras ocasiões, estou aberto a críticas e sugestões. Minha função, assim como a de todos os companheiros do Ministério de Educação Cristã desta igreja, é servir aos senhores e para isso não temos medido esforços, estamos empenhados na causa educacional dessa igreja. A reunião que tive com os nossos professores logo depois do encerramento do seminário no Ciep de Aquários, me deixou orgulhoso demais por perceber que há um grupo aplicado, pensando efetivamente em educação. Foi bom demais ouvir as sugestões dos companheiros e das companheiras. Nem todas poderão ser atendidas agora, de imediato, mas estamos no caminho. A compra do terreno e a construção de algumas salas destinadas a nossa EBD mostram que a liderança da igreja também está junto e como bem sabemos, “um mais um é sempre mais que dois”. Enfim, apesar de minhas infofezas, Deus tem sido muito fofo para comigo e para com este ministério.

Boas aulas, boas férias, e um retono muito entusiasmado. Para os abraçáveis, um abraço bem isaquiano. Um beijo para os beijáveis em nome de toda a equipe da EBD.

Isac Machado de Moura



LIÇÃO 01 - 31/10/2010


APRESENTAÇÃO DA EPÍSTOLA AOS GÁLATAS


CAPÍTULO 01

1 - PAULO, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos),

2  - E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia:

6 - Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;

7 - O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 - Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

10 - Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 - Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

13 - Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.

15 - Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,

16 - Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,

Nesta carta, escrita por volta dos anos 55-60, provavelmente a primeira epístola paulina a ser escrita, destinada às igrejas da Galácia, na Ásia, Paulo já inicia seu texto fazendo uma defesa do seu apostolado. Antes de qualquer coisa, queridos e queridas, precisamos entender essa “insistência” do apóstolo em defender seu ministério. Ele já começa dizendo que não tornou-se apóstolo por escolha ou indicação dos outros apóstolos, mas por nomeação direta de Jesus Cristo.


Os doze discípulos tornaram-se apóstolos automaticamente. Mais tarde, quando da nomeação de Matias (At 1:21-22), é dito por Lucas que era exigido do candidato ao posto que tivesse convivido com Jesus em carne:


21 - É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,


22 - Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.

Pois bem, como sabemos, Paulo não conviveu com Cristo, não o viu encarnado e isso deve ter gerado um mal estar entre os outros apóstolos e a própria igreja iniciante. Por conta disso, insiste tanto em defender seu ministério, dizendo que viu a Cristo glorificado, e que este mesmo o nomeou, portanto não deve nada a ninguém.

O objetivo da carta é combater os “judaizantes”.

Os JUDAIZANTES eram uns carinhas judeus que defendiam a ideia de que para um gentio (qualquer indivíduo que não fosse judeu) ser salvo, precisava ser circuncidado e guardar todas as leis de Moisés. Entre esses carinhas, num certo momento estava o próprio Pedro. Esse fato, aliás, gera um estresse entre os dois apóstolos, conforme registrado no capítulo 2, verso 11 (E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível).

A CIRCUNCISÃO era e ainda é um ritual cirúrgico-religioso feito em todos os meninos e consiste na remoção da pele que protege a ponta do pênis. Isso começa com Abraão e continua sendo realizado até os dias de hoje, conforme vemos em Gênesis 17:

10 - Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.

11 - E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.

12 - O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.

13 - Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.

14 - E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança.

Gálatas se assemelha com II Coríntios (Paulo fala de sua conversão, defende seu apostolado e malha os falsos mestres) e com Romanos, ao defender a justificação pela fé, falar sobre a santificação e sobre o objetivo da lei.

Veja bem: os carinhas judaizantes eram gente de bem; não acredito que fizessem isso por mal não, eles realmente acreditavam que isso era o certo. Por outro lado, Paulo não podia pactuar com esse ensino. Ele era legítimo para o povo judeu, mas não para os não judeus que estavam se convertendo ao Cristianismo. Não faz sentido para nós, brasileiros, por exemplo. Essa coisa de valorizar os dogmas e os rituais mais que as pessoas é o que chamamos de FUNDAMENTALISMO. Os judaizantes da Galácia, portanto, eram FUNDAMENTALISTAS, assim como os fariseus dos dias de Jesus.


ESPIRITUALIDADE E SANTIFICAÇÃO

O que a igreja evangélica brasileira entende por espiritualidade e por santificação?

No livro “QUE É FORMAÇÃO ESPIRITUAL?”, da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE), 1990, página 8, há o seguinte registro do depoimento de um professor:


Em minha igreja, “espiritualidade” significa evitar o mundo. Os cristãos devem empregar o tempo na leitura da Bíblia, nas orações, na meditação e no culto. Naturalmente, tal concentração gera isolamento e retirada da sociedade (...).

Será que é isso? Será que podemos dizer que ser espiritual, ser “santo” é simplesmente isolar-se do mundo, tirar o time de campo, me recolher?

Os judaizantes, por exemplo, acreditavam que para ser espiritual era preciso ser circuncidado.

Será que ser santo ou espiritual tem a ver com cumprir os mandamentos? Será que tem a ver com os dons? Se eu oro muito, se não tenho uma vida social fora do meu grupo religioso, se não me “exponho na medina”, então posso me considerar santo? Posso ser mais espiritual que outro irmão? Existirá um medidor de espiritualidade?

Espiritualidade, queridos, não consiste em fuga da vida real, não significa ignorar as desigualdades sociais, as injustiças, a carência do nosso povo brasileiro: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.” (1 Co 13:1).

O conceito de espiritualidade precisa envolver o outro, o cuidado com ele, o amor prático e não teórico. Assim como eu, o outro também tem a imagem de Deus. Então ao cuidar dele, ao me preocupar, estou me santificando, me aproximando de Deus, desde, é claro, que minhas ações não tenham como objetivo principal um retorno imediato, uma troca. Preciso cuidar do outro porque ele é meu próximo. E só. “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, mas se houver amanhã, preciso continuar amando-as do mesmo jeito, cuidando delas com o mesmo carinho que cuido de mim. “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Mc 12:31). O próximo é mais importante que os dogmas. É isso que Paulo diz aos judaizantes da Galácia, é isso que a igreja de hoje precisa entender e viver.


LIÇÃO 02 07/11/2010

O EVANGELHO ANÁTEMA E O TESTEMUNHO DE PAULO


CAPÍTULO 01

7 - O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 - Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

10 - Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

11 - Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens.

12 - Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.


Já escrevi em alguma outra lição que o evangelho de Cristo é muito simples; complexo é o Cristianismo com suas estruturas, suas hierarquias, sua multiplicidade de visões doutrinárias a partir da mesma Bíblia.

Quando esteve na Galácia, Paulo apresentou o evangelho simples de Cristo. O povo creu e Paulo seguiu em sua missão evangelizadora. Logo depois de sua partida, vieram os judaizantes e começaram a macular não apenas o ensino, mas também a imagem de Paulo. Este escreve aos gálatas dizendo-se espantado com a rapidez com que deixaram esse evangelho simples e aderiram aos ensinos judaizantes. Estressado por conta disso, Paulo diz que qualquer pessoa ou mesmo ele que apresente um evangelho diferente do que foi pregado inicialmente, que seja anátema.

a.ná.te.ma

adj. m. e f. Anatematizado, amaldiçoado. S. m. 1. Rel. catól. Sentença de expulsão da Igreja; excomunhão. 2. Execração, maldição, opróbrio.
(Dicionário Michaelis)


CONTEXTUALIZANDO O ANÁTEMA
• Dê um exemplo de evangelho anátema nos dias de hoje. Por que você considera essa visão ou esse grupo ou essa pessoa como anátema?

• Alguém já tentou pregar para você um evangelho diferente do evangelho que você conheceu inicialmente? Se isso aconteceu, qual foi a sua reação?

• O que podemos fazer para nos livrar dos efeitos de alguns evangelhos anátemas que têm sido pregados em nossa geração?


DEFENDENDO O SEU MINISTÉRIO

È notório, no contexto, uma certa irritação do apóstolo Paulo. Em defesa do seu ministério, ele diz que não recebeu o evangelho dos homens, mas do próprio Cristo glorificado a quem encontrou no caminho de Damasco. Ele diz que sua maior preocupação não é agradar aos homens, mas a Deus.

