domingo, 2 de março de 2008

EBD - março a maio de 2008


BREVE INTRODUÇÃO AOS PROFETAS MENORES

Os doze profetas que vão de OSÉIAS a MALAQUIAS são chamados de menores , o que não tem nada a ver com a importância ou o mérito de cada um, mas sim com o tamanho de seus livros e com a extensão de seus ministérios proféticos que foram curtos se comparados aos chamados profetas maiores, que acabamos de estudar: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Os profetas menores exerceram seus ministérios numa época de profundo declínio espiritual de Israel e até mesmo de apostasia nacional, como no caso do culto a Baal.
A fim de nos localizarmos no tempo, apresento a seguir uma cronologia (provável, aproximada) da atuação de cada um (todos antes de Cristo, é claro): Obadias – 864; Joel – 829; Oséias – 770; Amós e Jonas – 767; Miquéias – 744; Naum – 635; Habacuque – 606; Sofonias – 624; Ageu – 522; Zacarias – 521; Malaquias – 397.

Com exceção de Ageu, Zacarias e Malaquias, todos os outros exerceram seus ministérios no espaço de tempo dos livros de 2 Reis e 2 Crônicas, ou seja, antes do cativeiro. Já os três citados acima, profetizaram no período do pós-cativeiro. Ageu foi contemporâneo de Esdras e Zacarias. Malaquias profetizou dezoito anos depois do fim do ministério de Neemias.

Espero que estas lições contribuam imensamente para o nosso enriquecimento espiritual e para o nosso conhecimento. Que sejam uma belezura.
(Isac Machado de Moura)


LIÇÃO 01 02/03/08

OSÉIAS – O PROFETA SENTIMENTAL

INTRODUÇÃO

O profeta Oséias revela-nos um caráter impressionante, ardente, patético e ao mesmo tempo sensível às ternuras impetuosas do amor. Destaca-se também pela descrição das relações entre Deus e Israel sob a figura do amor conjugal, destacando-se o aspecto negativo do matrimônio nas infidelidades e nos rompimentos mais do que no amor propriamente dito. Ao profeta, Deus faz sentir suas amarguras semelhantes a de um esposo traído, ameaçando realizar os duros castigos que o caso exige. Tudo, porém, termina com a expectativa da reconciliação dos esposos e da restauração do amor entre ambos.
E por falar nisso, temos sido fiéis ao nosso Deus, aos nossos princípios, à nossa igreja, à nossa família, ao nosso próximo? Ou temos agido como a esposa de Oséias?

A VIDA PESSOAL DE OSÉIAS
Seu nome significa “salvação”, era filho de Beeri e o pouco que sabemos a seu respeito vem do livro que leva o seu nome. Foi contemporâneo de Amós, Isaías e Miquéias e exerceu seu ministério no Reino do Norte, de onde era natural, sob o reinado de Jeroboão II. Em sua profecia, anunciou a Israel o seu exílio iminente (3:4). Israel vivia em declínio espiritual e na prática da idolatria. Oséias, através de sua própria experiência, ficou sabendo o que isto significava para Deus, que continuava a amar o povo e a desejar a sua conversão.

TRAGÉDIA PESSOAL DE OSÉIAS
O Senhor ordenou a Oséias que contraísse matrimônio com uma mulher adúltera, providenciando , assim, uma analogia para se dirigir a Israel. O profeta obedeceu à estranha determinação de Deus e tomou a Gômer como esposa e amou-a profundamente, dando-lhe um lar, um nome e uma reputação, enfim, tirou-a de uma vida depravada, dando um novo sentido de viver. Lamentavelmente, como no poema “Tragédia Brasileira”, do poeta brasileiro Manoel Bandeira, sua amada lhe foi infiel, fazendo-o sofrer.

Deus utiliza-se do casamento do profeta para tornar conhecido o seu amor e a sua fidelidade para com Israel. Semelhante ao vitupério sofrido pelo profeta com a infidelidade de sua esposa, Deus sofre a infidelidade da parte de Israel, a quem demonstrou grande amor. Assim como Gômer havia traído o marido, Israel havia abandonado o Senhor, que lhe tinha sido fiel (Is 54:5), esquecendo as bênçãos recebidas e desviando-se, seguindo a outros deuses, o que resultou numa acentuada apostasia (Ex 34:15,16; Dt 32:16-21). Mesmo não tendo o seu amor correspondido, Deus continuou amando o povo escolhido (Jr 31:3; Os 11:4).

APARÊNCIAS ENGANAM
O lar de Oséias, profeta, homem de Deus, apresentava-se para aquela sociedade como sendo perfeito e vivendo em felicidade, só que a realidade era bem outra. Julgar pela aparência é sempre uma ação de alto risco (1 Sm 16:7) que induz ao erro. Será que em nossas igrejas, atualmente, rola alguma coisa assim parecida com o casamento de Oséias e Gômer no que diz respeito a viver de aparência?

A INFIDELIDADE DE ISRAEL E A SUA CAUSA (4:1-6)
Depois de desfrutar da bondade e proteção de Jeová, Israel o abandonou e uniu-se a Baal. Os líderes religiosos entraram em crise e não se lembravam mais de Deus. Por isso o profeta diz: “Ouvi a palavra do Senhor vós, filhos de Israel; porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra” (4:1).
A causa do declínio espiritual em muitas vidas é o resultado da infidelidade e desobediência a um Deus que tanto nos amou e que tanto se preocupa conosco: “É meu, somente meu, todo o trabalho e o teu trabalho é confiar em mim...”

APELO FINAL AO ARREPENDIMENTO (14:1-3)
Continuando no pecado, Israel colherá uma série de castigos anunciados no capítulo 13. A partir do capítulo 14:4, o profeta antevê uma nova época de saneamento moral e de conseqüente felicidade para o povo, desde que atendessem ao apelo de Jeová: “Converte-te, ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos teus pecados tens caído” (14:1). Israel fora infiel e os sacrifícios e ofertas de manjares deixaram de ter qualquer sentido para o Senhor, pois mais que isso, Ele exige a conversão do povo. Os lábios deveriam ser santos e utilizados para louvar ao Senhor de todo o coração.
Companheiro, companheira, como estão os seus lábios? Será que naquela conversa informal com os amigos, você fala uns “palavrões sociais” (aqueles que você já não identifica como palavrões, uma vez que no seu meio lingüístico eles rolam livremente)? Se isso está acontecendo, é hora de rever conceitos, de melhorar seu vocabulário, de se comportar (inclusive linguisticamente) como um cristão.

Lição 02 09/03/08

JOEL, O PROFETA DO DERRAMAMENTO

O nome Joel significa “Jeová é Deus”. Ele preconizou com bastante antecedência o derramamento do Espírito sobre toda a carne, isto é, sobre todos os povos. Esta profecia teve o seu cumprimento parcial no Dia de Pentecoste (At 2:1-33).

O DIA DO SENHOR (2:1-11)
O livro de Joel, com 3 capítulos e 73 versículos, tem atraído a atenção pela beleza poética que a sua mensagem apresenta ao ilustrar com o fenômeno natural dos gafanhotos os fatos sobrenaturais do Dia do Senhor, tornando-se, assim, um importantíssimo precursor da literatura apocalíptica. “Tocai a buzina...” (2:1) ou “trombeta” significa uma advertência de perigo iminente (Am 3:6; Ez 33:3-6).
Companheiros e companheiras, é hora de nos livrarmos do indiferentismo, da apatia espiritual e tomarmos uma decisão pra valer em nossas vidas. O quadro apresentado de nuvens e de trevas espessas (v.2-11), finaliza com a pergunta: “Quem poderá sofrer ou suportar o dia do Senhor?” Ninguém! Somente os que se refugiaram em Cristo não sofrerão os males desse terrível dia.

A PRAGA DOS GAFANHOTOS
A Bíblia fala dos gafanhotos, em diversas passagens, como elemento destruidor, e que foi uma das dez pragas derramadas sobre o Egito (Ex 10:4-6), enquanto Faraó permanecia oprimindo os hebreus. Os gafanhotos, em sua missão devastadora, formam grandes nuvens que ofuscam a luz do sol e devoram toda a vegetação que encontram, deixando no seu rastro a fome e a morte entre humanos e animais. Esta praga sinistra é usada aqui como tipo de um juízo mais terrível contra os ímpios, no Dia do Senhor.

A DEVASTAÇÃO DOS GAFANHOTOS
No verso 4, o profeta apresenta quatro diferentes espécies ou estágios, na sua metamorfose. A praga das locustas contra Israel foi fato real, e acontecimentos semelhantes eram comuns, ocasionados pelos enxames de milhões de gafanhotos que emigravam da Arábia para a Palestina, levados pelo vento do deserto. A destruição foi tão grande que o profeta chama a atenção dos anciãos (v.2), os quais pela vivência dos anos podem recorrer à memória e responder-lhe (Dt 32:7; Jó 32:7). Embora a resposta esteja implícita, ele incita os anciãos a admoestarem o povo sobre a severidade do castigo, estimulando-o a temer a Deus.

