sexta-feira, 30 de maio de 2008

OS EVANGELHOS

Lição 01 01/06/08

Visão Geral do Novo Testamento – OS EVANGELHOS

Os primeiros cinco livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos, têm um caráter histórico. Os primeiros quatro esboçam, de diferentes pontos de vista, a vida e a obra de Jesus. O livro de Atos é uma continuação de Lucas, abordando a história dos seguidores de Cristo depois de terminada a Sua vida terrena, dando destaque especial à carreira missionária do companheiro Paulo.
Os livros do Novo Testamento não foram escritos na ordem em que aparecem na Bíblia. É preciso considerar, inclusive, que pode haver uma diferença considerável entre a data de composição de um escrito e o período a que ele se refere. Marcos, por exemplo, descreve os acontecimentos da vida de Jesus que se passaram no final dos anos 20 do primeiro século, mas seu evangelho deve ter sido publicado entre os anos 65 e 70, assim como Lucas, Atos e Mateus. Os escritos de João (o quarto evangelho e as epístolas) devem ter aparecido entre 85 e 90, e Apocalipse por perto de 95.
O Cristianismo deve a sua existência à pessoa e obra de Jesus Cristo. Com exceção de algumas narrações fragmentárias, as crônicas autênticas da sua vida estão contidas nos quatro evangelhos, livros que sempre foram considerados canônicos pela cristandade.

O DESTINATÁRIO DE CADA EVANGELHO

Mateus, sabendo que os judeus aguardavam ansiosos a vinda do Messias prometido no antigo Testamento, apresenta Jesus como sendo esse Messias, o Rei dos judeus.
Lucas, escrevendo para um povo muito culto, os gregos, cujo ideal era o homem perfeito, focalizou a pessoa de Cristo como a expressão desse ideal, o Filho do homem.
Marcos, que escreveu aos romanos, um povo cujo ideal era o poder e o serviço, apresenta Jesus como o Conquistador Poderoso, o Servo.
João tinha em mente as necessidades dos cristãos, da igreja de todas as nações, e assim apresenta as verdades mais profundas do Evangelho, entre as quais os ensinos acerca da divindade de Cristo, o Filho de Deus.
Os escritores dos evangelhos não procuraram produzir uma biografia completa de Cristo, mas levando em consideração as necessidades e o caráter do povo para o qual escreviam, escolheram exatamente os acontecimentos e discursos que acentuaram a sua mensagem especial.
Os primeiros três evangelhos são chamados sinóticos, pois fornecem uma sinopse (vista geral) dos mesmos acontecimentos. Já o evangelho de João foi escrito em base inteiramente diferente dos outros três.

OS EVANGELHOS SINÓTICOS E JOÃO

Os sinóticos contêm uma mensagem evangelística para homens não espirituais; o de João contém uma mensagem espiritual para os cristãos;
Nos três, sobressai a vida pública de Cristo; em João, é revelada a sua vida particular;
Nos sinóticos, ficamos impressionados com a humanidade real e perfeita de Cristo; em João, o que impressiona é sua divindade.

UM POUQUINHO DE CADA EVANGELHO

Mateus – Autoria de Mateus Levi, cobrador de impostos (publicano) a quem Jesus chamou para ser um dos doze (9:9-13; 10:3). É possível que o livro tenha sido escrito originalmente em aramaico e que mais tarde, ele mesmo tenha feito uma outra versão em grego.

Marcos – Autoria de João Marcos, filho de Maria, uma mulher de Jerusalém, cuja casa estava aberta para os cristãos primitivos (At 12:12). Ele é aquele cara que acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária. É possível que tenha estado com Pedro, em Roma, como seu intérprete e que tenha compilado seu evangelho aproveitando as pregações dele.

Lucas – Autoria de Lucas, um gentio de nascimento, de fala grega, que possuía grande capacidade intelectual. Foi, provavelmente, um dos primeiros convertidos da primeira missão em Antioquia. Encontrou-se com Paulo por volta do ano 51.
Percebendo sua incapacidade de salvar a humanidade por meio da educação, muitos filósofos gregos concluíram que a única esperança era a vinda de um homem divino. Lucas, a fim de satisfazer a necessidade dos gregos, apresenta Jesus como o perfeito homem divino, o representante, o Salvador da humanidade.

João – Autoria de João, um dos filhos de Zebedeu (Mc 1:19,20) e de Salomé, provavelmente irmã de Maria, mãe de Jesus (Mt 27:56; Mc 15:40; Jo 19:25). Esteve com Jesus, em Jerusalém. Talvez a conversa de Jesus com Nicodemos tenha acontecido em sua casa. João precisou dos conselhos do Mestre, pois assim como Tiago, tinha um comportamento “esquentado”, assim meio “barraqueiro”, a ponto de serem chamados “filhos do trovão” (tumulto) – Mc 3:17.
O evangelho de João foi escrito muitos anos depois dos demais. Depois de terem sido estabelecidas igrejas através dos apóstolos, os cristãos passaram a sentir uma necessidade das mais profundas verdades do evangelho, o que levou o escritor a produzir o quarto evangelho.

