Introdução à epístola de Paulo aos ROMANOS
Esta carta foi enviada por Paulo, de Corinto, em 56 d.C., através da companheira Febe (16:1), uma das diaconisas da igreja de Cencréia. A igreja em Roma era pequena e formada, em sua maioria, de gentios (1:13). Diferente de Coríntios, Romanos não tem por objetivo corrigir erros, mas ensinar a verdade de forma preventiva, inclusive contra os argumentos judaizantes. Trata-se de uma epístola didática.
ARGUMENTOS JUDAIZANTES: Os primeiros judeus cristãos acreditavam que caso algum gentio (não judeu) se convertesse ao Cristianismo, que ainda estava atrelado ao Judaísmo, essa pessoa precisaria observar os rituais judaicos, como, por exemplo, a circuncisão e a proibição de comer carne de alguns animais listados no Velho Testamento.
CIRCUNCISÃO: Praticada ainda hoje pelos judeus, consiste em remover através de cirurgia a pele móvel que protege a cabeça do pênis. Todo menino passa por esse processo nos primeiros meses de vida. O próprio Jesus passou por isso. É claro que Paulo, como apóstolo dos gentios não poderia compactuar com esses argumentos. Oxente! Onde já se viu? O cabra de outra cultura se converte e tem que fazer a circuncisão e parar de comer carne de porco! Assim não pode. E o respeito à cultura do cara?
CONTEÚDO
O tema central de Romanos é a revelação da justiça de Deus ao homem e a aplicação desta à sua necessidade espiritual. Ninguém pode entrar em contato com Deus senão depois de estabelecida uma via de acesso adequada.
Esta carta destina-se especialmente aos gentios. Paulo declarou-se apóstolo dos gentios (1:5) e afirmou que a salvação de Deus era também para os gentios (3:29) e que não há distinção entre judeu e grego no que diz respeito à fé. Esta epístola, portanto, proclama o âmbito universal da salvação.
Romanos funciona como a espinha dorsal da teologia cristã. Essa epístola inspirou tanto a Reforma Protestante (o texto de 1:17 mexeu com Lutero de uma forma especial) quanto o reavivamento wesleyano (John Wesley leu um comentário de Martinho Lutero sobre Romanos e foi profundamente tocado).
1:17
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: mas o justo viverá da fé.
Vamos refletir um pouquinho sobre o que é viver pela fé. Algumas pessoas acreditam que viver pela fé é deixar de trabalhar secularmente e viver exclusivamente em função da igreja, muitas vezes, da fé alheia, ou seja, eu me “disponibilizo” para a obra e Deus se vira para atender todas as minhas necessidades através dos irmãos. Que fique claro que não estou fazendo aqui nenhuma crítica aos ministros de tempo integral que verdadeiramente trabalham em prol da igreja e que são, portanto, dignos de salário. Estou falando daqueles que se impõem como um peso a uma comunidade, como se esta tivesse a obrigação de sustentá-los sem que eles produzam satisfatoriamente ou que vivam, de fato, em prol do evangelho.
Outra situação em que se usa essa expressão na igreja contemporânea é quando o cabra exerce um determinado ministério, como na área de música, por exemplo, aí é convidado para vir a nossa igreja, estabelece um cachê e diz que vive da fé. Essas criaturas não aceitam dizer de jeito nenhum que são artistas e que vivem de sua arte, o que não caracteriza nenhum erro, mas acham mais bonitinho dizer que vivem da fé.
Mas afinal de contas, o que é viver da fé?
O REMETENTE
Paulo se apresenta como servo de Jesus Cristo. Veja bem: ele estava escrevendo para os romanos. Para aquela gente, servo era um escravo, e escravo não era considerado gente, e sim uma propriedade. Aliás, no Brasil, durante a escravidão africana, também era assim. Então, com essa apresentação, Paulo quis dizer que era um escravo do Senhor, sua propriedade, que estava a serviço dele. A maioria absoluta dos crentes romanos não conheciam Paulo, mas ainda assim ele estava preocupado com aquela turma e queria contribuir para o amadurecimento espiritual deles.
OS DESTINATÁRIOS
Roma era uma cidade altiva e o evangelho vinha de Jerusalém, capital de uma das tantas cidades conquistadas pelos romanos. O evangelho era relacionado a um carpinteiro judeu, pobre, e que fora crucificado. Os romanos não cultivavam nenhuma apreciação especial pelos judeus. Além disso, a crucificação era a forma de execução mais abjeta, mais sinistra, mais horrorosa, reservada a criminosos. Então, é claro que não tinham nenhuma razão para acreditarem num judeu que havia sido crucificado.
Os cristãos daquela época não faziam parte da elite da sociedade; eram pessoas comuns; muitos eram escravos. Era pra esse povo que Paulo estava escrevendo.
A INFLUÊNCIA DO CRISTIANISMO EM ROMA
Os romanos ficaram chocados com os hábitos cristãos: os cristãos consideravam-se irmãos e irmãs, todos membros de um só corpo em Cristo, e isso ia de encontro ao orgulho e a dignidade da sociedade romana. Como assim, ser irmão de um judeu? Se fosse hoje, se não tivéssemos sido transformados pelo evangelho de Cristo, de repente nos perguntaríamos: como assim ser irmão de um argentino? De um norte-americano?
Veja bem: Roma era os Estados Unidos daquela época. O povo romano era arrogante a balde, metido a besta mesmo. Tem mais: a violência em Roma era uma coisa absurda. As cidades mais violentas do mundo de hoje não chegam ao nível da Roma daquela época. Pense em alguma aí. Rio de Janeiro? Ih, um paraíso. As festas eram horrorosas. O consumo de drogas, uma coisa horrível. Os romanos criaram, por exemplo, os vomitórios. Eram espaços externos para os quais se dirigiam aquelas criaturas que após comerem e beberem desgraçadamente, precisavam vomitar para voltarem a festa e continuarem comendo e bebendo. Os caras não tinham limites em nenhum aspecto da vida.
Então, quando Paulo diz (1:16,17) que não se envergonha do evangelho de Cristo, ele está pensando nisso tudo, ou seja, ele não tá nem aí com a imagem que os romanos têm do evangelho, ele não se envergonha e quer ir lá pregar a tal mensagem. Eita, sujeito corajoso esse Paulo! Cabra arretado! Ele sabia que corria riscos, mas queria ir assim mesmo, e foi.
1: 22-23
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
“Depois de reprimir a verdade de Deus e de se recusar a reconhecer a glória de Deus, o ser humano ficou sem um deus”, mas como trazemos em nós a necessidade de adoração, o ser humano substitui Deus por deuses criados por ele próprio em forma de homem, de aves, de insetos, de tantos outros animais.
Bem, “da idolatria para a imoralidade é um passo. Se o homem é seu próprio deus, então pode agir como bem entender e satisfazer todos os seus desejos sem temer qualquer julgamento. O resultado disso, veremos no próximo domingo.
LIÇÃO 02 - 11/10/09
Bagunça Generalizada entre os Romanos – Ora de rever conceitos.
AINDA O CAPÍTULO 1
24 - Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;
25 - Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
26 - Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27 - E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
28 - E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Relembrando a aula de domingo passado, “o resultado daquela auto-deificação foi a entrega aos próprios prazeres e, aqui, Paulo fala de um pecado abominável, desenfreado naquela época, e que tem se tornado preponderante hoje: a homossexualidade”, prática condenada em vários livros da Bíblia: Gn 18:20; 1 Co 6:9,10; Jd 6.
Paulo o caracteriza como “infame” e “contrário à natureza” e não se refere apenas aos homens, pois “até as mulheres” entregaram-se a esse pecado.
“Mas o pior ainda está por vir. Esses homens não apenas se rebelaram abertamente contra Deus e pecaram, como também incentivaram outros e os aplaudiram quando fizeram o mesmo.”