Essa também deve ser nossa preocupação: agradar a Deus. É claro que isso não quer dizer que não devamos ter qualquer preocupação de agradar nossos irmãos, nossos líderes. Todos nós que ministramos na igreja de Deus procuramos nos dedicar para agradar a Deus, todavia, enquanto seres humanos, precisamos ser reconhecidos. Não há nenhum pecado nisso. Quando dizemos que não fazemos isso ou aquilo para o líder, para o pastor, mas sim para Deus e, portanto, não estamos nem aí se ele elogiou ou não, estamos falando uma meia verdade. É verdade que fizemos para Deus, mas não é verdade que não estamos nem aí para os elogios, estamos sim, isso é muito importante para nós, humanos. O mesmo devemos fazer para com os nossos liderados, bem como para com os nossos filhos.

Outra coisinha: Paulo também não está querendo dizer aí que aprender com o outro não seja importante. Sempre temos alguma coisa para ensinar a alguém e muitas coisas para aprender com alguém. Ele não está desmotivando esse tipo de experiência. O foco aqui é que o evangelho pregado não é fruto de aprendizado humano, mas da revelação de Deus.

17 - Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.

18 - Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias.

19 - E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.

20 - Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto.

21 - Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia.

22 - E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo;

23 - Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.

24 - E glorificavam a Deus a respeito de mim.


O TESTEMUNHO DE PAULO CHEGA ANTES DELE ÁS IGREJAS

Paulo é um exemplo lindo da transformação promovida pelo evangelho de Cristo. O seu testemunho chegava antes dele. As igrejas da Judéia, por exemplo, não o conheciam, mas já sabiam da transformação pela qual ele passara. Nesse sentido, o versículo 23 é muito legal: “Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía.” Paulo tornara-se um ex-anticristão, agora estava apaixonado, envolvido com a causa que antes buscava destruir, e os irmãos da Judéia, mesmo antes de conhecê-lo, já conheciam esse lindo testemunho de transformação.

Onde você estaria hoje, nesta manhã de domingo, se não tivesse sido alcançado pelo evangelho?


LIÇÃO 03 - 14/11/2010


O EVANGELHO DA CIRCUNCISÃO E O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO


CAPÍTULO 2

3 - Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se;

4 - E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;

5 - Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

6 - E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;

7 - Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão

8 - (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),

9 - E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;

10 - Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

11 - E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.

14 - Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?


Esse texto nos ensina o princípio da convivência com o diferente, com o não-eu, com os companheiros de outras denominações, com as pessoas que veem determinadas coisas com um olhar diferente do nosso. O evangelho da circuncisão praticado por Pedro e por outros apóstolos era perfeito para os judeus, mas não para os gentios. Para estes, o Senhor chamou Paulo e o enviou a pregar o evangelho da incircuncisão. Estamos falando da lei e da graça. Vou tentar defini-las de uma forma bem simples no poeminha a seguir:

É pela graça que somos salvos,


Não pela lei.


Estaríamos fritos se nossa salvação dependesse da lei,


A lei aponta nossos pecados


E exige punição.


A graça reconhece nossos pecados e os perdoa.


Não temos que dar muitas explicações,


Apenas reconhecermos que falhamos


E que somos dependentes dessa graça divina.


As formalidades religiosas


Não são mais importantes que as pessoas.


Circuncisão ou incircuncisão?


Que importa?


Importa tão somente a graça divina


Através de Jesus.


É pela graça que somos salvos.



“DEUS NÃO ACEITA A APARÊNCIA DO HOMEM...” ELE VAI ALÉM.

Nós, humanos, temos a feia mania de julgar pela aparência, de rotular as pessoas, de analisá-las a partir dos seus títulos, dos seus cargos. Para Deus, diz Paulo, não rola nada disso. Deus não está nem aí para a nossa formação acadêmica, para os nossos títulos, para os cargos que exercemos na igreja e/ou na sociedade. Deus vê algo mais que isso. Deus vê além de nossas atitudes, Ele vê nossas intenções. A propósito, vou recorrer a um outro texto de minha autoria, do livro PERSONAS, para esclarecer melhor esse lance aí, de uma forma bem simples.


COMO DEUS ME VÊ

Quando Deus olha dentro de mim,


O que será que Ele vê?


Talvez Ele não veja a mesma coisa


Que vejo quando me ponho


Diante do espelho,


Talvez Ele veja algo que não está à mostra,


Talvez veja um cara normal,


Talvez um monstro,


Um egoísta,


Um preconceituoso.


Quando ele olha pra mim,


Vê consciente e inconsciente.


Tenho medo do meu inconsciente,


É assustador,


Sem limites,


Sem princípios,


Sem regras.


Quando Ele olha pra dentro de mim,


Vê uma natureza insubmissa


Que preciso controlar.


Somente uma coisa me tranquiliza:


Independente do que veja,


O faz com misericórdia,


Com um amor sem tamanho,


Com um ar de


“mesmo assim, eu te amo.”


Ele não me vê como o outro me vê,


Uso máscaras,


Personas,


E com elas defino como quero ser visto


Pelo outro,


Mas Deus vê além das máscaras,


Além do que mostro


E deve achar ridículo, patético,


Quando escolho uma máscara


Tão distanciada de minha realidade.


Não passamos de personalidades mascaradas,


Capazes de proferir belos discursos


E de vivermos completamente diferente deles,


Capazes de dizer “te amo”


Enquanto pensamos qualquer coisa diferente disso,


Capazes de declarar a Bíblia nossa regra de fé


E de não aplicarmos seus ensinamentos,


Capazes de fazer a “obra de Deus”


Quando estamos, na verdade,


Fazendo a nossa obra,


Buscando a nossa promoção,


Pensando numa possível candidatura


A um cargo político.


A diabólica “santa inquisição”


Pertence ao passado,


Mas continuamos matando o outro,


Se não fisicamente,


Espiritualmente;


Se já não o confinamos para sempre


Em calabouços,


O segregamos,


O afastamos,


O comprometemos


Emocionalmente.


E descaradamente,


Fazemos tudo isso em nome de Deus.


O outro é diferente,


O diferente é estranho,


O estranho me perturba,


Eu quero ficar bem com Deus,


Para isso, preciso distanciar-me do outro?


Do não eu?

Do não cópia?


Do não amém?


Então vou pedir a Deus


Que afaste de mim o outro


Para que eu volte a ficar bem?


O outro pode ser o caos


E como não sei lidar com o caos


Que Deus o leve para longe.


Não quero que Deus veja isso em mim.


Quero que veja um pecador,


Um usuário de máscaras,


Um ser humano cheio de falhas


E de boas intenções,


Um caos ambulante,


Um ser em construção,


Capaz de errar


E de reconhecer seus erros,


Capaz de magoar


E de pedir desculpas,


Um ser incompleto,


Porém de cara limpa,


Que ao invés de pedir a Deus


Que leve o outro


Que não concorda comigo


Para longe,


Me dê sabedoria para conviver com ele


E respeitar suas diferenças.

É isso, queridas e fofas pessoas. O outro pode até ser problemático, “enguiçado”, como diz nosso companheiro Luciano, mas eu também não sou perfeito, também sou estranho e enguiçado, mas precisamos conviver. Excluir pessoas não as cura, apedrejá-las também não. De qualquer forma, vamos combinar assim: se você não tem nenhum defeito, então está autorizado a apedrejar o outro. Agora, se tem, meu querido, minha querida, jogue sua pedrinha no montinho e vamos juntos “caminhando, cantando e seguindo a canção...”, nos suportando em Cristo, conforme Efésios 4:2: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor.”



LIÇÃO 04 - 21/11/2010


A LEI E A FÉ


CAPÍTULO 3

3 - Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?

4 - Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.

5 - Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?

6 - Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

7 - Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.

8 - Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.

9 - De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.

10 - Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.

11 - E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé.

13 - Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;

23 - Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.

24 - De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.

25 - Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.

26 - Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

27 - Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.

28 - Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

29  - E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.