ESCLARECIMENTO

O estudo dos evangelhos e de Atos não será feito livro a livro como estudamos o Velho Testamento. Como os evangelhos abordam coisas comuns do ministério de Cristo, optamos por estudá-los não enfatizando o contexto histórico, que é comum a todos, mas sim seus tópicos principais, seus registros mais interessantes, como o reino de Deus, o batismo de João e por aí vai.
O que posso garantir, é que o estudo do Novo Testamento será uma belezura e que ocupará o restante do ano (2008), já que em 2009 estrearemos um novo currículo.
(Isac Machado de Moura)


08/06/08


Não haverá aula.

Passeio da Família, no sítio São Jacinto.





15/06/08


Não haverá aula.

Festa da Roça: 13, 14 e 15.




Lição 02 22/06/08

O Ministério de João Batista

De repente, para um povo que estava sofrendo sob o domínio de uma nação pagã (Roma), que estava aguardando, ansiosamente, pela vinda do Reino de Deus e que tentava entender por que Deus havia ficado silencioso, aparece um novo profeta proclamando: “O Reino de Deus está próximo”.
À medida que atingia a maturidade, João foi sentindo uma necessidade de partir para o deserto (Lc 1:80). Temos a impressão de que ele deve ter ficado um tempo refletindo sobre a chamada até que “veio a palavra de Deus a João” (Lc 3:2). Logo em seguida, João aparece no vale do Jordão, anunciando, profeticamente, que o Reino de Deus estava próximo
O deserto era o lugar onde João Batista deveria exercer o seu ministério. Na Bíblia, deserto está sempre relacionado a prova, a privações (os 40 anos do povo de Israel pelo deserto, a tentação de Jesus no deserto...), logo, o lugar designado por Deus para João estar não era, a princípio, um lugar tão legal assim. Pois é, fato é que hoje circula entre nós a idéia de que devemos estar no lugar onde nos sentimos bem, onde tudo é fofo, bonito e belezudo, onde somos queridos por todos e coisas assim. Nem sempre, queridos, isso é possível. Bom é que seja assim, mas nem sempre vai acontecer. João foi “conduzido” para o deserto. E se for lá num “deserto” que você precisará exercer seu ministério? Tudo bem ou vai amarelar? Vai entender que o importante é estar no local determinado por Deus? Mesmo que esse lugar não seja uma “fofeza”?
A roupa de João (manto de pelos e o cinto de couro) parece uma imitação deliberada dos sinais externos característicos de um profeta (Zc 13:4; 2 Rs 1:8).
A atuação de João, vista no seu conjunto, foi realizada segundo os moldes da tradição profética. Ele anunciou que Deus iria agir decisivamente na história para manifestar seu poder real. Em antecipação a este fato, os homens deveriam se arrepender e, como evidência física desse arrependimento, deveriam submeter-se ao batismo.
O batismo de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista, exigindo um retorno moral e religioso para Deus. Isso significa que não bastava o cabra ser judeu para estar resolvido diante de Deus. João recusou-se a assumir como fato consumado a existência de um povo justo. Somente aqueles que se arrependessem e que manifestassem esse arrependimento através de uma mudança de conduta iriam escapar do julgamento iminente, ou seja, considerar o fato de ser descendente de Abraão como um fundamento que pudesse garantir a salvação messiânica, seria uma grande bobagem. Diante de tudo isso, de uma forma meio estressada, João acusava os líderes religiosos de Israel (Mt 3:7) de estarem fugindo da ira vindoura, como as víboras fogem do fogo.
Essa postura de João foi muito “xou”. Ele chocou e frustrou aquela rapaziada arrogante e prepotente que achava que pelo simples fato de serem judeus já estava tudo resolvido. Completamente na contramão desse raciocínio etnocêntrico, ele disse a esses camaradinhas que se não se arrependessem seriam julgados como qualquer outro ser humano. Bem feito! Ninguém pode tirar onda como eles tiravam, porque diante de Deus somos todos iguais (judeus ou não).

JESUS E JOÃO

O significado do ministério de João é explicado por Jesus em Mateus 11 – a partir do verso 2. Nesse episódio, João Batista está preso e então envia alguns discípulos seus a Jesus a fim de perguntarem se, afinal de contas, ele era ou não o Cristo. O que aconteceu foi o seguinte: João ouviu falar das obras de Cristo e ficou, de certa forma, preocupado, uma vez que essas obras não eram as esperadas por ele. Até então não havia acontecido nenhum batismo do Espírito nem de fogo, o Reino não havia chegado, o mundo permanecia como antes. Tudo o que Jesus estava fazendo era pregar o amor e amar as pessoas enfermas. Não era isso o que João esperava. Como resposta, Jesus afirma que a profecia messiânica de Isaías 35:5-6 estava sendo cumprida em seu ministério.
João, assim como a maioria dos judeus de sua época, esperava um Cristo político, um Cristo libertador, um herói nacional que libertasse seu povo do domínio romano. Ao invés disso, me aparece Jesus com uma postura paz e amor, curando pessoas, amando pessoas, pregando a paz. Diante disso é natural que João tenha ficado preocupado e enviado uns discípulos para tirarem essa história a limpo, ou seja, para confirmarem se ele era mesmo o Cristo prometido ou se era mais um dos tantos cristos surtados que apareceram naqueles dias.
No verso 14, quando Jesus fala de João Batista como sendo Elias, ele está na verdade usando uma metáfora. O que ele quis dizer, certamente, é que João Batista era um profeta autêntico como Elias. Levando-se em conta todo o contexto da Bíblia, ele não poderia estar dizendo que João seria uma reencarnação de Elias, mas alguém como ele. Quando eu digo que Sérgio Lopes é o Chico Buarque da música evangélica, não estou dizendo que um seja o outro (uma reencarnação se não fossem contemporâneos), mas sim que um tem características do outro.