Eu sei que já falamos sobre isso em lições passadas, mas nunca é demais relembrar. Vejam bem: o texto bíblico em estudo condena e abomina a prática do homossexualismo, mas não os homossexuais. O sacrifício de Cristo na cruz os incluiu. Então, eles e elas podem vir a Cristo como estão e nós devemos amá-los tanto a ponto de recebê-los com carinho, e não permitirmos que continuem nessa prática. O evangelho de Cristo transforma.
29 - Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
30 - Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
31 - Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
32 - Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.
VAMOS REFLETIR UM POUQUINHO
Preste bem atenção nessa lista sinistra de pecados. Estão todos no mesmo nível, não temos aqui uma hierarquia. Muitas vezes, nos focamos apenas naqueles tidos como hediondos, como é o caso da prostituição, do homossexualismo, e nos envolvemos em inúmeras murmurações e infidelidades contratuais e nem paramos para pensar sobre isso. Também é interessante observar que esta terrível lista não está sendo apresentada como se fossem sentimentos ou atitudes diabólicas, são sentimentos negativos do ser humano mesmo, como inveja, soberba. A questão é que se fomos transformados pelo poder do evangelho, então já não podemos estar cheios desses breguetes aí, tudo isso precisa ser substituído pelo fruto do espírito. Gente, que coisa bacana que é essa transformação: os caras estão cheios dessas coisas terríveis, Jesus entra na vida deles e então, olha o que acontece(Gl 5:22). É muita fofeza!
É FÁCIL OBEDECER?
Na minha opinião, não é. Desde que me entendo por gente, sou um cabra questionador, “enjoadinho”. Dentro de mim, há uma natureza insubmissa (Paulo chama de velha criatura). O desafio é controlar essa criatura, esse velho homem. Quando abracei o Cristianismo (nasci em família evangélica e nunca me afastei da igreja) de livre e espontânea vontade, sem nenhuma pressão dos meus pais, entendi que precisava aprender, treinar, exercitar a obediência. Com o tempo, percebi que toda autoridade pode ser questionada sim, que tudo depende de como vou fazer esse questionamento. Em diversas situações vi e vejo coisas com as quais não concordo, mas entendo que em nome do interesse e do bem-estar de uma maioria, precisa ser assim, afinal de contas, não estou sozinho no planeta, o mundo não gira em torno de mim, e preciso parar de frescura e obedecer sempre que isso for necessário. Dizer que é fácil, porém, eu não digo.
CAPÍTULO 2
8 - Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade;
9 - Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
10 - Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego;
Boa parte dos romanos daquela época não tinham muita noção do bem e do mal, não tinham valores, não estavam nem aí para o outro. Se esse outro era um escravo, por exemplo, aí é que não tinham nenhum princípio mesmo. A humanidade atual, em muitos lugares do planeta, também está assim: sem respeito ao outro, sem valores, sem Deus. Nós não reproduzimos esse tipo de comportamento, nós somos do bem, somos de Cristo e quem é de Cristo não arruma briga por nada, não pratica a iniquidade, não se orgulha de ser barraqueiro ou barraqueira, não alimenta qualquer tipo de preconceito, não murmura pelos cantos contra sua liderança, não desonra seus contratos, não deixa suas dívidas eternamente em aberto. Muito pelo contrário, quem é de Cristo é zen, ama o outro, apesar de suas diferenças, respeita a autoridade ainda que questione, não se envolve em confusões, não fala palavrões, sabe lidar com as perdas. Enfim, são pessoas belezudas.
Esse lance de falar palavrões é gravíssimo. Muitos companheiros nossos, e estou falando de irmãos em Cristo, adultos, falam palavrões com tanta naturalidade que eu fico achando que eu é que sou ultrapassado, que deve ser normal, que deve ter deixado de ser palavrão. O cabra pode até não falar em tom de agressividade, mas fala como parte do diálogo, como interjeições. Esse comportamento linguístico ainda me choca. Eu ainda acho que palavrão é palavrão independente do tom em que vou pronunciá-lo.
LIÇÃO 03 - 18/10/09
INVEJA – UM SENTIMENTO ESPÚRIO À VIDA CRISTÃ
Rm 1:29 - Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
Outras referências bíblicas: Is 14:12-14; Gn 4:4,5; Mt 15:19; Ec 4:4; Fp 1:15.
• Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
• Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.
• Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
• Então, vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
• Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade.
CONCEITOS INICIAIS
Segundo o dicionário Michaelis, inveja significa ódio pela prosperidade ou alegria de outra pessoa, bem como o desejo de possuir alguma coisa que o outro tem. Já o jornalista Zuenir Ventura, comparando ciúme, cobiça e inveja, define-os da seguinte forma: “ciúme é querer manter o que tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha.”
A INVEJA DO PONTO DE VISTA BÍBLICO
Na visão cristã, a passagem de Is 14:12-14 se refere a Lúcifer, querubim que se rebelou por inveja e, contaminado por este sentimento, teria convencido outros anjos a se posicionarem contra Deus. Estes, então, teriam sido expulsos do céu. Após o episódio da queda do homem influenciada por esse anjo mau, o pecado entrou na raça humana e, com ele, os frutos da carne (Gl 5:19-21), entre os quais, a inveja.
Caim, o primeiro invejoso humano, não conseguiu dominar sua inveja e matou seu irmão. Talvez o invejoso de hoje não mate literalmente o seu irmão, mas o faça espiritualmente.
Quando Jesus diz em Mateus 5:19 que os maus desígnios procedem do coração, ele está fornecendo base bíblica para crermos que a inveja é inerente ao coração humano. Logo, o desafio é tratá-la e dominá-la.
Me parece muito simplista dizer que a inveja é demoníaca. Na verdade, é sempre muito cômodo projetar para o mundo invisível situações nas quais o homem é o real culpado. Seria bem mais tranqüilo espiritualizar a inveja e “amarrar” os demônios, todavia não podemos esquecer o ensino de Cristo de que ela procede de nossos corações, ou seja, é um sentimento humano negativo.
DO PONTO DE VISTA DA PSICOLOGIA
A maioria dos evangélicos vê a inveja como pecado e não como doença. Segundo a Psicologia há um tipo de inveja que pode ser patológica: quando uma pessoa faz qualquer coisa para ter o que o outro tem ou quer, passando por cima de valores, ideais, amizades e até da família. Esse tipo de inveja pode ser entendido como o desgosto diante da prosperidade alheia. Nesse caso, a pessoa só consegue focar o outro, não consegue perceber o que ela própria tem de valor.
O contentamento com o que temos (não confundir com conformismo) é uma excelente fórmula para nos livrarmos da inveja. Se desenvolvermos uma alegria real pelo que temos e pelo que somos não precisamos nos comparar aos outros. Não havendo comparações, a inveja não vai rolar.
NO AMBIENTE DE TRABALHO
No ambiente de trabalho, a concorrência se acirra a cada vaga ou a cada oportunidade que surge e isso acaba colocando à prova a capacidade de cada um rejeitar ou abrigar a inveja. Há pouco tempo houve um caso, em São Paulo, de uma estagiária que chegou ao absurdo de matar uma colega e ferir outra na intenção de recuperar uma vaga.
Normalmente, nos espelhamos em alguém para crescermos. É preciso olhar para pessoas que são referenciais em suas áreas de atividade e que alcançam resultados extraordinários, mas não se deve imitá-las, pois cada um tem seu próprio jeito de fazer as coisas.
Quando você inveja alguém, o seu objetivo é encontrar deficiências no cara. Dessa forma, você não consegue aprender com essa pessoa, nem consegue perceber seus sacrifícios ao longo do caminho. Quando você admira, aí sim, você consegue perceber ensinamentos em cada conquista dessa pessoa, bem como em cada caminho que ela trilhou até alcançar o sucesso.