A palavra aio vem do grego e significa tutor. Refere-se a uma pessoa responsável por conduzir uma criança. Nos dias de Paulo, os aios eram servos responsáveis pela proteção dos filhos de seus senhores, levando-os para a escola, disciplinando-os. Eles não eram professores, eram uma espécie de cuidadores das crianças. Era uma situação temporária. Quando a criatura atingia a maioridade, não precisava mais do tutor.


Paulo usa a metáfora do aio para mostrar às pessoas que a partir do evangelho de Cristo elas não estavam mais sujeitas à Lei do Velho Testamento, uma vez que a lei cumpriu sua função temporária (versos 23-25). Agora, então, estavam livres de rituais como a circuncisão ou a guarda do sábado. O aio, portanto, representa a lei, e a fé representa o evangelho de Cristo.

O fato é que com o passar do tempo, muitas igrejas foram voltando para a lei, embora não admitam isso; foram construindo rituais e normas rígidas a serem seguidas, foram engessando seus membros em nome de uma santidade difícil de ser entendida, foram perdendo a simplicidade do evangelho de Cristo.

Lá na igreja da Galácia, o grande problema que Paulo busca contornar através desta epístola é exatamente esse conflito entre as práticas da Lei, especialmente a circuncisão, e a fé. Ele declara que somos justificados pela fé e não pelas obras da lei. No texto em estudo (verso 3), ele declarara-se decepcionado com aquela turma que começou pelo espírito, mas acabaram voltando para a carne.

Para combater o argumento judaizante que propunha o cumprimento da lei mosaica mesmo pelos não judeus convertidos a Cristo, Paulo recorre ao Velho Testamento, dizendo que Deus já havia anunciado que os gentios seriam justificados pela fé ao declarar para Abraão que todas as nações seriam benditas a partir dele e de sua descendência. Assim, ele arremata o assunto dizendo que todos aqueles que são da fé, ou seja, que creram em Jesus Cristo, são benditos juntamente com o crente Abraão. Isso nos inclui, evidentemente. Então, concluímos, que apesar de nossas infofezas, a fofeza do evangelho de Cristo nos justifica. É muita belezura.


PERANTE DEUS, SOMOS TODOS IGUAIS


Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. – verso 28

O princípio da igualdade entre todos nós é uma das coisas mais lindas, mais fofas do Cristianismo, entretanto, isso também foi se perdendo com o tempo. O Clero católico apresentava uma pirâmide em que no topo vinha Deus, logo a baixo, o Clero, e depois, o povo de Deus. O frei Leonardo Boff, nos anos 80, propôs uma inversão em que primeiro aparece Deus, logo abaixo o povo de Deus e por fim, o clero, cuja função é servir ao povo de Deus. Isso é lindo demais! É Isso, gente, a liderança da igreja tem como função servir ao povo de Deus, é isso que nós fazemos.

Mas voltando a questão específica do verso 28, não há judeu nem grego; servo nem livre; nem patrão ou empregado; macho ou fêmea; liderança ou liderado, somos todos iguais, somos todos um só corpo em Cristo. Essa visão desesperava os romanos, por exemplo, que não conseguiam aceitar a igualdade em relação a seus escravos. “Imaginem só: eu igual aquele carinha?” Ah, mas é assim que Deus nos vê: todos iguais.

PAULO CRITICA O LEGALISMO DA RELIGIÃO

Ao criticar os judaizantes, Paulo está criticando qualquer sistema religioso que condicione a aproximação de Deus ao cumprimento de qualquer ritual. Deus não está limitado a nenhuma religião, Ele não é propriedade do Cristianismo ou de qualquer outro grupo. A partir do sacrifício de Cristo e através dele, qualquer pessoa pode aproximar-se de Deus.

Jesus se referia aos legalistas do seu tempo de uma forma muito firme, deixando claro para eles que a misericórdia e a fé deveriam estar acima de qualquer formalidade. Há uma coisa no Cristianismo que precisa estar acima de qualquer outra: a compaixão. Compaixão é o co-sofrimento, é a capacidade de sentir a dor do outro, de sofrer o sofrimento do outro, de amar o outro como a si próprio.

Mas enfim, voltemos ao que disse Jesus sobre os legalistas:

Mateus 12:34 - Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

Mateus 23:23 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

24 - Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.

25 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.


Bem, de jeito nenhum eu gostaria de ouvir de Cristo essas palavras sinistras sublinhadas no texto bíblico acima, então de jeito nenhum vou colocar qualquer ritual, qualquer dogma religioso acima dos seres humanos; de jeito nenhum vou achar que sou a coisinha mais fofa dessa igreja, sendo imperfeito como sou; de jeito nenhum vou olhar para as pessoas achando-as imperfeitas e enguiçadas diante de uma suposta santidade minha. Abaixo ao fundamentalismo, companheiros, a luta continua. Amei dizer isso.


LIÇÃO 05 - 28/11/2010


PARA A LIBERDADE FOI QUE CRISTO NOS LIBERTOU


CAPÍTULO 4

1 - DIGO, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo;

2 - Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai.

6 - E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

7 - Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

8 - Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.

11 - Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.

13 - E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne;

14 - E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo.

15 - Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.

16 - Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?

17 - Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.

18 - É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco.

19 - Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós;

20 - Eu bem quisera agora estar presente convosco, e mudar a minha voz; porque estou perplexo a vosso respeito.

21 - Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

22 - Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.

23 - Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

ABA, PAI

Para entendermos melhor essa expressão, vou recorrer a uma ilustração feita pelo pastor Ed René Kivitz. Ele propõe que imaginemos a seguinte situação: como uma criança que acaba de conhecer o mar, um marinheiro e um oceanógrafo definem o mar? O oceanógrafo vai falar de nomes, estudos, pesquisas, enfim, do seu conhecimento técnico do mar. O marinheiro (pescador) vai falar da experiência pessoal com o mar, da vida, do dia a dia, da emoção de estar no mar (Ah... o mar...). A criança, mesmo sem ter conceitos prontos sobre o mar, vai falar cheia de emoção e espontaneidade com a alegria inocente de quem acaba de conhecer algo grandioso e fantástico (é o que acontece com o novo convertido). Essa expressão, portanto, sugere intimidade com Deus. Essa intimidade é gerada a partir do momento em que nos aproximamos dEle, a partir do momento em que nos tornamos seus filhos por adoção, através de Jesus Cristo. E filho por adoção torna-se filho legítimo, até mesmo capaz de tornar-se parecido com seus pais adotivos. Somos assim em relação a Deus, nos tornamos parecidos com Ele, nos tornamos sua semelhança. Os gálatas haviam experimentado essa intimidade com Deus, e estavam abrindo mão dela por um evangelho mais fácil, por um evangelho diferente daquele que haviam recebido de Deus através de Paulo. Será que essa realidade mudou em relação a igreja de hoje? Será que não tem irmãos nossos trocando o evangelho da cruz, o legítimo evangelho de Cristo pelo evangelho curandeiro dos pastores eletrônicos? pelo evangelho enriquecedor da teologia da prosperidade? Queridos, não podemos abrir mão de nossa intimidade com Deus por nenhuma facilidade contemporânea. Nem um extremo nem outro: você não tem que sofrer horrores neste planeta para ter direito a uma vaga no céu e nem tem que achar que aqui é um paraíso, que não pode adoecer, que não pode ter perdas, que não pode sofrer um pouquinho. Nenhum desses dois extremos tem respaldo bíblico. Viva a simplicidade do evangelho de Cristo, preocupe-se com o outro, ame-o, aprenda a viver com as diferenças, ajude a diminuir as desigualdades, curta a sua família, ame a sua igreja, faça o que lhe vier às mãos para fazer, apresente-se para o trabalho, invista na sua vocação e não abra mão do primeiro amor, do “aba, pai”, da intimidade com Deus.