O BATISMO DE JESUS E O INÍCIO DE SEU MINISTÉRIO

Logo após o seu batismo por João, Jesus iniciou seu ministério de proclamar o Reino de Deus. Isso é retratado por cada um dos evangelistas de uma forma particular:

MATEUS: “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo”. (4:23)

MARCOS: “Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus e dizendo: o tempo está cumprido, e é chegado o Reino de Deus.” (1:14,15).

LUCAS: “Hoje se cumpriu esta Escritura aos vossos ouvidos.” (4:18-21)

JOÃO: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe, a quem disse: segue-me.”(1:43)

Não podemos compreender a mensagem nem os milagres de Jesus sem levarmos em conta o contexto em que ele viveu (enquanto materializado), sua visão de mundo, sua visão do ser humano em particular e a necessidade do estabelecimento do Reino.
Precisamos entender que Jesus foi um homem judeu como todos os outros de sua geração e ao mesmo tempo diferente de todos eles. O que estou querendo dizer é que se Ele tivesse sido um nordestino brasileiro, teria comido rapadura e curtido forró (antes de se escandalizar, pense nele na festa de casamento nas Bodas de Caná. Ele tinha uma vida social, cultural).



Lição 03 29/06/08

O MUNDO, O HOMEM E A NECESSIDADE DO REINO

Os profetas do Velho Testamento fixaram as suas vistas em direção ao futuro para o Dia do Senhor e de uma visitação divina para purificar o mundo do mal e do pecado para estabelecer o Reino perfeito de Deus na terra. Assim, encontramos um contraste entre a presente ordem de coisas e a ordem redimida do Reino de Deus. Amós (9:13-15) descreve o Reino em termos bem deste mundo, porém Isaías vê a nova ordem como novos céus e nova terra (65:17).
A Era Vindoura e o Reino de Deus são termos, algumas vezes, usados com um mesmo sentido (Mc 10:30).
A era vindoura é uma bênção reservada para o povo de Deus e será inaugurada quando da ressurreição dos mortos (Lc 20:35) e nela já não haverá morte. Os que alcançarem esta era serão imortais como os anjos e somente então hão de experimentar o pleno significado de serem filhos de Deus (Lc 20:34-36). A vida da ressurreição, consequentemente, é a vida eterna, a vida da era vindoura, a vida do Reino de Deus.
A ressurreição não é a única marca que vai assinalar a passagem desta era para a era vindoura; a manifestação de Cristo irá assinalar o fim da era presente (Mt 24:3). O Filho do Homem virá com poder e grande glória e enviará os seus anjos para reunirem os eleitos dos quatro cantos da terra para entrarem no Reino de Deus (Mt 24:30-31).

AS PARÁBOLAS DO REINO EM MATEUS

A versão apresentada por Mateus sobre as parábolas do Reino fala três vezes sobre o fim da era presente (Mt 13:39,40,49), mas o conceito é consistente em todos os Evangelhos. A parábola do trigo e do joio (Mt 13:36-43) contrasta a situação nesta área com a que existirá no Reino de Deus. Na era atual, o trigo e o joio – filhos do Reino e filhos do maligno – convivem em uma sociedade mista. A separação somente ocorrerá por ocasião da colheita – o juízo. Então “todos os praticantes de más obras” serão excluídos do reino de Deus e sofrerão o julgamento divino, ao passo que “os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mt 13:42,43).

Esta é uma preocupação constante dos filhos de Deus. Questiona-se, com freqüência, inclusive nos Salmos e em Jó, por que, muitas vezes os injustos prosperam e os justos sofrem, ou ainda, por que Deus permite que isso aconteça. Pois é, vivemos numa sociedade mista formada por bons e maus. A igreja, que está inserida nessa sociedade, também é formada por bons e maus, trigo e joio; a separação total só acontecerá num momento futuro. Por enquanto, precisamos ter discernimento (que não é a mesma coisa que pré-julgamento) para identificarmos o joio e o trigo.