A INVASÃO COMO UM TIPO (1:8-12)
O profeta discerne a invasão das locustas como tipo da iminente invasão assíria que destruiria o Reino de Israel. A praga é um prenúncio da devastação que sofreriam por esses inimigos. Joel, numa antevisão, fala de um juízo vindouro mais terrível nos últimos dias, sobre toda a terra (Ap 9:1-11). As conseqüências da devastação foram tão desastrosas que é comparada a condição de uma virgem que enviúva antes de coabitar com seu marido. A situação dos lavradores e vinhateiros é lamentável. A locusta devorou tudo, o campo secou. Os sacerdotes ficaram entristecidos, porque as ofertas de manjares e os sacrifícios diários não mais poderiam ser oferecidos ao Senhor, pois tudo foi consumido pela praga. A situação era desesperadora! Não obstante, tudo isso fora apenas o aviso de uma assolação mais terrível que virá no dia do Senhor, para aqueles que não se convertem ao Senhor.”

O CLAMOR DOS SACERDOTES (1:13-20)
“Os sacerdotes estão tristes (v.9), pois sem colheita, nada têm para oferecer a Jeová, a quem ministram. Nesse clima de total depressão e lamentações, ouve-se o clamor do profeta convocando-os para uma reunião solene na casa do Senhor, com santificação e jejum. Joel conclama a todos para que supliquem a misericórdia divina, a fim de que o Senhor faça cessar tão nefasta praga.”
Assim, o profeta revela a misericórdia de Deus, e convida o povo a entrar pelo caminho do arrependimento, a fim de escaparem do juízo divino (2 Pe 3:9).
Carlos Finney, grande evangelista do século XIX, define da seguinte forma o arrependimento: “Mudança de atitude e mudança da vontade, envolvendo tristeza, segundo Deus, e a forte resolução de nunca mais praticar aquilo que antes praticava.”
O profeta apela da seguinte forma: “Rasgai o vosso coração...” O arrependimento sincero começa no interior e torna-se conhecido através do exterior quando o pecado é abandonado.

PROMESSAS DE LIBERTAÇÃO (2:18,19)
Como conseqüência do arrependimento, a nação seria perdoada, seria salva da destruição dos gafanhotos, teria uma nova vida e viveria alegre, uma vez que a misericórdia divina viria sobre toda a nação e seria uma grande belezura.

A VINDA DO ESPÍRITO SANTO (2:28-32)
Ao profeta Joel foi dado o privilégio de profetizar que Deus derramaria o Seu Espírito sobre toda a carne. E no pentecoste teve início uma nova dispensação: a inauguração da igreja de Cristo e a presença real do Espírito Santo com os crentes, numa atividade permanente, diferente das dispensações anteriores, quando o Espírito ministrava usando apenas umas poucas pessoas. Hoje, Ele está com a igreja.

LIÇÃO 03 16/03/08

AMÓS, O PROFETA DA JUSTIÇA DIVINA

No oitavo século antes de Cristo, profetizaram Amós, Oséias, Isaías e Miquéias. Amós profetizou entre os anos 765 – 745 a.C., no Reino do Norte. A mensagem de Amós é centrada na ética divina, que exige a prática da misericórdia, justiça e retidão. Condena a corrupção moral e religiosa do povo, comprometido com a idolatria e com o paganismo cananeu. Israel pensava estar bem em seu relacionamento com o Senhor, por causa das bênçãos recebidas de Jeová, porém estava enganado.

AMÓS PREDIZ O JUÍZO DIVINO CONTRA AS NAÇÕES
Amós exerceu o seu ministério pregando à viva voz. Ele mesmo afirmou que não era profeta, nem filho de profeta, mas sim um boieiro e cultivador de sicômoros, mas o Senhor o tirara “de após o gado” e o enviara ao Reino do Norte, a profetizar contra os pecados de Israel (7:14,15).

PROFECIA CONTRA A SÍRIA
O primeiro juízo pronunciado é contra Damasco, capital da Síria, porque “trilharam a Gileade com trilhos de ferro”.
O profeta usa a retórica para transmitir a idéia da violência e crueldade dos sírios contra os gileaditas, talvez no reinado de Hazael, quando este conquistou Gileade nos dias de Jeú e Jeoacaz (2 Rs 10:32).
A expressão trilhos de ferro refere-se a tábuas entalhadas e dotadas de dentes de ferro que, atreladas a mulas ou cavalos, eram puxadas sobre os cereais amontoados. Assim, a palha era cortada em pequenos pedaços e os grãos dos cereais eram liberados. Figuradamente, foi o que os sírios fizeram com os gileaditas e isto aborreceu a Jeová, que abomina a violência e a crueldade.

PROFECIA CONTRA A FILÍSTIA
A sentença divina volta-se contra Gaza, situada ao sul da Filístia, à beira do deserto. Por ela passavam as caravanas, pois era uma junção de rotas. Por conta dessa posição estratégica, Gaza praticava o asqueroso tráfico de escravos. A profecia é contra Gaza, mas envolve toda a Filístia. Deus abomina a escravidão, uma violação dos direitos humanos. Ele não escraviza o homem. Todos são livres para escolher entre o bem e o mal (5:4-6).

PROFECIA CONTRA TIRO
O pecado de Tiro, entre outros, era o de vender escravos, por isso os seus habitantes seriam castigados com fogo (guerra) e também por causa dos pecados de imoralidade praticados no culto a Baal Melcarte, da prática do comércio de escravos e da arrogância. Tiro foi realmente destruída pela Assíria e mais tarde pela Babilônia, sob Nabucodonosor. Quando Alexandre, o Grande, a capturou e a destruiu em definitivo, ele vendeu cerca de 30 mil de seus habitantes como escravos. É o que diz a escritura: “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que a espada seja morto” (Ap 13:10). As profecias verdadeiras se cumprem, as falsas não.

PROFECIAS CONTRA EDOM, AMOM, MOABE e JUDÁ (1:11-15; 2:1-5)

EDOM – O ódio de Edom (descendentes de Esaú) contra seu povo irmão Israel, levou-o a persegui-lo sem misericórdia. Por causa disto, Jeová puniria Edom. A sentença já estava decretada e a seu tempo seria executada (Jr 49:8-13). O ódio e a falta de misericórdia são sentimento e atitude contrários à ética divina.

AMOM – Contra Amom pesava a culpa de crime brutal: declarar guerra às crianças não nascidas. Os amonitas, guerreando com os gileaditas, mataram, com requintes de crueldade, as mulheres grávidas.

MOABE - O crime de Moabe era hediondo, pois havia declarado guerra a um cadáver. Os moabitas haviam queimado os ossos do rei de Edom, o que para eles era um sacrilégio. Na verdade, para os povos antigos a profanação de um cadáver era crime imperdoável. Embora Edom fosse culpado de crime, Moabe não tinha o direito de executar “justiça” contra os edomitas.

JUDÁ
– O pecado de Judá não era o de ter cometido crime contra qualquer pessoa, mas sim o de desobediência a Deus. Judá havia rejeitado a lei do Senhor, e não guardara os seus estatutos e se deixara enganar pelas suas próprias mentiras, pelos falsos deuses. Por causa da idolatria, Judá seria visitada pela ira divina e Jerusalém seria consumida pelo fogo. Isto cumpriu-se, fielmente, quando os exércitos de Babilônia conquistaram Jerusalém e destruíram com fogo os seus palácios, inclusive o templo (2 Cr 36:5-19).

PROFECIA CONTRA ISRAEL
“Ouvi esta palavra que o Senhor fala contra vós, filhos de Israel, contra toda a geração que fiz subir da terra do Egito... andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” (3:1,3). Certamente que não, Israel não estava andando de acordo com o Senhor, que o libertara da escravidão do Egito e por isso seria punido: “...certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (3:6,7).
Deus punirá severamente os que enriquecem ilicitamente, entesourando bens em seus palácios à custa de oprimir os pobres, os necessitados. Jeová não está alheio à grave situação social e moral do seu povo. Os juízes corruptos, os sacerdotes de Samaria e os altares profanos de Betel serão castigados.
Mesmo havendo punido o povo com terrível fome, guerras e destruição das lavouras, pelas locustas, Israel não se converteu ao Senhor. Daí o aviso: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.”


LIÇÃO 04 30/03/08

OBADIAS e o castigo dos inimigos de Deus

Obadias, com apenas 21 versículos, é o menor livro do Velho Testamento. Do profeta que dá nome ao livro sabemos apenas seu nome e sua missão profética, nada mais. No Velho Testamento, existem outros Obadias. O nome significa “servo de Jeová”. Nos versículos 1, 2, 8 e 18, encontramos por quatro vezes as expressões “Assim diz o Senhor” e “o Senhor o disse” como prova de origem e autoridade divina da sua mensagem, que anuncia o juízo moral de Deus contra as nações, inclusive Edom, por sua crueldade contra Israel. Assim, todas as nações serão julgadas no dia do Senhor, nenhuma escapará. É bastante provável que sua profecia tenha sido proferida por volta do ano 585 a.C.