NA IGREJA
Um dos lugares onde se imagina que a inveja não conseguiria entrar é a igreja, tida erradamente como lugar de santos, incorruptíveis e irrepreensíveis. Precisamos levar em conta, todavia, que esses são os objetivos e não os motivos de estarmos ali, ou seja, estamos na igreja porque gostaríamos de ser santos, incorruptíveis e irrepreensíveis e não porque sejamos.
Assim, o fato de algumas pessoas dentro de uma igreja serem o centro das atenções faz da inveja um pecado comum, que deve ser evitado.
Às vezes, a inveja atinge o púlpito, quando líderes disputam entre si, invejando os ministérios uns dos outros. Para complicar ainda mais as coisas, alguns pastores vivem uma certa solidão, sem amigos, sem “confessores” e isso pode levar o cara a uma queda motivada pela inveja ou mesmo pela ambição pelo poder.
Uma das áreas mais propensas à inveja na igreja é a do louvor, pois abrange pessoas em evidência, belas vozes, grandes talentos. Aí o perigo é duplo: essas pessoas podem ser tentadas a se sentirem “astros e estrelas” e podem também ser invejadas.
LIÇÃO 04 - 25/10/09
CIÚME: ZELO, MEDO DE PERDER OU OBSESSÃO?
Rm 1:30 - Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
Outras referências bíblicas: 1 Co 13:4; 3:3; Ct 8:6; Pv 6:34; Nm 11:29; Gn 37:11; Gn 30:1.
• O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece.
• Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
• ...porque o amor é forte como a morte; e duro como a sepultura, o ciúme...
• Porque o ciúme excita o furor do marido.
• Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
• Seus irmãos lhe tinham ciúmes; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo.
• Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei.
INTRODUÇÃO
Nas passagens bíblicas acima, várias formas de ciúmes são abordadas em diferentes contextos. Podemos dizer que o ciúme é uma emoção positiva até o ponto em que se manifesta como zelo, como cuidado por alguém ou por alguma coisa que amamos. Quando, no entanto, toma ares possessivos ou doentios, esse sentimento já passa a preocupar.
O CIÚME NAS VÁRIAS FORMAS DE RELAÇÕES HUMANAS
“Um relacionamento implica uma certa dose de respeito de/por ambas as partes. Sem esse pressuposto não é possível manter uma relação positiva”, afirma Agnes Ghaznavi (especialista em relações humanas). Para que uma relação seja positiva para ambas as partes, é preciso que haja reciprocidade, respeito, amizade, lealdade, fidelidade, proximidade, liberdade, ternura, afeto e confiança.
Um garoto que acredite que os pais dão mais atenção à sua irmã ou ao seu irmão poderá, posteriormente, canalizar esse sentimento à sua parceira, numa relação futura. Uma filha cuja mãe é ciumenta tende a desenvolver esse traço de caráter com mais facilidade.
Em sociedades monogâmicas como a nossa, o ciúme, normalmente, será associado a honra e a moral, quase um instrumento de proteção familiar, uma espécie de adaptação da espécie para proteger o que é nosso por direito. Para alguns, é um sinal de amor e cuidado. Até aí, tudo bem; o problema é quando se torna possessivo, obcecado, desconfiado, inseguro, patológico (doentio).
As causas do ciúme doentio (patológico) podem ser, basicamente, duas: falta de confiança (no outro ou em si mesmo) ou obsessão. Esse ciúme doentio invade os pensamentos e esses pensamentos se repetem na mente do ciumento e projeta inúmeras imagens sobre eventos e episódios que podem jamais ter acontecido.
Os ciumentos costumam ser muito “criativos” e não conseguem, muitas vezes, distinguir a fantasia da sua mente da realidade, criando, assim, o medo da perda (que pode nem ser real). Assim, o ciumento passa a procurar provas que confirmem suas suspeitas, inquirindo o outro sobre o que faz, verificando os seus bolsos, a sua correspondência, os seus e-mails, suas ligações, e isso vai gerando dúvidas cada vez maiores. Mesmo que defendamos a idéia de que os cônjuges não devam ter segredos entre si, todo ser humano quer ter sua privacidade respeitada e a invasão desse espaço vai gerar conflito.
Assim, o acesso a privacidade do outro precisa ser conquistada, negociada e não invadida de maneira arbitrária com o objetivo de procurar provas inexistentes de uma situação não ocorrida. Isso é terrível. Por outro lado, se existe uma desconfiança real de possíveis atitudes estranhas do cônjuge, é preciso conversa, o tradicional “discutir a relação”. Se a conversa já não é possível, é hora de procurar ajuda (amigos, pastor, terapeuta familiar). A palavra amigo já traz em si a idéia de alguém em quem confiamos. Se não confiamos, não é amigo. O ideal aqui é um amigo do casal. Nessas situações, os parentes devem ser evitados. Eles normalmente vão tomar o partido do reclamante.
O ciúme doentio ou patológico agrega em si outras emoções negativas: ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa e desejo de vingança, todas relacionadas com a baixa auto-estima, que acarreta uma sensação de insegurança.
Não é só nas relações conjugais que o ciúme acontece. Há muitos casos de ciúmes em relacionamentos baseados na amizade e até entre colegas de trabalho e entre companheiros de ministérios, no contexto da igreja.
Algumas pessoas têm dificuldades de construir ou de manter uma rede de amigos e acabam tendo ciúmes dos amigos dos amigos, ou seja, elas gostariam que determinada pessoa fosse seu amigo exclusivo, de mais ninguém. Já na igreja ou no ambiente de trabalho, a pessoa ciumenta passa a alimentar a idéia de que o líder dá mais atenção para o fulaninho e aí passa a ter ciúmes também. Algumas pessoas chegam ao ponto de não querer ter um filho por ciúme do companheiro ou da companheira, por entender que não vai conseguir dividir a atenção do cônjuge com a criança. Outros casos comuns que acabam gerando brigas é ter ciúme daquilo que outro valoriza muito: livros, carros, amigos, amigas, futebol, artistas.
Pessoas que sentem inferiores ou inferiorizadas em relação ao outro tornam-se inseguras e, consequentemente, tendem a desenvolver ciúmes com mais facilidade.
Podemos ficar mais vulneráveis ao ciúme em momentos de estresse, de perdas, de mudanças ou de comportamentos provocativos do outro.
CONCLUSÃO
Havendo confiança, aceitação pessoal e aceitação do outro, poderemos viver menos obcecados com fantasias de traição.
O ciúme não é um sentimento voltado para o outro, mas sim para si mesmo, para quem o sente, pois, na verdade, é o medo egocentrado de perder o outro que gera o ciúme.
LIÇÃO 05 - 1º/11/09
O SENTIMENTO DE CULPA
Rm 2:9 - Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego;
"Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia." (Gênesis 42 : 21)
"Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se eu o não tornar para ti, serei culpado para com meu pai por todos os dias." (Gênesis 44 : 32)
"E disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus." (Esdras 9 : 6)
"Por que escreves contra mim coisas amargas e me fazes herdar as culpas da minha mocidade?" (Jó 13 :26)
"E disse Pilatos aos principais dos sacerdotes, e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem." (Lucas 23 : 4)
"Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo;" (Hebreus 9 : 7)
"Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos." (Tiago 5 : 16)
BUSCANDO UM CONCEITO
1. A partir dos textos bíblicos lidos, como podemos definir culpa?
2. Podemos dizer que a culpa é um sentimento humano?
Um dia expus meu filho a uma situação de risco para a idade dele. Tudo terminou bem, mas durante a cena, pensei: “se ele cair, nem eu nem minha esposa vamos me perdoar”. Naquele momento eu estava me sentindo culpado pela possibilidade dele machucar-se. E por que eu estava me sentindo culpado? Por que eu poderia ter evitado. Então, podemos “fechar” um primeiro conceito dizendo que culpa é aquilo que sinto quando exponho alguém a uma situação que poderia ter evitado.