O ESPÍRITO DO MUNDO

Nos evangelhos sinópticos, Satanás é descrito como um espírito mau sobrenatural que chefia uma hoste de espíritos maus inferiores, chamados demônios (como tal, ele é o “príncipe dos demônios” – Mc 3:22). Seu objetivo principal é opor-se ao propósito redentor de Deus. Na narrativa da tentação (Mt 4:1; Lc 4:6), ele reivindica um poder sobre o mundo que não foi questionado por Jesus. A tentação consiste, portanto, da tentativa de desviar Jesus de sua missão divinamente concedida, como Servo Sofredor, para alcançar o prestígio e o poder pela submissão a Satanás, idéia expressa de modo ainda mais claro por Paulo, ao chamá-lo de “deus deste século” (2 Co 4:4).
Aqui, precisamos entender o seguinte: não há um dualismo como muitos grupos religiosos ensinam, ou seja, não há duas forças iguais em poder que se opõem, que se enfrentam o tempo todo. O mal (satanás, no caso) só vai até onde Deus permite, como no caso de Jó. O bem (Deus) está acima do mal. Ainda que satanás seja “o deus deste século”, ele não é páreo para Deus, ou seja, está vencido, foi vencido naquela cruz.

OS DEMÔNIOS

Nos evangelhos sinópticos, a maior evidência do poder de Satanás é a habilidade demonstrada pelos demônios de apossarem-se do centro da personalidade dos indivíduos. Bem no princípio do seu ministério em Cafarnaum, Jesus defrontou-se com o poder demoníaco (Mc 1:24). O demônio reconheceu em Jesus um poder sobrenatural capaz de destruir o poder satânico naquele momento.


POSSESSÃO DEMONÍACA

Não seria correto negar a possessão demoníaca, dizendo, por exemplo, tratar-se de uma antiga interpretação para aquilo que hoje sabemos ser formas variadas de insanidade. Nos Sinópticos, frequentemente, verificamos as duas situações. Jesus tanto curou as doenças meramente físicas e mentais, como os casos de possessão (Mc 1:32; Mt 9:32; 4:24; 12:22; 10:8; 17:15,18; Mc 1:27; 5:15).
A CID-10 (Código Internacional de Doenças), no capítulo sobre transtornos mentais e de comportamento, sob o código F44.3, descreve o transtorno de transe e possessão, da seguinte forma: “Transtornos nos quais há uma perda temporária tanto de senso de identidade pessoal quanto da consciência plena do ambiente; em alguns casos, o indivíduo age como se tomado por uma outra personalidade, espírito, divindade ou ‘força’. A atenção e a consciência podem limitar-se ou concentrar-se em apenas um ou dois aspectos do ambiente imediato e há, muitas vezes, um conjunto limitado, mas repetido de movimentos, posições e expressões vocais.
Veja bem: a possessão demoníaca existe. Pode ser momentânea (quando dizemos que o cabra foi usado pelo diabo) e pode acontecer com qualquer pessoa (cristã ou não) que dê mole, que dê abertura, que não esteja atento (foi o que aconteceu com Pedro, quando Jesus disse: “para trás de mim, satanás...”) e pode ser duradoura. Pode ocorrer o “transe” ou não.


06/07/08

Não haverá aula.


II Seminário de Formação

Continuada para Professores

de EBD,

no colégio Marli Capp.



Lição 04 13/07/08

O REINO DE DEUS

“O Reino de Deus é o domínio redentor de Deus, ativo, dinamicamente, visando estabelecer seu governo entre os homens. Este reino, que aparecerá como um ato apocalíptico na consumação dos tempos, já entrou para a história humana na pessoa e missão de Jesus com a finalidade de sobrepujar o mal, de libertar os homens do seu poder e propiciar-lhes a participação das bênçãos da soberania de Deus sobre suas vidas. O Reino de Deus envolve dois grandes momentos: cumprimento no cenário da história humana e consumação ao fim da história.”
Isso quer dizer que neste momento presente já desfrutamos de um lote de bênçãos espirituais e, por conseqüência, materiais também, como um adiantamento pela nossa participação nesse reino e que futuramente receberemos mais ainda. É assim: não há o quer perder participando desse reino belezudo.

O REINO DE DEUS NO JUDAÍSMO

Diversos movimentos judaicos procuraram interpretar, de formas diversas, a extensão do Reino de Deus, dando-lhe, geralmente, um sentido histórico, político ou escatológico. Os zelotes, por exemplo, foram líderes judaicos radicais, que se contentavam em esperar, calmamente, pela vinda do Reino de Deus, mas desejavam a sua vinda através da espada. É bastante provável que toda a série de revoltas contra Roma tenha apresentado uma conotação messiânica, ou seja, os revoltosos não foram motivados pela consecução de objetivos puramente políticos ou nacionalistas, mas sim, religiosamente, para apressar a vinda do Reino de Deus.

O REINO DOS CÉUS

Esta expressão aparece apenas em Mateus (34 vezes). O reino dos céus é uma expressão judaica, onde “céus” é usado em substituição ao nome de Deus (Lc 15:18).
É que eles evitavam, o máximo possível, em observação ao decálogo, pronunciar o nome de Deus.