A FRUSTRAÇÃO DE PAULO COM OS GÁLATAS

Paulo está frustrado com os gálatas. É nítida sua decepção ao longo do texto, mas nem por isso deixa de citar suas qualidades, seus acertos. Ele diz ter certeza que seriam capazes de doar-lhes seus olhos se isso fosse possível, o que sugere, no entendimento de alguns, associado ao texto “vede com que grandes letras vos escrevi” (6:21), que o apóstolo tivesse algum problema de vista. É claro que pode ser entendido também como uma metáfora: dar os olhos a alguém significa estar disposto a fazer absolutamente qualquer coisa por essa pessoa. Seja um caso ou outro, Paulo fala dessa disponibilidade daqueles irmãos e, mesmo chateado, refere-se a eles como filhinhos, dizendo sentir por eles, mais uma vez, dores de parto até que a fé em Cristo esteja solidificada neles, o que enfatiza um trabalho de discipulado que precisa ser desenvolvido pela igreja após a conversão do indivíduo. Precisamos sentir essas mesmas dores pelos nossos irmãos. Precisamos ajudá-los no processo de amadurecimento de sua fé. Precisamos agir diferente daquela forma que agia a igreja de décadas atrás que mais queria ver sangue do que investir na cura emocional e espiritual das pessoas; precisamos apagar de nossas mentes aquelas assembleias acaloradas em que tinha que haver exclusão para que as pessoas saíssem felizes. Esse FILHINHOS usado aqui por Paulo nos remete a uma citação de João em que ele usa a mesma palavra: “FILHINHOS, não pequeis...”, mas se isso acontecer, não se matem, temos um advogado diante do pai. Isso é muito lindo. Isso não nos dá base para pecarmos premeditadamente, isso nos dá a tranquilidade de que sendo pecadores, Deus tem misericórdia de nós e de que é pela graça que somos salvos, e de que se nossa salvação dependesse do cumprimento irrestrito da lei, estaríamos fritos. Então será por que que tanto nos dias de Paulo como ainda hoje tem tanta gente trocando a simplicidade do evangelho de Cristo pela complexidade da lei? Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.


SOMOS FILHOS DA PROMESSA

Nós somos filhos da promessa e a promessa de Deus é para hoje, para agora, ou seja, as bênçãos do reino de Deus já nos estão disponíveis. Tem uma musiquinha besta a beça que nós cantamos sem nos dar conta do significado equivocado que ela tem.

Estamos reproduzindo automaticamente discursos do tipo: “o melhor de Deus está por vir”. Deveríamos estar dizendo: o melhor de Deus já está a nossa disposição. Quando entramos nessa de que “o melhor de Deus está por vir”, acabamos alimentando uma ansiedade e um desconforto nas pessoas. Elas deixam de viver o presente porque o melhor de Deus está por vir. Assim, não vivem com intensidade o momento atual esperando o melhor de Deus. Diariamente vivem a angústia do presente e a ansiedade do futuro esperando esse melhor de Deus que nunca chega. Daqui a cinco anos, estarão ainda repetindo que o melhor de Deus está por vir. Não seria isso um exemplo de evangelho anátema? Vamos viver o hoje, companheiros e companheiras. O meu amanhã será consequência do que eu fizer hoje. O melhor de Deus já está entre nós. Curta. Reduza a ansiedade. “O maná de amanhã só vem amanhã.” Se tentar guardar um pouquinho para amanhã, vai apodrecer. Um dia de cada vez (Mt 6):

26 - Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27 - E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

28 - E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;

29 - E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30 - Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

Companheiros e companheiras, não somos filhos da escrava; não somos, portanto, escravos da lei. Somos filhos da promessa. Estamos livres da maldição da lei, estamos livres dos rituais, da guarda do sábado, da circuncisão e de mais um lote de coisas. Somos filhos da livre, da promessa, somos salvos pela graça de Deus e não pelo cumprimento de qualquer ritual. Paulo disse isso aos gálatas e eu repito para todos nós: foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Não para a liberdade de pecar, para liberdade de adorarmos do nosso jeito, para a liberdade de amarmos nossos irmãos, mesmo quando eles erram sem que sejamos obrigados a denunciá-los pelo descumprimento da lei, para a liberdade de mudarmos de vida, para a liberdade proporcionada pela graça de Cristo.


LIÇÃO 06 - 05/12/2010


OS FRUTOS DA CARNE


CAPÍTULO 5

1 - ESTAI, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.

4 - Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.

5 - Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.

6 - Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.

7 - Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?

10 - Confio de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquele que vos inquieta, seja ele quem for, sofrerá a condenação.

12 - Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando.

13 - Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.

14 - Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

15 - Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.

16 - Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.

17 - Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.

18 - Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19 - Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,

20 - Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21 - Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.


LIBERDADE PARA AMAR E NÃO PARA PECAR

Paulo frisa que a liberdade em questão não é para pecar, para dar lugar a carne, mas para nos servir uns aos outros. SERVIR... que palavra bacana e tão mal entendida por tantos. Nossa função enquanto ministros da igreja é servirmos ao povo de Deus e não sermos servidos. Era isso que Paulo estava fazendo, servindo, correndo riscos.

O ministério de Paulo envolvia riscos, de vida, inclusive, ou de morte, se você preferir assim (risco de vida ou risco de morte tem absolutamente o mesmo significado). Em sua relação com os gálatas, ele correu o risco de ser mal entendido, de ser esquecido, substituído, trocados por outros caras que apresentavam um novo evangelho. Nem por isso, ele deixou de apresentar o evangelho, nem por isso ele deixou de implantar uma igreja ali.

Diante da substituição do evangelho pregado por Paulo por um outro evangelho a que ele chamou de anátema, sua reação não foi de omitir-se e deixar a vida fluir e que vença o melhor, foi de mais uma vez se expor ao grupo e mais uma vez correr riscos, mas por amor (verso 14), tudo isso valeria a pena.


AS OBRAS DA CARNE

Do verso 19 ao 21, Paulo faz uma lista sinistra do que ele chama de obras da carne. Ele fala de uma dualidade: o espírito contra a carne, a carne contra o espírito. Em outras palavras estamos falando da crise de servir a Deus fazendo parte de uma sociedade corrupta, sem valores. Ele diz que se estamos guiados pelo espírito podemos nos afastar de todas essas coisas. Bom, vou tentar definir pra vocês cada uma dessas obras da carne.

1. ADULTÉRIO – Traição conjugal, sexo fora do casamento. Trair não limita-se a fazer sexo. Se uma pessoa casada ou comprometida com outra beija na boca de uma terceira pessoa, isso também é traição conjugal.

2. PROSTITUIÇÃO – Prostituir-se não se limita a alugar o corpo em troca de dinheiro. Fazer sexo com diversos parceiros, entregar-se sexualmente (ainda que sem cobrar) a alguém em busca simplesmente de prazer é um ato de prostituição.

3. LASCÍVIA – Tem o sentido de uma sensualidade provocativa. Tem a ver com submeter o outro a uma tentação a partir do meu corpo. Usar uma minissaia para provocar o efeito “baba, baby” é lascívia. A exposição do corpo masculino ou feminino com essa intenção caracteriza lascívia.

4. IDOLATRIA – De idolatrar, tornar alguma coisa em ídolo. Eu diria que é qualquer forma de fanatismo: religioso, esportivo, político-partidário. Todo exagero é condenável. Idolatria aqui não se refere exclusivamente a adoração de imagens, mas também de pessoas, clubes, religiões de uma forma além do tolerável, além da normalidade de gostar muito.

5. FEITIÇARIA – Não se refere simplesmente àquilo a que chamamos popularmente de macumba. Qualquer tentativa de manipular o divino, por exemplo, é feitiçaria. Você achar que tem alguma forma de domínio sobre Deus, que ele atende a todos os seus caprichos, que basta tão somente você (simbolicamente) balangar uma varinha mágica e Deus vai fazer, isso também é feitiçaria, assim como conversar com os mortos. Beber aguinha que fica em cima da televisão enquanto um cara lá do outro lado ora por ele, tornando-a benta é feitiçaria, assim como jogar sal grosso em baixo da cama e usar um galhinho de arruda na orelha.

6. INIMIZADES – Tenho certeza que sabemos bem o que é. É a capacidade não apenas de não ter amigos, de não construir amizades sólidas, mas também de impedir que outras se formem. Criar e/ou repassar comentários levianos sobre alguém, fazer fofocas para separar amigos e outras coisitas mais tem a ver com isso.

7. PORFIAS – Criar contenda através da palavra. Discussões bestas, discórdias sem razão, oposição cega, recusa de seguir a orientação de seus líderes e estimulação a contendas são exemplos de porfia.