Assim, nos sentimos culpados todas as vezes que podendo evitar uma coisa, nada fazemos e deixamos que aconteça. Quando acontece, entramos em crise, somos culpados.
A vida envolve riscos o tempo todo. Quando tomo uma decisão acreditando que estou fazendo a coisa certa e mais a frente vejo que não era aquela a melhor opção, vem o sentimento de culpa. Eu errei. Escolhi a opção errada. E então se abrem duas possibilidades diante de mim: ou fico remoendo a culpa pelo erro, pelo risco que corri tomando a decisão que me pareceu correta, amargando isso e me torturando, ou aceito o “prejuízo” como um risco que faz parte da vida, volto ao ponto zero e recomeço. E mais uma vez tenho que decidir entre lamentar e reagir.
O sentimento de culpa é muito sinistro, é capaz de levar um sujeito à ruína, a uma profunda depressão. Uma pessoa que se sente culpada pela doença ou pela morte de outra terá uma existência sofrida, amargurada e improdutiva. Uma pessoa que acha que alguém abandonou a igreja por sua causa ou que foi embora de casa por sua causa também conviverá com esse sentimento.
Então preciso dizer umas coisas muito sérias: quando alguém abandona a igreja, não o faz por minha causa, ele já queria fazer isso e precisava de um culpado. Então diante de um “vacilo” meu, por menor que seja, ele vai se apegar a isso e me culpar. Porque o grande lance do ser humano é jogar a culpa sobre outro. Quando um cônjuge ou um filho vai embora de casa, vai porque quer ir mesmo, e está precisando de uma desculpa. Essa desculpa virá de coisas pequenas com as quais ele convive há anos numa boa, mas agora é diferente, ele precisa justificar sua partida, ele precisa se eximir de culpa.
Culpa também pode ter o sentido de transgressão, de pecado, como observamos nos textos bíblicos introdutórios.
CUIDADO
Algumas pessoas desenvolvem com muita facilidade um sentimento de culpa e se sentem culpadas por uma série de coisas. Outras pessoas, espertinhas, se aproveitam disso e manipulam esse sentimento de culpa. Isso é comum em casamentos onde um dos cônjuges se sente inferiorizado e o outro quer manipular isso para o seu bem. Não é só em filmes que o marido ou a mulher provocam uma série de acontecimentos e jogam toda a culpa sobre o outro e esse outro assume tudo numa boa. Isso acontece também em algumas “amizades mal intencionadas”, em empresas, na igreja. Sim, na igreja, afinal, como já disse em outras ocasiões, a igreja é formada de gente, de pessoas e pessoas são problemáticas.
A parada então é assim: não manipule, nem se deixe manipular. Nenhuma dessas atitudes é cristã. Cristão é dizer pro cara que tem sentimento de culpa que Cristo já resolveu isso na cruz. Cristão é não se aproveitar da fragilidade do outro.
ASPECTOS PSISOLÓGICOS DA CULPA
O sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e aquilo que achamos que deveríamos ter sido.Há também outra definição para "sentimento de culpa" – ocorre quando se viola a consciência moral, pessoal, ou seja, quando pecamos e erramos.
Para a Psicologia, um sentimento como esse, quando chega a ser considerado um obstáculo por aquele que o sente, é resultado de um inadequado crescimento pessoal, de uma certa imaturidade ou ainda de uma auto-cobrança muito grande ou de uma expectativa muito elevada em relação a sua realização pessoal; sendo assim, o sentimento de culpa pode ser apenas limitação momentânea no processo de auto-realização.
Se exijo muito de mim mesmo, vou desenvolver esse sentimento de culpa diante de cada fracasso, ainda que momentâneo, mas se sou uma pessoa madura, vou encarar esse suposto “fracasso” como um obtáculo temporário que precisa ser vencido, vou chutar para bem longe esse sentimento de culpa, vou recomeçar, e vou em busca do meu objetivo, sem culpa, sem medo.
A teologia da prosperidade tenta transferir para cada pessoa a culpa do seu próprio fracasso, do seu insucesso, de suas doenças, enfim, de todas as suas dificuldades, dizendo que isso acontece porque essa pessoa não tem fé. Para essa turma, ou seja, os defensores da teologia da prosperidade, sucesso está atrelado a dinheiro, a bens materiais. É como se nenhum pobre pudesse ser feliz. Não sabem os caras o quanto somos felizes com nossas pernas, nossas bicicletas, nossas casas simples, nossos fusquinhas, nossos chevetes, nossos astras, nossos vectras, nossos churrasquinhos de fim de semana juntando partes de cada um dos envolvidos ou naquelas churrascadas por conta de um só. A felicidade, pessoas, não está em nada disso simplesmente, mas num contexto de coisas. Então posso ser feliz com meu fusquinha ou com meu vectra no mesmo grau de intensidade. Agora dizer que não tenho um super carro ou uma cobertura na praia do Forte por conta de fé, ora, faça-me o favor. Quer dizer que as desigualdades sociais e as oportunidades não contam. Oxente! Eu não me sinto culpado, eu me sinto é feliz a balde de morar no 2º distrito de Cabo Frio. Até poderia desejar morar no primeiro, mas isso não é prioridade para mim nesse momento. Então não estou lutando por isso.
Outra coisa: fé não se relaciona com bens materiais, pelo menos não principalmente.
E uma última coisa: não posso me considerar culpado por todos os problemas da humanidade, nem por isso deixarei de ajudar a diminuí-los.
LIÇÃO 06 - 08/11/09
Nem Sempre Vemos o que Fazemos
AINDA ROMANOS 2
19 - E confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,
20 - Instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;
21 - Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
22 - Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio?
23 - Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
24 - Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós.
25 - Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão.
26 - Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão?
O LEGALISMO JUDAICO SE ESTENDE AOS NOSSOS DIAS
“Deus não faz acepção de pessoas.” Essa declaração de Paulo aos Romanos “era uma ofensa aos judeus, pois estes se consideravam dignos de um tratamento especial, uma vez que eram os escolhidos de Deus”, situação já denunciada e combatida por João Batista, como já vimos no estudo sobre os evangelhos. Paulo explicou que a Lei Judaica tornava a culpa de Israel muito maior!
“Não importa aonde vamos, sempre encontramos gente com percepção de certo ou errado, dotadas de um juiz interior que a Bíblia chama de consciência, que Freud chama de super ego. Assim, em todas as culturas, encontramos o senso de pecado, o medo do julgamento e uma tentativa de expiar erros pelas transgressões e de apaziguar os deuses temidos.”
A propósito, por que você é crente?
Por amor a Cristo?
Por interesse em bênçãos materiais?
Por medo do inferno?
Bem, você tem noção do que é certo e do que é errado, certo? Então, podemos fechar assim: pecado é tudo aquilo que fazemos escondido de alguém, ou seja, por sabermos que aquilo é errado, tentamos esconder. Quando temos clareza de que estamos agindo corretamente, não tentamos nos esconder.
DE NOVO A CIRCUNCISÃO
“Essa era a grande marca da aliança, e uma prática que iniciou com Abraão, pai do povo judeu (Gn 17). Para os judeus, os gentios eram ´cães incircuncisos’.