O REINO FUTURO (ESCATOLÓGICO)

A vinda do Reino de Deus (Mt 6:10) ou seu aparecimento (Lc 19:11), marcará o fim da era presente e inaugurará a Era Vindoura.
A vinda do Reino de Deus significará a destruição total e final do diabo e seus anjos (Mt 25:41), bem como a comunhão perfeita com Deus (Lc 13:28,29). Neste sentido, o Reino de Deus é um sinônimo para a Era Vindoura.

O REINO PRESENTE

Jesus considerou seu ministério como um cumprimento da promessa do Velho Testamento na história, conforme observamos em duas passagens em especial. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu a profecia messiânica de Isaías 61:1,2, a respeito da vinda de um ungido para proclamar o ano aceitável do Senhor; e, então, solenemente, declarou: “Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4:21). Quando João Batista, em dúvida, enviou emissários para perguntar a Jesus se ele era realmente aquele que havia de vir, Jesus respondeu citando a profecia messiânica de Isaías 35:5,6 e mandou-os de volta a fim de contarem a João que a profecia estava, de fato, sendo cumprida (Mt 11:2-6).
Assim, o reino presente de Deus sugere aos seus filhos:
· um estado de bênçãos presentes;
· o dom da salvação;
· a dádiva do perdão;
· a dádiva da justiça.

O DEUS DO REINO

No ensino de Jesus, sua concepção de Deus determina o restante de todos os seus elementos, inclusive as concepções do reino e do Messias. Se o Reino significa o domínio de Deus, então todo aspecto do reino deve ser derivado do caráter e da ação de Deus. A presença do reino deve ser interpretada a partir da natureza da atividade que Deus realiza no presente; e o futuro do reino é a manifestação redentora de seu governo real no final dos tempos.


SOBRE O DEUS DO REINO

a) O Deus que busca – Em Jesus, Deus tomara a iniciativa de procurar o pecador, a fim de trazer os homens perdoados para a bênção de seu reino.
b) O Deus que convida – Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um convite (Mt 22:1..; Lc 14:16..; Mt 8:11).
c) O Deus paternal - Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu domínio para que possa ser seu Pai. Existe uma relação inseparável entre o reino de Deus e a sua paternidade (Mt 13:43; Lc 12:32.
d) O Deus que julga – Enquanto busca o pecador e oferece-lhe a dádiva do Reino, permanece um Deus de justiça retributiva àqueles que rejeitam sua oferta graciosa. Segundo a pregação de João, a vinda do Reino escatológico significará a salvação para o justo, mas um julgamento de fogo para o injusto (Mt 3:12).

Por mais estranho que possa parecer, tem um monte de gente que é cristã não por convicção ou por amor a Deus acima de todas as coisas, mas por medo do inferno. Você acha que uma criatura assim pode, de verdade, ser considerada cristã?


Lição 05 20/07/08

AS PARÁBOLAS DO REINO

Marcos resumiu a mensagem das parábolas do Reino, ao registrar as palavras de Jesus a seus discípulos: “A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados” (Mc 4:11,12).
Eu sei que você deve estar considerando estranho o teor desse texto. Nos lembra, inclusive, a crise de Jonas, aquele cabra do Velho Testamento, que não queria pregar em Nínive para que o povo não se arrependesse e fosse perdoado. Pois é, dito por Jonas, que odiava aquele povo, a gente até entende, mas agora dito por Cristo fica estranhão, né? Afinal de contas, ele queria que as pessoas se convertessem ou não?
Os defensores da predestinação usam esse texto para apoiarem sua teoria, mas isso não faz muito sentido porque no finalzinho do 12 admite-se a possibilidade de que entendendo, se convertam e sejam perdoados. Isso é livre arbítrio.
Ah, tá, você esperava que eu desse aqui uma explicação clara, objetiva e definitiva, né? Huuummmm, pois é, eu não tenho. Então vamos todos combinar o seguinte: vamos pesquisar, buscar outros “textos estranhos” como esse no Novo Testamento e no Velho, se for o caso, e aí quem achar uma solução razoável primeiro, compartilha, tá bom?

Marcos 4 e Mateus 13

Os quatro tipos de solo - Há quatro tipos de solos, mas somente um é frutífero. O Reino de Deus veio ao mundo para ser recebido por alguns, porém rejeitado por outros. No tempo presente, o reino terá um sucesso apenas parcial e este sucesso depende de uma resposta humana.

As pragas – O campo é o mundo (v.38) e não a igreja. O reino que está presente, mas oculto no mundo, ainda será manifestado em glória; então, esta sociedade de composição mista (bons e maus) terá o seu fim. Os ímpios serão reunidos fora do Reino e os justos resplandecerão como o sol no Reino escatológico.

A Semente de Mostarda – A ênfase da parábola está no contraste entre o frágil começo e o final grandioso.

O Fermento – Incorpora a mesma verdade básica da encontrada na parábola da mostarda: que o Reino de Deus, que um dia dominará sobre toda a terra, penetrou no mundo de um modo que é de difícil percepção. Quando uma pequena quantidade de fermento é colocada numa quantidade de massa, nada parece acontecer; algum tempo depois, porém, a massa cresce significativamente.