CONDENAÇÃO DE EDOM
Vamos voltar um pouquinho para os dias de Isaque e Rebeca para entendermos melhor a rivalidade entre Israel e Edom (Gn 25:22): “E os filhos (Esaú e Jacó) lutavam no ventre dela...” Pois é, essa rivalidade continuou através dos descendentes de ambos, quando se tornaram nações. Assim, Israel e Edom viveram em guerra.
Quando Jerusalém foi subjugada por Nabucodonosor, Edom alegrou-se muito pela queda de Israel e, como se não bastasse, participou do sangrento massacre, aumentando, assim, o número de vítimas fatais (Sl 137:7).
No passado, através de Moisés, Deus ordenou a Israel que fosse amável com Edom, considerando o laço familiar (Dt 23:7). Edom, porém, indiferente ao apelo divino, hostilizava Israel e esta crueldade encheu o cálice da ira de Deus, que lavrou a sentença condenatória contra os edomitas.
Através do profeta Obadias, Edom toma conhecimento de que seu castigo é inevitável (a lei da colheita é irreversível – Gl 6:7), e os seus homens valentes, com toda experiência conquistada em tantas lutas, ficam assustados e não oferecem mais segurança e livramento para Edom: Jr 49:7-22; Lm 4:22; Ez 25:12-14; 35:15.

MOTIVOS DA CONDENAÇÃO

VIOLÊNCIA: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó...” (v.10). Vamos relembrar que embora Jacó tenha enganado Esaú (Gn 25, 33; 27:36), este o havia perdoado, pois com lágrimas se reconciliaram (Gn 33:4). Agora, nos dias de Obadias, Deus, que conhece o interior de cada um, usa o profeta e denuncia a violência que reinava entre os seus descendentes (edomitas ou idumeus).
A violência tem sido o motivo de grandes tragédias. Deus enviou o dilúvio como resposta à violência (Gn 6:11). O Antigo Testamento registra inúmeros outros casos de violência (Ez 7:23; 45:9; Mq 2:1,2; 6:12). O Senhor abomina àquele que ama a violência (Sl 11:5). Assim como Israel, muitas vezes somos vítimas da violência (claro que não podemos esquecer que Israel também foi violento em várias situações, inclusive, atualmente, com os palestinos), mas o Senhor dos Exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio (Sl 46) e assim, somos vitoriosos.
“Como tu fizeste, assim se fará contigo...” (v.15)

ORGULHO: Edom julgava-se numa posição de superioridade, baseado em sua localização geográfica. Julgava-se invencível dentro das fortalezas que possuía e subestimava os demais povos, inclusive Israel (Edom não nos lembra um pouco os Estados Unidos e sua arrogância bélica?).
É bom lembrar que o orgulho levou Lúcifer à queda (Is 14:12-14). Uma vez caído, investiu contra Adão e Eva, seduzindo-os e levando-os também à queda, ficando, assim, toda a raça humana infectada pelo vírus do orgulho, que continua destruindo vidas.
Quantas pessoas poderiam ser úteis ou ainda mais úteis às suas igrejas se não fosse a arrogância, o orgulho besta?!

FALTA DE AMOR: Os descendentes de Esaú alimentavam o ódio e praticavam a violência contra a semente de Jacó. Quando da destruição de Jerusalém, Edom não demonstrou um mínimo de sentimento fraterno. Muito pelo contrário, como já disse na introdução, até contribuiu para que Nabucodonosor saqueasse a Cidade Santa.
Já no exílio, Israel humilhado clama: “Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom, no dia de Jerusalém, porque diziam: Arrasai-a, arrasaia-a até aos seus alicerces” (Sl 137:7). Este clamor chegou à presença de Deus e no tempo próprio foi respondido. Deus envia duras calamidades sobre aqueles que se regozijam com o sofrimento alheio (Pv 17:5; 24:17,18).
Como servos de Deus que somos, não devemos nos alegrar pela queda de alguém, antes devemos demonstrar nosso amor e bondade e contribuirmos para recuperar essa pessoa (Mc 13:37; 1 Co 10:12). Sabe aquela galera que de certa forma comemora o fim de um casamento com o objetivo de comparar móveis baratos? Aquela turma que aproveitando-se de um momento de crise pessoal, financeira de alguém fica feliz por comprar sua casa ou seu carro por um preço bem abaixo do mercado? Pois é, não me parecem atitudes cristãs. Comemorar o fracasso alheio nunca é um comportamento cristão. Qualquer coisa que se pareça com “vou me dar bem” é furada do ponto de vista cristão.

O FIM DE EDOM

Após sua fase de glórias, arrogâncias e violências, Edom foi expulso de sua antiga e bem fortificada residência e não mais resistiu a outros ataques, sendo finalmente destruída no ano 70 d.C., pelo general Tito. Assim seus dias de orgulho terminaram de uma maneira humilhante. De nada lhe serviram as glórias conquistadas pela violência e pelo ódio.

LIÇÃO 05 06/04/08

JONAS, UM PROFETA EM ROTA DE FUGA

Jonas era filho de Amitai, da tribo de Zebulom. Exerceu seu ministério durante o próspero reinado de Jeroboão II (784 – 748 a.C.) O autor do segundo livro de Reis declara o seguinte sobre ele (2 Rs 14:25): “Restabeleceu ele (Jeroboão II) os termos de Israel, desde a entrada de Hamate até o mar da planície, conforme a palavra do Senhor, Deus de Israel, o qual falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era de Gate-Hefer.”
O livro é biográfico. Começa e termina com o Senhor falando com Jonas. Este recebe uma mensagem do julgamento de Deus sobre Nínive. Este julgamento transforma-se em misericórdia e compaixão e Deus resolve dar uma chance aos ninivitas. Jonas seria o portador desta mensagem, desta oportunidade. O problema é que ele não gosta daquele povo e não gostaria que eles tivessem uma nova chance caso se arrependessem. Por conta disso, Jonas resolve não aceitar a comissão divina e “foge” para Társis. Resumindo tudo, o caso é o seguinte: Jonas não queria ser portador de boas novas para aquele povo e queria que eles se dessem mal.
Vamos refletir só um pouquinho sobre isso: quantas vezes, assim como Jonas, tentamos fugir da presença de Deus? Você tem uma chamada para um ministério específico, você tem clareza disso, mas por medo de frustrar-se ou de desgastar-se, você omite-se. Suas razões podem ser diferentes, mas no fundo, você é um Jonas. Que tal rever seus conceitos?

A ORDEM EXPRESSA DO SENHOR

Não cabia ao profeta questionar o merecimento do povo ninivita de receber ou não o favor divino. Deus havia decidido conceder-lhes a oportunidade de se arrependerem do estado pecaminoso em que se encontravam. Através da mensagem profética, Jonas deveria levar os ninivitas ao arrependimento a fim de que escapassem do juízo divino.
De acordo com o entendimento de Jonas, por tratar-se de um povo muito cruel e extremamente idólatra, eles não mereciam esta oportunidade. Jonas e muitos de nós esquecemos, muitas vezes, que “as misericórdias do Senhor são novas a cada manhã” (Lm 3:22,23).