O mais triste é que os judeus fiavam-se na marca física, em vez de depositarem sua fé na realidade espiritual que esse sinal representava (Dt 10:16; Jr 9:26; Ez 44:9). O verdadeiro judeu era aquele que possuía uma experiência espiritual interior no coração, não apenas uma cirurgia física exterior. Hoje em dia, muita gente comete o mesmo erro com relação ao batismo, à Ceia do Senhor, ou mesmo à participação em uma igreja como membro.” Deus não tá nem aí pra esse legalismo besta, Ele vai além do visível, Ele quer saber o que se passa em nossa cabeça, nossas razões, o que nos levou a agir dessa ou daquela forma. Ele quer que a minha vida diária esteja de acordo com aquilo que falo. Não adianta nada dizer-se crente, membro de uma igreja, participante da Ceia, se nosso coração está cheio de maldade e se nossas ações estão distante do evangelho de Cristo. No caso deles (judeus), um gentio obediente incircunciso era mais aceitável do que um judeu desobediente circuncidado.
É claro que não estou, de jeito nenhum, desvalorizando os sacramentos da igreja, estou dizendo que a observância desses sacramentos apenas como rituais, como cumprimento de uma obrigação não caracteriza um seguidor de Jesus Cristo. É preciso algo mais.
FINALMENTE O TEMA DA LIÇÃO
"E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" (Mateus 7 : 3). Pois é, aqui Jesus está dizendo que não vemos o que fazemos. Ensinamos aos outros, mas não fazemos aquilo que ensinamos, como diz o texto de Romanos, e então usamos aquela expressão absolutamente autoritária, absolutamente militar: “faça o que eu mando e não o que eu faço”, ou aquela tão horrorosa quanto: “manda quem pode, obedece quem tem juízo.”
Manda quem tem mentalidade de chefe e obedece quem tem tendência natural à submissão. Eu não tenho uma coisa nem outra. Ai de mim!
De repente, estamos preocupadíssimos com uma bobagem qualquer que nosso amigo faz, e não estamos vendo os absurdos que estamos cometendo.
VAMOS REFLETIR UM POUQUINHO
Assim como para um judeu não bastava ser circuncidado, para um cristão evangélico, não basta ser membro de uma igreja e participar da ceia, é preciso algo mais, é preciso um coração cheio de belezuras e de fofezas, é “preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.”
Mas afinal de contas, o que é legalismo? Veja a definição do Aurélio:
“Caráter de doutrina que, em quaisquer circunstâncias, prescreve a estrita obediência à lei e o respeito às instituições.”
Agora vou exemplificar na prática: legalismo é você amar mais as regras que as pessoas. Legalismo é aquilo que um bispo católico fez recentemente ao excomungar um médico que fez um aborto numa menina de nove anos, grávida de gêmeos, após ser violada pelo seu pai. Para aquele bispo, a proibição cristã do aborto está acima da preocupação e da misericórdia para com uma criança, já violentada, grávida numa idade em que o seu corpinho não suportaria, de gêmeos, pra piorar as coisas. Legalismo é eu me afastar de um colega, de um vizinho, porque ele pratica outra religião, porque defende uma outra fé e eu me acho tão superior que não quero me contaminar com ele. Legalismo é eu achar que se sou membro de uma igreja e participo da ceia, isso basta para que eu seja salvo e dane-se o resto do mundo. Enfim, abaixo o legalismo alienado e alienante.
LIÇÃO 07 - 15/11/09
TODOS PECARAM E ESTÃO FRITOS SEM A GRAÇA DE DEUS
ROMANOS 3
10 - Como está escrito: Não há justo, nem sequer um,
13 - A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios.
14 - A boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
17 - desconheceram o caminho da paz.
18 - Não há temor de Deus diante de seus olhos,
19 - visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado,
23 - pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24 - sendo justificados gratuitamente , por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.
28 - Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.
29 - É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios.
Gente, “é importante não confundir justificação com santificação. A santificação é o processo pelo qual Deus torna o cristão cada vez mais semelhante a Cristo. A santificação pode mudar a cada dia, enquanto a justificação nunca muda. Quando o pecador crê em Jesus Cristo, Deus o declara justo, e essa declaração jamais será revogada. Deus nos vê e nos trata como se jamais tivéssemos pecado!”
A IGREJA É UM LUGAR DE JUSTOS OU DE PESSOAS QUE BUSCAM A JUSTIÇA?
Deixa eu mandar uma real aqui pra vocês: na igreja, muitas vezes sofremos desnecessariamente. Aliás, na vida diária, somos os únicos responsáveis pela maioria dos nossos sofrimentos. Acabamos de ver no texto de Romanos que não há nenhum justo. No entanto, cobramos isso das pessoas. E o pior: nos frustramos quando descobrimos que elas erram e que nem sempre são umas belezuras. O outro falha, e nós também falhamos.
O CRISTIANISMO E NOSSA MANIA FEIA DE EXCLUSIVIDADE
Se liga aí no último versículo do quadro inicial (3:29). Pois bem, os judeus acreditavam que a salvação era somente pra eles, que Deus era exclusivo deles. Como o Cristianismo vem do Judaísmo (é isso aí, Jesus era um judeu e foi dentro do Judaísmo que o Cristianismo nasceu), nós, cristãos herdamos isso e temos a feia mania de achar que Deus é uma exclusividade nossa. Mais um pouco e vamos dizer que Deus é batista e vamos até arrumar uma carteirinha de membro pra ele. Oxente, meu povo, Deus não é uma propriedade do Cristianismo, Deus é Deus. Deus não é judeu, cristão, mulçumano. Deus não é batista, assembleiano, presbiteriano, católico, metodista, etc... Deus é Deus. E ele não se deixa manipular por nenhum grupo.
A SALVAÇÃO É GRATUITA, PORÉM CUSTOU CARO
“A salvação é gratuita, mas não é barata. Jesus teve de morrer na cruz a fim de cumprir a lei e de justificar os pecadores.
G. Campbell Morgan tentava explicar a “salvação gratuita” a um trabalhador de uma mina de carvão, mas o cabra não conseguia entender. “Mas eu preciso pagar pela salvação”, insistia o homem. Então, num insait (insight) divino, Morgan perguntou:
“Como você desceu até o fundo da mina hoje cedo?” “Foi fácil”, respondeu o homem. “Peguei o elevador e desci.” Então Morgan lhe perguntou: “Não foi fácil demais? Não lhe custou alguma coisa?” O homem riu e comentou: “Para mim não custou nada, mas a empresa deve ter pago um dinheirão para instalar o elevador.” Então, Morgan responde: “Para mim a salvação não custa coisa alguma; para Deus, custou a vida de seu Filho”.
Viu que exemplo fofo (do livro COMENTÁRIO BÍBLICO EXPOSITIVO, de Warren W. Wiersbe)? Nós não pagamos nada, mas Cristo deu a sua vida. Como diz a letra de uma música linda dos anos 90: “sei que foi pago um alto preço para que contigo eu fosse um, meu irmão...” Eu não morreria, de jeito nenhum, por essa gente a que o texto de Romanos se refere, nem por você, confesso (Matheus, se você estiver lendo esse texto, por você papai morreria, tá?), mas Cristo deu sua vida por todos nós, apesar de ser quem somos, e não somos nenhum modelo de perfeição.
UFA! AINDA BEM QUE JESUS MORREU POR NÓS... ENTÃO JÁ NÃO SOMOS SERVOS DO PECADO!
CAPÍTULO 5
3 - E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,
4 - E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
5 - E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
12 - Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.
17 - Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
CARÁTER CRISTÃO E SOFRIMENTO
“A justificação não é uma fuga das tribulações da vida. “No mundo, passais por aflições” (Jo 16:33). Porém para os cristãos, as tribulações trabalham em seu favor, não contra ele. Não há sofrimento que nos separe de Deus (Rm 8:35-39); antes, as provações nos aproximam mais do Senhor e nos tornam mais semelhantes a ele. O sofrimento constrói o caráter cristão. Nosso termo TRIBULAÇÃO vem do latim TRIBULUM. No tempo de Paulo, o tribulum era um pedaço pesado de madeira com cravos de metal usado para debulhar cereais. Ao ser arrastado sobre os cereais, o tribulum separava o grão da palha. Ao passarmos por tribulações e dependermos da graça de Deus, as dificuldades nos purificam e nos ajudam a eliminar a palha.”