O Tesouro e a Pérola – O Reino de Deus é de valor inestimável e deve ser procurado acima de todas as outras coisas. Se ele custar ao indivíduo tudo quanto ele tem, ainda assim isso se constitui num pequeno preço comparado à aquisição do Reino.

A Rede – Uma rede é lançada ao mar e apanha todos os tipos de peixes. Quando a pescaria é selecionada, os peixes bons são retidos e os ruins jogados fora.

A Semente que cresce por si mesma – Da mesma forma que existem leis que regulam o crescimento, as quais são inerentes à própria natureza, também existem leis de crescimento espiritual, através das quais o reino deve passar até que a frágil semente do evangelho tenha efetuado uma grande colheita. O tempo da semeadura e da colheita, ambos são obras de Deus.

O REINO E A IGREJA

A igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao Reino como o Reino lhes pertence, mas eles não são o Reino. O Reino é o domínio de Deus; a igreja é uma sociedade composta por seres humanos.
O fato de não ser a igreja o reino pode ser explicado através de cinco pontos:

PRIMEIRO: O Novo testamento não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a Igreja (At 8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31). Nessas expressões, é impossível substituir a palavra reino por igreja.

SEGUNDO: O Reino gera a Igreja. O domínio dinâmico de Deus, presente na missão de Jesus, desafiou os homens a manifestarem uma resposta positiva, introduzindo-os em um novo grupo de comunhão. “A igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo.”

TERCEIRO: É missão da Igreja dar testemunho do reino. Este testemunho refere-se aos atos redentores de Deus em Cristo, tanto no passado quanto no futuro (Mt 10; Lc 10). Israel já não é mais a testemunha do Reino de Deus; a igreja assumiu o seu lugar.

QUARTO: A igreja é considerada a agência do Reino. Quando saíram a pregar a mensagem a respeito do Reino de Deus, eles também curaram os enfermos e expulsaram os demônios (Mt 10:8; Lc 10:17). Diante do poder do Reino de Deus operado através da Igreja, a morte perdeu o seu poder sobre os homens e é incapaz de vindicar uma vitória final (Mt 16:18).

QUINTO: A Igreja é guardadora do Reino. A nação israelense, como um todo, rejeitou a proclamação do evento divino em Cristo Jesus, mas aqueles que o aceitaram tornaram-se os verdadeiros filhos do Reino, passando a desfrutar de suas bênçãos e do seu poder. O Reino é tirado de Israel e dado à Igreja (Mc 12:9).

A ÉTICA DO REINO

Boa parte do ensino de Jesus objetivou a conduta humana, As bem-aventuranças e a parábola do bom samaritano podem ser contadas entre as seleções escolhidas da literatura ética mundial.
Jesus ensinou a vontade de Deus pura e incondicionada sem qualquer tipo de compromisso, que Deus impõe aos homens de todas as épocas e para todo o tempo. Tal conduta é atingível de um modo cabal somente na Era Vindoura, quando todo o mal for banido; mas o Sermão do Monte deixa bem claro que Jesus esperou que os seus discípulos praticassem os seus ensinos nesta era presente. Não fosse assim, as declarações sobre a luz do mundo e o sal da terra não teriam o menor sentido (Mt 5:13,14). A ética de Jesus incorpora o padrão de justiça que um Deus santo deve requerer dos homens em qualquer era.
A ética do Reino coloca uma nova ênfase sobre a justiça do coração. Uma justiça que excede a dos escribas e fariseus é necessária para a admissão no Reino dos Céus (Mt 5:20-26).
Tudo bem, nós não somos seres fantásticos, justos, as melhores pessoas do mundo, todavia precisamos entender que agora, que temos Cristo em nossas vidas, que fazemos parte do reino, que estamos filiados a uma igreja, devemos ter uma vida digna, justa, diferente. Precisamos evangelizar em silêncio através do nosso testemunho. Precisamos pagar nossas contas, precisamos devolver o troco que nos foi dado a mais por engano, precisamos dar carona quando nosso carro tem espaço e nosso irmão está a pé, às vezes, na chuva, precisamos estudar para fazer nossas provas, concursos, vestibulares e assim não termos que colar, precisamos respeitar nossos professores, alunos, patrões, empregados, precisamos entender que o nosso vizinho tem o direito de professar uma religião diferente da nossa, enfim, precisamos ser sal e luz, precisamos viver a ética do reino.


Lição 06

O QUARTO EVANGELHO – JOÃO

As diferenças entre João e os Sinópticos são bastante significativas.