8. EMULAÇÕES – Tentativa de imitar alguém de forma a superá-lo, rivalidade. Fazer qualquer coisa para mostrar que pode ser como o outro ou melhor que ele.

9. IRAS – Ira é uma raiva intensa, cólera, desejo de vingança. Guardar raiva de alguém a fim de vingar-se num momento considerado oportuno. É mais que uma raiva momentânea, é algo que se guarda por tempo prolongado.
10. PELEJAS – Brigas, combate, rivalidade agressiva. Disputar com o outro o tempo todo.

11. DISSENSÕES - Nesse contexto, não se refere apenas a divergência de opinião, o que é comum, normal entre as pessoas. Refere-se, na verdade, a desavença, discórdia. Quando você semeia a discórdia, criando intriguinhas, você está promovendo a dissensão.


12. HERESIAS – Criação e/ou divulgação de ensinamentos espúrios à Bíblia, com a intenção de promover divisões dentro da igreja.
13. INVEJAS – Essa conhecemos bem, até porque estudamos sobre há alguns bimestres. Invejar não é apenas desejar uma coisa como aquela que o outro tem, mas querer a própria coisa que pertence ao outro. Inveja é como se você se incomodasse com a realização, com a felicidade de alguém, como se a alegria do outro não te fizesse bem.

14. HOMICÍDIOS – Homicídio é assassinato.

15. BEBEDICES – Também sabemos bem o que é. É claro que não está se falando aqui de bebidas como água, sucos e até refrigerantes. No contexto brasileiro, diz respeito à qualquer bebida alcoólica. O fato dessa droga ser permitida, ser oficial ou lícita, como se diz, não quer dizer se possa encher a cara. Os gálatas provavelmente não tinham tantas opções como temos hoje em nosso país, mas enchiam a cara assim mesmo. Um detalhe importante: ICE é bebida alcoólica, tá legal?

16. GLUTONARIAS - Refere-se ao sujeito que come desgraçadamente, além do normal, além do saudável. Como se diz popularmente, come apenas por olho grande e não apenas por fome. O termo também se refere a festas com muita comida, bebidas, sexo e drogas.

Paulo encerra essa relação de coisas horrorosas com um “etcétera”, ou seja, tem outras semelhantes a essas que estão no mesmo pacote. Podemos inferir que essas outras não listadas, porém semelhantes, referem-se aos mais diversos exageros humanos, ou seja, todo exagero é pecado. E mais: quem faz essas paradas aí não herdará o reino de Deus


LIÇÃO 07 - 12/12/2010


O FRUTO DO ESPÍRITO


AINDA O CAPÍTULO 5

22 - Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.


23 - Contra estas coisas não há lei.


24 - E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.


25 - Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.


26 - Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

Paulo apresenta um contraste com as obras da carne ao falar do fruto do espírito. O singular é aplicado para que fique claro que é um “kit”, ou seja, aquele que anda segundo a vontade de Deus apresenta tudo isso. Funciona assim: à medida em que vamos superando o domínio físico, substituindo-o pelo agir do espírito, o fruto vai se manifestando em nós. Não é concebível que uma mesma pessoa apresente ao mesmo tempo as obras da carne e o fruto do Espírito Santo.

Agora, vamos definir cada aspecto do fruto do Espírito:

1. Amor – O amor que o Espírito produz é mais do que o afeto humano comum, por mais sincero que seja. Ele vem da permanência em Cristo e da experiência de seu amor fluindo através da alma.É o interesse e a busca do bem maior para o outro sem esperar nada em troca.

2. Alegria – A alegria é a reação do amor às misericórdias, bênçãos e benefícios de Deus. A alegria cristã não é, porém, dependente das circunstâncias, pois sendo o aspecto do amor, confia em Deus nas mais diversas circunstâncias.

3. Paz – É mais profunda e mais constante que a alegria; é uma característica interior que se manifesta em uma relação pacífica com os outros. Quem apresenta este fruto do espírito procura viver em harmonia com todos, independente de qualquer diferença. É uma quietude de coração baseada na convicção de que tudo vai bem entre o indivíduo e Deus.

4. Longanimidade (paciência) – Como não se trata de uma característica predominante do espírito humano, a maioria de nós carece dessa graciosa virtude: a paciência, que o cristão pode obter por meio da sua aproximação de Cristo e permanência nele. Longanimidade é o amor que não se cansa.

5. Benignidade (delicadeza) – Talvez nada desmereça mais o nosso testemunho e ministério do que a falta de delicadeza. Nenhuma circunstância é capaz de justificar o tratamento indelicado para com os outros por parte de um cristão.

6. Bondade – Obras e atos de bondade, bondade mostrada a outros, obras práticas de amor. Quando o cristão é bondoso de coração, ele faz o bem a outros, sem farisaísmo ou hipocrisia, mas o bem de verdade, de coração, pois a verdadeira bondade é o amor em ação.

7. Fé – Muitos tradutores interpretam o termo aqui empregado como sendo “fidelidade”, o que tem a ver com o caráter do cristão em relação aos outros. Assim, segundo J. Lancaster, “... o que está em vista aqui é a fidelidade de caráter e conduta produzida pela fé.” O verdadeiro cristão jamais será infiel ou desconfiado, terá “fé” nos homens, sofrerá por isso, mas não se importará, sempre há de superar tais frustrações, pois apresenta os frutos do Espírito em sua vida.

8. Mansidão – Lentidão em irar-se e ficar ofendido. Os mansos não são violentos, ruidosos ou agressivos; não brigam, não discutem nem contendem. Não deve ser confundida com timidez, vergonha ou fraqueza, características de um complexo de inferioridade.

9. Domínio próprio (autocontrole) – Domínio próprio ou temperança é, na verdade, autocontrole, verdadeiro amor a si mesmo. Aquele que respeita a si mesmo, que considera o seu corpo um templo do Espírito Santo, exercerá controle sobre seus impulsos.


Contra essas virtudes, finaliza Paulo, não há nenhuma lei, ou seja, nada impede que vivamos dessa forma.


UM FRUTO COM OITO VIRTUDES

Como disse no início desta lição, a palavra fruto como se estivesse se referindo a uma árvore que produz apenas um tipo de fruto. Analisando as palavras utilizadas para falar das virtudes desse fruto, posso inferir que o fruto do espírito de fato é o amor e que todos os termos seguintes referem-se a maneiras diferentes de amar. Assim: o amor produz alegria. Se amo, vivo em paz, sou longânimo e benigno. Se amo, sou fiel, sou manso e sou capaz de promover atos de bondade. Se amo, sou capaz de controlar meus instintos, ou seja, exercer o autocontrole. Enfim, vendo dessa forma, tudo resume no amor a Deus e ao próximo.

O QUE O FRUTO DO ESPÍRITO NÃO É

Para responder a esse questionamento da melhor maneira possível, vou recorrer a uma apostila do pastor Joel Dias de Oliveira, de São Gonçalo:

“O Fruto do Espírito não tem nada a ver com as qualidades naturais que temos. Sabemos que há quatro tipos fundamentais de temperamentos (ver livro “Temperamento controlado pelo Espírito”): Sanguíneo, Colérico, Melancólico e Fleumático. Cada um deles tem qualidades naturais, que os menos avisados confundem com o Fruto do Espírito. O Sanguíneo é alegre, amoroso, serviçal e terno, por natureza; o Colérico é autocontrolado; o Melancólico é Fiel; o Fleumático é calmo e pacífico. No entanto. O Fruto do Espírito é muito mais importante do que as qualidades naturais. A produção do Fruto do Espírito é muito mais importante do que as qualidades naturais. A produção do Fruto de Espírito impede as manifestações negativas e canaliza as positivas. O Sanguíneo é alegre, mas também explosivo. Se ele produz o Fruto do Espírito, continua alegre, passa a ter a alegria do fruto e deixa de ser explosivo.”




















































































































domingo, 22 de agosto de 2010

JUNIORES - agosto e setembro/2010

ENCONTROS COM  CRISTO


UMAS POUCAS PALAVRINHAS...