A CAMINHO DE TÁRSIS

Indiferente a ordem divina, Jonas inicia uma trajetória de desobediência e fuga.
E aí, para onde você navega nesse momento? Para Nínive ou para Társis? Nínive representa o roteiro estabelecido por Deus e Társis representa uma rota de fuga. Para onde você está indo, companheiro(a)?
Bem, Deus tem o controle de tudo e isso inclui os mares e os ventos (Sl 104:4). Assim que a viagem começa, Deus envia uma tempestade e o mar fica tão agitado que as ondas ameaçavam quebrar e afundar o navio. Através dessa tempestade, Deus queria falar com Jonas.
Deus usa diferentes maneiras para falar a diferentes pessoas. Temos o caso interessantíssimo de Elias, que também num momento de crise esperava que Deus se manifestasse das mais diversas formas, mas Deus falou com ele no silêncio e é em silêncio que muitas vezes precisamos falar com Deus (“Se eu quiser falar com Deus, tenho que calar a voz...”).
Tomara que Deus não precise estabelecer uma tempestade sobre a sua vida para que você se disponha a ouvi-lo.
Apesar da tempestade, Jonas desce ao porão do navio e deita-se para dormir, de repente acreditando que ao acordar tudo estaria bem.
Jonas dormiu fisicamente. De repente, você está no maior sono espiritual enquanto as coisas acontecem bem ao seu lado. Você não quer se expor, não quer servir, não quer disponibilizar-se para a obra, não quer gastar-se e aí dorme acreditando que ao acordar alguém já terá feito, só que não é assim que a coisa funciona, Deus conta com você. Parafraseando uma célebre citação: “Não fique se perguntando o que a igreja pode fazer por você. Veja o que você pode fazer pela igreja.” Tem uma turma com mania de visita. Isso é um cultura que vem se alastrando em várias igrejas: “a igreja nunca me visitou...” e aí fica de biquinho ou some. Que palhaçada! Que infantilidade! Que carência de atenção! Que tal parar de arrumar desculpas esfarrapadas para justificar seu pouco comprometimento com a igreja? Que tal parar de se omitir ou de se esconder atrás de uma besteira como essa? Por que essa carência de visita da igreja? De onde vem isso? Então igreja boa é aquela que visita? Você deixa de trabalhar, não avisa nada a empresa, seu chefe não vai visitá-lo(a), você fica de biquinho e aí volta frustrado para o trabalho. É assim que funciona? A igreja, senhores, é uma comunidade formada por seres humanos. Esses seres humanos têm problemas (muitos deles bem maiores que os seus), trabalham, têm diversas ocupações, como você. A igreja não é formada de pessoas que receberam como missão visitar você. Você também pode visitar outros. Enfim, vamos parar de “bobice” e assumir o que fazemos, ou seja, quando alguém sai da igreja não é porque alguém deixou de visitá-lo, é porque ele já estava a fim de fazer isso e se refugiou nessa desculpa absolutamente abestalhada. Que Deus nos abençoe e que não sejamos omissos.

DORMINDO NA TEMPESTADE
Jonas estava tranqüilo, despreocupado, dormindo um profundo sono. Lá fora, a tempestade arrebentava o navio, os tripulantes trabalhavam desesperadamente e Jonas dormia.
Enquanto a tempestade cai, lamentavelmente, muitos profetas dormem, quando deveriam estar denunciando o pecado, os crimes, os preconceitos. Como disse Luther King: “pior que a maldade dos maus é o silêncio dos bons”.
Julgando que uma tempestade daquelas só poderia estar acontecendo por causa de alguém a bordo, os marinheiros lançaram sortes e a sorte caiu sobre Jonas. Ele era o culpado de tudo o que estava acontecendo. Apavorados, os marujos perguntaram ao profeta: “Que faremos nós para que o mar se acalme?” (v.11) e Jonas, consciente de sua desobediência ao plano divino, responde: “Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade” (1:12). Após uma oração, fizeram isso.
Lançaram Jonas no mar e logo a tempestade acalmou-se e tudo voltou a ser uma belezura. Deus preparou um grande peixe (não necessariamente uma baleia) que tragou o profeta e o levou para Nínive, onde ele, finalmente, ainda que a contragosto, falou da mensagem de arrependimento e muitos ninivitas se converteram e receberam a graça de Deus.

LIÇÃO 06 13/04/08

MIQUÉIAS e o reino pacífico do Messias

O nome Miquéias significa “Quem é como o Senhor?”. Ele foi contemporâneo do profeta Isaías e profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, contra a injustiça predominante, que vitimava os pequenos proprietários de terras.
Miquéias avisou aos opressores, que roubavam as pequenas propriedades dos seus conterrâneos, que Deus iria castigá-los em conseqüência de sua violência e opressão contra os fracos ( 2:1-3). Ele denuncia também os governantes e os falsos profetas como culpados pela corrupção da vida nacional. Apesar desse caos moral, social e espiritual, o profeta prevê um futuro glorioso, quando haverá um reino de justiça e paz, cujo governante nascerá em Belém Efrata, da tribo de Judá (5:2). Isaías, por sua vez, afirma que Ele será chamado “Maravilhoso, Deus forte e Príncipe da Paz” (Is 9:6).
Miquéias pregou ao povo simples de Judá, enquanto Isaías profetizou à corte em Jerusalém.
Diante de todo o contexto dos dias de Miquéias, me pergunto se ele não profetizou para os brasileiros: problemas morais, sociais, espirituais, desigualdades sociais imensas, uma minoria muito rica que oprime uma maioria muito pobre. E nós, cristãos, profetas do Senhor, nos calamos diante disso tudo e muitas vezes até compactuamos e outras vezes nos tornamos opressores de nossos próprios irmãos. Alguns enriquecem (e não há nenhum crime em alguém enriquecer graças ao seu trabalho) explorando outros, oprimindo, impondo uma jornada de trabalho sobre-humana, pagando um salário absolutamente aquém, não honrando suas dívidas. Mais que uma religião, o Cristianismo é uma filosofia de vida e é uma contradição gigantesca, talvez até falta de vergonha na cara, ir à igreja, falar de amor, “adorar” e paralelo a isso tudo explorar outros, se dar bem em detrimento do sacrifício de outros. Que cristianismo é esse, senhores? Clamemos por justiça, sejamos exemplos de justiça.

LIVRAMENTO DO CATIVEIRO (Mq 4:9,10)
Durante um período de 70 anos, Israel esteve no cativeiro babilônico. Quando tudo parecia sombrio e desolador, Deus levantou reis pagãos, tais como: Ciro, Dario e Artaxerxes para darem ordens sobre o retorno, bem como Zorobabel e Josué, o sacerdote, Ageu e Zacarias, Esdras e Neemias, judeus cheios do Espírito Santo, para conduzirem o povo de volta a Jerusalém. Através de Miquéias, Deus anuncia que não haverá mais pranto, nem mais serão levados ao cativeiro, quando aceitarem o Messias Jesus como Rei.

UM FUTURO DE BELEZURAS PARA ISRAEL

Ao longo da profecia de Miquéias percebemos a providência divina transformando os seus filhos de derrotados e humilhados num povo forte e vencedor, não para seu próprio engrandecimento e ostentação, mas para glória e honra do próprio Deus (Is 60:6-9; Zc 14:20), que ao final será reconhecido como o Deus de Israel e “O Senhor de toda a terra” (v.13b).

ISAÍAS E MIQUÉIAS
O profeta da corte e o profeta do povo estão em acordo. Miquéias, na verdade, prediz a destruição de Jerusalém, enquanto Isaías, exceto numa única passagem (32:13,14), prediz a sua conservação. O juízo que havia de cair ficou adiado. Miquéias vai além de Isaías em predizer o nascimento do Messias em Belém.

IDÉIAS POPULARES E PROFÉTICAS SOBRE RELIGIÃO
A idéia popular da religião que Jeová quer encontra-se em 6:6,7: “Com que me apresentarei diante de Jeová, e me prostrarei perante o Deus excelso? Apresentar-me-ei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á Jeová de milhares de carneiros ou com miríades de rios de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo pelo pecado da minha alma?”
Isso representava a idéia popular dos fatos essenciais da religião. Considerava Jeová do mesmo jeito que as outras nações consideravam seus deuses, como um déspota que precisava ser apaziguado com ofertas materiais, grandes e custosas. A resposta do profeta traz um contraste evidente: “Ele te há mostrado, ó homem, o que é bom; e o que Jeová requer de ti, senão que procedas com justiça, e ames a misericórdia, e andes humilde com o teu Deus?” (6:8)
O que acontece aqui é um contraste entre o legalismo e a fidelidade a Deus. Tem uma galera que se nomeia cristã por cumprir as normas legais, por observar tradições, mas não age, de fato, como cristão, ou seja, não vive aquilo que prega e ainda tira a maior onda de crente (legalmente), mas não é um cristão de fato. Ser cristão não é sinônimo de cumprir normas ou dogmas, mas de amar o outro, apesar de todas as suas diferenças.

LIÇÃO 07 20/04/08

NAUM E A JUSTA RETRIBUIÇÃO DE DEUS

A respeito do profeta Naum, cujo nome significa “consolação”, sabe-se apenas que era originário de Elcos, provavelmente Cafarnaum. Sua mensagem contra Nínive foi dada a Judá, já que o reino do Norte, Israel, já fora levado cativo.
A mensagem de Naum é: Nínive será destruída! (1:15 – 3:19), o que ocorreu por volta do ano 612 a.C. Os ninivitas (assírios), convertidos pela pregação de Jonas (mais de cem anos antes de Naum), não haviam transmitido a seus filhos o conhecimento do Deus verdadeiro, e o povo retornara rapidamente às suas práticas cruéis e pagãs. Haviam destruído Samaria (o reino do Norte, Israel) em 722 a.C., e quase capturaram Jerusalém em 701 a.C. Naum descreve brevemente a maldade de Nínive (3:1,4). Lendo o capítulo 2, quase se pode ouvir o barulho da batalha de Nínive.

A LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA
A ceifa tem uma relação direta com a semeadura, ou seja, colhemos aquilo que plantamos. Nínive semeou o mal e teve que colher o mal. Embora fosse bem fortificada (sua muralha em toda a extensão media 30 metros de altura e era tão larga que quatro carruagens podiam correr lado a lado), sua colheita foi desastrosa, tal qual a palavra do profeta: “O fogo ali te consumirá, a espada te exterminará...” (3:15a).
Os reis de Nínive eram orgulhosos e não se interessavam pela paz e sim pelas guerras. Gabavam-se de derramar o sangue dos seus inimigos. Todos os seus esforços, porém, são inúteis para resistir ao ataque, pois Deus já havia lavrado sua sentença
As oportunidades de arrependimento foram recusadas, por isso Nínive sofreu o juízo de Deus. Nínive ouviu dos lábios do profeta: “Não há cura para tua ferida...” e assim caiu vergonhosamente.

PUNIÇÃO DIVINA CONTRA OS NINIVITAS
A Bíblia diz que “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31). Nínive foi pesada na balança divina e achada em falta. O profeta, numa mensagem futurista, prediz a destruição de Nínive, mas ninguém deu crédito às suas palavras. Deus, o Justo Juiz, porém, fez tudo cumprir-se, literalmente, como disse Naum: “E como uma inundação transbordante acabará duma vez com o seu lugar” (1:8). Atualmente, Nínive, a opulenta cidade-fortaleza do passado, é um monte de ruínas.

A SOBERBA DE NÍNIVE E SUA FALSA SEGURANÇA
Os ninivitas permaneceram arrogantes, orgulhosos e indiferentes ao aviso do profeta.
Os assírios pareciam invencíveis, pois possuíam um formidável exército (2 Cr 32:7), sob comando de Senaqueribe, no entanto há um registro (2 Cr 32:8) de uma fragorosa derrota deste poderoso exército diante do “inexpressivo” exército de Israel.
Contra Senaqueribe vem do Senhor a sentença condenatória, através do profeta: “Contra ti, porém, o Senhor deu ordem que mais ninguém do teu nome seja nomeado...” (1:14), ou seja, sua dinastia seria exterminada (2 Rs 19:35-37).
A soberba enlouqueceu Senaqueribe e este ao desafiar a Deus se deu mal. Ao ver 185 mil homens de seu exército mortos pelo anjo do Senhor numa só noite (2 Rs 19:35), fugiu para abrigar-se em Nínive. Lá chegando, foi direto para o templo adorar Nisroque, seu deus e aí seus dois filhos o assassinaram traiçoeiramente (Is 37:38). Assim morreu tragicamente o arrogante rei Assírio.
A arrogância tem um preço alto. Não podemos deixar de lembrar aqui a arrogância norte-americana diante do pequeno Vietnã e sua derrota. Também não podemos esquecer o atentado que destruiu as torres gêmeas (os norte-americanos fazem coisas bem piores que aquilo com diversos países e às vezes esquecemos isso). Os norte-americanos podem ter o exército mais bem armado do mundo, no entanto, graças a arrogância de seu presidente, pagam o altíssimo preço da insegurança. Os cidadãos americanos não se sentem seguros em seu próprio país. O medo de novos atentados está presente em todos os momentos. É o preço da arrogância.

O FIM
Derrotado o inimigo, os anunciadores das boas novas correm pela cidade e, em alta voz, anunciam a destruição dos opressores, o cumprimento da profecia.

LIÇÃO 08 27/04/08

HABACUQUE, O PROFETA DA FÉ

O ministério de Habacuque, cujo nome significa “abraço” ou “abraçador”, ocorreu pouco antes da primeira invasão de Judá por Nabucodonosor (606-605 a.C.), quando Daniel e outros foram levados para a Babilônia. Habacuque foi comissionado para anunciar a intenção divina de punir Judá com a deportação para a Babilônia. O rei de Judá da época, Jeoaquim, é descrito pelo profeta Jeremias com as seguintes palavras: “os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar sangue inocente, e para levar a efeito a violência e a extorsão” (Jr 22:17).
O livro nos apresenta o quadro de um homem que confiava em Deus, mas que estava perplexo diante da vida. São dois os questionamentos do profeta apresentados no livro:

1. Por que Deus permitia que o mal crescente em Judá permanecesse impune (1:2-4)?

2. Como podia um Deus santo justificar o uso dos babilônios (caldeus), um povo ainda mais ímpio que os judeus, para punir Judá (1:12 – 2:1)?
Nada se sabe da genealogia de Habacuque. Possivelmente era um sacerdote, da tribo de Levi.

A PROFECIA DE HABACUQUE
Apesar dos avisos de Deus, Judá continuava em rebeldia, adorando os “deuses” das nações pagãs ao redor. A corrupção, a violência e a idolatria grassavam no meio do povo. Em meio a tantas dissoluções, parecia tardar o juízo de Deus sobre a nação apóstata. Porém, Deus não falha em suas promessas, quer sejam para o bem ou para o mal, e o juízo viria em breve. Deus estava levantando os caldeus a fim de usá-los para disciplinar seu povo rebelde.
A profecia de Habacuque baseia-se na sentença de Jeová contra o seu povo: “O peso que viu o profeta Habacuque...” Assim ele afirma que é apenas o porta-voz a quem Deus revelou a sentença a ser executada contra Judá. Ainda assim, ele entende que tem o direito de questionar o porquê dos fatos e obter uma resposta divina. O profeta não compreende (1:2-4) por que o Senhor não executa logo a sentença contra a ímpia nação judaica: “por isso a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca (oprime) o justo, e sai o juízo pervertido”.

Essa queixa de Habacuque é bem atual, tem tudo a ver com o contexto em que vivemos. A imoralidade, a violência e a corrupção também hoje destroem valores morais e espirituais. O ímpio prospera no mal e o justo é lesado em seus direitos. Governantes, legisladores e juízes se corrompem abertamente. Nem os nossos “representantes” escapam, pois recentemente tivemos o desprazer de ver a maior parte da bancada evangélica no legislativo envolvida no caso das sanguessugas. Outros políticos simulam uma falsa conversão para conquistar votos dos evangélicos, outros criam testemunhos mirabolantes para convencer os incautos e boa parte deles são capazes de usar textos bíblicos para “respaldar” suas promessas exorbitantes. O pior de tudo: essa turma se dá bem em cima do povo e, assim como Habacuque, questionamos até quando Deus tolerará esse estado de coisas.

RESPOSTA DE DEUS AO QUESTIONAMENTO DE HABACUQUE (1:5-11)

Para disciplinar seu povo, Deus usará os caldeus como um flagelo. Ele consentirá que esse povo conquiste Jerusalém e leve seus habitantes para a Babilônia. A disciplina vai ser dolorosa, mas vai ser executada. Não é isso que o profeta desejava? A corrupção, a violência e a idolatria serão varridas de Judá. Os caldeus destruirão Jerusalém e Judá será levada cativa.

A RÉPLICA DO PROFETA (1:12-17)
Habacuque não esperava esta resposta. Como Jeová iria permitir tal afronta dos caldeus a seu povo? Acaso o Senhor havia se esquecido dos tempos antigos, quando havia libertado o povo da opressão do faraó, da escravidão no Egito?Não era Judá o seu povo escolhido? Por que, então, sofreria o jugo vil dos ímpios caldeus? Tudo bem que Judá estava merecendo o justo castigo pela sua apostasia, mas se Judá era ímpia, a Caldéia era muito pior: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal... por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?”

A RESPOSTA DE DEUS E OS CINCO AIS (cap. 2)
Deus deixa claro para o profeta que não está esquecido dos pecados dos caldeus, pois Ele não tem por inocente o culpado e em breve visitará a iniqüidade dos caldeus.

PRIMEIRO AI: contra os pesados tributos que os caldeus cobram dos povos vencidos, acumulando bens que não lhes pertencem;
SEGUNDO AI: contra aquele que ajunta bens ilícitos, usando meios fraudulentos, enriquecendo à custa do empobrecimento alheio (bens mal adquiridos);
TERCEIRO AI: contra a violência. Tudo que se consegue pela violência, pela violência se perde. Assim, no ano 539 a.C., a grande Babilônia, o terror das nações, caiu diante do poderoso exército medo-persa, sob o comando de Ciro II, da Pérsia (Is 44:28; 45:1-4).
QUARTO AI: contra a desumanidade. Fala daqueles que embebedam o próximo para adulterar com sua mulher. O profeta está comparando isso com os caldeus, que usando de malícia e violência, “embriagavam” os povos e lhes tirava a soberania como nação.
QUINTO AI: contra os idólatras. Os caldeus atribuíam aos seus deuses as suas vitórias contra as nações: “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (2:20).

CONCLUSÃO: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é a minha força” (3:17-19).