REINANDO EM VIDA
Essa citação é o maior barato. Sabe aquela ideia de que a terra é um lugar de ralação extrema e que só nos céu seremos felizes? Nada a ver, quer dizer, quase nada a ver. Paulo desmente isso, afirmando que já aqui e agora, podemos desfrutar as bênçãos de termos sido alcançados pela graça de Deus. Ulalá! Que fofeza! Não preciso morrer para ser feliz, posso começar a ser feliz agora.
Cuidado para não confundir isso com a insana Teologia da Prosperidade, segundo a qual o foco da nossa relação com Deus é a aquisição de bens materiais e de qualidade de vida perfeita sem sofrimento. Não é nada disso. O sofrimento faz parte da vida na terra. Uns sofrem mais, uns sofrem menos, mas todos sofremos, e isso não tem nada a ver com nossa opção religiosa. Outro dia ouvi um pregador inteligentíssimo dizendo o seguinte: “se alguém me diz que deseja ficar bem, não recomendo o Cristianismo e sim uma boa garrafa de vinho.” Que sacada desse cara! É isso. Quer dizer, olha lá, não vai sair por aí tomando vinho para ficar “bem”, olha lá. O que o cabra quis dizer é que o fato de sermos cristãos não nos dá nenhuma garantia de belezura total 24 horas. E mais: não sofremos porque Deus tem prazer em impor sofrimento à humanidade não. Essa não é a praia de Deus. Sofremos porque somos gente. Aliás, não só sofremos como também somos capazes de provocar sofrimento. Faz parte da vida. Não há garantia bíblica de que Deus fará cessar todas as minhas dores de cabeça, por exemplo. Tudo bem, se eu tiver fé, e Ele quiser, ele pode curar, mas não tem nenhuma obrigação de fazer isso. Deus não tem nada a ver com a desigualdade social que existe em nosso país. Não foi ele que determinou isso não. Isso é fruto da ação do próprio homem que estabeleceu uma relação malvada de dominadores e dominados.
LIÇÃO 08 - 22/11/09
LEGALISMO E LICENCIOSIDADE – OS EXTREMOS
CAPÍTULO 6
11 - Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.
12 - Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;
13 - Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.
14 - Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.
Lendo todo o capítulo 6, percebemos que Paulo prevê que seus leitores não entenderiam bem o contraste entre lei e graça (1-14). Parece que não tinham compreendido nem a lei nem a graça e caíram em um dos dois extremos: de um lado, o legalismo, e, de outro, a licenciosidade. Assim, ao defender a justificação, Paulo também explica a santificação.
LEGALISMO – Nada pode, tudo é proibido, as regras são mais importantes que os seres humanos.
LICENCIOSIDADE – Tudo pode, tudo é permitido, cada um estabelece suas próprias regras.
MORTO PARA O PECADO
“Paulo usa a experiência do batismo com água pelo qual seus leitores passaram para lembrá-los de sua identificação com Cristo... Há um consenso entre os historiadores de que a forma de batismo usada pela igreja primitiva era a imersão. Os cristãos eram ‘sepultados’ na água e trazidos de volta, retratando a morte, sepultamento e ressurreição... É um símbolo exterior de uma experiência interior... Isso significa que o cristão se relaciona de forma diferente com o pecado. Está ‘morto para o pecado’. ‘Estou crucificado com Cristo´(Gl 2:19). Se um alcoólatra morre, não pode mais ser tentado pelo álcool, pois seu corpo está morto para todos os sentidos físicos.”
Mortos para o pecado, agora andamos em novidade de vida. O que você entende por novidade de vida?
Pois é, “ o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Que fofeza!
CAPÍTULO 07
15 - Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim o que detesto.
17 - Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.
18 - Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
19 - Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
20 - Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim.
24 - Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Você já se pegou, em algum momento, surpreso com uma atitude sua? Agindo de um jeito que não gostaria de ter agido, e depois disso teve uma bruta crise de consciência? Pois é. É disso que estamos falando. Você já se viu desejoso de fazer uma coisa legal e não conseguir? Ou fazendo uma coisa feia quando não gostaria de fazer? Pois é. Paulo está falando exatamente disso, desse monstro que mora em nós. Sabe quando você sonha coisas que não gostaria de sonhar ou quando olha para alguém de um jeito que não gostaria de olhar, ou ainda quando pensa um monte de bobagem que não gostaria de pensar? É esse monstrinho chamado inconsciente que está em ação. Nós temos controle sobre o nosso consciente, mas não sobre o inconsciente. Freud divide assim: ID, EGO e SUPEREGO. O ID é o monstrinho propriamente dito, sem valores, sem pudores, fora de nosso controle. O SUPEREGO é a nossa consciência, nossos valores, nossa censura. O EGO ou PRÉ-CONSCIENTE é o elo, o elemento intermediário entre um e outro. Assim, se de repente você está prestes a fazer uma besteira sem tamanho, você está no ID, fora do estado racional. Então, nesse momento, o EGO te puxa para o estado de consciência para que você perceba o tamanho e as consequências da bobagem que está prestes a fazer. De repente, no meio de uma discussão, já quase perdendo o controle, você para e avalia tudo o que está acontecendo.
Assim como você, assim como Paulo, eu gostaria tanto de fazer tantas coisas bonitas, mas acabo fazendo um bocado de coisas feias. Que pena, é o monstrinho que vive em nós: o inconsciente, do ponto de vista da Psicanálise; o velho homem, do ponto de vista paulino.
Todos sabemos discernir entre o bem e o mal. O que Paulo está dizendo é aquilo que Davi disse centenas de anos antes dele, no livro de Salmos: “Fui concebido em pecado”, querendo dizer que já nascemos com esta tendência, mas isso não isenta-nos de culpa.
O verso 24 desse capítulo que estamos estudando mostra bem isso: “Miserável homem que sou” Quem me livrará do corpo desta morte?” Em outras palavras, Paulo está dizendo: “e agora, quem poderá me salvar?” O Chapolim Colorado? Claro que não. A resposta vem logo no início do capítulo 8. Vejamos:
CAPÍTULO 08
01 - Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
02 - Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.
09 - Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vós. E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
16 - O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus
31 - Que diremos, pois, à vista destas cousas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
35 - Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Nada, companheiros, nada, poderá nos separar do amor de Deus a partir do momento que tomamos consciência de nossa chamada, de nossa salvação. Do contrário, se estamos na igreja apenas porque aqui é um lugar legal, qualquer bobagem será capaz de nos separar dessa amor de Deus: uma doença, uma perda, um mal entendido, enfim, qualquer bobagem.
Sabe quando Paulo diz, escrevendo aos Filipenses (4:13): “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”? Pois é, você já observou bem o contexto desse versículo? Ele está dizendo que pode passar fome ou ter fartura, que pode ser preso, torturado, etc.. E ele pode isso tudo em Cristo. Agora, você já prestou atenção no sentido que as pessoas estão dando hoje ao mesmo texto? Posso todas as coisas: posso ficar rico, posso comprar sem certeza de que vou pagar, posso um monte de belezuras, aliás, só belezuras. Que situação!
LIÇÃO 09 - 29/11/2009
A SITUAÇÃO DE ISRAEL EM RELAÇÃO A SALVAÇÃO EM CRISTO
CAPÍTULOS 09, 10, 11
7 - Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8 - Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.
20 - Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
1 - IRMÃOS, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.
2 - Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.
3 - Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.