Local do ministério de Jesus: Nos Sinópticos, com exceção da última semana, o ministério de Jesus transcorreu em sua maior parte na Galiléia, ao passo que em João, seu ministério centraliza-se em torno de várias visitas a Jerusalém.
Tempo: Os Sinópticos mencionam somente uma páscoa e parecem registrar os eventos de apenas um ano ou dois, mas em João há pelo menos três páscoas (2:13; 6:4; 13:1) e, possivelmente quatro (5:1).
Omissão de eventos: O nascimento de Jesus, seu batismo, a transfiguração, o exorcismo de demônios, a agonia do Getsêmane, a última ceia, o discurso no monte das Oliveiras.
Uma outra diferença bastante importante, intimamente relacionada à questão da teologia, é a do uso literário. A forma literária mais distintiva encontrada nos Sinópticos é a parábola; e ali também há uma série de ensinos breves, vívidos, fáceis de lembrar, e pequenos incidentes unidos a uma declaração de ensino. Em João, o estilo de ensino de Jesus é o de longos discursos.
Alguns dos temas destacados nos Sinópticos não se acham em João:
· João nada declara sobre o arrependimento – nem a forma verbal nem o substantivo aparece no Quarto Evangelho.
· O Reino de Deus, tema central nos Sinópticos, quase desapareceu completamente dos ensinos de Jesus (Jo 3:3,5; 18:36). Seu lugar é assumido pelo conceito de vida eterna como mensagem central de Jesus.
As poucas vezes em que os Sinópticos citam a vida eterna, o fazem como uma bênção escatológica, ou seja, futura (Mc 9:43,45; Mt 7:14; 25:46), enquanto em João, a ênfase principal é a vida eterna como uma benção presente realizada (Jo 3:36).
Talvez a expressão peculiar mais distintiva de João seja a declaração ego eimi: Eu sou:
- o pão da vida (6:35);
- a luz do mundo (8:12);
- a porta (10:17);
- O bom pastor (10:11);
- A ressurreição e a vida (11:25);
- o cominho, a verdade e a vida (14:6);
- a videira verdadeira (15:10;
- antes que Abraão fosse, eu sou (8:58).
A estrutura do pensamento de João, à primeira vista, parece mover-se em um mundo diferente. Já não fala mais em termos desta era e de era vindoura. Em lugar da tensão entre o presente e o futuro, encontra-se a tensão entre o acima e o abaixo, céus e terra, a esfera de Deus e do mundo.
“Vocês são daqui, eu sou de cima, vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8:23; observe: Jo 3:12, 13, 31; 6:33, 62).
A expressão “o mundo” – kosmos - que aparece poucas vezes nos Sinópticos, é uma das palavras favoritas de João e designa a esfera dos homens e dos afazeres humanos colocada em contraste ao mundo acima e ao reino de Deus. Quando Jesus disse que seu Reino não era deste mundo (Jo 18:36), ele queria dizer que sua autoridade não era derivada do mundo inferior, como a dos governos humanos, mas do mundo de Deus.
Outro elemento marcante em João é o contraste entre luz e trevas. Um dos temas que transparece nas primeiras palavras do Evangelho é o conflito entre a luz e as trevas. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (1:5). O “mundo” é o reino das trevas, mas Deus é luz (1 Jo 1:5), e Jesus veio para trazer a luz para dentro das trevas (3:19; 12:46; 8:12).
Outro contraste bastante interessante em João é a relação que ele estabelece entre carne e espírito. Carne pertence ao reino de baixo; espírito, ao reino de cima. A carne é pecaminosa como nos escritos de Paulo, e representa a fraqueza e impotência do reino inferior. A vida humana comum é “nascida... da vontade da carne” (1:13), através do processo natural de procriação humana. Embora tenha tendência ao pecado, a carne em si não é pecaminosa, estragada, vencida, como dizem muitos, pois “o verbo se fez carne e habitou entre nós” (1:14).


A FÉ CRISTÃ

Aquilo que está implícito nos Sinópticos torna-se explícito em João, onde fica bem claro que a fé desempenha um papel na salvação, idéia ausente nos primeiros três evangelhos. Os homens são desafiados a crer no testemunho das escrituras (2:22), de Moisés (5:46) e dos seus escritos (5:47), e, além disso, a crerem nas palavras (2:22; 4:50; 5:47b) e nas obras (10:38) de Jesus, o que, em última análise, significa crer no próprio Jesus (5:38, 46b; 6:30; 8:31,45,46; 10:37,38a). Crer em Jesus e em sua palavra significa crer em Deus (5:24). Tal fé significa aceitação da missão messiânica de Jesus.

Os milagres desempenham papel diferenciado nos sinópticos e em João. Nos sinópticos, são atos de poder manifestando a irrupção do Reino de Deus na história. Assim, os milagres de Jesus são provas externas de suas pretensões, são atos pelos quais estabelece o Reino de Deus e derrota o reino de Satanás. Em João, os milagres são feitos poderosos que autenticam a pessoa e a missão de Jesus, demonstrando a presença operadora de milagres de Deus em suas palavras e atos. Nos Sinópticos, o exorcismo de demônios é a evidência mais notável da presença do domínio soberano de Deus (Mt 12:28). Em João, não há exorcismos, e João não associa os milagres com a destruição do poder de Satanás, muito embora este motivo esteja presente (Jo 12:31).