LIÇÃO 09 04/05/08

SOFONIAS, O PROFETA DO DIA DO SENHOR

Nascido em berço nobre (1:1), descendente do rei Ezequias, Sofonias, aparentemente, ajudou a preparar Judá para o reavivamento que ocorreu sob a liderança do bom rei Josias, em 621 a.C. (2 Cr 34:3). Por mais de meio século sob os reis Manassés e Amom, a situação de Judá tinha sido muito ruim, e Sofonias convocou seu povo ao arrependimento. A reforma aconteceu, mas depois da morte de Josias, os líderes e grande parte do povo voltaram à antiga vida de pecado.
O tema central da mensagem de Sofonias é o julgamento. O cumprimento imediato aconteceu quando Nabucodonosor, rei de Babilônia, capturou Judá. O cumprimento definitivo ocorrerá no Dia do Senhor, durante os anos da tribulação. Sofonias também predisse o juízo das nações pagãs, tanto imediatamente, como no caso de Nínive, que caiu em 612 a.C. (2:13) quanto no futuro (3:8). O livro termina com uma descrição super belezuda de um futuro (milênio?).
Sofonias significa “o Senhor esconde ou protege”. Foi contemporâneo de Jeremias e da profetisa Hulda.

O DIA DO SENHOR
“O dia do Senhor” é sempre um tempo de ajuste de contas, juízo e castigo.
A vida pecaminosa em excesso dos habitantes de Judá e Jerusalém (1:1-3), já não lhes permitia compreender os desígnios de Deus. Embora o povo não estivesse apercebido da proximidade desse dia, devia crer e arrepender-se diante da mensagem do profeta, como aconteceu ao povo de Nínive, quando Jonas anunciou a sua destruição (Jn 3:4-10).

PROFECIA CONTRA A IDOLATRIA (1:4-6)

A idolatria confunde a adoração ao Deus vivo e verdadeiro com adoração aos ídolos. Deus não aceita tal adoração e quando isso ocorre, mostra o seu desagrado (v.4) anunciando, no caso, uma notável vingança sobre Judá, que se sentia tão segura por ter escapado do cativeiro que subjugou as dez tribos e também os habitantes de Jerusalém, onde estava localizado o centro do mal. A profecia menciona os quemarins, que eram sacerdotes de um culto falso como o de Baal, contrariando, assim, a expressa proibição do primeiro mandamento (Ex 20:3). Também sob o juízo divino encontravam-se os sacerdotes de Jeová, descendentes de Arão, que deveriam ter combatido a idolatria, porém nada fizeram (Sf 3:4; Ez 18:22,26; 44:10).
Os líderes da igreja, assim como os professores, temos uma imensa responsabilidade diante de Deus e de Sua Palavra. Todavia, muitos não querem se indispor e acabam se omitindo ou até mesmo fazendo acordos espúrios que comprometem terrivelmente a imagem do Cristianismo. Assim, esses líderes, no intuito de ficarem bem com todos, acabam ficando muito mal diante de Deus.

JERUSALÉM COMO ALVO DO JUÍZO DIVINO (1:9-18)
Todos os habitantes de Jerusalém envolvidos na idolatria estavam sob o juízo divino, principalmente aqueles que trabalhavam para o rei, e dele esperavam o reconhecimento para aumentar o seu prestígio e melhorar os seus rendimentos. Com essas finalidades, lançavam-se com toda fúria sobre suas vítimas, saltavam de regozijo sobre o umbral das portas por eles forçadas (v.11): “Uivai, vós, moradores de Mactés...” Mactés era uma parte da cidade também chamada de vale, onde estavam localizados armazéns e lojas de negócios que atraíam a cobiça dos conquistadores. Deus é justo ao aplicar o seu juízo e não usa de parcialidade ao derramar a sua ira.

O DIA DO SENHOR E SEUS DETALHES (1:14-18)
A mensagem da profetisa Hulda para Jerusalém e o rei Josias, de Judá, é ratificada pelo profeta Sofonias, porém Deus que conhece os que lhe são fiéis e antecipadamente viu o rei humilhar-se e rasgar os seus vestidos e chorar diante das palavras vindas de sua parte pela profetisa, consolou o rei, prometendo que o mesmo seria recolhido ao descanso eterno em paz sem contemplar sua ira sendo derramada sobre os seus súditos (2 Cr 34:20-28). Assim, após a morte do bom rei Josias, imediatamente desencadeou-se o juízo de Deus tal qual anunciado através dos seus ungidos, a profetisa Hulda e o profeta Sofonias, chegando como se fosse uma grande tempestade que não permite que ninguém consiga livrar-se dos seus trágicos resultados. Dessa forma, o profeta descreve esse dia como dia de indignação, dia de angústia, dia de alvoroço e desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta dando o alarme, cidades bem fortificadas invadidas e angústia sobre os homens, que irá fazê-los andar em grande desespero, ao ponto de serem levados à loucura. Como cegos andarão às apalpadelas em busca de ajuda, mas todo esforço é inútil, pois o pecado e a apostasia provocaram a ira do Senhor. Esse mesmo quadro desolador vai acontecer diante do juízo final, quando haverá “choro e ranger de dentes” (Mt 8:12; 25:30).

INSISTÊNCIA AO ARREPENDIMENTO (2:1,2)
O profeta clama para que o povo reúna-se numa assembléia religiosa, arrependa-se e busque a Deus porque nada poderá impedir o juízo divino, a menos que role um arrependimento verdadeiro (Jl 2:16,17), o que exigia urgência, pois estava prestes a se cumprir o embrionário decreto divino, como recompensa da apostasia. Os agentes do castigo divino já estavam prontos para entrar em ação, inicialmente os citas, e os babilônios completariam o restante.
O profeta Sofonias transmite um último apelo da parte de Deus, que se fosse atendido, o povo poderia escapar ao juízo, com suas calamidades: “Buscai ao Senhor...” Assim, se atendessem ao apelo divino seriam escondidos no dia da ira do Senhor.
O profeta inclui outras nações debaixo do juízo divino, todas inimigas de Israel. Se não se arrependessem não permaneceriam. Rejeitado o conselho divino, o juízo recaiu sobre os locais mencionados (2:4-15), tendo seu fiel cumprimento. As cidades de Sodoma e Gomorra (2:9) são lembradas como símbolos do castigo de um povo que rejeitou a mensagem divina e não se arrependeu. Da mesma maneira o juízo de Deus cairia sobre as cidades de Moabe e Amom como resultado da sua soberba (2:10).

LIÇÃO 10 11/05/08

AGEU, O PROFETA DA RECONSTRUÇÃO


O profeta Ageu, cujo nome significa “festivo” ou “minha festa”, foi a primeira voz profética a se ouvir depois do exílio babilônico. Ele foi contemporâneo de Zacarias (e de Confúcio) e seu ministério foi o de conclamar o povo à reconstrução do templo, cujo término vinha sendo adiado por 15 anos. Estas profecias foram pronunciadas em 520 a.C. e o templo foi concluído 4 anos depois. Provavelmente Ageu retornara a Jerusalém vindo de Babilônia com Zorobabel.
O livro é dirigido a todo o povo (1:13; 2:2) com o objetivo de encorajá-lo a reconstruir o templo. É também dirigido a Zorobabel, o governador e a Josué, o sumo sacerdote (1:1; 2:2,21).
O livro contém quatro mensagens, cada uma delas introduzida pela expressão “veio a palavra do Senhor”.

CONTEXTO HISTÓRICO-RELIGIOSO
Em 538 a.C., o rei Ciro, da Pérsia, expediu um decreto permitindo a repatriação dos judeus, que permaneceram 70 anos em Babilônia. Dessa forma, voltaram à terra de seus ancestrais e começaram a reconstrução. As dificuldades não foram poucas. Como vimos quando estudamos Esdras e Neemias, tiveram de enfrentar lutas e tribulações para reconstruírem os muros de Jerusalém, o Santo Templo e a própria nacionalidade. Animados por Ageu e Zacarias, mostraram aos vizinhos pagãos que para o povo de Deus não existe impossível.

O RETORNO A ISRAEL
Ao retornarem a Israel, os judeus depararam-se com uma terra que devorava os próprios habitantes e teriam de se empenhar imensamente para reconstruir o que os babilônios haviam destruído. De início, mostraram-se decididos. Sob o comando de Esdras e Neemias, colocaram mãos à obra. Levantaram os muros, afugentaram os adversários e mostraram aos vizinhos o que o Deus de Israel podia fazer pelo seu povo. O problema é que com o passar dos tempos, o desânimo foi tomando conta dos filhos de Judá e começaram a dar prioridade aos seus próprios negócios.
Esse lance aí de desânimo da galera é uma coisa história, humana e que rola até hoje. De repente, um cabra assume um ministério na igreja, chega cheio de energia, monta uma equipe e parece que tudo vai fluir de uma forma maravilhosa, que tudo o que se esperava vai acontecer. No princípio, na energia inicial, algumas coisas acontecem. Aí chega o meio do ano o a engrenagem começa a emperrar. Aí, quando o ano acaba a turma já está pedindo arrego e nada de fantástico aconteceu. No ano seguinte, assume uma nova equipe e ... tudo de novo. Não foi diferente nos dias da reconstrução dos muros e do templo. Os caras estavam chegando de um exílio de 70 anos, estavam energizados, mas eram gente e aí... rolou o desânimo. Outro grande problema é que a partir de um determinado momento deixaram de lado a obra de Deus e passaram a cuidar exclusivamente de seus próprios interesses. Vocês já viram alguma coisa parecida em nossos dias?