9 - A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
1 - DIGO, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
“É um tanto estranho Paulo interromper sua discussão sobre a salvação e dedicar uma longa seção de três capítulos à nação de Israel... mas um estudo minucioso de Romanos 9 a 11 revela que, na verdade, essa seção não constitui uma interrupção. Antes, é uma parte necessária da argumentação de Paulo em favor da justificação pela fé.
Pra começar, os judeus consideravam Paulo um traidor. Ele ministrava aos gentios e ensinava a liberdade da Lei de Moisés. Havia pregado em várias sinagogas e causado inúmeros problemas, e, sem dúvida, muitos dos cristãos judeus em Roma haviam ouvido falar de sua reputação duvidosa. Nestes capítulos, Paulo demonstra seu amor por Israel e seu anseio pelo bem de seu povo. Esse é o motivo pessoal do apóstolo para tratar dessa questão.”
“Romanos 9 enfatiza a eleição passada de Israel; Romanos 10, a rejeição presente de Israel e Romanos 11, a restauração futura de Israel.... No capítulo 9, Paulo cita especificamente quatro atributos divinos relacionados a Israel: fidelidade (1-13); justiça (14-18); equidade (19-29) e graça (30-33).”
POPULARIZANDO A COISA
Gente, a situação é a seguinte: Israel, no passado, nos dias retratados no Velho Testamento, teve sua eleição, sua escolha por Deus. Assim, nos primórdios, Deus escolheu Abraão no meio de um povo idólatra. Pois bem. Mais tarde escolheu José para orientar e salvar da fome esse mesmo povo. Depois escolheu Moisés para retirar esse povo da escravidão egípcia e conduzi-lo a uma terra que seria sua para sempre se esse povo se comportasse. Com a morte de Moisés, Deus escolheu Josué; depois os Juízes (líderes temporários que eram levantados por Deus quando o bicho pegava). Depois, escolheu Davi para ser rei. E por aí vai. Esse povo teve todas as oportunidades do mundo de ampliar suas fronteiras, de ser bênção para outros povos. Só que esse povo é uma turma de cabeça-dura e, aqui pra nós, um povo arrogante, pretensioso e seboso. Por conta disso tudo, foram expatriados dessa terra, e durante séculos peregrinaram pelo mundo afora, foram perseguidos, como no holocausto.
Em 1948, por fim, retornam para a chamada terra prometida. Se instalaram lá e começaram a criar guerras para ampliar suas fronteiras. Pegaram no pé nos palestinos e estão lá aterrorizando a vida dos caras, que, diga-se de passagem, estavam lá antes deles retornarem. Agora, querem de volta tudo aquilo que, de bobeira, perderam nos dias do Velho Testamento. Eu, particularmente, sou simpatizante da causa palestina, embora tenha clareza de que há extremismos dos dois lados. Só não posso aceitar com naturalidade que por questões proféticas os judeus tenham o direito de esmagar o povo palestino. Se um palestino mata dez judeus; os judeus matam, como represália, mais de cem palestinos. Não posso aceitar que um judeu valha mais que um palestino.
Pois é, então voltando aos capítulos em estudo, é pra essa gente turrona e metida a besta que Paulo está escrevendo e dizendo pra eles que o simples fato de ser judeu não dá nenhuma garantia de salvação, é preciso que haja arrependimento, como já pregara João Batista algumas décadas atrás. É preciso confessar que Jesus Cristo é o Senhor.
Trazendo isso para os nossos dias, para o contexto da igreja, é a mesma coisa que dizer que o simples fato de alguém declarar-se cristão por si só não resulta em salvação, é preciso fé, e toda fé gera boas obras. Ser membro de uma igreja batista não é nenhuma garantia. É preciso que essa pessoa seja de fato convertida ao Senhor, que tenha experimentado uma transformação, que ande em novidade de vida. Ser batizado em águas e participar da ceia por si só não salvam, é preciso algo mais, é preciso uma experiência com Deus.
Então, voltando ao povo judeu, os caras insistiam nesse papo furado de que o futuro estava garantido por conta da nacionalidade. Só que a coisa não rola assim.
A REJEIÇÃO DO MESSIAS
Então, continuando nosso papo, chegou o Messias, Jesus, e o que os caras fizeram? Rejeitaram ele. Jesus foi um judeu e foi rejeitado pelo seu próprio povo, os judeus.
Daí a salvação ser estendida aos gentios (todos os povos não-judeus) e Paulo ter se tornado o apóstolo dos gentios.
Foram os judeus que entregaram Jesus aos romanos para que o crucificassem. Por conta disso, anos mais tarde, e durante séculos, os judeus foram odiados por outros povos por terem matado seu próprio salvador. Mas era preciso que as coisas acontecessem assim.
DEUS NÃO REJEITOU ISRAEL
Apesar de todas as bobagem feitas por Israel ao longo da história, Deus jamais rejeitou seu povo, até mesmo em função do pacto feito com Abraão de que jamais abandonaria sua descendência. É isso que Paulo faz questão de lembrar em 11:1.
O que Israel faz hoje com o povo palestino é um contrassenso levando-se em conta tudo o que sofreu ao longo da história. Se fosse um povo sensível, não infligiria a nenhum outro povo o sofrimento que um dia lhe foi imposto, mas eles não estão nem aí. Eles querem de volta, numa outra época, tudo o que lhes fora dado num outro momento, e que fizeram questão de desperdiçar.
De qualquer forma, declara o apóstolo Paulo: “os judeus têm zelo de Deus, mas não com entendimento”, o que é uma pena.
COMO ASSIM, TER ZELO DE DEUS, MAS NÃO COM ENTENDIMETO?
• Têm a preocupação de guardar o sábado por entenderem ser esse um mandamento divino, mas não conseguiram entender, nos dias de Jesus, que o ser humano é mais importante que a guarda do sábado;
• Um judeu não fala o nome de Deus num banheiro, por considerar um ambiente impróprio para a divindade, o que parece uma profunda reverência, no entanto é incapaz de perceber num palestino, por exemplo, a imagem desse Deus que parece reverenciar tanto.
• Nos dias do Novo Testamento, eram preocupadíssimos com a lei e conheciam bem as profecias sobre a manifestação do Messias, no entanto não tiveram entendimento nem discernimento para reconhecê-lo quando apareceu.
LIÇÃO 10 - 06/12/09
A DIVERSIDADE NA UNIDADE
CAPÍTULO 12
1 - ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 - E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
3 - Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4 - Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5 - Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6 - De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 - Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;8 - Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.
ENTREGA E CULTO RACIONAL
“Antes de crer em Cristo, usávamos o corpo para prazeres e propósitos pecaminosos; agora que pertencemos ao Senhor, usamos o corpo para a sua glória. O corpo do cristão é o templo de Deus (1 Co 6:19,20), pois o Espírito de Deus habita nele (Rm 8:9). É nosso privilégio glorificar e engrandecer a Cristo com nosso corpo (Fp 1:20,21. É esse corpinho que devemos apresentar a Deus como sacrifício vivo. Para entendermos melhor esse sacrifício vivo, vamos lembrar dos dois casos bíblicos: Isaque e Jesus Cristo. No contexto desse versículo, o verbo apresentar sugere uma entrega definitiva, uma única vez, ou seja, o que Paulo nos recomenda é que entreguemos nossos corpos a Deus como forma de adoração permanente.
Esse culto racional a que ele se refere, como o próprio termo sugere, fala de um culto com a razão, com a mente voltada para Deus. Isso contraria a idéia de um êxtase, de um culto “enlouquecido” em que a razão nem passa perto.