Queridinhos e queridinhas, fofos e fofas, o lance é o seguinte: durante os próximos seis domingos, falaremos sobre diversos encontros que pessoas tiveram com Cristo no Novo Testamento, e refletiremos sobre nosso próprio encontro com Cristo, sobre a necessidade de termos uma experiência com Cristo.

Gente, todos precisamos nos orgulhar da situação de evangélicos, nos orgulhar de sermos seguidores de Cristo. Não podemos ter um encontro com Cristo às escondidas, como queria Nicodemos, que estudaremos na última lição. Não podemos ter vergonha de Cristo, assim como não podemos ter vergonha de nossa família, de nossos pais. Muito pelo contrário, temos que falar de nossa família com orgulho, temos que apresentar nossos pais para nossos amigos, temos que amar a Cristo e afirmar isso publicamente, e viver isso publicamente.

É isso então. Boas aulas pra vocês, bons debates e vamos produzir bastante.
Um abraço bem fofo para cada um.

Isac Machado de Moura


Lição 01 - 29/08/2010

UM ENCONTRO MARCANTE COM CRISTO


A MULHER DO FLUXO DE SANGUE


MARCOS 5

25 - E certa mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue,

26 - E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;

27 - Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste.

28 - Porque dizia: Se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei.

29 - E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal.

30 - E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou nas minhas vestes?

31 - E disseram-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e dizes: Quem me tocou?

32 - E ele olhava em redor, para ver a que isto fizera.

33 - Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.

34 - E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal.

Esta mulher sofria com um fluxo de sangue, segundo o registro de Matheus, há doze anos. Ela acreditava que poderia ser curada se tão somente tocasse na roupa de Jesus. Ela segue-o e toca suas vestes. Imediatamente o fluxo de sangue é interrompido e ela é curada. Uma coisa muito interessante nesse registro é o fato de Jesus sentir que virtude saiu dele. Caraca, ele estava no meio de um tumulto danado, mas percebeu que alguém lhe tocara com muita fé e esse toque gerou a cura daquele mal. Os discípulos argumentam: “mas ‘peraí’, companheiro Jesus, esse tumulto danado aqui, um montão de gente se atropelando, se esbarrando e você nos pergunta quem te tocou, só pode estar de brincadeira”. Jesus, então, contra-argumenta: “gente, eu sei que o tumulto é grande, mas não estou falando apenas de esbarrar, estou falando que alguém me tocou com tanta fé, que virtude saiu de mim”. A mulher, então, humildemente, e muito preocupada, se apresenta: Senhor, fui eu quem te tocou, me perdoe... e aí conta toda a sua história. Jesus diz a ela que tudo bem, que ela está curada em função da sua fé. Que encontro mais fofo!

Gente, todo encontro com Jesus surte algum efeito especial. No caso dessa mulher, ela foi curada. E você, pessoa, você já viveu intensamente um encontro com Jesus? Você já teve uma experiência pessoal com Deus?

Vamos refletir: se você é filho ou filha de crente, se já nasceu em berço evangélico, você precisa, de qualquer forma, ter um encontro pessoal com Jesus Cristo, ter uma experiência marcante com ele. Você não pode se basear simplesmente na experiência de outros, seja do seu pai, da sua mãe ou de alguma outra pessoa que você conhece. Você precisa viver sua própria experiência.

Até o momento em que essa mulher do fluxo de sangue se encontra com Jesus, ela não tinha uma experiência pessoal com ele, ela conhecia de ouvir falar. Naquele dia, no entanto, ela viveu sua própria experiência, ela recebeu a cura e passou a ter um compromisso com o Senhor.

Observe que antes de falar da confirmação da cura daquela mulher, Jesus diz a ela que a sua fé a salvara. Não devemos procurar o Senhor simplesmente para conseguirmos uma cura física ou qualquer outro bem material. Precisamos procurar o Senhor, buscar uma experiência pessoal com ele porque o amamos, porque ele morreu por nós. O que recebermos além disso será um carinho especial de Deus para conosco. Dessa forma, no contexto estudado, primeiro “a tua fé te salvou”; depois, “sê curada deste mal”.

Mt 6:33 - Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

VAMOS REFLETIR UM POUQUINHO

1. Você conhece alguma pessoa que tenha sido curada por Jesus de uma doença física?

2. O que você acha que é necessário para alguém ser curado de uma doença, ou seja, para receber um milagre de cura?

3. O que você acha da atitude daquela mulher? Você faria a mesma coisa que ela fez?

4. Por que você acha que a mulher dessa história se dirige a Jesus com um certo “medo”?


Lição 02 - 05/09/2010

UM OUTRO ENCONTRO TRANSFORMADOR COM JESUS


O COXO DO TANQUE DE BETESTA

João 5

2 - Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.

3 - Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água.

4 - Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.

5 - E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.

6 - E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?

7 - O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.

8 - Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.

Gente, esse caso aí, nós vamos analisar em forma de poesia, tá? Antes só quero dizer o seguinte: segundo alguns estudiosos, o lance da água que era mexida por um anjo naquele tanque era uma lenda. Na verdade, a água se movimentava por conta de um fenômeno físico e não sobrenatural. Como as pessoas acreditavam plenamente no sobrenatural, no anjo que movimentava as águas, ficavam ali aguardando o mover para pular dentro do tanque. O primeiro que entrava, e somente o primeiro, era curado de qualquer enfermidade. Se o cara era deficiente físico não tinha nenhuma chance.
Ao curar esse cara fora do tanque, Jesus, de certa forma, desmoraliza o tanque e chama para si a atenção, ou seja, é Cristo que cura, não importa onde ou como, é Ele que tem esse poder. A um cego, ele diz simplesmente: “vê” e a visão do cara é ativada; outro cego, no entanto, ele prefere curar colocando no olho do cara uma mistura de terra com cuspe. No caso do tanque, Ele poderia ter determinado uma movimentação extra das águas, mas preferiu curar o coxo independentemente do tanque.


O MILAGRE DO TANQUE FORA DO TANQUE
(Isac Machado de Moura)

Esquecido por todos,

aquele homem esteve ali

por 38 anos,

como um objeto,

uma coisa,

um ser inanimado,

parte indesejável da paisagem,

como alguém que entrou

para a rotina visual dos transeuntes.

Hoje, ele não estava mais lá,

o que causou estranheza

para uns poucos,

o que nem foi notado pela maioria.

Terá morrido?

Terá acabado seu sofrimento terreno?

Terá se livrado de seu corpo atrofiado,

inerte?

Dizem alguns que após uma estranha e rápida conversa

com um certo homem,

teria juntado suas coisas

e partido.

Como, se ele não andava?

O tal homem teria perguntado,

imaginem só,
se ele queria ser curado.

Que pergunta estranha!

E mais estranha ainda foi a resposta:

sim!

Ora, curado ele terá que trabalhar,

buscar seu próprio sustento;

curado, não será mais merecedor da piedade de todos...

Ainda assim, ele quis ser curado,

e saiu feliz.

Para onde teria ido?

O que vai fazer agora?

Mais de 40 anos de idade,

nenhuma experiência profissional,

nada mais que justifique a compaixão dos outros.

O que fará para viver agora?

Onde vai morar?

Passou ali toda uma vida

esperando o milagre do tanque,

e foi curado fora dele.

Ele disse sim.

Foram trinta e oito anos ali.

Com quantos anos terá sido deixado naquele local?

Por quem?

Esquecido por todos!

Trinta e oito anos

e nem por isso acostumara-se,

queria movimentar-se,

caminhar,

arriscar,

aceitou ser curado

sem pensar nas consequências.

Disse sim

e saiu feliz,

saltitante,

pronto para os riscos

de um futuro sem garantias.


VAMOS CONCEITUAR AS COISAS

1. Como você definiria uma experiência pessoal com Deus?

2. Você já teve uma experiência pessoal com Deus, um encontro especial com o Senhor?

3. O que você entende por compromisso com Cristo, com o próximo e com a igreja?

4. O que você acha que aconteceu com o moço da história de hoje após ter sido curado por Cristo?

5. Vamos tentar representar esse encontro através de um desenho?


Lição 03 - 12/09/2010

UM ENCONTRO FRUSTRANTE COM CRISTO

MATEUS 19

16 - E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?

17 - E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

18 - Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;

19 - Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.

20 - Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

21 - Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.