A INDIFERENÇA DO POVO
“No sexto mês do segundo ano do rei Dario, veio a palavra do Senhor, por intermédio de Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, príncipe de Judá, e a Josué, filho de Jeozadaque, o sumo sacerdote, dizendo: Assim fala do Senhor dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do Senhor, pelo ministério do profeta Ageu, dizendo: É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta?” (1:2,4)
O lance aí é o seguinte: os próprios líderes estavam indiferentes à obra de Deus e isso é terrível, é sinistro. Tanto o governador Zorobabel quanto o sumo-sacerdote Josué haviam se contaminado pela letargia que tirara o ânimo do povo.
Sempre foi assim e continua sendo: se os líderes se mostram firmes e decididos, os liderados acompanham seus passos de forma entusiasmada, mas se eles se mostram fracos e desalentados, rola um desânimo geral. Parece natural, né?
Por causa da indiferença do povo, a terra começou a negar-lhe as suas novidades. Em 1:6-9, o profeta registra o seguinte: “Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe salário num saco furado. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Aplicai os vossos corações aos vossos caminhos. Subi ao monte e trazei madeira, e edificai a casa, e dela me agradarei; e eu serei glorificado, diz o Senhor. Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por que? Disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.”
Será que não estamos fazendo a mesma coisa hoje? Será que não estamos deixando a obra de Deus para depois, quando sobra tempo? Será que, diferente do ensino de Cristo, não estamos buscando primeiro as demais coisas esperando que o reino dos céus nos seja acrescentado? E essa coisa doida da teologia da prosperidade, que leva as pessoas a buscarem a Deus a fim de adquirirem bens materiais? Tudo muito sinistro.
Embora dessem toda a prioridade aos seus negócios, os filhos de Judá não conseguiam prosperar. Começaram a enfrentar uma inflação tão incontrolável que os seus salários simplesmente desapareciam do próprio saquitel (Ag 1:6). Sobre esse tema há uma declaração muito bacana de um Dalai Lama, líder budista: “Os homens me surpreendem...
Eles perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viverem nem o presente, nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.”
Se Ageu vivesse em nossos dias, provavelmente teria falado também de gazofilácios furados. É que algumas igrejas já não priorizam o Reino de Deus, a necessidade dos carentes, o conforto dos seus membros. Assim, apesar de angariarem dízimos e ofertas, estão sempre em dificuldades. Algumas, inclusive, com dívidas e títulos protestados.

OS JUDEUS ATENDEM A VOZ DO PROFETA
As palavras de Ageu não caíram no vazio. A começar pelos líderes, todos decidiram voltar à reconstrução do Templo e assim todas as tarefas inacabadas foram concluídas. As dificuldades desapareceram, a inflação foi vencida, a moral do povo foi restabelecida e a terra voltou a dar suas novidades.
Concluído o templo, o Senhor dirige-se de forma benévola aos filhos de Judá: “Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca; farei tremer todas as nações e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos. Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos” (2:6-9)
Aparentemente, os judeus estavam executando uma obra humilde e do ponto de vista de alguns, talvez desprezível. Não sabiam que, naquele templo, Jesus seria apresentado. Que belezura! Quando fazemos a vontade de Deus, tudo torna-se fofo.


LIÇÃO 11 18/05/08

ZACARIAS E A CONVERSÃO NACIONAL DE ISRAEL

Zacarias era filho de Berequias, que morreu provavelmente quando o profeta ainda era muito jovem. Isso fez de Zacarias o sucessor imediato de seu avô, Ido (Ne 12:4), que era um sacerdote que voltara de Babilônia com Zorobabel e Josué, e fora, segundo a tradição judaica, um dos membros da Grande Sinagoga (grupo que governava os judeus antes da criação do Sinédrio). O nome Zacarias é usado no Velho Testamento para outras 27 pessoas e significa “Javé se lembra”. Este Zacarias foi contemporâneo (mais jovem) de Ageu (Ed 5:1; 6:14).

CONTEXTO HISTÓRICO-RELIGIOSO
Durante o reinado de Ciro, mais de 50 mil judeus retornaram à Palestina, vindos de Babilônia em 538 a.C.. Assentaram os alicerces do templo em 536 a.C., mas a oposição das nações vizinhas impediu a continuação do trabalho por 15 anos (Ed 1:1-4; 4:1-5). Dario Histaspes (1:1), que subiu ao trono babilônico em 522-521 a.C., confirmou o decreto de Ciro, e Zacarias, assim como Ageu, estimulou o povo a completar o templo, o que aconteceu em 516 a.C.

CRISTO EM ZACARIAS
Zacarias faz mais predições sobre o Messias do que todos os outros profetas (exceto Isaías). A primeira vinda de Cristo (o nascimento) está citada em 3:8; 9:9,16; 11:11-13; 12:10; 13:1,6, e profecias a serem cumpridas em sua segunda vinda (futura) aparecem em 6:12; 14:1-21.
Este é um livro de consolação e esperança. Começa com uma chamada ao arrependimento e termina com profecias referentes ao retorno e ao reinado de Cristo.

O POVO ESCOLHIDO E O TEMPLO (1-8)
É bom lembrar que no momento da profecia de Zacarias, Judá é um remanescente, Jerusalém está longe de ser restaurada e as nações gentias ao seu redor estão tranqüilas (1:14-16). Nesse contexto, o jovem profeta Zacarias fica ao lado do idoso Ageu dando ânimo aos filhos de Israel para reconstruírem o templo e advertindo-os para não decepcionarem a Deus, como seus pais haviam feito.
Zacarias, assim como Ageu, foi profeta para o remanescente dos judeus que voltaram da Babilônia após setenta anos de cativeiro.
Os judeus, outrora nação poderosa como Deus tinha planejado que fossem, eram agora um lastimável e insignificante remanescente, habitando sua terra prometida apenas por cortesia de um governante estrangeiro. Tanto Ageu quanto Zacarias procuraram dizer ao povo que isso não seria sempre assim. Um dia o Messias chegaria e o povo escolhido de Deus atingiria o poder. É um fato que os judeus, posteriormente, interpretaram isso de maneira equivocada e ficaram esperando um Cristo político que os libertaria do domínio romano. Como isso não aconteceu, frustraram-se e o trocaram por Barrabás.
Zacarias foi o profeta da restauração e da glória. Nascido na Babilônia, tornou-se sacerdote e profeta. Profetizou por três anos. Sua mensagem foi de um futuro maravilhoso, belezudo e não de um triste presente. Ele era poeta e Ageu era um pregador de natureza prática.
Zacarias era um cabra entusiasmado, apaixonado pelo projeto de reconstrução do templo e isso manteve o povo ativo na tarefa de terminar a obra. Uma séria escassez de colheita e a depressão econômica entre o povo judeu tornaram-nos tão desanimados que somente o rude e constante martelar de Ageu os manteve no trabalho. Eles precisavam de uma nova voz e essa voz era Zacarias. Ele empenhou-se no afã de auxiliar seu grande amigo Ageu. Esse episódio nos faz entender que é preciso conciliar o velho e o novo, sem crises. Ageu representava um modelo antigo que deu certo para uma geração, mas agora era preciso mudar um pouco a linguagem, a forma de abordagem e aí Deus levanta o companheiro Zacarias para isso. Que belezura! O velho Ageu e o jovem Zacarias juntos por um objetivo comum.
Zacarias não condena o povo, mas apresenta-lhes a presença de Deus para fortalecer e ajudar. Ele incentiva de modo especial a Zorobabel, o governador, que estava consciente da sua própria fraqueza. Diz o profeta (4:6): “Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.”

A FORMALIDADE DOS JEJUNS NACIONAIS
Os capítulos 7 e 8 falam de uma comissão vinda de Betel que foi perguntar a Zacarias se deviam ser observados os jejuns nacionais que os próprios judeus tinham instituído. Eles costumavam jejuar por ocasião das suas grandes festas. Zacarias advertiu-os do formalismo frio das suas observâncias religiosas e insiste com eles para que transformem seus jejuns em festas de júbilo e pratiquem a justiça. “Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Assim, entendemos que o jejum só é proveitoso quando é sinal de uma íntima confissão de pecados, de uma aproximação íntima com Deus, quando há um objetivo definido envolvendo renúncia temporária do prazer de comer em prol do prazer da presença divina. O simples abster-se de comer (como fez nas eleições nacionais de 2006 um certo candidato a presidência) nunca redundará em bênção. Deus quer um coração quebrantado e contrito. É assim: tudo o que se pareça com formalismo, aquilo que fazemos como um ritual, como uma obrigação, nada disso cai bem para Deus, Ele quer nosso coração, nossa adoração, nossa entrega de fato.