Outra coisa importante nesse contexto é pensarmos numa adoração permanente, ou seja, o culto cristão não pode limitar-se ao espaço e ao tempo da igreja. Não rola esse papo de dizer que o culto tem apenas uma ou duas horas; nosso culto precisa ir além dos limites do templo, ele precisa ser racional, permanente e de fato. Tem uma turminha sinistra que entende que cultuar é simplesmente estar dentro da igreja durante o tempo da reunião e acha que cumpriu sua obrigação para com Deus por mais uma semana. Só que Deus não tá nem aí para essa criatura asquerosa, deve até pensar assim: “será que aquele vermezinho lá ainda não descobriu que dei um cérebro pra ele, será que ele tá achando que está me adorando só porque está dentro da igreja?” Nosso culto precisa ir além, precisa acontecer em nossa rua, em nossa escola, em nosso trabalho, no relacionamento com o outro, ou seja, é vinte e quatro horas no ar.
PAULO COMBATE A IDEIA DAQUELAS CRIATURAS QUE FICAM “SISSE”
Você deve conhecer alguém que fica SISSE (se sentindo) o tempo todo, que acha que é o cara, ou a cara. Pois é, você se ligou na orientação de Paulo para esse caso?: “não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Em outras palavras, ele está dizendo: você não deve achar que é melhor que os outros, você faz parte de uma teia, de um corpo, que é a igreja. Não adianta ficar “sisse”, não adianta tirar onda. “Todo mundo é parecido quando sente dor”, já dizia o Cazuza.
SOBRE A DIVERSIDADE DOS DONS
A igreja tem uma diversidade imensa de pessoas, essas pessoas têm uma diversidade de necessidades. Assim, visando o bem-estar dessa unidade que é igreja, Deus providenciou uma diversidade de dons. Dessa forma, podemos dizer, sem nenhum medo de estar errando, que os dons só fazem sentido quando edificam a igreja, quando contribuem para o bem estar da mesma. Isso significa dizer que não faz o menor sentido falar em gente caindo no poder, caindo diante de um sopro de alguém, caindo diante de um paletó que se joga, gente grudando na parede com a tal unção da lagartixa, gente enlouquecida com a tal unção do riso e por aí vai.
A igreja tem uma diversidade imensa de pessoas, essas pessoas têm uma diversidade de necessidades. Assim, visando o bem-estar dessa unidade que é igreja, Deus providenciou uma diversidade de dons. Dessa forma, podemos dizer, sem nenhum medo de estar errando, que os dons só fazem sentido quando edificam a igreja, quando contribuem para o bem estar da mesma. Isso significa dizer que não faz o menor sentido falar em gente caindo no poder, caindo diante de um sopro de alguém, caindo diante de um paletó que se joga, gente grudando na parede com a tal unção da lagartixa, gente enlouquecida com a tal unção do riso e por aí vai.
Bom, não é disso que Paulo está falando. Ele está falando de dons de verdade, aqueles que têm como função primordial a edificação do corpo de Cristo. Enquanto membro desse corpo, você precisa se achar, descobrir ou redescobrir seu dom e cair dentro, se doar, se gastar, investir seu tempo na causa de Cristo, observando a recomendação apostólica: “Cada um deve permanecer na vocação para a qual foi chamado.”
LIÇÃO 11 - 13/12/09
O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE E O AMOR AO PRÓXIMO
CAPÍTULOS 13 e 14
7 - Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 - A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 - Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
1 - ORA, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.
2 - Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
3 - O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu.
10 - Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.
O RESPEITO A AUTORIDADE
Como já disse em alguma outra lição, o princípio da autoridade precisa ser observado por todos nós. Assim, ao governo devemos impostos, então vamos pagar esses impostos. Aos nossos pais, líderes, pastores, professores, devemos temor (não confundir com medo) e honra. A quem compramos alguma coisa, devemos o valor do produto adquirido. A todos, devemos amor. E somente isso devemos dever a alguém, conforme orientação de Paulo aos romanos. Assim, tudo de ruim que fazemos reflete a falta de amor ao outro. Se amo meu próximo, não vou adulterar contra ele. Se você ama o outro, você não vai querer matá-lo. Ainda que ele ou ela te irrite profundamente, você não vai querer matar essa pessoa. Se você furta alguma coisa de alguém, o faz por pura falta de amor. Quem ama respeita a propriedade do outro. Quem é falso ou falsa com o outro não ama o outro. Quando amamos, temos uma cara só e mesmo que digamos algo que não seja tão bom de ouvir, o fazemos por amor ao outro. Amigo de verdade, às vezes, dá uns puxões de orelha no outro. Quando amamos o outro, não cobiçamos o que é dele. Podemos até desejar ter algo que ele tem, mas não necessariamente aquele que é dele. Enfim, como disse o próprio Cristo, transcrito aqui por Paulo, tudo se resume a “amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” É muito fofo isso. O outro, gente, que precisamos amar, tanto pode ser a nossa liberdade, como pode ser nossa dificuldade, nossos problemas. O outro pode ser o caos, mas ainda assim precisamos amá-lo em Cristo. O outro, a princípio, é diferente de nós, e nós temos dificuldade de aceitar o diferente. A propósito, você acha que essa classe está pronta para receber o diferente? Vamos ampliar: você acha que a igreja está pronta para receber o diferente? Agora, vamos particularizar: você está pronto para lidar com o diferente?
O DIFERENTE PODE SER UM DE NÓS
“Havia divisão entre os cristãos em Roma por causa das dietas e de dias especiais. Alguns membros da comunidade acreditavam que era pecado comer carne, de modo que adotaram uma dieta vegetariana. Outros acreditavam que era pecado observar os dias santos dos judeus. Se cada cristão tivesse guardado sua convicção para si, não teria havido problema; mas não foi o que aconteceu, pois os membros da igreja começaram a criticar e julgar uns aos outros. Cada grupo acreditava que o outro não era tão espiritual quanto deveria ser.
Paulo se dirige aos ‘fortes na fé’, ou seja, os que compreendiam a liberdade em Cristo e não eram escravos de dietas e da observância de dias santos. Os ‘débeis na fé’ eram os cristãos imaturos, que se sentiam constrangidos a obedecer a regras legalistas com respeito à alimentação e às ocasiões de adoração. Muitas pessoas acreditam que os cristãos que seguem as regras mais rígidas são os mais maduros, mas nem sempre esse é o caso. Nas igrejas em Roma, os cristãos mais fracos eram os que se apegavam à Lei e não desfrutavam sua liberdade no Senhor. Os cristãos débeis julgavam e condenavam os cristãos fortes, e estes, por sua vez, desprezavam os débeis.” Diante de todo esse contexto, recomenda Paulo: “acolhei-vos uns aos outros.”
Há muitas diferenças na prática de fé cristã: católicos, ortodoxos, protestantes e evangélicos parecem não se entenderem. Parece que professamos religiões completamente diferentes. E quando essas diferenças ocorrem dentro do próprio movimento evangélico, entre batistas, pentecostais e neo-pentecostais? E quando acontecem dentro da própria denominação batista? Há casos em que esses grupos parecem tão distantes que se criam os chamados guetos denominacionais. É uma pena, pois “o que Deus uniu não separem as denominações.”
Discussões como batismo por imersão ou por aspersão, batismo com o Espírito Santo como parte da experiência de conversão ou como parte de uma outra experiência pessoal com Deus, livre arbítrio ou predestinação são “divertidas” no contexto teológico, fora disso não vão contribuir em nada para a edificação da igreja. Muito pelo contrário, vão separar, afastar. Entre nós, batistas, há várias pessoas que acreditam que o céu é batista, que os outros grupos estão absolutamente equivocados. Oxente! Que pensamento mais besta! Que pretensão! Que mania de exclusividade! Pratiquemos nossa fé como batistas que somos, mas tenhamos em mente que somos apenas um grupo cristão dentre tantos outros que existem.
CAPÍTULOS 15 e 16
1 - MAS nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.
17 - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
18 - Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.
Obra consultada e recomendada:
Comentário Bíblico Expositivo do Novo Testamento
Warren W. Wiersbe
Tradução de Susana E. Klassen
Geográfica Editora