22 - E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

23 - Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.

24 - E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

25 - Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?

26 - E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Esta mesma história é narrada também em Marcos 10. O cara até queria seguir a Jesus, mas ele esbarrava em sua própria riqueza. Ele achou muito pesada a orientação de Cristo quanto a vender suas propriedades e distribuir para os pobres. O cara não conseguia se desprender dos bens materiais. Ele teve um encontro com Cristo, mas não conseguiu mudar sua vida.
É muito interessante observar o seguinte: esse cabra da narrativa achava que estava abafando, que estava de bola cheia porque guardava os mandamentos, mas Jesus diz pra ele que apenas o fato de guardar os mandamentos ainda não era suficiente, ele precisava de algo mais: pensar no outro, abrir mão de suas riquezas para amenizar as desigualdades sociais. E tinha mais um detalhezinho: feito isso, ele deveria seguir a Jesus sem se preocupar com bens materiais, ou seja, sem colocar seus bens materiais em primeiro plano. Aí ficou puxado pra ele.

Quando Jesus fala na dificuldade de um rico entrar no reino dos céus, ele não está dizendo que uma pessoa que tenha recursos materiais não poderá de jeito nenhum entrar no reino. Ele está dizendo que não entrará no reino qualquer pessoa que ponha seus bens materiais acima dos seres humanos e acima de um encontro genuíno com o Senhor. Ele está dizendo que mais importante que as riquezas são as pessoas e que para seguir a Jesus é preciso se desprender daquilo que é terreno.

Gente, Cristo morreu por todos nós, por todos o seres humanos. Precisamos, então, aceitar seu sacrifício e segui-lo, buscando uma experiência pessoal com ele.

Na primeira faculdade que fiz, de Letras, conheci uma menina do curso de História, e nos tornamos amigos. Como gostávamos muito (e ainda gostamos) de poesia, trocávamos textos nossos, compartilhávamos nossas criações. Estou falando de Cida Magalhães, uma criaturinha muito especial. Um dos textos mais lindos que recebi dela, vou compartilhar com vocês aqui nesta lição para pensarmos um pouquinho sobre ele, tá? No momento em que escreveu esse poema, ela era católica, muito atuante na igreja. Hoje, ela é batista.

Na análise que Cida faz em seu lindo texto, todos nós, assim como o jovem rico da história de hoje, fomos e somos alvos do amor de Cristo. Nós não podemos nos salvar, mas Cristo morreu por nós para que fôssemos salvos através dele.

O jovem rico não conseguiu abrir mão de suas riquezas para seguir a Jesus. E você, abriria mão de qualquer coisa para segui-Lo? Ou há alguma coisa ainda que te separa de uma vida íntima com Cristo?

EU NA CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO
(Cida Magalhães)

Cristo,

eu participei da tua crucificação

quando te glorificava com palavras,

mas em gestos e pensamentos

vivia egoisticamente,

e em meio ao desespero,

me refugiava em ilusões e alegrias passageiras.

Quando eu orava, pedia a paz,

mas não vivia o teu amor...

eu te traí como Judas.

Quando, com meus amigos,

proferi palavras obscenas

em vez de falar dos teus mandamentos;

quando tive a chance de te manifestar,

mas me calei por medo ou timidez;

quando diante da agonia de um irmão,

não levei a tua mensagem...

eu te neguei como Pedro.

Quando diante de um erro,

me omiti

e numa situação que poderia resolver,

cruzei os braços em troca de uma falsa paz;

quando compactuei com uma injustiça

e, sabendo da verdade,

procurei me proteger...

aí fui Pilatos e lavei as mãos.

Quando preferi me divertir

e não fui visitar o meu irmão doente,

solitário, esquecido

e nem lutar pelos que são explorados;

quando optei pelas facilidades

que se apresentavam

ao invés de escolher os teus caminhos...

eu fui o povo e escolhi Barrabás.

Quando via o meu irmão indo à igreja,

estudando a tua Palavra e criticava;

quando o meu irmão vinha me falar de Ti

e eu simplesmente não queria saber...

fui os soldados romanos

e zombei da tua natureza e do teu poder.

Eu te traí, te neguei, te omiti, te desprezei...

Perdão, Cristo!

Foi loucura...

Mas eu também participei da tua crucificação.


Gente, vamos respeitar: que texto lindo! Quantas vezes já fomos Judas, ou Pedro, ou Pilatos, ou o povo, ou os soldados romanos? Quantas vezes somos cristãos evangélicos batistas só de nome? Quantas vezes, assim como aquele cara do texto bíblico em estudo afirmamos que cumprimos os mandamentos, que temos a Bíblia como nossa regra de fé e nem mesmo a lemos?

Para Deus, meninos e meninas, pouco importa se somos membros de uma igreja evangélica. Isso por si só diz muito pouco. O que importa para Deus são nossas práticas, nossas ações, nossa experiência pessoal com Ele. O rapaz da nossa história de hoje, até teve um encontro com Cristo, mas não conseguiu segui-lo, não viveu uma experiência intensa com ele, não firmou um compromisso com ele. É como aquele cara que vai a igreja regularmente para cumprir tabela, mas não entendeu ainda a razão de ser crente em Jesus Cristo, e ainda está se perguntando: o que me falta? A resposta é simples: falta uma experiência pessoal com o Senhor.


VAMOS PENSAR UM POUQUINHO...

1. Por que, de acordo com o título desta lição, o encontro estudado hoje foi frustrante?

2. Você já sentiu-se culpado pela crucificação de Cristo? Por que?


Lição 04 - 19/09/2010

UM ENCONTRO COM CRISTO PARA ADORAÇÃO


Maria, a irmã de Lázaro, e seu lindo gesto de adoração.


MATEUS 26

6 - E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,

7 - Aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa.

8 - E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício?

9 - Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres.

10 - Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.

11 - Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre.

12 - Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento.

13 - Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua.

 
ALABASTRO - Pedra, branca ou clara, translúcida, macia, constituída de gipsita.
“Marta era uma pessoa ativa, preocupada com muitas atividades, e Maria gostava de ficar sentada para pensar, contemplar e meditar (Lc 10:36-42). Depois da ressurreição de Lázaro, Marta manifestou o seu amor servindo um banquete a Jesus, e Maria derramando perfume sobre Ele (Jo 12:2,3). É difícil para a pessoa ativa entender a pessoa contemplativa e vice-versa. Ambas são importantes para o Reino de Deus.”
Bom, esse perfume que Maria derrama sobre Jesus era muito caro, feito de puro nardo, aquela quantidade valia mais de trezentas moedas de prata. Uma moeda de prata era a diária de um operário, então podemos imaginar o valor financeiro daquele perfume, mas precisamos entender que muitas coisas e muitas ações têm um valor especial que nada tem a ver com grana. Assim, para Maria pouco importava o custo daquele perfume, ela queria fazer uma homenagem a Cristo e pronto, era o que importava de fato para ela naquele momento, ela queria adorá-lo, ela estava feliz com o milagre acontecido com o irmão. E olha que gesto mais lindo: ela derramou o tal perfume nos pés de Cristo e depois enxugou com seus próprios cabelos. Caraca, que coisa mais linda. Judas, o traidor, questionou o desperdício, alegando que aquele perfume poderia ser vendido e o dinheiro distribuído aos pobres. Jesus, então, sai em defesa de Maria, reconhecendo a importância, a nobreza do seu gesto.

Como já disse, gente, a vida não se resume a grana. Você seria capaz de trair seu melhor amigo ou sua melhor amiga para se dar bem, por algum dinheiro? E um “desconhecido” ou um colega de escola com quem você não tenha qualquer intimidade, você trairia por dinheiro, para se dar bem? Não trair jamais, essa é a questão, esse é o princípio bíblico: “amar ao próximo como a si mesmo.” E independente do próximo, ou seja, do outro ser amigo ou não, conhecido ou não, não podemos trair.

Quando você recebe um presente, você leva em conta o valor financeiro desse presente ou a intenção de quem te deu?

Mas voltemos ao gesto de Maria, ao seu encontro especial com Cristo. Vamos lembrar aqui que essa Maria era irmã de Marta e de Lázaro, o cara que Jesus ressuscitou. Era uma família de amigos pessoais de Cristo. Todos eles tiveram encontros marcantes com Cristo.