O MESSIAS E O REINO (9-14)
Aqui o profeta descreve não uma cidade reedificada sobre os seus antigos alicerces, mas uma cidade gloriosa. Não é fortificada para a guerra, porém cheia de paz porque o Príncipe da Paz reina. Ele virá da primeira vez como varão humilde cavalgando um humilde animal (9:9). Mas esse humilde varão torna-se poderoso soberano (14:8-11). O messias em toda a sua glória e poder porá todos os inimigos debaixo de seus pés, estabelecerá seu reino em Jerusalém e se sentará no trono de Davi. Pense um pouquinho no efeito dessa visão futura para aquelas pessoas que viviam naquele contexto de desolação. Uma belezura!

LIÇÃO 12 25/05/08

MALAQUIAS, O PROFETA DA ESPERANÇA

Malaquias significa “meu mensageiro” e poderia ser, simplesmente, a designação de um escritor anônimo. É mais provável, todavia, que seja um nome próprio. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar do Antigo Testamento.
Haviam se passado cerca de cem anos desde o retorno dos judeus à Palestina. A cidade de Jerusalém e o segundo templo haviam sido construídos, mas o entusiasmo inicial desaparecera. Depois daquele período de reavivamento (já estudado) liderado por Neemias (Ne 10:28-39), o povo e os sacerdotes haviam se desviado e transformado sua obediência à lei em algo mecânico e rotineiro. Embora relapsos em sua adoração (1:7) e negligentes quanto ao seu dízimo (3:8), não conseguiam entender por que Deus estava insatisfeito com eles.
Malaquias repreendeu o povo por sua negligência quanto ao verdadeiro culto ao Senhor e chamou-os ao arrependimento (1:6; 3:7).

CONTEXTO HISTÓRICO-RELIGIOSO
Terminado o exílio babilônico, os judeus repatriados enfrentaram inúmeras dificuldades. Esperavam encontrar uma terra que ainda manava leite e mel, porém depararam-se com um território que devorava os próprios habitantes e com vizinhos hostis que não poupavam esforços para destruir a nascente comunidade judaica. Além disso, a vida espiritual dos repatriados estava em crise. Os ministros do altar agiram como mercenários e o povo estava cético, já não acreditavam no Deus amoroso e longânimo de seus pais. Foi justamente nesse contexto sinistro que ecoou a voz do último profeta de Israel.

O AMOR INCONDICIONAL DE DEUS POR ISRAEL
Se por um lado, Israel deveria sentir todo o peso da Palavra de Deus, por outro não poderia ignorar que Deus o amava. Aos rebeldes e inconformados repatriados, declara o Senhor: “Eu vos amei, diz o Senhor” (Ml 1:2a). Se não fosse o amor incondicional de Deus, conforme a aliança abraâmica, Israel não teria sobrevivido a tantas dificuldades e tribulações.
Os contemporâneos de Malaquias pareciam ignorar deliberadamente o quanto Deus os amava. Assim, depois de ouvirem a declaração do Todo-Poderoso, replicaram: “Em que nos amaste?” (1:2b). Caramba! Que palavra dura dos caras depois de tudo o que Deus havia feito por eles ao longo da história até aquele momento!

OS PECADOS DOS SACERDOTES
Se a vida espiritual dos israelitas estava em decadência, a culpa era também dos sacerdotes: “O filho honrará o pai e o servo ao seu senhor; e se eu sou pai, onde está a minha honra? E se eu sou Senhor, onde está o meu temor? Diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome e dissestes: Em que desprezamos nós o teu nome?” (1:6). Esses mesmos sacerdotes não se limitavam à hipocrisia. Ofereciam animais defeituosos sobre o altar do Senhor: “...quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe: terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa? Diz o Senhor dos exércitos” (1:8). Bom, hoje também tem um monte de ministro de Evangelho oferecendo o pior para o Senhor e argumentando, com toda a cara-de-pau: “Não faz mal”, “não tem nada a ver”, “os tempos são outros”, como se os princípios cristãos fossem absolutamente flexíveis e tivessem que se adequar ao mal-caratismo de certas figuras. Companheiros, ofereçamos o nosso melhor para Deus, não sejamos como aqueles sacerdotes.

OS PECADOS DO POVO

Deslealdade – Embora todos estivessem enfrentando as mesmas crises, os filhos de Israel agiam com falsidades e trapaças para com seus irmãos. Ninguém confiava em ninguém. Ora, se o momento era crítico, deveria haver entre eles um forte senso de fraternidade: “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?” (2:10). Será que Malaquias andou por aqui? Não nos parece familiar esse egoísmo abordado por ele? Essas trapaças? Gente que compra e não paga? Gente que não honra seus compromissos e que comprometem a imagem do Cristianismo e de sua comunidade em especial? Mera coincidência? Não, é que os seres humanos são assim em todas as épocas e em todas as sociedades, sendo que aqueles que optaram por entregar suas vidas a Cristo (acho essa coisa de predestinação a maior furada), precisam rever conceitos e se adequarem ao Cristianismo. Vou confessar aqui (não espalhem por favor) que tenho dificuldade com esse negócio de obedecer. Pois é, só que optei por seguir a Cristo e enquanto cristão preciso obedecer. Então, significa dizer que preciso controlar minhas tendências e obedecer. É assim. Simples desse jeito.

Divórcio – O divórcio havia se tornado tão comum, que até mesmo os sacerdotes deixavam suas esposas e apegavam-se às estrangeiras. Depois, como se tudo fosse normal, apresentavam-se diante do altar para oferecer os sacrifícios prescritos em Levítico: “Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança” (2:13,14). Seguindo este péssimo exemplo dos sacerdotes, os israelitas passaram a despedir suas mulheres por qualquer banalidade: “Porque o Senhor Deus de Israel diz que aborrece o divórcio” (2:16). Isso também lembra um pouco os nossos dias, não é mesmo? Alguns líderes evangélicos renomados, contemporâneos nossos, também têm se comportado como aqueles sacerdotes dos dias de Malaquias.

Os dízimos – No tempo de Malaquias, a sociedade judaica vivia uma das maiores recessões de sua história. A lavoura não vingava, a pobreza aumentava sempre e a mendicância crescia de forma assustadora. Diante desse contexto terrível, os judeus foram compelidos pela falta de fé a negar os dízimos. Era um momento de prova, mas eles não souberam vencê-la. Consequentemente, a classe sacerdotal estava ficando sem o seu sustento. Assim, eles foram levados a procurar outros meios de subsistência, desleixando-se completamente de seus afazeres. E isso desagradou ao Senhor Jeová que, juntamente com um puxão de orelha, deixou também esta promessa para Israel: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança” (3:10).

AOS CRÍTICOS DO DÍZIMO

O lance é o seguinte: se você não quer espiritualizar o tema, tudo bem, vamos pelo racional: o ideal é que cada igreja tenha pelo menos um pastor de tempo integral; esse cara tem família e dedica-se em tempo integral à igreja, logo não pode ter um emprego fora da igreja. Pois muito bem, ele precisa ser assalariado. Esse dinheiro não pode vir do estado (feriria o princípio constitucional da separação entre igreja e estado), logo vem da própria igreja. Esse cara não administra os recursos da igreja, existe uma equipe que cuida disso, logo não se dizima para o pastor. Outra coisa: eu faço parte de uma igreja, fico dentro do templo algumas horas por semana durante os cultos, que são momentos muito legais. Bom, eu preciso que haja instrumentos, energia elétrica, preciso de água e gostaria muito que houvesse (haverá no futuro) um ar condicionado para os dias de calor. Isso tudo é do interesse da comunidade. Logo, essa comunidade precisa contribuir para que tudo isso aconteça. Ainda um último argumento: em nossas comunidades, temos pessoas bem financeiramente e pessoas carentes. A igreja precisa atender as necessidades básicas de seus membros e isso demanda dinheiro e esse dinheiro não pode vir do estado, logo é a partir de nossas contribuições que isso vai rolar. Assim sendo, senhores críticos do dízimo, que tal revermos nossos conceitos sobre o caso? Não somos um bando de alienados que entregamos nossa grana a um pastor. Somos uma igreja e temos um pastor em tempo integral (o companheiro Luciano), temos alguns funcionários e temos uma série de necessidades a serem atendidas. Então contribuímos felizes para tudo isso e somos abençoados. Esse “somos abençoados”, senhores, não quer dizer que tenhamos que pagar pelas bênçãos que recebemos, isso é um argumento completamente imbecil. Deus não precisa do nosso dinheiro, nossa igreja sim. Então contribuímos para o coletivo. Ah, e somos felizes. Simples assim.

CONCLUSÃO

Para o Israel que fielmente servia ao Senhor, havia uma promessa singular: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, a salvação trará debaixo de suas asas; e saireis, e crescereis como os bezerros no cevadouro” (4:2).