Algumas das obras de Jesus são chamadas sinais e referem-se, claramente, aos seus feitos miraculosos. Um sinal é um ato de poder realizado por Jesus, que representa o evento revelatório e redentor que se encontra em pleno desenrolar na sua pessoa. João registra bem menos milagres do que os Sinópticos, apenas sete: 2:1-11; 4:46-54; 5:2-9; 6:4-13; 6:16-21; 9:1-7;11:1-44. Trata-se de uma seleção, conforme 20:30; 11:47; 12:37. O significado teológico desses sinais é dado pelo próprio João: “Estes (sinais), porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus” (20:31).


Predestinação

Algumas declarações do evangelho de João parecem indicar uma perspectiva elevada da predestinação – que somente os escolhidos por Deus são capazes de ter fé. Os discípulos de Jesus constituem um rebanho que lhe foi dado pelo Pai.
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (6:37).
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer” (6:44; 65).
“Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vos, e vos designei para que vades e deis fruto, e o fruto permaneça” (15:16).

Somente os homens que são de “Deus” é que ouvem a sua voz com fé (8:47; 18:37).

Ao lado de tais declarações, existem outras que apresentam a descrença como uma conseqüência da falha do ser humano. Assim, o apego dos homens ao mal impede que venham para a luz (3:9). Procuram sua própria glória, e não a glória de Deus. Suas ações provam que são filhos do diabo (8:44). São cegos, em virtude de sua recusa voluntária de enxergar (9:39-41).

João não se preocupa em conciliar, sistematicamente, essas declarações, a princípio, contraditórias, sobre a predestinação divina e a responsabilidade moral humana. Ele não acha contradição no fato de ser apresentada como bem da vontade do homem e, ao mesmo tempo, ser o dom da graça de Deus. Fica claro, portanto, que a realização da fé não é uma realização meritória do homem, como, por exemplo, as obras judaicas da Lei. Mas simplesmente a resposta adequada à revelação de Deus dada por Jesus,a qual foi possível pela graça de Deus.

A Ética de João

A descrição que João apresenta da vida cristã é bem diferente da encontrada nos Sinópticos, especialmente em Mateus, que demonstra grande preocupação com a justiça do Reino de Deus (Mt 5:20) e a expõe em profundidade no Sermão do Monte. João, da mesma forma que os Sinópticos, está preocupado com a conduta cristã, expressando-a, porém, de maneira diferente. Os seguidores de Jesus devem praticar (fazer) a verdade(3:21). A palavra verdade no contexto joanino assume um significado particular, baseado no fato de Jesus incorporar o propósito redentor de Deus. Assim, praticar ou fazer a verdade significa viver na luz da revelação que Cristo trouxe ao mundo.

O mandamento do amor em si mesmo não é novo, a não ser pela nova força das palavras de Jesus: “assim como eu vos amei”. Assim, o amor cristão passa a ter, como seu exemplo maior, o amor de Jesus, o qual, por sua vez, é um reflexo do amor de Deus (Jo 4:8; 3:16).

O Espírito Santo

Uma das diferenças mais acentuadas entre os Sinópticos e o Quarto Evangelho é o lugar que João dá ao Espírito Santo, especialmente no sermão do cenáculo (14-16) com seu ensino singular a respeito do Paráclito(advogado, mediador).
O Evangelista, da mesma forma que os Sinópticos, relata a descida do Espírito Santo sobre Jesus(Jo 1:32-34), embora coloque uma ênfase diferente sobre o evento, que é apresentado como um sinal para o Batista.
João expressa seu pensamento de que Jesus desenvolveu sua missão no poder do Espírito, o que é provado pelo fato de que, após sua ressurreição, ele concedeu o Espírito Santo aos discípulos, a fim de agrupá-los para o ministério, que envolveria o perdão dos pecados dos homens (20:22-223).

Escatologia


Mesmo a comparação mais superficial entre os Sinópticos e João deixa, no estudante da Bíblia, a impressão de que o Jesus retratado por João está pouco interessado em escatologia (na verdade, é uma questão de enfoque do evangelista). O tema central de Jesus nos Sinópticos é o Reino de Deus escatológico, que irrompeu na história através da pessoa de Jesus. A vida eterna pertence ao Reino escatológico. Em João, o Reino de Deus é mencionado apenas duas vezes (3:3,5); em lugar desse conceito, a mensagem central de Jesus é a vida eterna, que ele oferece aos homens na era presente. Em João, praticamente não encontramos a visão apocalíptica da parousia do Filho do Homem vindo com as nuvens do céu. No lugar do discurso no Monte das Oliveiras, com seu esboço acerca dos eventos do fim dos tempos, João parece ter colocado o sermão no Cenáculo(3-16), no qual a vinda do Espírito assume o lugar da segunda vinda de Cristo.


FONTES

O Novo Testamento: sua origem e análise
Merril C. Tenney
Edições Vida Nova

Através da Bíblia: livro por livro
Myer Pearlman
Editora Vida

O Mundo do Novo Testamento
J.I. Packer, Merril C. Tenney e William White Jr.

Os Evangelhos: o que Jesus fez e ensinou
EETAD

Teologia do Novo Testamento
George Eldon Ladd
JUERP

Comentário Bíblico Devocional: Novo Testamento
MF. B. Meyer
Betânia


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