Vamos pensar um pouquinho: se você fosse contemporâneo do Cristo materializado, se fosse vizinho dele, você acha que poderia tê-lo como amigo? Vou melhorar a pergunta, adaptando-a à nossa realidade, ao momento em que vivemos: você se considera um amigo de Cristo? Você acha que Ele pode te acompanhar a todos os lugares que você frequenta? Você acha que ele apoiaria a maior parte de suas ações, de suas atitudes, de seu comportamento... por quê? Mais uma perguntinha para reflexão: você acha que adorar o Senhor limita-se a vir para a igreja e cantar musiquinhas animadinhas? Se sua resposta foi negativa, então o que seria adoração?


Lição 05 - 26/09/2010

A Mulher Samaritana, a água da vida e o local para adoração


João CAPÍTULO 4

5 - Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.

6 - E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta.

7 -VVeio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

8 - Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.

9 - Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).

10 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

11 - Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?

12 - És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?

13 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede;

14 - Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.

15 - Disse-lhe a mulher: SENHOR, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.

16 - Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá.

17 - A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

18 - Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

19 - Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

20 - Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

21 - Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.

22 - Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

23 - Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

25 - A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.

26 - Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

27 - E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?

28 - Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:

29 - Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?

30 -Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.


Esse encontro com Cristo também é lindíssimo, e por várias razões. A primeira delas é que Jesus valorizava o ser humano, independente de sexo, de nacionalidade ou de qualquer outro fator. Ele puxa assunto com uma mulher e bate altos papos com ela. Tem um detalhe: essa mulher era samaritana e o clima era muito tenso entre judeus e samaritanos, eles não conversavam, daí o questionamento da mulher: “como pedes de beber a mim que sou mulher samaritana?”, será que você não percebeu que sou samaritana? Como assim? Você não é um judeu?

Quem eram, afinal de contas, os samaritanos?

Gente, no Velho Testamento houve um momento em que os dois filhos de Salomão brigaram e dividiram o reino de Israel em Reino do Norte e Reino do Sul. O Reino do Norte tinha sua sede em Samaria e o Reino do Sul tinha sua sede em Judá. Pois bem, tempos depois, a Assíria invadiu Israel, primeiro o Reino do Norte e depois o do Sul. Então... aí o primeiro grupo que o governo assírio levou para o cativeiro foi o pessoal de Samaria. A cidade ficou vazia e alguns povos de outras áreas foram morar lá, formando, então, o povo samaritano (2 Rs 17:24; Ed 4:2,9,10). Por discordarem de certos pontos de vista religiosos , separaram-se dos judeus (de Judá) e fundaram seu próprio culto no Monte Gerizim, hoje, na Cisjordânia (Palestina). Foi aí que tudo começou e até os dias de Cristo eles não se falavam, daí a estranheza daquela mulher diante de um homem judeu que puxou assunto com ela.


VOLTANDO PARA A MULHER SAMARITANA

Pois bem, aquele encontro mudou a vida daquela mulher. É como dizemos atualmente: ela estava na hora certa no lugar certo. Que privilégio, né? Que encontro lindo que ela teve com Jesus.

Ah, quando ela questionou sobre o lugar de adoração, o caso é o seguinte: os samaritanos construíram seu próprio templo para não terem que ir a Judá, e desenvolveram seu próprio sistema de culto. Ela aprendera então, ao longo da vida, que o lugar ideal de adoração era em Samaria. Jesus, por fim, diz a ela que o fundamental da adoração não é o lugar, mas a forma, o como. Então ele arremata dizendo que os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram de fato, ou seja, com todas as suas forças, de todo o coração, em espírito e em verdade, e não apenas para cumprir uma formalidade e não apenas com os lábios ou com os beiços, se preferir. Ou seja, não basta você dizer: “eu te adoro, Senhor!”, você precisa ter atitude de adorador, isso precisa vir do coração.

Se você ainda não teve, marque logo seu encontro com Jesus, mas marque logo, não perca tempo não. Que tal hoje? Que tal agora?


Lição 06 - 03/10/2010

UM ENCONTRO COM CRISTO ÀS ESCONDIDAS? É POSSÍVEL?

João 3

1 - E HAVIA entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

2 - Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

3 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

4 - Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

5 - Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

6 - O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

7 - Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.

8 - O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

9 - Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?

10 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?

11 - Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.

12 - Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?

Nicodemos queria bater um papo com Cristo, mas não queria ser visto. Então vai procurá-Lo à noite de forma discreta. De imediato, Nicodemos reconhece a divindade de Cristo, dizendo que ninguém pode fazer aqueles sinais se Deus não for com ele. Jesus então diz que é necessário nascer de novo.

O QUE É NASCER DE NOVO?

Nascer de novo é ter uma experiência pessoal com Deus, um encontro transformador, íntimo; é você reconhecer Jesus Cristo como o senhor de sua vida, é você colocar-se nas mãos de Deus, entendendo que Sua vontade é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2), é você confiar a Deus o seu destino, é você entender que “o vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”, como no poeminha a seguir:


Nas mãos de Deus
( Isac M. Moura)

Não havia leme

Não havia âncora

Não havia velas,

Não havia controle algum

Da parte de Noé.

Ele não podia controlar

O destino da arca,

Não havia velas nem leme.

Ele não podia decidir onde parar,

Não havia âncora.

Deus decidia,

Deus tinha o controle.

Eu queria uma vida sem leme,

Sem âncora e sem velas,

Mas como a maioria dos seres humanos,

Quero sentir que tenho algum controle,

Quero achar que tenho o poder de decidir,

De seguir, de parar,

Embora nem sempre isso seja verdade.

Uma vida entregue a Deus

Não tem leme,

Âncora ou velas.

Só tem fé.


Não é possível um encontro com Cristo às escondidas. As pessoas com quem convivo precisam perceber que esse encontro aconteceu, precisam perceber que há algo diferente em mim, que algo mudou em minha vida. Não podemos convidar Jesus para trás de um muro, para um local protegido, escondido, a fim de termos um encontro com ele de forma que ninguém veja. Muito pelo contrário, vamos convidar Jesus para a praça de alimentação de um shopping, e lá vamos declarar a Ele: “Eu te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir.” Esse gritar nem precisa ser um grito sonoro, auditivo, pode ser um grito com o meu testemunho, de forma que todos vejam Cristo em mim.

Não é possível pensar em evangelizar meu colega de escola, por exemplo, se no espaço escolar eu me comporto mal, eu desrespeito os professores, eu me comporto, enfim, como alguém que não teve ainda um encontro com o Senhor.

Quando o apóstolo Paulo (antes desse encontro ele se chamava Saulo) se encontra com o Senhor a caminho de Damasco, a transformação foi imediata. Ele sai da situação de perseguidor do povo de Deus e se torna perseguido por amor ao evangelho. A luz é tão forte que ele fica cego e precisa de um tempo para recuperar-se e tornar-se o grande homem, o grande apóstolo que foi (Atos 9). Diante daquela luz ofuscante, Saulo cai e estranhamente pergunta: Quem és, Senhor? E a voz que vem daquela luz responde: Eu sou Jesus a quem tu persegues.

Gente, olha que barato essa declaração de Cristo para Paulo: “eu sou Jesus a quem tu persegues”. Saulo perseguia o povo, a igreja, e não Cristo diretamente. É aí é que tá o grande barato: mexeu conosco, mexeu com Cristo. Perseguir a igreja é perseguir o próprio Cristo, escraxar o povo de Deus é escraxar o próprio Deus, e isso não vai ficar barato. Nós não somos “cobaias de Deus”, como diz Cazuza em uma de suas músicas, nós somos filhos de Deus por adoção mediante o sacrifício de Cristo, e isso não é pouca coisa não. Jesus Cristo não se envergonha de nós, apesar das nossas falhas, dos nossos erros. Logo, não é justo que eu me envergonhe dele, que eu omita ou negue por completo minha relação com ele, que eu me disponha a segui-lo, porém escondidinho para não ser visto pela comunidade da qual faço parte. Ou sigo a Jesus abertamente ou não sigo. Simples assim. Oi.